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O LÚDICO COMO FERRAMENTA DIDÁTICA: UMA METODOLOGIA FASCINANTE

Janaína Aparecida Botelho[1]

 

RESUMO:

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa teórica, cuja temática central é relatar a importância de introduzir o lúdico nas práticas pedagógicas de ensino. Essa escrita tem como objetivo conhecer a importância de se trabalhar a ludicidade na educação infantil e nos anos iniciais, considerando sua eficácia. Assim como, conhecer a importância da gestão participativa nesse processo. Esse artigo justifica-se pelo fato de reconhecer o lúdico como uma ferramenta importante no processo de ensino, confiando numa aprendizagem descontraída e inovadora, ao mesmo tempo em que se admite sua eficácia e assume-se um compromisso mediante a aquisição de conhecimento dos alunos com qualidade.           

Palavra-chave: Ludicidade. Jogos. Brincadeiras. Gestão Democrática.

 

ABSTRACT

This work is about a theoretic research, whose central theme is to relate the importance to introduce the ludic on teaching paedagogical practices. This writing has, as a goal, to get to know the importance to work ludicity on child education and on early years, considering its efficacy. As well as getting to know the importance of participatory management on this process. This article justifies itself by recognizing the ludic as an important tool on teaching process, by trusting on a relaxed, innovative learning, by the time it is admitted its efficacy and one assumes a commitment in the meantime of students' knowledge acquisition with quality.

Keywords: Ludicity. Games. Fun. Democratic. Management.

 

JOGOS E BRINCADEIRAS

Enfrenta-se hoje uma realidade no campo educacional que precisa ser mudado, a qualidade da educação está baixa, muitas crianças estão se afastando da escola, com isso torna-se uma sociedade fraca, sem conteúdo e sem mudanças. Por esse motivo é que os profissionais que estão inseridos na educação, pais, alunos, mas principalmente o professor que é o agente chave desse processo, precisa impor maneiras diferentes de ensinar com aulas atrativas e inovadoras, para que desse modo o aluno crie interesse e busque cada vez mais aprender, não perdendo a vontade de ir para a escola e a ludicidade é uma ferramenta que contribui muito para esse aprendizado, pois ela advém do círculo que a criança convive e traz a realidade do aluno para a sala auxilia o mesmo a assimilar o conteúdo com mais facilidade.

O jogo faz parte da vida da criança. Desde o início da humanidade a criança brinca. Isso nos remete pensar que incorporar o lúdico nas práticas pedagógicas significa trazer a realidade da criança para a sala, reunindo aquilo que lhe é agradável ao que se exige no currículo da escola. Partindo disso o professor precisa agir de maneira eficaz na aprendizagem do aluno, identificando a melhor maneira para que isso aconteça e o lúdico tem a capacidade de se identificar com a criança por fazer parte dela desde muito cedo e que segue pela vida toda, pois até os adultos gostam de jogar e brincar, por exemplo, uma partida de futebol, imagina as crianças?

Falar em utilizar a ludicidade nas práticas diárias exige primeiramente saber o que é o lúdico. O jogo educativo surgiu no século XVI, onde foram realizados os primeiros estudos sobre o assunto na Roma e na Grécia Antiga.

Segundo o dicionário Aurélio (2001, p.465) o lúdico significa: “relativo a jogos, brinquedos e divertimento”. Já Tizuko Kishimoto (2002, p. 19) se refere ao jogo educativo com duas funções: “função lúdica – o jogo propicia a diversão, o prazer e até o desprazer quando escolhido voluntariamente e função educativa – o jogo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo” (CAMPAGNE apud KISHIMOTO, 2002, p. 19). Já Santa Marli P. Santos (2000, p. 09) diz que:

A palavra lúdica vem do latim ludus e significa brincar. Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos e é relativa também à conduta daquele que joga que brinca e que se diverte. Por sua vez, a função educativa do jogo oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo.

