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GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NO CONTEXTO ESCOLAR

 

Ana Karina de Moura 1

Najela Aparecida de Oliveira 2

Sandra Zatar Pereira3

 

RESUMO

A educação é considerada como um processo responsável com a difusão e o aprendizado de técnicas culturais e comportamentais. A finalidade da educação, desse modo, é a formação do homem consciente, capaz de discernir condutas e valores morais. Percebe-se com isso, a necessidade de uma discussão acerca da função social que as instituições de ensino desempenham, bem como, o modo como outras esferas sociais fazem parte desse mesmo processo educacional. Nesse contexto, o desafio constante é como o gestor escolar pode reverter o modelo tradicional educacional para a construção de uma gestão da escola pautada em relações democráticas que visem a inter-relação e participação dos segmentos internos e externos da escola. E, que estejam compromissados na construção e melhoria das propostas de ensino visando a garantia de uma educação de qualidade para todos, respeitando os educandos nas suas individualidades, potencialidades e diversidades. Considerando o exposto, esse artigo tem como objetivo geral analisar as ações que viabilizam a implantação da Gestão Democrática e Participativa nos processos escolares. Por meio da revisão bibliográfica, percebeu-se que, mobilizar a comunidade escolar para compor o processo decisório de uma instituição escolar requer esforço árduo e contínuo dos profissionais da escola. É preciso apontar as possibilidades e a importância dessa colaboração entre as partes. Somente após a compreensão de que a educação se faz por todos, é que uma gestão mais democrática torna-se possível.

 

Palavras-chaves: Educação. Gestão Democrática e Participativa. Comunidade Escolar. Processo Decisório.

 

INTRODUÇÃO

 

A escola tem um papel fundamental na vida em sociedade. A aprendizagem dos conhecimentos acumulados pela humanidade ao longo da história é seu desafio maior. Repensar o modo pelo qual se dá a gestão dos espaços escolares é fundamental na instauração de uma educação democrática e participativa. É nesse contexto que a gestão escolar, em uma nova forma caracterizada principalmente pela descentralização do poder e pela autonomia, se redimensiona e, gradativamente, se instaura nos sistemas de ensino como Gestão Democrática.

A escola, como uma organização social, cultural e humana, requer que cada sujeito envolvido tenha o seu papel definido em um processo de participação coletiva. Por isso diz-se que, a efetivação da Gestão Democrática passa pelas condições materiais e imateriais que as instituições promovem para assegurar sua realização. Desse modo, cabe a todos que fazem parte do processo educativo buscar meios que possibilitem esse tipo de gestão escolar e, principalmente ao diretor, a responsabilidade pela realização de um trabalho participativo, autônomo e democrático, que envolva todos os segmentos que compõe a escola.

Desse modo, quando a comunidade escolar participa dos processos decisórios escolares, está exercendo o direito e dever de cidadão na construção da democracia; e quando os objetivos são almejados coletivamente, os resultados alcançados são mais efetivos e duradouros. Assim, à equipe gestora cabe incentivar a participação da comunidade escolar, respeitando as pessoas e suas opiniões, desenvolvendo a confiança entre os segmentos, assegurando o cumprimento das legislações educacionais vigentes e as normas repassadas pelo sistema estadual de ensino.

Mediante o exposto, esse estudo tem por objetivo geral analisar as ações que viabilizam a implantação da Gestão Democrática e Participativa nos processos escolares. Têm-se ainda como objetivos específicos contextualizar os aspectos que da política democrática no contexto escolar; refletir sobre as contribuições da gestão democrática e participativa; perceber a importância de ações democráticas para viabilizar a integração da comunidade escolar nos processos institucionais.

Finalmente, para viabilizar a pesquisa e construção da produção textual, teve-se por questão norteadora: como promover a participação efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar como forma de democratizar o ensino? Considerando o exposto, o estudo justifica-se pela importância de inserir os aspectos democráticos no contexto escolar, proporcionando que haja a plena participação dos agentes envolvidos no processo de tomada de decisão das instituições escolares. Além disso, a temática torna-se relevante por ressaltar a função social desenvolvida pela escola e as medidas que poderão contribuir para a democratização do ensino.

