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A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Prissila Chiari[1]

 

RESUMO

A presente pesquisa visa abordar a psicomotricidade como uma técnica que busca conhecimentos nas várias ciências apresenta como seu objetivo de estudo o corpo em movimento. Partindo do pressuposto de que o corpo em movimento é essencial para o convívio, para as interações sociais, é que esse tema foi escolhido. É de grande importância enfatizar que o movimento é a primeira manifestação da vida de todo ser humano, no qual passa a se estruturar e desempenhar amplas influências no comportamento. Sendo assim no contexto escolar, a psicomotricidade, sendo uma atividade ligada aos aspectos afetivos com a motricidade, com o simbólico e o cognitivo, é um instrumento que auxilia a promover resultados satisfatórios em situações de dificuldades de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Psicomotricidade. Ensino Aprendizagem. Educação Infantil.

 

ABSTRACT

The present research aims to approach psychomotricity as a technique that seeks knowledge in the various sciences presents as its goal to study the body in motion. Starting from the assumption that the moving body is essential for social interaction, it is that theme chosen. It is of great importance to emphasize that the movement is the first manifestation of the life of every human being, in which it begins to structure itself and to play broad influences on the behavior. Thus in the school context, psychomotricity, being an activity linked to affective aspects with motor, symbolic and cognitive, is an instrument that helps to promote satisfactory results in situations of teaching-learning difficulties.

Keywords: Psychomotricity. Teaching Learning. Child education.

 

1.            INTRODUÇÃO

 

A psicomotricidade como uma técnica que busca conhecimentos nas várias ciências apresenta como seu objetivo de estudo o corpo em movimento. Partindo do pressuposto de que o corpo em movimento é essencial para o convívio, para as interações sociais, é que esse tema foi escolhido.

É de grande importância enfatizar que o movimento é a primeira manifestação da vida de todo ser humano, no qual passa a se estruturar e desempenhar amplas influências no comportamento. Sendo assim no contexto escolar, a psicomotricidade, sendo uma atividade ligada aos aspectos afetivos com a motricidade, com o simbólico e o cognitivo, é um instrumento que auxilia a promover resultados satisfatórios em situações de dificuldades de ensino-aprendizagem.

A psicomotricidade integra vários modos de se trabalhar com o corpo, ela focaliza na unidade dos movimentos e ao mesmo tempo coloca em jogo as funções intelectuais. Enquanto a criança explora o mundo com os seus órgãos dos sentidos, ela percebe os meios que farão parte dos seus contatos sociais. Dessa forma a educação psicomotora na idade escolar deve ser uma experiência ativa, onde a criança se confronta com o meio, permitindo exercer uma função de ajustamento individual ou em grupo, favorecendo a socialização e integração das crianças.

Como educadora de educação infantil, percebi a importância de melhor compreender os fenômenos que envolvem a maneira adequada e efetiva de se trabalhar com o desenvolvimento da psicomotricidade especialmente com crianças da educação infantil, para que dessa forma possa desenvolver uma melhor qualidade de vida do ser humano. Onde para este trabalho busquei pesquisar assuntos que respondessem a seguinte questão: Quais as medidas que a psicomotricidade pode desempenhar, procurando ser um meio de intervenção critica da realidade das escolas atuais, proporcionado a aprendizagem às crianças de educação infantil?

Partindo do pressuposto de que estarei contribuindo para a otimização corporal dos potenciais neuro e psico-cognitivos funcionais tive como objetivos:

·                    Realizar um levantamento bibliográfico sobre o tema psicomotricidade, analisando seus fatores de desenvolvimento;

·                    Refletir sobre a importância do trabalho de psicomotricidade especialmente para crianças de educação infantil;

·                    Identificar e classificar alguns dos principais distúrbios de aprendizagem relacionados a psicomotricidade;

·                    Avaliar como o processo de aprendizagem pode ser valorizado com a contribuição dos elementos psicomotores;

Movimento e personalidade estão ligados e nos acompanham durante toda a nossa vida, atividades que envolvam o corpo é fundamental para a vida de qualquer individuo, a educação psicomotora é indispensável para a sua formação, uma vez que o desenvolvimento psicomotor abrange funções do corpo e suas partes. É importante que seja incorporado à expressividade e a mobilidade própria das crianças.