O ato de brincar inclui toda a ação que gera diversão oportunizando o aprendizado através dele. Ao fazer uma análise da obra de Lev Vygotsky, o autor pontua que:

 

Através do brinquedo a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivações internas. Nessa fase (idade pré-escolar) ocorre uma diferenciação entre os campos de significado e da visão. O pensamento que antes era determinado pelos objetos do exterior passa a ser regido pelas ideias. A criança poderá utilizar materiais que servirão para representar uma realidade ausente. Por exemplo, uma vareta de madeira como uma espada, um boneco como filho no jogo de casinha, papéis cortados como dinheiro para ser usado na brincadeira de lojinha etc. Nesse caso ela será capaz de imaginar, abstrair as características dos objetos reais (o boneco, a vareta e os pedaços de papel) e se deter no significado definido pela brincadeira” (REGO, 2012, p. 81).

 

Para um ensino eficaz, incorpora-se o lúdico nas metodologias, sendo preciso equilibrar essas duas funções, fazendo com que a ação educativa do jogo predomine e se torne eficaz na aprendizagem das crianças. Uma vez que se insere o jogo na vida escolar nota-se alegria e prazer, e dessa forma o aprendizado acontece de forma natural, no entanto o ato de aprender se torna fascinante e proveitoso.

Brincar é agir com espontaneidade, é ser livre, é um ato voluntário do ser humano, enquanto jogar conduz regras, normas e tempo determinado de atuação, fornecendo para a criança um aprendizado que lhe servirá para a vida toda. Um exemplo desses jogos pode ser: amarelinha, gude, dama, dominó, xadrez, entre outras.  Alguns estudiosos como Santos e Kishimoto dizem que brincar aflora a espontaneidade, intencionalidade, a autonomia a, concentração, ou seja, a criança entra em total sintonia com o mundo.

Brincadeiras lúdicas percebem outro significado, que vai além de brincar. Elas podem auxiliar a criança na vida profissional quando adultos, pois o brincar permite ao aluno desenvolver a atenção, a concentração, a afetividade, a expressão e comunicação, se for abrangido em um contexto de metas a serem alcançadas dentro de um plano de ensino do professor. Selma Garrido Pimenta diz que:

 

A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento (2000, p. 12).

 

Segundo Santos, “é necessário valorizar as atividades lúdicas, que o BRINCAR além de ser uma necessidade é um direito da criança, reconhecido por lei” (1997, p. 54, grifo meu). A autora Marília Monteiro Santos Ventura (2010, p. 05) diz que “Brincar é essencial para a vida da criança e a brincadeira é uma linguagem infantil”. Brincar possibilita a criança desenvolver sua oralidade, pois ela ajuda o indivíduo a manifestar suas ideias, dessa forma instiga-se a fala.

A criança brinca desde seus primeiros anos de vida, na rua, no quintal de suas casas, brincadeiras como: pega-pega, rodas, esconde-esconde, entre outras. Mas a partir do momento em que a criança começa a frequentar a escola, é preciso ver o jogo como um meio de facilitador do aprendizado, para favorecer a produção do aluno.

 Ao longo da vida, qualquer ser humano ¾ criança, adolescente, adulto ¾ tipicamente passa por diversas experiências de contato com novos grupos sociais: no ingresso à escola, à universidade, ao trabalho, a ambientes sociais novos, a uma nova família extensa em decorrência do casamento, a populações culturalmente bem distintas no caso de viagens mais longas. O grau de diversidade dessas experiências evidentemente varia ao longo da história e dos modos de vida de diferentes populações: ainda hoje, há pessoas que jamais saíram ou sairão da pequena vila onde nasceram; mesmo estas, no entanto, não estão necessariamente imunes ao contato com microculturas diferentes ou com faces diferentes de sua própria cultura. Quando esses contatos envolvem transições mais bruscas ou dramáticas, é comum até mesmo a ocorrência de ritos de passagem, que recortam e dão significado à situação de transição para os indivíduos envolvidos.

