Buscar artigo ou registro:

RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA DO SÍTIO SÃO JOÃO COM ESPÉCIES NATIVAS COM A PARTICIPAÇÃO DOS ESTUDANTES NA ÁREA DE CIÊNCIAS NATURAIS

Gonçalina Simone Braz Viana[1]

Artigo Cientifico Apresentado a universidade Candido Mendes, como requisito parcial para a obtenção do titulo de especialista em Biologia Vegetal.

 

 

RESUMO

Visando a recuperação da área em estudo, que se encontra em abandono, e como professora trabalhar com meus alunos em meu curso, resolvi agrupar ambos, tendo assim, os objetivos alcançados. Foram realizadas pesquisas bibliográficas considerando as atribuições de (MILARÉ, 2002), (KRASILCHIK, 2008), entre outros... Requer para a sua recuperação técnicas comuns, simples e de recursos financeiros baixos. O objetivo do presente artigo é recuperar a área em estudo, plantando árvores nativas da região e tendo esse trabalho a participação dos alunos do 7º ano A da Escola Municipal João Paulo II da cidade de Sorriso – MT. O número de alunos é pequeno. Previa e posteriormente aos trabalhos foi aplicado um questionário (sondagem) para avaliar o conhecimento dos alunos e medir a eficácia do processo. Assim, conclui-se que as aulas práticas têm um papel de suma importância no aprendizado das crianças em idade escolar, atraindo a curiosidade e o interesse das mesmas para as aulas de Ciências Naturais possibilitando uma aprendizagem significativa da mesma. Na disciplina de Ciências Naturais a prática não deveria ser desvinculada da teoria, sendo importante para a construção do pensamento científico.  Aplicando este projeto teremos na área do Sítio São João, localizada na região Norte de MT, próximo à cidade de Sorriso, melhorias no solo, recuperação da flora e fauna da região, e aprendizagem de ciências naturais para alunos do ensino fundamental II.

Palavras Chave: Ciências Naturais.  Espécies Nativas. Aprendizagem. Recuperação.

 

ABSTRACT

Aiming at the recovery of the study area, which is in abandonment, and as a teacher to work with my students in my course, I decided to group both, thus achieving the objectives achieved. Bibliographic research was carried out considering the attributions of (MILARÉ, 2002), (KRASILCHIK, 2008), among others ... It requires for its recovery common techniques, simple and low financial resources. The objective of this article is to recover the area under study, planting native trees of the region and having this work the participation of the students of the 7th year A of the João Paulo II Municipal School of the city of Sorriso - MT. The number of students is small. Before and after the work, a questionnaire (survey) was applied to evaluate the students' knowledge and to measure the effectiveness of the process. Thus, it is concluded that the practical classes play a very important role in the learning of school-age children, attracting their curiosity and interest to the Natural Science classes, enabling them to learn meaningfully. In the discipline of Natural Sciences the practice should not be detached from the theory, being important for the construction of the scientific thought. Applying this project we will have in the area of the São João site, located in the north region of MT, near the city of Sorriso, improvements in the soil, recovery of flora and fauna of the region, and natural science learning for elementary school students II.

Keywords: Natural Sciences. Native Species. Learning. Recovery.

 

Introdução

 

              A degradação pode ser fruto de: Desmatamento, erosão, meio agrícola, queimadas. Poluições. A degradação do meio ambiente constitui um prejuízo sócio econômico para as gerações atuais e para as gerações futuras. Assim, neste artigo vamos estudar a área em questão, que se encontra com a maior parte vegetativa afetada, e indicar medidas de recuperação, conservação e estratégias para recuperá-la. A degradação de uma área ocorre quando a vegetação nativa e a fauna são destruídas, removida ou enterrada (IBAMA, 1990).  

              A definição de meio ambiente (é uma expressão que se refere à relação entre os seres vivos e os não vivos) é necessária para a compreensão da grande crise ambiental do planeta, ocasionada pela ação de degradação promovida pelo homem sobre a natureza. Observa-se, entretanto, que a proteção do meio ambiente é uma questão da própria sobrevivência humana. Preservar e restabelecer o equilíbrio ecológico é questão de vida ou morte (MILARÉ, 2002,p.107).

               KRASILCHIK (2008) afirma que dentre as modalidades didáticas existentes, tais como aulas expositivas, demonstrações, excursões, discussões, aulas práticas e projetos, como forma de vivenciar o método científico, as aulas práticas e projetos são mais adequados. Entre as principais funções das aulas práticas essa autora cita: despertar e manter o interesse dos alunos; envolver os estudantes em investigações científicas; desenvolver a capacidade de resolver problemas; compreender conceitos básicos; e desenvolver habilidades.