Conforme LABAN (1978), percebemos que os momentos mais profundamente emocionantes em nossas vidas em geral nos deixam sem palavras e que em tais momentos, nossa postura corporal pode bem ter a capacidade de expressar algo que seria inexprimível, de outro mundo.

São muitas as qualidades que se pode ampliar, podendo afirmar que o assunto abordado servira para complementar meus conhecimentos, onde compreendendo as manifestações da motricidade infantil posso organizar melhor minha pratica docente levando em conta às necessidades das crianças de acordo com o seu contexto social.

Visando atingir os objetivos propostos, para a realização deste trabalho realizei uma pesquisa qualitativa. Essa pesquisa se deu através de um levantamento bibliográfico sobre o desenvolvimento da psicomotricidade, bem como sobre a sua importância, os distúrbios ocorridos por falta de incentivos psicomotores e ainda sobre a sua contribuição no processo ensino-aprendizagem, a fim de obter o suporte teórico metodológico para a referida pesquisa.

De modo inicial apresento informações de cunho bibliográfico sobre a Psicomotricidade, suas respectivas evoluções. Segue-se com esclarecimento sobre a importância de atividades psicomotoras com crianças de baixa idade. Fala-se sobre as práticas que o professor deve adotar para estimular cada criança. Apresento algumas atividades que favorecem a crianças a uma melhor coordenação. Finaliza-se com a conclusão, síntese dos resultados relevantes da pesquisa e referências.

 

2. A IMPORTANCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

A Psicomotricidade é uma ciência que possui uma importância cada vez maior no desenvolvimento global do indivíduo em todas suas fases, principalmente por estar articulada com outros campos científicos como a Neurologia, a Psicologia e a Pedagogia. Isso acontece porque, se preocupando com a relação entre o homem e o seu corpo, ela não só considera aspectos psicomotores, mas os aspectos cognitivos e sócio-afetivos que constituem o sujeito.

Em 1982 a Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora, atual Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, propôs uma definição bastante abrangente do que vem a ser Psicomotricidade, ela define como: “Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo”.

Portanto, Psicomotricidade é a área que se ocupa do corpo em movimento. Mas não podemos esquecer que o corpo é um dos instrumentos mais poderosos que o sujeito tem para expressar conhecimentos, idéias, sentimentos e emoções. É ele que une o indivíduo com o mundo que lhe dá as marcas necessárias para que se constitua como sujeito.

De acordo com Oliveira (2003) o desenvolvimento psicomotor acontece do nascimento e progride lentamente ao longo da vida.

Le Boulch (1982), pontua que o recém-nascido desenvolve o seu comportamento como uma unidade e suas reações são organizadas em torno de um conjunto de ações. A unidade do ser recém-nascido depende da evolução harmônica das principais funções.

Alves (2007), considera que para que a criança realize os desenvolvimentos físicos, intelectuais e emocionais de maneira adequada, é necessário que se faça movimentos e exercícios, pois se estimula à respiração, a circulação, os músculos, e os ossos são fortalecidos. Através de movimentos as crianças exploram o mundo exterior e têm grandes experiências que contribuirão no seu desenvolvimento intelectual.

Segundo Alves (2007), o desenvolvimento da criança é "processo ordenado, regular e contínuo, que envolve todas as áreas do organismo e da personalidade". A criança se desenvolve desde o seu primeiro dia de vida e suas capacidades futuras podem ser prejudicadas, caso não se perceba a dificuldade a tempo de ser tratada, podendo ainda, afetar a aprendizagem da leitura e da escrita. Por isso é de suma importância ficar atento para o desenvolvimento psicomotor nos primeiros anos de vida.

De acordo com VAYER (1994),

 

Desde o nascimento, o que salta aos olhos do desenvolvimento infantil é o corpo e seus movimentos, e aos poucos esse corpo em movimento transforma-se em expressão de desejo e, posteriormente, em linguagem. A partir daí, a criança é capaz de reproduzir situações reais, fazendo imitações que se transformam em faz-de-conta, assim a criança consegue separar o objeto do seu significado, falar daquilo que está ausente e representar corporalmente.