 

De certa forma, a adaptação da criança pequena a um ambiente de cuidado coletivo tem essa característica de transição cultural. Essa transição é especialmente marcante em nossa sociedade urbana atual, onde a criança é deslocada de seu ambiente familiar para um ambiente físico e social bem diferenciado daquele; em sociedades mais tradicionais, ela ocorre de forma mais gradual, à medida que a criança passa a brincar com irmãos ou vizinhos, geralmente sob a supervisão de adultos com quem já está familiarizada. Em qualquer desses casos, existe a exposição a diferenças microculturais. (CARVALHO, PEDROSA, 2002)

 

O lúdico é uma das maneiras mais agradáveis de aprender, através dele o aprendizado acontece de forma interessante para a criança, pois essas atividades são atrativas e empolgante e desse modo a criança entra em contato com a realidade de uma forma espontânea, pois o brincar está na característica genética do indivíduo.

Por isso valorizar a brincadeira lúdica em todas as fases de ensino, além de facilitar a aprendizagem, auxilia no desenvolvimento físico, intelectual, afetivo e social, através das atividades lúdicas a criança desenvolve sua inteligência ao mesmo tempo em que socializa, se diverte, aprende e cria seus próprios sentidos. De acordo com Santos:

 

A brincadeira é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a habitação e a educação, brincando a criança forma conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, e constrói seu próprio conhecimento (SANTOS, 1997, p.67).

 

Na escola, principalmente na educação infantil onde a criança está se preparando para a alfabetização ocorre o processo de socialização e adaptação, fase essa que o aluno está adquirindo conhecimento de todas as formas e está adentrando em um mundo diferente daquele que ele está acostumado e o ambiente escolar passa ser sua segunda casa. Por isso o ato de brincar deve ser incluído nessa nova etapa, pois o mesmo deve auxiliá-los a explorar desse novo contexto, ajudando a adquirir suas habilidades motoras, inteligência cognitiva, convivência com outros colegas e a criação de sua personalidade, ainda as brincadeiras aproximam a fantasia da realidade e oferece a cria experimentar as novas situações que o aluno está exposto, portanto se o aluno desenvolve seus aspectos afetivos, cognitivo e motor através da ludicidade, então ele também aprenderá os conhecimentos formais da escola com mais facilidade, como o português, a matemática, a geografia etc. Reconhece-se ainda que durante as atividades lúdicas a criança esteja interagindo com os demais e desenvolvendo-se através da relação interpessoal que é altamente eficaz para se obter conhecimento, por meio da troca de ideias e diálogo com o  próximo.

A autora Gisela Wajskop em uma de suas obras relata sua visão sociocultural da criança em relação à brincadeira, dizendo que:

 

A criança desenvolve-se pela experiência social, nas interações que estabelece, desde cedo, com a experiência sócio-histórica dos adultos e do mundo por eles criado. Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a experiência sociocultural dos adultos (WAJSKOP, 2001, p.25).

 

O meio traz para a criança situações diversas, a interação auxilia no seu processo de maturação e ajuda a criar novos conceitos a partir daquilo que o já é do seu dia-a-dia, e a brincadeira é parte fundamental para que isso se desenvolva, possibilitando a criança imaginar e criar sua própria história, sendo desse modo sujeito de sua aprendizagem.

Mas para que a criança aprenda brincando é preciso que o jogo tenha um caráter sério e com interesse educativo, não sendo apenas uma perca de tempo ou então uma maneira de ocupa-lo.

 

O profissional educador, jamais deve utilizar o jogo apenas como caráter lúdico, dessa forma não haverá contribuição para a aprendizagem. Os jogos e as brincadeiras devem ser muito bem planejadas e escolhidas para que haja estímulo e construção do novo conhecimento (SANTOS, 2000, p. 14).

 

O estudioso Kishimoto ao fazer um estudo sobre o pensamento de Vygotsky constatou que este estabelece uma grande importância entre jogo e a aprendizagem. Para ele o “lúdico é educativo quando desperta a curiosidade”, Vygotsky diz ainda que:

Nos primeiros anos de vida, a brincadeira é atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de desenvolvimento proximal, Ao prover uma situação imaginativa por meio da atividade livre, a criança desenvolve iniciativa, expressa seus desejos e internaliza as regras sociais (apud KISHIMOTO, 2002, p. 43).

