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PRÁTICAS INCLUSIVAS EM ESCOLAS REGULARES

Maria Elite de Souza Lima Batistão

 

RESUMO

Nos últimos anos, um número cada vez maior de alunos portadores de necessidades especiais tem sido integrado às escolas regulares. Com essa crescente inclusão, esta pesquisa visa apontar práticas e atividades que possam ser trabalhadas em sala de aula com essas crianças portadoras de deficiência intelectual (DI) em busca de conseguir melhores resultados no desenvolvimento destes alunos. Sabem da grande dificuldade apresentada por este público em lidar com abstração, relacionar-se com os colegas e entender o que é pedido nas atividades de sala de aula, salienta-se a necessidade de um trabalho diferenciado com eles, bem como de uma assistência mais completa para se atingir resultados inclusivos satisfatórios. Buscando o cumprimento dos objetivos aqui propostos, utilizou-se a metodologia de revisão bibliográfica. Contudo, mostrou-se importante o trabalho didático diferenciado com os alunos deficientes.

 

PALAVRAS-CHAVE: Deficiência Intelectual. Inclusão. Práticas diferenciadas.

​INTRODUÇÃO

 

Entende-se que o aluno portador de deficiência intelectual apresenta um desenvolvimento intelectual mais lento que os demais e, consequentemente uma capacidade de aprendizado muito abaixo do que costuma-se esperar de crianças com a sua idade. Com isso, os alunos DI sentem muita dificuldade para acompanhar as atividades com o restante da turma, já que apresentam grande dificuldade em entender o que está acontecendo e o que está sendo pedido, mesmo em atividades lúdicas e jogos. Além desses problemas, tais crianças ainda têm dificuldades de socialização, além de mostrarem-se bastante dependentes de atenção.

Assim, fica evidenciada a necessidade de, além das demais adaptações, adaptarem-se também as práticas docentes em busca de meios específicos capazes de atrair a atenção destes alunos diferenciados e extrair deles o máximo resultado possível. Para esta difícil tarefa os materiais utilizados e as práticas podem ser a diferença entre o sucesso e o fracasso.

 

​DESENVOLVIMENTO

 

O aluno portador de deficiência intelectual, geralmente apresenta grande dificuldade para entender o que é apresentado a ele, além de muita dificuldade para abstrair e lidar com qualquer coisa abstrata. Eles apresentam um desenvolvimento cognitivo e intelectual muito abaixo da média para a idade. Com isso, o docente tende a lidar com aluno de oito anos, por exemplo, que apresentam comportamento similar à crianças de 4 ou 5 anos.

Segundo o Instituto Neuro Saber afirma que:

 

Importante saber que uma pessoa com deficiência intelectual apresenta dificuldades para resolver problemas que surgem no cotidiano, assim como estabelecer interação social, seguir regras, cumprir com seus compromissos e entender ideias abstratas. Isso significa que os estudantes nessa situação devem ter profissionais que estabeleçam uma relação pedagógica de muita atenção para suprir suas necessidades. (NEURO SABER, 2018, p.1)

 

Associados aos problemas de aprendizagem, percebem-se também dificuldades para a socialização dessas crianças, já que o DI não é capaz de acompanhar os assuntos conversados por seus colegas de classe, assim, pode haver um isolamento da criança.

Rodrigues (2019) acrescenta que:

 

Nos últimos anos as matrículas de alunos com deficiência nas escolas tem aumentado exponencialmente. Isso quer dizer que, a questão não é se você vai ter uma aluno com deficiência na sua sala de aula, mas quando. (RODRIGUES, 2019, p.1)

 

O Instituto Neuro Saber salienta que o professor não está sozinho na sua tarefa de atendimento ao aluno deficiente. Destaca que a família costuma ser grande aliada nos processos educativos dessas crianças e, em parte dos casos, elas ainda são acompanhadas por outros profissionais, como psicólogos, médicos, entre outros.

Rodrigues (2019) destaca a importante da observação de cada caso de forma específica, ressalta ainda que as deficiências implicam em limitações, além de, eventualmente, gerarem crenças limitantes nos familiares, aumentando as limitações vivenciadas pelas crianças em seu desenvolvimento.

Apesar de algumas limitações, destaca-se que:

 

A realidade é que essas crianças, as com deficiência, são como qualquer outra criança, querem brincar, falar, abraçar, ouvir histórias, fazer amigos… mas que, como qualquer outra criança, apresentam dificuldades escolares e possuem seus próprios desafios. Esses desafios e dificuldades podem ser decorrentes da própria deficiência em si, ou ainda das limitações e privações causadas pela deficiência ou por crenças limitantes da família da criança em relação a suas possibilidades. (RODRIGUES, 2019, p.1)

 

O autor retrocitado destaca a infantilização e a subestimação como grandes barreiras para o desenvolvimento dos portadores de deficiência intelectual. Deste modo, um trabalho pedagógico que estimule o DI a buscar conhecimento e desenvolver-se é o ideal no sentido de melhorar cada vez mais o convívio desse indivíduo em sociedade. Assim, mostra-se a necessidade de, ao interagir com o DI, fazer uso de palavras simples, falando de forma clara e direta.

