DESENVOLVIMENTO ESCOLAR DA CRIANÇA COM TDAH: O PAPEL DO PROFESSOR
Ângela de Souza Menezes
Artigo Científico Apresentado Instituto Prominas, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Libras em Educação Especial.
RESUMO
O presente trabalho busca mostrar a relevância do professor para a conquista escolar da criança com Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A criança portadora deste transtorno apresenta dificuldades em prestar a atenção em algo que não lhe desperte interesse ou curiosidade. Isso resulta um atraso na aprendizagem. Objetivo desta pesquisa é fazer uma reflexão sobre o Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Que é um transtorno neurológico de causas genéticas. Para o desenvolvimento desta análise realizou-se um estudo bibliográfico que aborda sobre transtornos de Deficit de Atenção e Hiperatividade TDAH, que pode ser identificado e diagnosticado na infância e, por sua vez, acompanha o indivíduo por todo o decorrer de sua vida. Para que o docente tenha um bom aproveitamento com esse aluno, é preciso ter o conhecimento sobre o TDAH. O acompanhamento e tratamento com a equipe multidisciplinar também mostra-se imprescindível. Acoplando a tolerância e o conhecimento a base familiar é possível alcançar um resultado com sucesso no processo de aprendizagem.
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Introdução
Este estudo tem por objetivo apontar parâmetros para a identificação do distúrbio, tendo em vista que se encontra dificuldade para distinguir este de outros problemas que também geram a agitação emocional do indivíduo, auxiliando no entendimento de que a capacidade de concentração depende, em grande parte, da integridade do sistema nervoso.
Constate-se que a criança pequena e o pré-adolescente são menos capazes de se concentrar em uma determinada atividade por um longo período de tempo do que os que são pessoas mais adultas. Por toda via, isso não é suficiente para que possa ser usado como critérios para classificá-los como hiperativos.
Através de uma pesquisa bibliográfica, é mostrado que:
… como ocorre o processo ensino-aprendizagem da criança com TDAH, bem como o envolvimento da família e da escola enquanto instituições relevantes no decorrer de sua formação. A opção pelo tema justifica-se pelo fato de que cada vez mais as escolas comuns têm recebido crianças com sintomas frequentemente associados ao TDAH, e pelas dificuldades observadas em alguns alunos de baixo rendimento escolar, causadas pela desatenção, agitação e impulsividade (SILVESTRE E SILVA et al. 2010, p,2).
É notável que, atualmente o assunto tem ganhado ênfase, já que houve uma disseminação de informações sobre o tema em vários meios de comunicações, porém, ainda há uma interpretação muito errônea no meio escolar, âmbito esse que tem vivenciado várias outras experiências, visto que, sintomas de hiperatividade, desatenção e impulsividade são características muito fáceis de serem encontradas nesse meio em crianças em fase de desenvolvimento. Visto isso, podemos nos questionar se os profissionais da educação consideram essas características, já antes vista, para rotular crianças. Sendo assim, cabe as escolas e, mais precisamente aos professores, a possibilidade de identificar precocemente os sintomas e encaminhar a criança para uma avaliação de um especialista na área, pois só ele tem condição de fazer o diagnóstico.
A revisão bibliográfica do presente trabalho foi desenvolvida através de pesquisa em livros voltada para área da educação e saúde, artigos científicos, com finalidade de promover um melhor entendimento de conceitos que possuem relação com o trabalho. É oriunda de fontes secundarias podendo ser utilizadas todas as pesquisas que já tornaram públicas em relação ao seu estudo, e pode ser em forma de livros, revista, teses, monografias etc., até mesmo em forma de comunicação oral: gravações em fitas magnéticas, radio, filmes, entre outros (LAKATOS; MARCONI, 2010).
2. TDAH: CARACTERÍSTICAS E CONSEQUÊNCIAS
Dentre os assuntos mais abordados pela Educação, salienta que a desigualdade do desempenho dos alunos, como também os enigmas de aprendizagem. Neste sentido, a hiperatividade é um elemento do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, que pode ser simplificada pela sigla TDAH, vem se tornando mais amplo do contexto Escolar.
O que se torna muito comum é que alguns professores se deparam com adolescentes com casos de hiperatividade e não tem noção ou não sabem como lidar com os mesmos, fazendo assim um pré-julgamento errôneo sobre o aluno. Confundindo assim o seu TDAH com mau comportamento por parte do adolescente, isso se torna preocupante porque é na escola que o aluno tem um acesso maior a leitura e um uso maior de sua concentração para que haja o aprendizado do conteúdo.