 

METODOLOGIA

 

No campo cientifico, uma pesquisa segue um percurso metodológico na intenção de investigar um determinado assunto. Assim, esse artigo utilizou como metodologia a pesquisa bibliográfica, uma vez que se fez necessário realizar um levantamento de dados acerca do tema definido. Para Mattar (1999) a pesquisa bibliográfica inclui a busca por informações em publicações gerais (jornais e revistas), governamentais (documentos publicados pelos governos federal, estadual e municipal) e institucionais (ligadas a instituições de pesquisa, universidades e organizações não-governamentais).

De acordo com Vergara (2007), uma pesquisa refere-se a coleta de informações para um estudo sistematizado desenvolvido com base no levantamento de material publicado em material impresso e/ou digital. Essa característica, leva ao método da pesquisa, que nessa proposta correspondeu à pesquisa bibliográfica por conta da fundamentação teórica que se construiu para discutir os resultados, que tem como principal característica “explorar por meio de diferentes autores a essência de um determinado assunto” (LAKATOS, 2007, p. 107).

Além disso, conforme apresenta Zanella (2013) é necessário definir a abordagem que um estudo terá, podendo ser de caráter quantitativo ou qualitativo. Assim, para viabilizar o levantamento de informações e a elaboração da proposta desse estudo, adotou-se a abordagem qualitativa, utilizando-se de estudos de casos e artigos anteriores sobre Gestão Democrática e Participativa. Todo o estudo e construção da produção textual aconteceu entre os meses de dezembro de 2020 a janeiro de 2021.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

 

O modelo da escola tradicional é aquele em que qualquer indivíduo pode ter acesso ao conhecimento, tendo liberdade de se expressar e condições de contribuir com o processo do conhecimento, oportunizando ainda o processo de socialização do indivíduo.

 

As escolas são organizações sociais que tem por finalidade promover o processo de escolarização aos integrantes da sociedade. (...) tem por objetivo proporcionar educação de caráter intencional e sistemático, A educação é intencional porque tem a função de transmitir e analisar a herança cultural da humanidade, acumulada ao longo de sua existência e oferecer condições para que as novas gerações reconstruam e modifiquem os conhecimentos adquiridos para tornar sua existência mais plena. Para realizar suas finalidades e objetivos, a educação se sistematiza e se organiza através de critérios, regulamentos, finalidades e princípios norteadores, razão pela qual é chamada de educação escolar, no contexto de um sistema (LOPES, 2006, p. 18).

 

Com isso, entende-se que a escola possui como responsabilidade primária cumprir uma função educacional, por garantir a aprendizagem de conhecimento e habilidades do indivíduo. Tendo como objetivo primário o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes e valores) que, aliás, deve acontecer de maneira contextualizada, desenvolvendo nos discentes a capacidade de tornarem-se cidadãos participativos na sociedade.

Na atualidade, a escola não cumpre exclusivamente o papel educacional, hoje ela possui a responsabilidade pelo desenvolvimento de princípios diversos, incluindo no processo de aprendizagem, por exemplo, questões relacionadas à afetividade. Nesse ponto, a escola passa a ser denominada como instrumento de transformação social, pois a instituição centrada no pleno desenvolvimento do educando preocupa-se em sempre buscar métodos de tornar o processo educativo atraente, prazeroso e ainda desafiador.

Sobre esse novo aspecto educacional, Cruz (2015) comenta que as mudanças ocorridas tendem a criar maior preocupação ao que deve ser trabalhado na escola, visando sempre induzir o sujeito ao senso crítico e à democracia escolar. Mas, quando o assunto é democracia escolar, compete ressaltar que a criação de uma escola democrática não é responsabilidade exclusiva da instituição, mas de todos que a compõe, como gestores, educadores, funcionários, pais, alunos e a comunidade.

Luck (2008) salienta que uma escola cujo desenvolvimento se dá por participação democrática, deve oferecer métodos de ensino e avaliação compatíveis com o coletivo. E isso precisa ser estabelecido por meio de reuniões abertas à comunidade escolar, induzindo todos a participar e compor o projeto educacional da instituição. Esse pode ser considerado o ponto de partida para uma gestão democrática e participativa.