              Sustentabilidade ambiental e ecológica é a manutenção do meio ambiente do planeta Terra, mantendo a qualidade de vida e o ambiente em harmonia com as pessoas. O próprio conceito de sustentabilidade é para longo prazo, trata-se de encontrar uma forma de desenvolvimento que atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das próximas gerações de suprir as próprias necessidades.   

              Plantas são vistas no estudo da biologia vegetal, elas são fundamentais para a vida na Terra. Elas geram oxigênio, alimento, fibras, combustíveis, remédios, e outros que permitem aos humanos e outras formas de vida existir, apresentando uma melhoria da qualidade ambiental. Uma boa compreensão das plantas é crucial para o futuro de nossa sociedade.

               As plantas nativas são ferramentas de estratégia para o combate a desmatamentos e conservação do solo e do ar e constituem importante patrimônio cultural e econômico para as populações locais. O melhor conhecimento dessas plantas, sobretudo pelos jovens, cria um elo entre as gerações, valorizando-se assim as raízes culturais e assegurando a continuidade do saber local. Além disso, o conhecimento leva à apreciação e ao uso racional, que, por sua vez, reduzirá a crescente ameaça à biodiversidade. 

                  Neste trabalho abordam-se recuperação de uma área degradada pelo ser humano, com ações educacionais, propondo atividades práticas, como, plantio de espécies nativas e frutíferas da região, contribuindo para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem enfatizando a importância da aula prática, sendo que a mesma pode servir como um meio de facilitar o entendimento de conceitos que envolvem o ensino de disciplinas como Ciências Naturais e Biologia.

 

Desenvolvimento

 

               É importante o conhecimento da área a ser recuperada, como por exemplo, qual era o tipo de vegetação, existente, o fator de degradação, a situação atual da área etc., pois, é através dessas informações e de conhecimento ecológico que é possível propor ações que visem à restauração de um ecossistema sustentável, ou seja, que possa se auto sustentar em longo prazo. (ENGEL & PARROTA, 2003).

              Segundo PESSOA (2001), durante uma atividade prática o docente pode estimular o aluno a gostar e a entender os conteúdos, fazendo isso através de práticas que partem da realidade do cotidiano dos alunos. Esse é o caso da botânica, as plantas podem ser estudadas mostrando para o aluno a importância que elas têm para o planeta e para os seres humanos, seu uso no dia-dia, na alimentação, ornamentação, entre outros. Assim o mesmo terá mais interesse pelo conteúdo, pois estará mais próximo da sua realidade. De acordo com a Lei 9.795/99,

Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (LEI 9.795, 1999, art. 1º).

 

              A área localiza-se na BR – 163, em direção Sorriso – Lucas do Rio Verde. O local tem o nome de “Sítio São João”. O novo proprietário, Sr. João Henrique Gonçalves, adquiriu a área em situação de degradação ambiental, causada pelo antigo proprietário, que destruiu uma parte da área com desmatamentos, poluições, forma inadequada do meio agrícola, erosão, etc., enfim não trabalhou de forma correta na área, agredindo e prejudicando o meio ambiente.

              O novo proprietário visa com nossa ajuda, recuperar a sua área, de modo, a fazê-la reerguer novamente, produzir, recuperar com isso a flora e a fauna da região. E ter um ponto de referência para sua família em tranquilidade, conforto, produtividade, diversão, e o mesmo deu autorização na parte do plantio das mudas de espécies nativas e frutíferas na área, de levar os alunos do 7º ano A da Escola Municipal João Paulo II para terem aula prática, participando e enriquecendo os seus conhecimentos adquiridos em sala de aula na área de ciências da natureza.

              O Plano de Recuperação de Área Degradada é feita, de modo que orienta a execução e o acompanhamento ou monitoramento da recuperação ambiental de uma determinada área degradada. Vamos seguir aos seguintes passos:

- Isolamento da área, cercando – a, para evitar a entrada de animais invasores, como, gados, cavalos de propriedades vizinhas.