 

O mesmo autor nos coloca ainda que os conceitos básicos de aprendizagem (dentro / fora, em cima / em baixo, escuro / claro, mole / duro, cheio / vazio, grande / pequeno, direita / esquerda, etc), são experimentados primeiramente no corpo do sujeito para que depois possam ser representados pela escrita. Assim, fica constatada a importância do professor estar oferecendo vivências motoras adequadas ás crianças para que seu corpo vivido haja positivamente no processo de aprendizagem de conceitos formais e informais.

Conforme Le Boulch (1982), “a criança dos 03 aos 06 anos entra no estágio da personalidade que tem como característica, a busca da independência e do enriquecimento de seu Ego”. O estágio dos 03 aos 06 anos é um período transitório tanto na estruturação espaço temporal quanto na estruturação do esquema corporal. Nessa fase a educação psicomotora é importante, pois a criança, com a emergência da função de interiorização para conhecer o seu próprio"eu", passa a perceber o seu corpo e suas características corporais, começa a importante etapa na evolução da imagem do corpo, a estruturação do esquema corporal, sendo este o instrumento de inserção na realidade.

Conforme Alves (2007), um sujeito passa a ser confiante em si mesmo, quando conhece bem o funcionamento do seu corpo e sabe se expressar através dele. Esse conhecimento corporal se dá através de suas vivências, a harmonia do seu corpo com o seu meio será traduzida na sua expressão corporal.

Para se trabalhar com a Psicomotricidade, é de fundamental importância que se conheça sobre o esquema corporal. "O esquema corporal não é um conceito inicial ou uma entidade biológica ou física, mas o resultado e a condição da justa relação entre o indivíduo e o próprio ambiente”. (Alves, 2007).

Para Le Boulch (1982),

 

 

O esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos que o circundam.

A partir do momento que o indivíduo se descobre, ele passa a utilizar e controlar o seu corpo, seu esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência sobre ele e de suas possibilidades, na relação com o meio ambiente em que vive.

Para Alves, (2007), “o corpo expressa emoções e possuem significados que são adquiridos pela criança através do seu contato com o meio em que vive, portanto o corpo não é somente biológico e orgânico”. Através do corpo a criança descobre o mundo, se interage com ele. Como se podem perceber, as etapas de desenvolvimento são de extrema importância para que o educador trabalhe adequadamente os aspectos relacionados a Psicomotricidade.

Na Educação Infantil, a prioridade deve se basear em ajudar a criança a ter uma percepção adequada de si mesma, compreendendo suas possibilidades e limitações reais e ao mesmo tempo, auxiliá-la a se expressar corporalmente com maior liberdade, conquistando e aperfeiçoando novas competências motoras. Para Alves, (2007), “a criança busca experiências em seu próprio corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal”. A abordagem da psicomotricidade permite a compreensão da forma como a criança toma consciência do seu corpo e das possibilidades de expressar por meio desse corpo, localizando-se no tempo e no espaço. O movimento humano é construído em função de um objetivo, e a partir de uma intenção como expressividade intima, o movimento transforma-se em comportamento significante. È necessário que toda criança passe por todas as etapas em desenvolvimento.

O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando oportunidade para que por meio de jogos, de atividades lúdicas, se conscientize sobre seu corpo. Através da recreação a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Para que a criança desenvolva o controle mental de sua expressão motora, a recreação deve realizar atividades considerando seus níveis de maturação biológica. A recreação dirigida proporciona a aprendizagem das crianças em varias atividades esportivas que ajudam na recreação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio-afetivo.

 Alves (2007), defende que:

"O ideal seria que todos os educadores tivessem como respaldo para as suas atividades a Psicomotricidade, pois fariam com que nossas crianças realizassem experiência com o corpo, sendo indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais”.