2.1. SURGIMENTO DO CONCEITO TDAH
Segundo Barkley (2008), em 1902, George Still, um pediatra inglês, descreveu pela primeira vez o TDAH, que observou o comportamento em crianças que atendia. Acredita que aquele tipo de comportamento não se tratava da forma educacional que recebia, mas sim de uma questão biológica. O transtorno passou a ser estudados por vários países desde a década de 60. O mesmo já recebeu várias formas de nomenclatura, tais como:
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Irrequietação Phillis;
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Doença de Still;
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Distúrbio de Impulso;
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Lesão Mínima do Cérebro
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Disfunção Cerebral Mínima; e
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Reação Hipercinética da Infância.
Porém, em 1987, o Transtorno de Deficit de Atenção foi renomado para TDAH, reformulando a assim a ênfase na hiperatividade e na impulsividade, sintomas que anteriormente havia sido pouco relevado.
Segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID – 10, 2011), o TDAH faz parte do grupo de transtornos caracterizados, por início precoce, durante os cinco primeiros anos de vida, apresentando assim, falta de perseverança nas atividades por eles elaboradas, que exigem envolvimento cognitivo, assim como também, tendência a passar de uma atividade para a outra sem que concluam nem uma e nem outra.
Por sua vez, o Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-5) demonstra mudanças referentes quanto a faixa etária de apresentação do TDAH. Conforme este manual, o seu surgimento se apresenta entre 07 e 12 anos de idade. O DMS – 5 aponta também a possibilidade de classificar o TDAH em leve, moderado e grave.
Os jovens com caso de hiperatividades são, geralmente, mais impulsivos e imprudentes, o que faz com que tendam a se tornarem mais exclusos de grupos sociais. São mais impopulares com os outros e tendem a se fecharem e se isolarem socialmente.
Segundo Borella (2002), o TDAH pode ser geneticamente, encontrado nos genes que codificam os sistemas que regulam a oferta da dopamina e serotonina, estes que são hormônios encontrados no corpo humano e produzido pelos sistemas endócrino e nervoso. Ainda há os fatores biológicos, que não são genéticos, dentre os quais podemos destacar o álcool, uso de drogas e determinado “medicamentos durante a gestação, por parte da mãe, nascimentos prematuros, hemorragias intracranianas e falta de oxigênio durante o parto (Maia e Confortin, 2015, p.75”. além disso os fatores habituais que também intervêm no desenvolvimento psíquicos e emocional, tais como, desordens domésticas, contratempo mental nos familiares, baixa qualidade financeira, infrações por parte das famílias, entre outros fatores.
2.2. TDAH: CLASSIFICAÇÕES E PRINCIPAIS SINTOMAS
É necessário cautela e se certificar antes de concluir que o problema naquela criança se trata, de fato, de um transtorno e não apenas de sintomas que se assemelham e que, inclusive, podem se tratar de comportamentos próprios da idade da mesma. Por isso se faz necessário que os diagnósticos sejam dados por um profissional qualificado, que poderá contextualizar os sintomas na história de vida da criança.
Diagnóstico apressado e equivocado tem feito pessoas mal-educadas ficarem a vontade para serem mal-educadas sob o pretexto de que estão dominadas pelo TDAH. O fato de serem consideradas doentes facilita a aceitação de seu comportamento improprio. (TIBA 1996, p. 152)
E esse caso se reverte quando acontece com crianças que de fato possuem a necessidade de uma atenção especial e são julgadas como indisciplinadas e são rotuladas dentro do âmbito escolar como sem limites, ocasionando assim a baixa autoestima e agravando o caso.
Para Benczik (2000, p. 16) essas crianças não conseguem se adaptar de forma apropriada “ao meio em que vivem e nem corresponder às expectativas dos adultos; por isso, o nível de estresse das pessoas que convivem com elas é sempre alto”. O fator disso é que há uma dificuldade de pais e professorem em encontrarem formas de controle sobre essas crianças. Belli (2008) defende a ideia de que esse transtorno se constitui de três características: desatenção, impulsividade e hiperatividade.
Para Amorim (2010, p. 1-2), existem diversos tipos de TDAH:
“Tipo desatento: Não enxergam detalhes ou faz erros por falta de cuidado, tem dificuldade em manter atenção, parece não ouvir, sente dificuldade na organização, não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado. Hiperativo Impulsivo: Inquietação mexendo as mãos e os pés ou se remexendo na cadeira, dificuldade em permanecer sentado, corre sem sentido ou sobe nas coisas excessivamente sente dificuldade de se engajar numa atividade silenciosa. Combinado: Esse tipo é caraterizado pelos dois tipos juntos, o desatento e o impulsivo. Esses tipos de hiperativos só são diagnosticados quando tem mais de seis sintomas”.