- Retirada de fatores de degradação, como, entulhos, lixos não reaproveitáveis; Aproveitar a limpeza do terreno de forma correta, reaproveitando os materiais retirados, considerados aproveitáveis para a adubação, e consequentemente a fertilidade do solo na área a ser recuperada;

- Serão construídos aceiros para impedir a entrada de fogo nos primeiros anos de implantação do projeto;

- Eliminação seletiva de qualquer espécie existente que não seja nativa;

- Controle de competidores (pragas, formigas) por meio natural, evitando produtos químicos fortes. O controle de formigas e cupins deverá ter início mesmo antes do preparo do solo, para não prejudicar o projeto;

- Escolha do local adequado para trabalhar uma horta (cercando a área, adubando o solo), com hortaliças, plantas medicinais para a subsistência da sua família;

- Fazer uma composteira, aproveitando alguns restos de comidas, tendo como por objetivo adubo para a manutenção da horta;

- Plantar espécies nativas, nas áreas de interesse ecológico. Pode-se fazer então o resgate de plântulas, assim poderá manter a diversidade de espécies e ainda terá um baixo custo para conseguir, devido ser uma área pequena, serão utilizadas poucas mudas, estas apenas serão utilizadas para enriquecimento do local;

- Escolha das espécies vegetais, que devem possuir resistência ao ambiente degradado, além de serem adaptadas ao clima da região, ter facilidade de propagação, crescimento rápido; Essas espécies podem ser plantadas através de mudas (favorece a rápida cobertura do solo, diminuindo dessa forma o processo de erosão e assoreamento dos rios, recuperação da fauna e flora da região) ou plantadas por sementes diretamente no solo;

- Fazer irrigações, por meio da técnica de gotejamento na horta.

- Acompanhar a evolução da recuperação da área por 3 meses, verificando o resultado positivo do empenho aplicado; Caso necessário, corrigir algumas falhas, se houver.

 

Observações importantes:

 

·         No início, antes da preparação do terreno para a implantação do projeto devem-se controlar as formigas cortadeiras, saúvas (Atta spp.) e quenquéns (Acromyrex spp.), as maiores inimigas das culturas bem como das mudas de espécies a ser plantadas nas áreas de recuperação ambiental. As formigas cortadeiras podem trazer prejuízos ao plantio ao cortar fragmentos de folhas, flores e frutos.  O ataque de formigas é prejudicial em qualquer fase da recuperação ambiental, porém o dano é maior na fase de crescimento inicial da planta.                                                                                                                        Vamos usar o  combate biológico que temos como principal aliados a fauna silvestre, então é importante não caçar e nem assustar a fauna da região, é necessário trabalhar a educação ambiental junto dos moradores da região, explicitando que espécies da fauna silvestre tais como aves, roedores, tatus, tamanduás, entre outros são inimigos biológicos (predadores) das formigas cortadeiras;  E também vamos usar o combate químico, formicidas (agrotóxicos) na forma de iscas granuladas, deve ser usada em período seco, seguindo os cuidados e o modo de aplicação (THOMAS, 1990).

·         Na horta iremos trabalhar com hortaliças comuns da região, e também cultivar plantas medicinais para uso da própria família e outros.

·         Espécie nativa: planta que é natural, própria da região em que vive, ou seja, que cresce dentro dos seus limites naturais incluindo a sua área potencial de dispersão.

Os benefícios de se plantar árvores nativas e frutíferas da região são vários, como:

- O alimento é exatamente os que os animais nativos precisam;

- Dificilmente espécies nativas são exterminadas por pragas, pois já tem defesa;

- A relação, entre os nutrientes disponíveis, e os nutrientes necessários para a árvore, é harmoniosa;

- Os pássaros procuram mais as árvores nativas;

- São adaptadas ao clima da região;

- Grande facilidade de propagação;

- Melhoria do solo;

- As árvores nativas existem em grande quantidade, de acordo com sua região.

               Os métodos de recuperação de áreas degradadas sofrerão mudanças ao longo dos anos, devido à evolução das pesquisas e do surgimento de novas tecnologias. Nos últimos anos, tem ocorrido um crescimento no interesse e na busca por novas alternativas ecológicas de recuperação de áreas degradadas, com ênfase na recomposição da diversidade de espécies no sistema e na sustentabilidade dos ecossistemas recuperados (MARTINS, 2007; RODRIGUES et al.,2007a).

               Dadas as aulas teóricas (em sala de aula) sobre o Reino Vegetal, envolvendo a importância dos vegetais para a preservação do meio ambiente, houve uma visita no Sítio São João com os referidos alunos. Além do aumento dos resultados positivos da pesquisa e,  consequentemente, do aprendizado, SANTOS (2005) ainda afirma que o sentido da aplicação das aulas práticas, é que a Ciência encaminha o pesquisador para rupturas de fronteiras, métodos, experimentos e experiências de verdades transitórias. É mais ou menos isso que acontece com os alunos em questão. A aula prática é uma maneira de experimentar o interesse do aluno e a sua aceitação em relação aos conteúdos.