O trabalho, fora de sala de aula, envolvendo atividades corporais, proporciona aos alunos experiências que resultam no desenvolvimento da motricidade. Essas atividades auxiliam os alunos de ritmo normal e os de aprendizagem lenta a vencer melhor, os desafios da leitura e da escrita. O objetivo da educação psicomotora é um desenvolvimento adequado do indivíduo nas várias etapas de crescimento.

Conforme Alves (2007), o trabalho do professor com a Psicomotricidade ele deve ser assumir o papel de facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender e não somente transmitir conhecimentos já existentes. É necessário que o professor permita que a criança faça suas próprias descobertas, estimulando-os e utilizando atividades em que se trabalhe plenamente, com todo o corpo. O material de trabalho do professor é o aluno, ele nunca poderá se esquecer disso, portanto, não se deve preocupar em preparar apenas o ambiente escolar, mas também a si mesmo. É necessário que ele conheça seu aluno.

Segundo BARRETO (2000),

O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação dos tonos, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo. A educação da criança deve evidenciar a relação através do movimento do seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, a cultura corporal e seus interesses.

A educação psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras, perceptivas, afetivas e sócio-motoras, pois assim a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.

Bons exemplos de atividades físicas são aquelas de caráter recreativo que favorecem a consolidação de hábitos, o desenvolvimento corporal e mental, a melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade, tudo isso visando à formação da sua personalidade. O referido autor sugere alguns exercícios psicomotores: engatinhar, rolar, balançar, dar cambalhotas, se equilibrar em um pé só, andar para os lados, equilibrar-se ao caminhar sobre uma linha no chão e materiais diversos, passeios ao ar livre, etc...

Para LEVIN (1995), as experiências motoras valorizadas pelos adultos permitem a criança uma familiaridade com seu corpo e a aparição de uma consciência vaga da sua unidade corporal. No momento em que passar a prolongar o prazer que experimenta no jogo corporal por uma identificação do tipo narcisista (atenção centrada no corpo), vai desencadear a discriminação fina das partes do corpo em relação á sua localização sobre a imagem visual.

O organismo bem estruturado é uma boa fase para a aprendizagem. Conseqüentemente, as deficiências orgânicas podem condicionar ou dificultar esse processo. Isso ocorre porque o prazer está no corpo e, sem o corpo, ele desaparece. Não há aprendizagem que não seja registrada pelo corpo.

A participação do corpo se dá pela ação (principalmente nos primeiros anos) e pela representação. Dessa maneira, todo o conhecimento tem um nível de ação (fazer movimentos) e um nível figurativo (dado pela imagem) que se insere no corpo.

Fonseca (1995), diz que, “... As percepções e os movimentos, ao estabelecerem relação com o exterior elaboram a função simbólica que gera a linguagem, e esta dá origem à representação e ao pensamento”. É através do movimento que, projetando no meio uma realidade humana, permite a criança uma atenuação de grupos musculares que proporcionarão uma progressiva coordenação e uma melhor habilidade manual.

Como podemos perceber, o corpo esta sempre presente na maioria das aprendizagens: pelas demonstrações, pelo olhar, pelo tom de voz, que dão significado afetivo e importância ao que é ensinado. Portanto, um organismo deficiente pode prejudicar a aprendizagem na medida em que afeta o corpo, tornando indispensável uma proposta de trabalho centrada nas vivências corporais, a fim de auxiliar na relação o EU e o MUNDO.

A noção do corpo em psicomotricidade não avalia a sua forma ou as suas realizações motoras, procura outra linha da análise que se centra mais no estudo da sua representação psicológica e lingüística e nas suas relações inseparáveis com o potencial de alfabetização.

O esquema corporal resume dialeticamente a totalidade do potencial de aprendizagem, não só por envolver um processo perceptivo polissensorial complexo, como também por integrar e reter a síntese das atitudes afetivas vividas e experimentadas.

Pode se afirmar então, que a recreação, através de atividades afetivas e psicomotoras, constitui–se num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso na interação entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o individuo e o grupo, promovendo a totalidade do ser humano.

Esquema Corporal é o conhecimento que temos do corpo em movimento ou em posição estática, em relação aos objetos e o espaço que o cerca. É através do desenvolvimento do esquema corporal que a criança toma consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por meio desse corpo.