A desatenção é o sintoma mais importante a ser levado em consideração no comportamento do TDAH. Sempre será apresentada nesses casos uma grande dispersão por parte da criança, ela não consegue prestar atenção nos detalhes e isso afeta diretamente o desenvolvimento das tarefas escolares. Por isso, para alguns autores, a atenção passa a ser considerado o maior fator de dificuldade para uma criança com TDAH. Benczik (2000, p. 24) afirma que a criança “[...] na escola, não cópia da lousa uma frase completa, não acentua palavras corretamente, não pinga o i e não corta a letra t. Ao fazer contas de somar, faz de subtrair”. Outra grande característica visível é que seu material escolar fica totalmente espalhado durante o estudo, o que faz com que se perca mais facilmente e não consiga se organizar.
Silva compara o transtorno a um carro com o motor desregulado:
Tal situação pode ser comparada a um carro cujo motor desregulado consome bem mais combustível e submete suas peças a um maior desgaste, resultando em menor durabilidade e desempenho. Muitos TDAH’s descrevem períodos de profundo cansaço mental e as vezes físico. (SILVA, 2003, p. 21)
Segundo essa autora, a um momento em que a criança chega ao cansaço extremo, cansaço esse que pode ser tanto físico como mental e que isso pode ocorrer principalmente quando os TDAH’s realizam muito esforço e exigem grande concentração. A mesma afirma ainda que o cérebro de uma pessoa com TDAH fica invadido por uma sequência de pensamentos consecutivos, que bloqueiam o encaminhamento e a realização de tarefas nos tempos pré determinado.
Outro sintoma é a hiperatividade, que segundo Topczewski (1999, p. 37-37) é “Um desequilíbrio neuroquímico cerebral, provocado pela produção insuficiente de neurotransmissores (dopamina, noradrenalina) em certas regiões do cérebro (região parietal posterior, sistema límbico, região frontal e sistema reticular ascendente)”.
O terceiro sintoma e não menos importante é a impulsividade, também conhecida como falta de controle, que é um comportamento do portados de TDAH fala e/ou age antes de pensar. Para Graeff e Vaz (2008, p. 345), “A impulsividade é um fator importante no panorama do TDAH, pois pode causar desde um prejuízo significativo na interação social da criança a ações que promovam um risco físico real.” Compreende que a criança não tem um auto controle lógico, ela faz o que almeja, sem aferir os resultados dos seus atos.
Faz-se necessário que se ressalte que, se uma criança se comporta inadequadamente dentro das características acima citadas apenas no âmbito escolar ou em casa, provavelmente a causa disso é que ela encontre problemas com o local.
3. CARACTERIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM TDAH: FAMÍLIA E ESCOLA
As crianças diagnosticadas com TDAH apresentam dificuldade para memorizar as sequências, detalhes passam despercebidos e os mesmos erros se repetem, normalmente são bem desorganizadas, esquecem conteúdos associados ao objetivo principal, perdem-se nos acontecimentos que são equivalentes ao acontecimento principal de uma determinada disciplina. O passo a passo das fórmulas e dos conceitos dos assuntos mais decorativos ou monótonas se torna exaustivo (GRAEFF E VAZ 2008).
Neste sentido, a escola deve envolver-se no procedimento terapêutico estabelecendo metodologias e percurso que promova a otimização e o absorvimento dos conteúdos e a destreza nas avaliações.
A família e escola devem trabalhar em conjunto com crianças diagnosticadas com TDAH, visto que a família intervém diretamente tratamento e na socialização da criança, não podendo se esquecer, de que, estabelecer limites é imprescindível, uma vez que essa criança vive em uma sociedade habita a cumprir regras, assim não deve se aproveitar dessa alteração para se sobressair. Atualmente há pesquisas avançadas sobre hiperatividade e com o tratamento os sintomas amenizam bastantes oferecendo uma vida mais tranquila às crianças portadoras de TDAH.
Assim o tratamento torna-se eficiente quando há essa sintonia entre pais e escola, ambos amparando a criança a vencer os obstáculos da aprendizagem que “é um processo de construção que se dá na interação permanente do sujeito com o meio que o cerca, meio esse expresso inicialmente pela família, depois pelo acréscimo da escola ambos permeados pela sociedade em que estão.” (WEISS 2001, p. 26).