Na realidade, a educação busca a formação de um novo protótipo, que institui a questão da qualidade no ensino. Mas, acredita-se que esta não pode ser tratada nos parâmetros da qualidade economista, pois o aluno não é cliente da escola, mas parte integrante dessa instituição. A escola implica formação voltada para a cidadania, para a formação de valores-valorização da vida humana em todas as dimensões. Isso significa que a instituição escolar não produz mercadorias, não pode pautar-se pelo zero defeito, ou seja, pela perfeição (SILVA, 1995, p. 52).

Portanto, acredita-se que educação de qualidade é aquela pela qual a instituição, gestão, educadores, pais e a comunidade promovem, para todos, o domínio dos conhecimentos e do desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas inerentes as necessidades individuais e sociais dos alunos, bem como a inserção no mundo e a constituição da cidadania, incluindo o poder de participação.

A participação dos indivíduos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem refere-se a democracia, a qual, requer apoio indiscriminado da unidade escolar. LUCK (2002, p. 64) diz que “a educação é destacada como tendo um papel primordial na promoção da paz, no respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais”. Por isso, a democracia escolar rege o conjunto de procedimentos que garantem essas finalidades. Então, a escola constitui-se em espaço por excelência do exercício pleno da democracia, sendo responsável por promover a socialização.

A gestão escolar consiste no processo de mobilização e orientação dos talentos e esforços coletivos atuantes na escola, associados com a organização de recursos e processos, estimulando e otimizando as respectivas competências. Essa articulação promove ambientes de aprendizagens atraentes, significativos e uma relação de ensino e aprendizagem. Logo, a educação precisa ser entendida como um fator de realização da cidadania, com padrões de qualidade da oferta e do produto, na luta contra a superação das desigualdades sociais e da exclusão social. Nesse sentido, cabe à escola a função de articulação entre gestão democrática e participativa, educadores e sociedade.

Coutinho (2000), descreve a gestão democrática da educação como sendo a capacidade conquistada pelo coletivo de se apropriar dos bens socialmente criados. Desse modo, gestão democrática e participativa significa tomar decisões, organizar, participar e dirigir as políticas educacionais que se desenvolvem na unidade escolar comprometida com a formação intelectual e social do indivíduo, existindo em função dos seus sujeitos.

Em outras palavras, Cruz (2015) denomina a gestão democrática como um modelo administrativo que impõe uma dinâmica dessemelhante para as unidades de ensino, procurando sempre desenvolver um ambiente participativo entre os sujeitos da instituição. Os quais são convidados a participarem ativamente do processo de idealização, planejamento e gestão dos projetos organizacionais da escola.

Uma das características da gestão democrática é a flexibilidade. Isso se baseia especialmente na capacidade do gestor democrático em ouvir e aceitar sugestões e críticas com bom senso. Se aplicado integralmente o termo ao aspecto educacional, é possível concluir que a gestão democrática e participativa procura desenvolver um ambiente acessível a todo o grupo que compõe a instituição. Pressupondo desse modo, a participação dos indivíduos ou grupos da comunidade escolar em todos os processos decisórios da unidade.

Bastos (2002, p. 55) menciona que:

 

A gestão democrática poderá constituir um caminho real de melhoria da qualidade de ensino se ela for concebida, em profundidade, como mecanismo capaz de alterar práticas pedagógicas. Não há canal institucional que venha a ser criado no sistema público de ensino que, por si só, transforme a qualidade da educação pública, se não estiver pressuposta a possibilidade de redefinição e se não existir uma vontade coletiva que queira transformar a existência pedagógica concreta.

 

Por meio da menção do autor, conclui-se que a comunidade escolar como um todo é responsável pela definição de objetivos, na solução de possíveis problemas, no planejamento e manutenção do projeto pedagógico e na garantia do devido atendimento às necessidades do educando, de modo a contribuir para a melhoria do processo educacional como um todo. Mais uma vez se reforça a ideia de que a escola não pode ser conduzida exclusivamente pela sua equipe laboral, e sim, por todos aqueles que dela usufruem direta ou indiretamente.

Souza (2009) compreende o conceito de gestão democrática como um processo político, onde todos os segmentos participam, em todos os níveis, desde a identificação dos problemas, acompanhamento de ações, controle, fiscalização e avaliação de resultados, sendo pautado fundamentalmente numa relação dialógica. Ainda conforme o autor, gestão escolar pública é compreendida como princípio (pois a escola é financiada por todos e deve atender a necessidade de todos) e como método (como processo educativo).