O Instituto Neuro Saber corrobora afirmando que:

 

Importante ressaltar que uma pessoa com essa deficiência pode não ter muita facilidade para entender conteúdos que trabalhem com o sentido figurado. Sendo assim, a explicação deve ser algo que fuja da conotação. É aconselhável que os educadores usem exemplos concretos na exposição da matéria e dos exercícios, principalmente com aplicação no cotidiano da criança. (NEURO SABER, 2018)

 

Contudo, nota-se que o docente deve observar atentamente o comportamento da criança afim de identificar o que atrai a criança DI. Podendo ser um objeto, desenhos, músicas ou qualquer coisa que prenda sua atenção. Partindo-se destes objetos o docente pode fundamentar seus trabalhos de forma a atrair a atenção dessa criança e, desta forma, conseguir alcançar seus objetivos pedagógicos.

Outro ponto, destacado agora por Rodrigues é a importância de rotinas para o trabalho com estes alunos. O autor afirma que:

 

Por exemplo, se você sabe que seu aluno adora ir até a pracinha para brincar no escorrega, adivinha qual pode ser o contexto da sua aula: isso mesmo, a pracinha. Independente se você quer ensinar matemática, português, motricidade fina ou ciências, use a pracinha como contexto: as cores dos brinquedos da pracinha, as formas dos brinquedos, a quantidade de brinquedos, a letra dos nomes dos brinquedos e etc.(RODRIGUES, 2019)

 

Fica evidente a importância de pautar o trabalho pedagógico também nas vivências do aluno. Isso não apenas atrairá sua atenção, como também facilita o entendimento do conteúdo ao incluir algo de que ele gosta e conhece.

Rodrigues (2019) acrescente que, ao utilizar exemplos com alunos DI, estes devem sempre ser retirados da vivência da criança, ou seja, devem ter representatividade para ela.

O autor ainda acrescenta:

 

Como sugestão, caso seja necessário usar essas palavras, você pode contextualizar a atividade como se o aluno estivesse escrevendo uma lista das coisas que a tia tem medo (caso o aluno seja muito apegado a você). “Gente, hoje eu estou com muito medo, porque eu vi um SAPO. A tia tem muito medo de SAPO. (faça uma reação exagerada ao falar “sapo”) Você sabe mais do que eu tenho medo? Quer descobrir? Vamos juntar as sílabas para descobrir do que mais a tia tem medo. SA-PO. BA-RA-TA. FA-CA … ” (RODRIGUES, 2019)

 

O instituo Neuro Saber, acrescenta o seguinte:

 

Interessante usar objetos do interesse e de coleções da criança para categorização, classificação, agrupamento, ordenação, noções de conjunto e quantidade;

Personagens do universo infantil e que desperte interesse na criança. Isso pode fazer com que ela desenhe e construa tanto o seu silabário quanto os jogos temáticos, o que favorece a alfabetização;

O uso de itens como fita crepe, tintas, carrinhos, carimbos e massinha é ideal para estimular a coordenação viso-motora; e aprimorar as habilidades de preensão;

Utilização objetos reais e do cotidiano para o desenvolvimento de percepções e compreensão de medidas e suas variações de maneira eficaz, valorizando os registros por meio de desenho para posteriormente atribuir significado numérico;

Utilização do Geoplano para o desenvolvimento de aspectos de percepção, elaboração, espaço, formas e medidas, reprodução de imagens;

Uso de pastas com plástico, atividades em sulfite envoltas em papel contact e canetão de lousa branca para que o pequeno risque, brinque e apague, promovendo a psicomotricidade do aluno.

Os encartes de revistas são excelentes para a criação de quebra-cabeças, além de possibilitar percepções de posições no espaço;

Utilize brinquedos que possam incentivar a leitura, a associação de palavras e dos objetos e a categorização. (INSTITUO NEURO SABER, 2018)

 

 

Evidencia-se, portanto, a importância do trabalho didático diferenciado com o aluno portador de deficiência intelectual.

 

​CONCLUSÃO

 

Através da presente pesquisa, mostrou-se evidente a importância de um trabalhado pedagógico diferenciado com os alunos portadores de deficiência intelectual, haja vista as dificuldades geralmente apresentadas por eles para o entendimento dos conteúdos, bem como para a socialização.

Contudo, percebe-se que um ambiente escolar devidamente adaptado e práticas pedagógicas adequadas, é possível conseguir resultados bastante positivos nesse processo de inclusão.

 

REFERÊNCIAS

 

NEURO SABER. Atividades adaptadas para alunos com deficiência intelectual. Instituto Neuro Saber. 2018. Disponível em: https://institutoneurosaber.com.br/atividades-adaptadas-para-alunos-com-deficiencia-intelectual/. Acesso: dez. 2020.

 

PORTAL ATIVIDADE PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL. INCLUSÃO: ATIVIDADES VARIADAS DE ALFABETIZAÇÃO. 2015. Disponível em: https://atividadeparaeducacaoespecial.com/inclusao-atividades-variadas-de-alfabetizacao/. Acesso: dez. 2020.

 

RODRIGUES, Leandro. Como Trabalhar com Alunos com Deficiência Intelectual – Dicas Incríveis para Adaptar Atividades! Instituto Itard. 2019. Disponível em: https://institutoitard.com.br/como-trabalhar-com-alunos-com-deficiencia-intelectual/. Acesso: dez. 2020.