Contudo a escola e a família trabalhando em conjunto a criança pode obter uma experiencia de vida escolar bem sucedida, pois a criança com TDAH apresenta dificuldades que requer a união da família e escola para somar em sua aprendizagem de forma significativa.
3.1. PAPÉIS DO PROFESSOR E FAMÍLIA
A ação da escola é de extrema importância, e isso inclui a postura do professor diante de tudo isso, tendo ciência da sua forma de colabora com o aluno portador, influenciando assim em seu aprendizado, podendo agir de forma positiva ou negativamente, dependendo assim de como ocorre essa relação. Segundo Ferreira:
A reflexão individual sobre a pratica em sala de aula deve se somar ao conhecimento cientifico já existente sobre estratégias de ensino mais dinâmica e inovadora. [...] O conteúdo curricular pode se tornar mais acessível a todas as crianças. Jovens e adultos em escolarização se forem trabalhados por meio de estratégias de ensino participativas e inovadoras que possibilitam ao educando aprender autônoma e colaborativamente. (FERREIRA, 2005, p. 46).
Por ser o professor o mediador do conhecimento, é dever dele procurar entender de forma detalhada e compreender sua responsabilidade educacional na vida desse aluno portador de TDAH.
3.2. ENTENDENDO O ALUNO
É fundamental que se entenda em que nível operatório se encontram os alunos com TDAH para que assim sejam ajustadas de acordo com seu desempenho, sem que se cobre demais de um indivíduo que não se encontra apto para o desempenho. Esses alunos precisam ser estimulados com brincadeiras, jogos lúdicos e jogos com regras, que auxiliam o aluno no convívio social e a entender o perder e ganhar.
Por causa do distúrbio esses alunos são bem desorganizados, precisam que uma pessoa os acompanhe e os auxilie para que se organizem melhor. Assim tanto os professores quanto as famílias devem dar um tempo maior para o aluno se engajar em suas atividades e, contudo, compreender que o processo de aprendizagem desses alunos é muito importante.
Na sala e aula a criança com TDAH deve ser vista como as outras, ela fara tudo que as outras crianças fazem, só que em tempo maior. Hoje, as escolas tem a necessidade de estarem preparadas para que possam receber e fazer a inclusão desses alunos, pois eles fazem parte e tem também o direito de frequentar boas escolas com regularidade e com qualidade de ensino.
4. CONCLUSÃO
O objetivo dessa pesquisa era mostrar o quanto há a necessidade de integração de um ensino qualificado nas escolas para entenderem esses alunos portadores de TDAH, pois como já dito, possuem o direito e frequentar as mesmas escolas que as outras crianças “normais” frequentam, com a mesma regularidade. Vendo para que em função disso é preciso que tenha um aumento no número de profissionais para que eles não fiquem de lado também esperando ou deixados para trás.
Não é fácil para a instituição ou para os profissionais da educação, pois é necessário que ele reflita sua pratica pedagógica, tendo em consciência de que atua em um sistema educacional inclusivo e que também é sujeito a falhas, mas essas devem ser evitadas ao máximo para que se possa garantir um ensino de qualidade e efetivo para todos, sem exceções ou parcialidades.
REFERÊNCIAS
BARKLEY, R. A. & Colaboradores. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade Manual para diagnóstico e Tratamento. 3 ed. Artmed. Porto Alegre/RS, 2008.
BENCZIK, Edyleine B. P. Manual da escola de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Versão para professores. São Paulo/SP: Casa do Psicólogo, 2000.
BELLI, Alexandra Amadio. TDAH e agora? São Paulo/SP: STS, 2008. 109 p.
BORELLA, C. A. S. O que é hiperatividade? Sintomas e causas. 2002. Disponível em: <http>://www.psicologosp.com/2013/10/o-que-e-hiperatividade-sintomas-e-causas.html>. Acesso em 15 set. 2017.
FERREIRA, Windys B. Educação inclusiva: será que sou a favor ou contra uma escola de qualidade para todos? Inclusão Revista da Educação Especial, Brasília, v.1, out. 2005.
GRAEFF, Rodrigo Linck; VAZ, Cicero E. Avaliação e diagnóstico do transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Psicologia USP, São Paulo/SP, v. 19, n.3, 2008.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes inquietas – TDAH: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. São Paulo/SP: ed. Gente, 2003.
TOPCZEWSKY, Abram. Hiperatividade como lidar. Ed. Casa do Psicólogo, 1999.
TIBA, Içami. Disciplina: limite na medida certa. 41 ed. São Paulo/SP: Gente. 1996.
WEISS, Maria Lucia L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 8 ed. Rio de Janeiro/RJ: DP & A Editora, 2001.