Houve um questionário prévio e posteriormente a visita dos alunos no sítio São João, e avaliando as respostas percebeu-se que as aulas práticas ajudaram no processo de interação e no desenvolvimento de conceitos científicos, além de permitir que os estudantes aprendam como abordar objetivamente o seu mundo e como desenvolver soluções para problemas complexos (LUNETTA, 1991).

           “O homem destrói a natureza na justificativa de sobreviver, a natureza luta para sobreviver, para garantir a sobrevivência do homem.” (Chico Xavier).

 

Conclusão

 

              A retirada de quase toda a vegetação da área em estudo causou muitas perturbações no local, como a saída dos animais na busca por outro local para sobreviver, erosões, desmoronamentos, poluições. Recuperando essa área conseguimos trazer de volta a fauna e a flora da região com plantios de espécies nativas e frutíferas, fornecendo assim, uma boa qualidade de vida para os seres humanos. A boa reação que as mudas estão apresentando às condições do local, mostra que é possível recuperar uma área degradada e contribuir para o equilíbrio do meio ambiente.                                                                                                      

              Conseguimos observar com essa pesquisa que os humanos são os responsáveis pela degradação do meio ambiente, devido inúmeras atividades resultantes de maneira inadequada. Mas, felizmente hoje há uma conscientização maior do mesmo em preservá-lo com suas atitudes e, para os alunos de 7º ano A da Escola Municipal João Paulo II as aulas práticas no sítio foi como uma ótima ferramenta para despertar o interesse dos mesmos em aprender e entender o conteúdo e aplicar as ações no seu dia a dia.

               No decorrer desse trabalho observou-se nos alunos um grande interesse em participar de praticamente todas as atividades desenvolvidas. Durante o processo a maioria dos alunos foi familiarizando-se com a disciplina.  E, assim foi alcançado os objetivos deste trabalho, que é recuperar a área degradada com espécies nativas e frutíferas da região e, ter a participação dos alunos, enriquecendo o aprendizado referente a área de ciências naturais

                                

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2000.

 

BRASIL. Lei 9.795, de 27 de abril de 1999. Institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília: Diário Ofícial da União, 28 de Abril de 1999. html Acesso em 10/08/2016.

 

ENGEL, V. L. & PARROTA, J. A. Definindo a restauração ecológica: tendências e perspectivas mundiais. In: KAGEIMA, P. Y.; Oliveira, R. E.; Morais, L. F. D.; Engel, V. L. & Gandara, F. B. (orgs) Restauração ecológica de ecossistemas naturais. FEPAF. Botucatu, SP. 2003. pp. 01-26.

 

 Fonte: plantas-nativas.blogspot.com/2013/03/plantas-nativas-importancia.

 

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Manual de Recuperação de áreas degradadas pela mineração. Brasília: IBAMA, 1990. 96p.

 

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: Edusp, 2008.

 

LUNETTA, V. N. Atividades práticas no ensino da Ciência. Revista Portuguesa de Educação, v.2, p. 81-90, 1991.

 

MARTINS, S. V. Recuperação de áreas degradadas: ações em Áreas de Preservação Permanente, voçorocas, taludes rodoviários e de mineração. Viçosa: Aprenda Fácil, 2009. 270p.

 

MILARÉ, E.2009. Direito do Ambiente – A Gestão Ambiental em foco – Doutrina. Jurisprudência. Glossário. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais Ldta. Acesso em 07/07/2016

 

PESSOA, O, F; Os Caminhos da Vida. São Paulo: Scipione, 2001.

 

RODRIGUES, G. B.; MALTONI, K. L.; CASSIOLATO, A. M. R. Dinâmica da  regeneração do subsolo de áreas degradadas dentro do bioma Cerrado. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.11, n.1, p.73-80, 2007a.

 

SANTOS, V. Projetos de pesquisa em educação: um olhar sobre a formação do professor de Biologia. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE BIOLOGIA, 1, Rio de Janeiro, 2005, ENCONTRO REGIONAL DE ENSINO DE BIOLOGIA DA REGIONAL RJ/ES, Rio de Janeiro: Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005. p. 446-449. WESSMANN, H. Didática das Ciências

 

THOMAS, J. C. Formigas cortadeiras; instruções básicas para o controle. EMATER-PR. Curitiba, 1990.

 



[1] Licenciada em Ciências Biológicas. Pós-graduada em Biologia Vegetal. Atua na Rede Pública de Ensino.