A integração com os indivíduos faz com que a criança crie experiências do novo meio em que ela está convivendo, por meio deste organizam novos conceitos e assimilam ideias.  Chamar a atenção da criança com as atividades lúdicas faz com que ela compreenda o que o professor (a) ensinou com mais facilidade, pois ela irá se interessar, pelo fato de ser bonito ou engraçado, tendo em vista que toda criança gosta de brincar, o lúdico vem justamente para isso, para “prender” a atenção deles, buscando uma aprendizagem constante de modo legal e prazeroso.

Por isso faz-se necessário que os educadores façam reflexões sobre a prática e entendam o jogo e o brincar em um aspecto construtivo do conhecimento. Para que sejam desenvolvidas essas atividades lúdicas com o objetivo de ensinar, é necessário que o professor esteja preparado, é preciso haver um conhecimento do assunto, um comprometimento com o verdadeiro sentido do jogo. Por isso o lúdico deve estar presente na formação do educador.

 

 BRINQUEDOTECA

A autora Nylse Helena da Silva Cunha fala que as brinquedotecas começaram a surgir no Brasil por volta dos anos de 80. Segundo ela, (1997, p. 13) “Como toda ideia nova, apesar do encantamento que desperta, tem que enfrentar dificuldades não somente para conseguir sobreviver economicamente, mas também para se impor como instituição reconhecida e valorizada a nível educacional”. No entanto desde quando surgiram esses espaços educativos, diversas foram e ainda são as dificuldades, é preciso quebrar essa visão e construirmos espaços democráticos de ensino, onde a aprendizagem é eficaz e acontece espontaneamente. Os profissionais que nelas trabalham devem ser pessoas qualificadas e preocupadas com o crescimento do aluno.  Cunha (1997, p. 13) “As pessoas que trabalham na brinquedoteca, os brinquedistas, têm formação profissional, são educadores preocupados com a felicidade e com o desenvolvimento emocional, social e intelectual das crianças”.

A brinquedoteca é um espaço onde o aluno tem a oportunidade de interagir com os demais, proporcionando a ele possibilidades de construção do conhecimento, assim como a concretização de sua historicidade advinda do meio pelo qual convive. Local onde as crianças podem brincar e que deve proporcionar ao aluno um momento agradável e descontraído permitindo a ele sua expressão e manifestação própria.

 

Brinquedoteca é o espaço para brincar. Não é preciso acrescentar mais objetivos, é preciso valorizar a ação da criança que brinca, é preciso transcender o visível e pressentir a serenidade do fenômeno. Se as relações entre os brinquedistas e as crianças forem corretas, se tiveram a dimensão que podem e devem ter, resultados surpreendentes irão acontecer (CUNHA, 1997, P. 21).

 

A autora vai mais adiante e diz ainda que a brinquedoteca precisa exercer seu papel efetivamente.

 

A escola pode ensinar, a psicopedagogia pode cuidar dos problemas de aprendizagem, a psicologia pode resolver problemas emocionais, a família pode educar, mas a brinquedoteca precisa preservar um espaço para criatividade, para a vida afetiva para o cultivo da sensibilidade; u espaço para a nutrição da alma deste ser humano criança, que preserve sua integridade, através do exercício do respeito à sua condição de ser em formação (CUNHA, 1997, p. 21)

 

Mas para que a brinquedoteca seja realmente um espaço de aprendizagem, é preciso ter profissionais que estejam preocupados com o aprendizado do aluno, bem como todo seu desenvolvimento emocional, social e intelectual.

 

Os jogos, brinquedos e brincadeiras são atividades fundamentais da infância. O brinquedo pode favorecer a imaginação, a confiança e a curiosidade, proporciona a socialização, desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da criatividade e da concentração (SANTOS, 1997, p. 110).

 

Partindo da ideia de Santos (1997, p. 99) a “A brinquedoteca é o espaço criado com o objetivo de proporcionar estímulos para que a criança possa brincar livremente”.