O desenvolvimento psicomotor abrange o desenvolvimento funcional de todo o corpo e suas partes. Geralmente este desenvolvimento está dividido em vários fatores psicomotores.

 FONSECA (1995), apresenta sete fatores, os quais são a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, a noção corporal, a estruturação espaço-temporal e praxias fina e global. Vejamos como são conceituados:

Ø Tonicidade:

 A tonicidade, que indica o tono muscular, tem um papel fundamental no desenvolvimento motor, é ela que garante as atitudes, a postura, à mímica, as emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas.

Ø Equilíbrio:

O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento), abrangendo o controle postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição, ou de apresentar a capacidade de manter certa postura sobre uma base. O equilíbrio dinâmico é aquele conseguido com o corpo em movimento, determinando sucessivas alterações da base de sustentação.

Ø Lateralidade:

 A lateralidade traduz-se pelo estabelecimento da dominância lateral da mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo.

A lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo com maior desembaraço.

O que geralmente acontece é a confusão da lateralidade com a noção de direita e esquerda, que esta envolvida com o esquema corporal. A criança pode ter a lateralidade adquirida, mas não saber qual é o seu lado direito e esquerdo, ou vice-versa. No entanto, todos os fatores estão intimamente ligados, e quando a lateralidade não está bem definida, é comum ocorrerem problemas na orientação espacial, dificuldade na discriminação e na diferenciação entre os lados do corpo e incapacidade de seguir a direção gráfica.

  A lateralidade manual surge no fim do primeiro ano de vida, mas só se estabelece fisicamente por volta dos 4-5 anos.

Ø Noção Corporal:

 A formação do "eu", isto é, da personalidade, compreende o desenvolvimento da noção ou esquema corporal, através do qual a criança toma consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por seu intermédio.

FONSECA (1995), relata que “a evolução da criança é sinônimo de conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo, e através dele que está elabora todas as experiências vitais e organiza toda a sua personalidade”.

Ø Estruturação espaço-temporal:

 A estruturação espaço-temporal decorre como organização funcional da lateralidade e da noção corporal, uma vez que se torna necessária desenvolver a conscientização espacial interna do corpo.

Este fator emerge da motricidade, da relação com os objetivos localizados no espaço, da posição relativa que ocupa o corpo, enfim das múltiplas relações integradas da tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade e do esquema corporal.

A estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da situação de seu próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe conscientizar-se do lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação às pessoas e coisas.

Ø Praxia Global:

 Praxia tem por definição a capacidade de realizar a movimentação voluntária pré-estabelecida com forma de alcançar um objetivo. A praxia global esta relacionada com a realização e a automação dos movimentos globais complexos, que se desenrolam num determinado tempo e que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares (coordenação motora grossa). O que é educativo na atividade motora não é quantidade, mas sim o controle, da precisão e da maestria obtidos pela qualidade do movimento executado.

O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos segmentos corporais. Quanto mais defeituosos forem os movimentos, mais energia o corpo consome, resultando em uma fadiga corporal e mental, aumentando o nível de estresse, ansiedade e angustia do individuo.

Ø Praxia Fina:

 A praxia fina compreende todas as tarefas motoras finas, onde associa a função de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção, e durante a fixação da atenção e manipulação de objetos que exigem controle visual, além de abranger as funções de programação, regulação e verificação das atividades preensivas e manipulativas mais finas e complexas (coordenação motora fina). Crianças que têm transtornos na coordenação dinâmica manual geralmente têm problemas visomotores, apresentando inúmeras dificuldades de desenhar, recortar, escrever, ou seja, em todos os movimentos que exijam precisão na coordenação olho / mão.

OLIVEIRA (1997), nos coloca que o esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança, é a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo.

A própria criança percebe-se e percebe as pessoas e as coisas que a cercam, em função de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolverá graças a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo a sua volta. A criança que se sente bem com seu corpo é capaz de situar seus membros uns em relação aos outros, fará uma transposição de suas descobertas: progressivamente, localizarão os objetos, as pessoas, os acontecimentos em relação a si, depois entre eles.