Nessa perspectiva, a gestão democrática da educação, pode ser utilizada como referência para analisar a direção das diferentes escolas públicas. E assim, construir um futuro comprometido todos os aspectos da humanidade. Além disso, Paro (2001) defende que a construção de uma sociedade democrática é um dos objetivos da escola. Por isso, é importante reconhecer que a única forma de gestão possível dentro do contexto escolar é a gestão participativa, com todos os indivíduos envolvidos no processo educacional em um esforço coletivo para se alcançar um ensino de qualidade.

Sendo assim, a gestão democrática ideal acontece quando a gestão da escola e suas decisões são formadas pelo consenso da maioria da comunidade escolar, sendo representada pela direção, que conta com a confiança de seus liderados e toma as decisões em conjunto com eles, legitimando-as pela comunidade escolar. Em suma, para Souza (2009) a gestão democrática é um processo que não se resume a tomada de decisão e que é sustentado no diálogo e na alteridade, na participação ativa dos sujeitos do universo escolar, na construção coletiva de regras, procedimentos e na constituição de canais de comunicação, de sorte a ampliar o domínio das informações a todas as pessoas que atuam na/sobre a escola.

Segundo Libâneo (2002), a participação é o meio de assegurar a gestão democrática, permitindo o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento escolar. Pois é a participação que promove o conhecimento dos objetivos e das metas da escola, de sua estrutura organizacional, de sua dinâmica e de suas relações com a comunidade, propiciando desse modo, maior aproximação entre professores, alunos e responsáveis.

Entretanto, vale ressaltar que, a busca por bons resultados nas instituições de ensino precisa acontecer de modo livre, não autoritária quanto ao exercício do poder, garantindo ao grupo de profissionais a oportunidade para intervir nas decisões da organização e definir coletivamente o rumo dos trabalhos. Ainda de acordo com Gadotti (1997), a participação desses agentes influi na democratização da gestão e na melhoria da qualidade do ensino.

Em contrapartida, é possível atribuir parte desse interesse dos envolvidos em tomar parte dos processos educacionais elegidos à gestão escolar. Já que a própria legislação pertinente determina que tal gestão seja democrática, conforme estabelecido no artigo 18 da LDB 9394/96 (BRASIL, 1996), no qual a democratização da gestão, em parte, se reduz ao incentivo à participação da comunidade. Mas, mesmo assim, a gestão democrática, por meio de seus múltiplos mecanismos representados, não garante a realização plena da democracia, mas justamente por serem concebidas como práticas democráticas, estimulam a escola a ir, paulatinamente, modificando sua cultura institucional.

Conforme Botler (2010), os principais mecanismos que promovem a democracia escolar, refere-se à eleição de gestores e ao conselho escolar. A autora defende ainda que, a eleição de gestores, mesmo com suas limitações, entre todas as alternativas existentes é a mais democrática, porque permite a transformação da cultura da escola e dos atores pedagógicos, em busca de uma sociedade mais participativa e consciente de seus direitos.

A premissa básica da gestão escolar democrática é a de oferecer oportunidades de aprendizagem e experiências na área da educação, partindo da necessidade individual de cada aluno, desenvolvendo um ambiente específico para que estes superem seus desafios individuais e coletivos. Atualmente a sociedade vive em processo de constantes transformações nas esferas econômicas, políticas, sociais, culturais, de valores e na interação social. A escola, por sua vez, faz parte desse processo de mudanças e tem por necessidade adaptar-se a esse dinamismo. As instituições de ensino são unidades especiais, que estão inseridas em contexto socioeconômico e cultural, marcado pela pluralidade e diversidade.

Cabe trazer à discussão que, gestão educacional, de acordo com Luck (2008), corresponde à área de atuação responsável por estabelecer o direcionamento e a mobilização apropriados para sustentar e dinamizar o modo de ser e de fazer dos sistemas de ensino e das escolas, para realizar ações conjuntas, associadas e articuladas, visando o objetivo comum da qualidade do ensino e suas implicações. Dessa forma, entende-se que as ações dos gestores precisam ser articuladas com a participação de todos que compõe o processo educacional, do planejamento à execução, caso contrário, não se alcança o resultado esperado.