O papel da brinquedoteca tem crescido muito com o passar do tempo. Por consequência disso, sua função dentro da educação tem sido de grande valia e permite-se afirmar que ela é um agente de mudança do ponto de vista educacional. Cunha cita alguns objetivos da brinquedoteca:

 

Proporcionar um espaço onde a criança possa brincar sossegada, sem cobranças e sem sentir que está atrapalhando ou perdendo tempo; estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e da capacidade de concentrar a atenção; favorecer o equilíbrio emocional; das a oportunidade a expansão de potencialidades; desenvolver a inteligência, criatividade e sociabilidade; proporcionar acesso a um numero maior de brinquedos, de experiências e descobertas; dar oportunidade para que se aprender jogar e participar; incentivar a valorização  do brinquedo como atividade geradora de desenvolvimento intelectual, emocional e social;  enriquecer o relacionamento entre as crianças e suas famílias; valorizar os sentimentos afetivos e cultivar a sensibilidade. (2000, p.14).

 

É preciso cultivar a sensibilidade e criatividade na formação de uma personalidade integra par a plena realização do homem.

Cunha (1997, p.21) ”a brinquedoteca é o espaço onde existem melhores condições para que isto aconteça.” Lá as crianças, criadoras do futuro que são, podem ser livres para descobrirem novos significados em resposta a novas experiências, a invés de serem conduzidas para adquirir significados criados por outros.

O maior objetivo da brinquedoteca é ou pelo menos deveria ser a valorização da atividade lúdica, respeitando as necessidades afetivas da criança. Além disso, a brinquedoteca aliado as essas atividades segundo Cunha (1997, p. 14) “Além de resgatar o direto à infância, a brinquedoteca tenta salvar a criatividade e espontaneidade da criança tão ameaçada pela tecnologia educacional de massa”. A partir desse ponto de vista considera-se esse espaço como um meio de preservar a naturalidade do aluno e manter sua originalidade, já que a tecnologia adentra de maneira veloz no meio em que eles convivem.

Mesmo que esse espaço seja de grande importância na vida escolar, na grande maioria das escolas infelizmente não podem desfrutar desse ambiente, por falta de recurso, porém isso não impede que o professor use outros ambientes da escola para proporcionar aos alunos essas atividades.

 

GESTÃO ESCOLAR

A gestão escolar é vista como parte principal para um bom funcionamento da escola, para que isso aconteça o gestor possui papel fundamental no decorrer desse processo, atuando como impulsionador que tem o poder de desencadear uma melhora no processo de ensino,  assim diferentemente das empresas que buscam produzir bens e acompanhar o capitalismo, a escola lida com princípios humanos, ideias, valores e formação de cidadãos, com isso o diretor além de administrar, ele precisa ter convicção de que a sociedade precisa desses alunos bem moldados e preparados para atuar nela. Ao ponto de vista de Neidson Rodrigues:

 

A instituição escolar não é uma empresa e sim um local por onde passam prioritariamente relações humanas, sociais, culturais e políticas. E por isso, dirigi-la não é tarefa que se esgota no desenvolvimento de exigências técnicas, mas, também, no apelo às vontades, aos desejos, às diferenças sociais, às emoções e ao comprometimento com a política de transformação social por parte daqueles que participam do processo educativo” (apud BARTNIK, 2011, p. 85).

 

Assim dirigir uma escola é um papel que exige posicionamento firme e responsável, haja vista que o produto maior dela é a formação de pessoas.

Ao estudar a prática da gestão escolar, Marita Andrade relatou que:

 

Como definido na lei de diretrizes e bases da educação (lei nº 9.394 de 1996), a gestão escolar inclui além da parte administrativa e financeira o planejamento e a elaboração do Projeto Político Pedagógico em parceria com a comunidade escolar (ANDRADE, 2012, p. 55).

 

Através dessa citação nota-se que o ato de gerir não se faz apenas nas partes burocráticas, mas sim em toda questão de organização estrutural pedagógica, norteando o funcionamento da escola, bem como suas metas e objetivos. 

A gestão escolar e uma boa aprendizagem estão intimamente ligadas, por isso é que esse tema ganha pauta nas discussões daqueles que realmente estão envolvidos com uma educação emancipadora. Ainda nos seus estudos Andrade ressaltou uma fala de Nilene Badeca (secretária da educação do estado do Mato Grosso do Sul), onde ela diz que:

 

Ao verificar os resultados das avaliações externas, tanto as promovidas pelo MEC quanto pelos sistemas de ensino estaduais e municipais, é possível constatar que escolas nas quais os alunos apresentam bom desempenho também contam com uma gestão escolar eficaz (ANDRADE, 2012, p. 55).