Podemos considerar como duas faces deste fenômeno:

1 - O conhecimento de seu corpo, a unidade de suas diferentes partes e a possibilidade de agir;

2 - A facilidade ou a dificuldade do ser em reconhecer-se, aceitar-se, responsabilizar-se por si.

O mesmo autor chama também nossa atenção para a possibilidade de melhorar a vida social e afetiva das crianças, tornando precisas suas noções corporais e fazendo com que adquiram gestos precisos e adequados.       Chave de toda a educação da criança, o esquema corporal corresponde à organização psicomotora global, compreendendo todos os mecanismos e processos dos níveis motores, tônicos, perceptivos, sensoriais e expressivos, processos nos quais e pelos quais o nível afetivo está constantemente investido.

Para LE BOULCH (1982), o esquema corporal é:

 

A organização das sensações relativas ao seu próprio corpo em relação com os dados do mundo exterior, explica que a Educação Psicomotora é formadora de uma base indispensável a toda criança, pois tem como objetivo assegurar o desenvolvimento funcional levando em conta as possibilidades da criança, possibilitando, também, através das relações interpessoais, a expansão e o equilíbrio de sua afetividade.

 

As atividades motoras desempenham um grande papel na vida da criança, no momento em que explora o mundo e o no seu meio de convívio. A não realização dessas necessidades nas crianças pode-se desenvolver algum distúrbio psicomotor, apresentando dificuldades na leitura, na escrita, no cálculo, na fala, falhas em imagem, percepção de partes do seu corpo, a relação entre elas, mantendo a criança em posição de desigualdade diante da turma ou de crianças da mesma idade, causando inquietação, ansiedade, tensão, insegurança e conseqüentemente problemas emocionais que virão a interferir nas suas atividades intelectuais e na sua adaptação sócio-afetiva.

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Ao finalizar este trabalho e resgatar o objetivo de ampliar os estudos sobre psicomotricidade, bem como sobre a importância das contribuições do pedagogo para o desenvolvimento psicomotor da criança, por meio de estudo bibliográfico, pode-se afirmar que a psicomotricidade se constitui em um tema de estudo altamente relevante. Isso por considerar que a criança se desenvolve à medida que interage com o seu corpo, com os objetos do seu meio e as pessoas de seu convívio.

A psicomotricidade se faz presente a partir de pequenos gestos e em todas as atividades desenvolvidas visando o conhecimento do próprio corpo. A mesma se torna essencial para o desenvolvimento global de toda criança, sendo que, quando uma criança apresenta dificuldades de aprendizagem, o principal motivo esta nas bases do desenvolvimento psicomotor.

Os elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com frequencia no processo de aprendizagem, seja ele no desenvolvimento do esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação temporal ou pré-escrita, e qualquer problema em um desses elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.

A fala sendo uma importante ferramenta psicológica organizadora se torna o meio em que a criança utiliza para integrar os fatos culturais ao desenvolvimento pessoal. Quando ocorrem falhas no desenvolvimento motor poderá ocorrer falhas na aquisição da linguagem tanto verbal, quanto escrita. A partir daí, percebe-se a importância dos professores estarem com os olhos atentos para o desenvolvimento psicomotor de cada aluno, podendo resolver e evitar precocemente muitas dessas dificuldades. Podemos entender que a psicomotricidade oportuniza as crianças condições de desenvolver capacidades básicas, aumentando seu potencial motor, utilizando o movimento para atingir aquisições mais elaboradas, como as intelectuais, ajudando a prestar atenção a estas dificuldades.

Especialistas informam a importância do desenvolvimento psicomotor nos três primeiros anos de vida, sendo este o período de aquisições extremamente significante a nível físico. A partir dos três anos as coordenações neuromotoras passam a ser consideráveis, atividades como andar, correr, pular, aprender a falar, se expressar, utilizar jogos e brincadeiras, passam a ser resultado de uma maturação orgânica progressiva, mas, sobretudo, é o fruto da experiência pessoal e parcialmente um produto da educação. São funções obtidas e complementadas progressivamente.