Segundo Paro (2000), ainda cabe salientar que a gestão escolar das instituições públicas envolve inúmeras ações, dentre elas a condução do trabalho dentro da unidade de ensino, levando em conta a função social desta, aplicando procedimentos claros e compreensíveis para se alcançar os objetivos. Por isso, na gestão educacional democrática, pode-se destacar a criação de conselhos dotados de autoridade deliberativa e decisória, a participação da comunidade escolar na escolha dos diretores e o repasse direto de recursos financeiros às unidades escolares como medidas que visam contribuir para a construção de uma escola independente.

Levando em consideração que a gestão democrática escolar coloca o gestor da instituição como mediador e referência para o diálogo, contribui para a criação de indivíduos mais responsáveis e politizados com a trajetória educacional, à medida que participam ativamente nos processos decisórios, a implementação das decisões e a certeza de que elas estejam sendo devidamente cumpridas. Ainda outro ponto relevante da gestão democrática e participativa, comentado por Ribeiro (2012), é que os envolvidos são responsáveis por decidir e por fazer cumprir tais decisões.

Compete ressaltar ainda que, segundo Ribeiro (2012), em virtude de uma miscigenação de perspectivas, possibilidades de ideias inovadoras e criativas surgirem na escola, a interação tende a ser mais produtiva e eficiente quanto às deliberações coletivas. Outro aspecto interessante da gestão democrática é a integração entre escola, família e a comunidade escolar, na qual a criança é sempre o centro do processo educativo. Para Silva (2013), a família e a escola são pontos de apoio e sustentação à formação do indivíduo, por isso, quanto mais significativa for tal relação, maior a probabilidade de ter-se resultados satisfatórios no constante e pleno desenvolvimento do sujeito.

Entretanto, cabe enfatizar que a integração entre essas bases não se dá automaticamente, é uma relação que ocorre por meio da construção de direitos, deveres e concessões entre as partes. Segundo SILVA (2013, p. 38), boa parte do êxito nos resultados dessa parceria acontece quando a “escola deixa claro os seus objetivos educacionais; definir as suas necessidades, planejar e estruturar intervenções da sociedade, monitorar e informar os resultados obtidos”. Em contrapartida, a família e a comunidade escolar precisam priorizar tais objetivos e complementar o processo educacional dessa criança. Esse comprometimento mútuo atribui melhores condições de desenvolvimento e aprendizagem do aluno, bem como, qualidade no ensino prestado por tais instituições.

 

RESULTADOS

 

Por meio do estudo realizado, foi possível observar que a gestão democrática é um modo de gerir uma instituição de forma que possibilite a democracia, a participação e a transparência de ações de todos os envolvidos no processo educativo. Nesse tipo de gestão, a participação de cada agente é de fundamental importância. Logo, essa gestão deve ser considerada como um enfoque de atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino, orientadas para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos.

Além disso, foi possível considerar como a participação efetiva da comunidade escolar pode contribuir para melhoria nos processos educacionais, adequando tais ações aos atuais desafios da sociedade, uma vez que, a escola não é unicamente uma instituição responsável pela transmissão do conhecimento, mas a socialização e o processo de reflexão se faz necessário na organização escolar.

A gestão escolar democrática significa promover a redistribuição de responsabilidades, ideias de participação, trabalho em equipe, decisão sobre as ações que serão desenvolvidas, analise de situações em conjunto. Além de promover confronto de ideias, procurando, assim, o êxito de sua organização através de uma atuação consciente dos envolvidos. Sem dúvida, a escola é o local de proporcionar uma educação de qualidade a todos, é neste lugar, onde se forma indivíduos críticos, que buscam exercer sua cidadania, com perspectivas de cumprir seu papel frente à sociedade em que vive.

É evidente que, as funções pedagógicas e administrativas, não são tarefas simples, requerem raciocínio, observação, replanejamento e busca de novos caminhos para os erros e fracassos. Sendo assim, o ambiente escolar necessita de democracia, a ponto de que todos os envolvidos possam participar das decisões de forma consciente, para isso é preciso disposição, trabalho em equipe e redistribuição de responsabilidades, o que irá promover o sucesso da escola. Além disso, é preciso pensar para além dos muros da escola e envolver a comunidade em todas as etapas educacionais.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Exercitar uma ação democrática pressupõe a capacidade individual de ser democrático. Assim, a gestão escolar democrática acontece quando os gestores eleitos são pessoas com tendências democráticas em suas respectivas personalidades. Além disso, a estrutura organizacional da instituição de ensino deve ter como princípio o trabalho coletivo entre todos os indivíduos que compõe o grupo escolar, agindo em prol dos objetivos da educação relacionada à sociedade e formação dos educandos. Outro ponto primordial é quanto à função que o gestor escolar desempenha nas unidades, sendo considerado o mediador das ações efetuadas pelos componentes da instituição escolar.