 

Nota-se, portanto que o diretor é um membro, cujo valor é imprescindível para o bom desempenho da escola, e como visto na citação acima as escolas que possui boas ações com o envolvimento de todos, com certeza tem-se bons resultados e é esse o tipo de gestão que pretende-se buscar em todas a instituições públicas de ensino.

Para isso a equipe gestora precisa estar fazendo levantamentos sobre o que precisa ser feito dentro da escola, como: investir na formação continuada dos professores; manter o espaço físico da escola em boas condições, investir em materiais pedagógicos, em fim essa equipe deve além de supervisionar o trabalho dos docentes, eles precisam dar suportes necessários para ambos trabalhem com um único objetivo.

 

GESTÃO DEMOCRÁTICA E A FUNÇÃO DO GESTOR      

A gestão na escola trata-se de um trabalho coletivo, desenvolvido em parceria com todos que constituem a escola, é a chamada gestão democrática, que vale ressaltar alguns conceitos que para José Sacristán, democracia é “o conjunto de procedimentos para poder conviver racionalmente, dotando de sentido uma sociedade cujo destino é aberto, porque acima do poder soberano do povo já não há nenhum poder” (apud BARTNIK 2011, p.96). O autor classifica a democracia como sendo o instrumento maior na sociedade, sendo ela uma conquista do povo e deve ser adotada dentro da escola para que todos os envolvidos sejam sujeitos ativos no processo.

Já a autora Helena Leomir Bartinik cita a democracia da seguinte forma:

 

O conceito de democracia teve origem na Grécia Antiga e, no decorrer da história, foi sendo transformado e interpretado de maneiras diferentes. Na antiguidade, a palavra democracia, na sua essência, representava a participação popular nas decisões da polis (cidade). Com a evolução histórica, democracia passou a ser entendida como sinônimo de formas de governo, em que um governo seria democrático ou não, dependendo do grau de participação do povo nas políticas e práticas de administração (2011, p. 95).

 

A gestão democrática é um dos princípios que a Constituição estabelece na gestão da escola pública. No capítulo III da educação, da cultura e do desporto. Art. 206 (1989, p.139) o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios, sendo o VI: “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”, ou seja, a democracia não escola não é uma opção, mas sim um dever que está assegurado por fontes soberanas. E o gestor deve agir em busca de um bem comum e jamais pessoal, pois a escola democrática não visa o favorecimento de apenas uma pessoa e não se foca no capitalismo, mas sim na necessidade de corresponder aos direitos do cidadão que é a garantia de um ensino de qualidade mediante sua plena formação e capacitação para o mercado de trabalho.

Essa maneira de gerir tem característica contra hegemônica, busca-se, portanto misturar todos os membros, deixando-os a par da situação escolar, tendo conhecimento daquilo que se busca e de que modo funcionará toda a organização escolar.

Agir democraticamente faz-se pensar que todos são seres feitores de direitos e deveres, sabendo que a liberdade de expressão é um dos direitos fundamentais do cidadão, a ação democrática visa intervir para que todos os membros de uma comunidade participem para a construção de uma sociedade melhor, uma educação com mais essência sendo todos sujeitos responsáveis por esse processo de ensino aprendizagem e formação de seres humanos críticos e atuantes no meio pelos quais eles convivem.

 Segundo Andrade “as tomadas de decisões devem ser feitas por meio do diálogo, “não nos servem mais o autoritarismo vertical nem o participacionismo sem fim e sem decisão” (ANDRADE apud CURY, 2011, p. 55).  Os membros além de exercerem um papel participativo, devem também desenvolver com qualidade aquilo que sua função designa, sendo professores com qualidade que estejam dispostos a darem boas aulas e estando envolvidos nas resoluções das problemáticas da escola e empenhados juntamente com o gestor, dessa forma todos serão lisonjeados pela condição em que a escola se encontra, seja ela boa ou ruim. Caso isso não ocorra a produção não será qualitativa. Nesse sentido Anerides Belotto afirma:

 

Na Perspectiva Participativa da administração escolar pretende se apresentar como uma opção que tem por objetivo oferecer a comunidade escolar uma visão integradora, pois a partir desta perspectiva todos os seus membros passam a ser co-responsáveis pelas decisões tomadas (BELOTTO, 1999, p. 19).