A partir da segunda infância surgem as aquisições motoras, neuromotoras e perceptivo-motoras, as crianças passam a ter consciência do próprio corpo, afirmam a dominância lateral, tem orientação sobre si mesmo e uma maior adaptação ao mundo exterior. É nesse período que se dá o conhecimento de aprendizagens essenciais e de integração progressiva no plano social. Nesse período ocorre a importância de se desenvolver atividades enriquecedoras e que adultos estejam ao seu lado interpretando o significado de seus movimentos e expressões, auxiliando as suas necessidades.

Na educação infantil a prioridade é de ajudar a criança a ter uma percepção adequada de si mesma, compreendendo suas possibilidades e limitações reais e ao mesmo tempo, auxiliá-las a se expressar com maior liberdade, conquistando e aperfeiçoando novas competências motoras. Materiais devem ser utilizados para que favoreça a motricidade fina, podendo auxiliar os alunos a vencer supostos desafios de leitura e escrita. As brincadeiras e jogos são atividades onde a criança estabelece decisões, resolve seus conflitos, vence desafios, descobre novas alternativas e cria novas possibilidades de invenções. Na brincadeira, a criança aprende a se conhecer melhor e a aceitar a existência do outro, organizando, assim, suas relações emocionais e estabelecendo relações sociais. Educadores e pais necessitam ter clareza quanto aos brinquedos, brincadeiras ou jogos que são necessários para a criança: precisam saber que trazem enormes contribuições ao desenvolvimento da habilidade de aprender a pensar. No jogo, ela está livre para explorar, brincar ou jogar com seus próprios ritmos para se controlar em suas atividades. A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica escolar é uma realidade que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser explorados só como lazer, mas também como elementos bastante enriquecedores para promover a aprendizagem.

Ao longo desse estudo procurou-se entender os caminhos da psicomotricidade, com especial atenção ao trabalho psicomotor desenvolvido pelos docentes na educação infantil, e sua relação e importância com o processo ensino-aprendizagem. Percebe-se a inteira importância que o professor desenvolva o habito de observar se o seu aluno tem um desenvolvimento psicomotor adequado, onde diante dessas observações ele poderá buscar a aplicar exercícios que promovam um melhor desenvolvimento da criança. Dessa forma a educação psicomotora pode ser utilizada em caráter preventivo, podendo evitar os fatores que influenciariam em dificuldades de aprendizagem decorrentes dos distúrbios psicomotores. Esta orientação dos docentes deverá ser um trabalho rotineiro e de parcerias com outros profissionais. Isto reforça a idéia de que a psicopedagogia é uma área de conhecimento interdisciplinar, portando deve-se considerar a possibilidade de uma atuação integrada e interdisciplinar.

Foi observado por meio das informações sócio-educacionais, pela pesquisa de campo, que os professores da educação infantil, da instituição observada, são predominantemente do sexo feminino, com formação superior em sua maioria, realizados e motivados em sua prática docente, porém, algumas vezes, com dúvidas no modo de como avaliar o desempenho e a aprendizagem das crianças.

O conhecimento da Psicomotricidade e seu emprego como ferramenta pedagógica na interação e na aprendizagem acontece em sala de aula, com os professores trabalhando os elementos psicomotores e seus componentes funcionais e relacionais, segundo as necessidades individuais, em especial as noções do corpo e estruturação espacial. A educação psicomotora se faz através de atividades lúdicas, especificas e dirigidas, em diferentes situações. Observando o envolvimento da equipe se nota o quanto facilita e contribui efetivamente para o desenvolvimento psicomotor, cognitivo e social das crianças. Sendo que o ambiente, os instrumentos, os estímulos, suas quantidades e qualidades participam para o diferencial nos processos de desenvolvimento.

As crianças estão sempre em movimento, se deslocando entre ações incertas, aleatórias, em função de sua curiosidade com o mundo, para a construção de interesses próprios, a atitude dos professores frente a essa espontaneidade do movimento de cada criança é determinar o rumo do processo da aprendizagem da criança, contribuindo assim para um bom aprendizado.