A escola não deve ser uma instituição que age de forma disjunta, mas sim, que estabelece relações com toda a sociedade. Os setores, ao sentirem-se integrantes da dinâmica escolar, têm a tendência de compartilhar ideias e aceitar sugestões. Conforme analisado ao longo desse estudo, hoje uma escola já não consegue atuar sozinha em seus processos pedagógicos e administrativos. Ela precisa estar em contato direto com a realidade ao seu redor, deixar-se permear pelo meio social, pois do contrário, a instituição escolar estará isolada de tudo que pode vir a influenciar diretamente suas ações, e estar alheia aos possíveis fatores influenciadores só prejudicará o processo educativo e de construção da cidadania.

Desse modo, a gestão democrática surge com a finalidade de estabelecer cada vez mais novos vínculos internos e externos. A democratização institucional tornou-se um novo caminho para promover a prática pedagógica para a contribuição do processo participativo mais amplo. O estímulo da criatividade e o confronto das ideias conquistadas a partir da valorização do trabalho em equipe faz com que todos os setores sejam reconhecidos na sua contribuição, cabendo ao gestor escolar a responsabilidade em influenciar os componentes do processo educacional.

Portanto, é função da educação fornecer meios significativos que levem ao acrescimento social e, em contrapartida, concretize seu papel como instituição de educação. Mas, isso só se torna possível no momento em que a gestão escolar atuar de maneira democrática, buscando a integração com a comunidade e levando em consideração todos os aspectos que esse meio possa demonstrar para o alcance de uma educação que reflita positivamente os benefícios que há quando a escola tem a comunidade local como aliada.

 

REFERÊNCIAS

 

BASTOS, João Baptista. Gestão democrática. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2002.

 

BOTLER, Alice Happ. Cultura e relações de poder na escola. Educação e Realidade. 2010.

 

BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>, acesso em 05, jan, 2021.

 

CRUZ, João Ernando Abreu. Gestão democrática da educação. Rio de Janeiro: Cortez, 2015.

 

GADOTTI, Moacir. Autonomia da escola: princípios e preposições. São Paulo: Cortez, 1997.

 

LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

 

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e a Gestão da Escola: Teoria e Prática. Goiânia: Editora Alternativa, 2002.

 

LOPES, Antônio. Gestão escolar e parcerias em educação no município de Votuporanga. Tese de doutorado. Universidade Estadual Paulista. UNESP. Faculdade de Ciências e Letras. 2006. Disponível em: <www.biblioteca.unesp.br/bibliotecadigital/document/?down=4089>, acesso em 29, dez, 2020.

 

LUCK, Heloisa. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. São Paulo: Cortez, 2002.

 

______, Heloísa. Liderança em gestão escolar. Petrópolis: Vozes, 2008.

 

MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

 

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática na escola pública. São Paulo: Ática, 2001.

 

RIBEIRO, Rozilene Rodrigues. Gestão Escolar: Gestão Democrática e Participativa. São Paulo: Ática, 2012.

 

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 2007.

 

ZANELLA, Liane Carly Hermes. Metodologia de pesquisa. 2. ed. reimp. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2013.

1 Licenciada em Geografia pela Universidade de Várzea Grande – UNIVAG (2006). Licenciada em Pedagogia pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA (2014). Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Poliensino – FP (2020).

 

2 Bacharel em Administração pela Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT (2013). Pós-graduada em Gestão de Pessoas pela Universidade Candido Mendes – UCAM (2016). Licenciada em Pedagogia pela Faculdade de Ciências de Wenceslau Braz – FACIBRA (2017).

 

3 Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso – UAB (2016). Pós-graduada em Educação Especial e Inclusão pela Faculdade Afirmativo (2016). Pós-graduada em Informática na Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso – UAB (2018).