 

Esse tipo de gestão na educação envolve transparência, autonomia, participação, liderança, trabalho coletivo e competência, onde a gestão é uma autoridade compartilhada. Sendo assim (SACRISTAN apud BARTINIK 2011, p. 57) defende que a “sociedade foi construída historicamente com a participação de toda a população, em que os cidadãos têm a liberdade de agir e decidir, tanto individual como coletivamente, considerando acima de tudo o bem comum de todos”.

 

O maior objetivo da gestão escolar deve ser a formação integral dos indivíduos e a participação exige maior importância, pois em primeiro lugar porque todos terão a oportunidade de envolvimento para as tomadas de decisões, organização e funcionamento do trabalho pedagógico e administrativo. Em segundo lugar, porque o fato de todos participarem amplia os conhecimentos acerca dos objetivos, funções e metas da escola, e consequentemente aumenta o grau de interação entre família, comunidade e docentes, dando-lhe sentido a democracia escolar (BARTINIK, 2011, p.97).

 

O diretor da escola que está comprometido com uma sociedade melhor, que visa incluir uma educação que contribua para a formação de pessoas críticas e seres pensantes e que futuramente estarão inseridos no mercado de trabalho, deve criar maneiras que garantam as condições necessárias para que a prática educativa se concretize de acordo com a realidade dos educandos considerando o trabalho pedagógico e os métodos específicos da administração escolar em sua gestão, o gestor também precisa ter convicção de que a escola é um ambiente que busca a excelência no processo de ensino-aprendizagem, haja vista que nela é que se concretizam sonhos e encontra-se um futuro melhor.

O autor (SAVIANI apud BARTINIK, 2011, p. 51) defende que um “diretor precisa entender o bom funcionamento da escola e ter clareza da razão central da instituição geral que dirige”. Consequentemente o foco dessa ação profissional deve voltar-se a redução dos problemas, buscando um bom funcionamento do trabalho pedagógico.

Para que a escola alcance seus objetivos, além do trabalho do gestor eficaz, é necessário que os alunos também estejam envolvidos nesse processo. Nessa perspectiva interacionista cabe aos alunos com o auxílio do professor realizar tarefas que se apropriem e elaborem seus conhecimentos, atuando como sujeito ativo, construindo sua prática querendo aprender e a assumindo seus ideais futuros.

Para que a prática pedagógica seja desenvolvida com eficácia, é necessária a participação ativa de todos, proporcionando o pleno desenvolvimento da democracia escolar.

 

O que percebemos no contexto das práticas administrativas escolares é que a perspectiva sociológica se revela na inserção de todos os sujeitos envolvidos na compreensão dos problemas cotidianos que, se encaminhados de forma dos problemas cotidianos que, se encaminhados de forma democrática, provocarão um efeito pedagógico sobre os integrantes, na medida em que os envolvidos no processo educativo pensam os problemas, propõem soluções e participam das decisões (BARTNIK, 2011, p. 99).

 

Faz-se necessário que os professores pensem juntos no projeto da escola, colocando nele suas angustias, desejos, interesses e objetivos, não se isolando ou acreditando que somente ele sabe, ou é o melhor, evidenciando uma fragmentação do trabalho pedagógico, onde esse distanciamento pode causar impactos negativos no desenvolver da escola, pois a essência da gestão participativa fica pra traz.

 

As práticas de gestão exigem de toda a equipe, em especial da direção da escola, espírito de liderança, capacidade de dialogar, de construir consensos e de coordenar o processo de decisão e realização do trabalho pedagógico, além de postura firme e autonomia para construir encaminhamentos e criar condições para a operacionalização das decisões (BARTNIK, 2011, p. 99).