A educação psicomotora na escola visa desenvolver uma postura correta frente à aprendizagem de caráter preventivo do desenvolvimento integral do individuo nas varias etapas de crescimento. Sendo comum encontrar crianças com algum tipo de distúrbio psicomotor, os professores passam a fazer o uso de atividades psicomotoras, fazendo com que as crianças tenham a liberdade de realizar experiências com o corpo, sendo indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais, aplicando assim a confiança em si mesma e o melhor conhecimento de suas possibilidades e limites, condições necessárias para uma boa relação com o mundo. As crianças são levadas a expor fatos vivenciados, com a finalidade de estabelecer uma ligação entre o imaginário e o real.

Na escola é importante que se leve em conta os aspectos: socioafetivos, cognitivo e psicomotor. Portanto, o professor não deve se esquecer que o material de seu trabalho é o seu aluno, não se preocupando em preparar somente o ambiente escolar, mas também e principalmente preparar a si mesmo. É necessário que se conheça o aluno para se obter uma relação autentica e de confiança, podendo, dessa forma, propor dinâmicas que auxiliem no desenvolvimento infantil, contribuindo na capacidade de expressão e de habilidades motoras da criança.

A autenticidade e a cumplicidade no campo educacional favorecem enormemente na ampliação das habilidades psicomotoras de forma motivante e altamente significativa, facilitando assim a aprendizagem e o desenvolvimento global das crianças.

Para que o trabalho entre professor e aluno desenvolva um bom resultado de aprendizagem, é inegável que o exercício físico seja participativo da vida da criança, sendo ele necessário para os avanços mentais, corporais e emocionais. Quanto a parte mental, se a criança possuir um bom controle motor, poderá explorar o mundo exterior, fazer experiências concretas que ampliam o seu repertório de atividades e solução de problemas, adquirindo varias noções básicas para o próprio desenvolvimento intelectual.

Contudo, o professor deve se conscientizar de que a educação pelo movimento é a peça chave do conhecimento, é ela que permite que a criança resolva mais facilmente os problemas atuais e que a prepara para a sua existência futura no mundo adulto. Essa atividade não deve ficar presa em segundo plano, sobretudo porque o professor deve constatar que esse material educativo constituído pelo movimento é um meio insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver certas formas de atenção. O trabalho do pedagogo, que esteja consciente da importância e da utilidade da psicomotricidade na escola, é de se motivar através da ampliação da mesma, despertando o interesse para que se possa ajudar aos que estão envolvidos no processo de ensino-aprendizagem e que estejam necessitando de algum apoio para alcanças o sucesso esperado.

Embora se perceba a importância de se trabalhar com a psicomotricidade, muitas escolas normais não às trabalham, geralmente se encontra esse tipo de trabalho em escolas voltadas ou que possui algum aluno com necessidades especiais. Com base neste contexto, destaco a importância de todas as escolas que trabalham com educação infantil adotar ao menos exercícios que envolvam atividades motoras, pois elas contribuem para o desenvolvimento global das crianças, sendo que cada uma passa por fases diferentes umas das outras e cada fase exige atividades propicias para cada faixa etária.

Considerando-se a relevância do tema, e os resultados que sinalizaram a possibilidade de melhorias no processo ensino-aprendizagem pela práxis psicomotora, sugere-se que novos estudos possam ser realizados buscando-se verificar os resultados obtidos, e assim contribuir para a melhoria da qualidade de ensino e de vida das crianças.

 

REFERÊNCIAS

 

ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção, 38 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2007.

 

BARRETO, Sidirley de Jesús. Psicomotricidade, educação e reeducação, 2ª ed. Blumenau: Livraria Acadêmica, 2000.

 

FONSECA, Vitor da. Aprender a Aprender: a educabilidade cognitiva. Porto Alegre. Artes Médicas, 1995.

 

LABAN, Rudolf. O Domínio do Movimento – São Paulo: Summus, 1978.

 

LE BOULCH, Jean. O Desenvolvimento Psicomotor: do nascimento aos 06 anos. 78 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.

 

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[1] Pedagoga. Atua na Rede Municipal de Educação.