 

É importante dizer que o gestor precisa ser líder, porém um líder que norteia as práticas educativas, conduzindo o bom funcionamento da escola.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Perante todas as informações obtidas no decorrer desse estudo com o intuito de sanar os objetivos propostos, foram utilizados meios teóricos a fim de se ter uma compreensão mais concreta dos jogos na vida infantil, reconhecendo a ludicidade como elemento enriquecedor para instruir o aluno durante todo o seu processo. Com isso verificou-se que o lúdico precisa ser incorporado e privilegiado na sala de aula não como apenas passa tempo, mas sim de forma metodológica, pois o mesmo possui forte influência na relação entre o indivíduo e a construção do seu conhecimento, garantindo a criança presenciar aquilo que já é comum do seu dia-a-dia, aproximando situações cotidianas aos conteúdos pré-estabelecidos no currículo escolar.

Com base nas informações fundamentadas no decorrer do trabalho conclui-se que trabalhar com a ludicidade principalmente na educação infantil é de fundamental importância no processo de ensino-aprendizagem, pois as atividades lúdicas auxiliam no desenvolvimento pessoal, cultural, social, afetivo e emocional da criança, ou seja, brincadeiras e aprendizagem devem andar juntas, mas sem fugir do pensamento educativo, sendo encarado como colaborador para o conhecimento, pois se sabe que o lúdico traz vários benefícios, possibilita a criança a aprender regras de convivência, com erros e acertos, contribuindo para a sua vida adulta, bem como auxilia no desenvolvimento de outros aspectos como, físico, motor, emocional e cognitivo.

Os jogos e as brincadeiras estão presentes em todas as fases do ser humano, desde muito cedo os seres humanos têm contato com jogos e nada pode ser mais prazeroso quando se busca o aprendizado dentro daquilo que já temos inseridos no nosso contexto, portanto o lúdico é ingrediente indispensável na vida humana, pois provoca o interesse, instiga a curiosidade, imaginação e a criatividade do ser.

É importante lembrar que o professor é o sujeito cuja função tem fator predominante na progressão contínua dos alunos, portanto o lúdico precisa ser levado a sério com caráter pedagógico não só pelo professor, mas por todos os membros escolares, haja vista que para o bom funcionamento da escola e a conquista da educação tão almejada há uma preocupação em envolver todos com comprometimento e responsabilidade. Nota-se ainda a importância do gestor ter uma atuação ativa, não somente no que diz respeito às questões burocráticas da escola, mas sim se envolver juntamente com toda sua equipe para ambos caminharem juntos.

No entanto, as brincadeiras lúdicas precisam ser levadas com muita seriedade, o professor precisa oferecer aos alunos essa vivência. A equipe gestora precisa se aliar ao docente e incentivar essa pratica oferecendo todo suporte necessário como materiais pedagógicos, bem como auxiliá-los com dicas, ideias e possíveis formas de melhor desenvolver essa prática.

Considerando os estudos bibliográficos realizados nessa pesquisa, onde constatou-se que o jogo faz parte da vida de qualquer ser humano, ele auxilia no desenvolvimento de todas as fases, ajudando a construir o intelecto, o cognitivo o motor e a sociabilidade, é primordial resgatá-lo e não deixar que ele perca seu sentido, que seria aprender, mas aprender com prazer.

Conclui-se, portanto que o lúdico é um excelente recurso didático e deve ser priorizado da busca de uma educação emancipadora, sendo um forte aliado que norteia o ensino e como já dito, desenvolvem na criança todos os seus aspectos seja ele físico, motor ou psíquico. Sem dúvidas essa ferramenta é muito rica e muito proveitosa na prática docente, pois dar importância ao lúdico significa deixar que o natural da criança prevaleça de um modo que se construa o conhecimento.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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BELOTTO, Anerides. Interfaces da Gestão. Campinas, SP: Alínea, 1999.

 

BARTINIK, Helena L. de Souza.  Gestão Educacional. 1º ed. Curitiba-PR: IBEPEX, 2011.

 

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[1] Licenciada em Pedagogia pela UNIC. Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Atua como professora na rede municipal de ensino. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.