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A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL DE 4 A 6 ANOS

Kamila Ferreira Brandão[1]

Artigo Científico Apresentado à Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil.

 

RESUMO

Objetivou-se o trabalho de pesquisa sobre a importância da música no desenvolvimento das crianças de quatro á seis anos na educação infantil, e, ao mesmo tempo, levantar uma discussão quanto à introdução da música como facilitador da aprendizagem, tendo como alvo um grupo de professores de Educação Infantil da rede municipal de educação do município de Sorriso – MT. Qual a concepção de ensino adotada por professores da escola pública de Sorriso sobre a música na Educação Infantil. Na introdução foi destacada a importância e significado da música para o ser humano, o processo de musicalização infantil na escola. No desenvolvimento do trabalho, foi feito uma reflexão acerca do trabalhar a musicalidade com alunos na Educação Infantil e consequentemente o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Na análise dos dados e considerações finais procurou fazer a reflexão da prática pedagógica dos professores no qual se pode perceber que os mesmos ao trabalhar a musicalidade não têm por hábito buscar fundamentação nas diretrizes estabelecidas, ficando mais voltado à prática pedagógica.

Palavra-chave: Educação Musical, Educação Infantil e Música na Escola.

 

ABSTRACT

The objective of this work was to investigate the importance of music in the development of children from four to six years of age in early childhood education, and at the same time to raise a discussion about the introduction of music as a facilitator of learning, targeting a group of Teachers of the Municipal Education Network of the municipality of Sorriso - MT. What conception of teaching adopted by teachers of the public school of Sorriso on music in Early Childhood Education. In the introduction was highlighted the importance and meaning of music for the human being, the process of children's musicalization in school. In the development of the work, a reflection was made on the work of musicality with students in Early Childhood Education and consequently the teaching and learning process of the students. In the analysis of the data and final considerations, he sought to reflect on the pedagogical practice of teachers, in which it can be seen that in working with musicality, it is not customary to seek grounding in established guidelines, focusing more on pedagogical practice.

Keyword: Music Education, Early Childhood Education and Music at School.

 

Introdução

 

O que podemos perceber ao realizar esse trabalho é que a educação infantil é uma fase complexa, um período de extrema importância para o desenvolvimento da criança, pois esse período é caracterizado pelo aparecimento da linguagem oral, permitindo à criança internalizar esquemas representativos ou simbólicos da realidade em que se vive. O envolvimento da realização da pesquisa feita por nós coloca novas perspectiva no campo da ação de um educador no espaço da educação infantil, e de como é necessário que o professor possa ter uma ótima formação para o desempenho na aprendizagem da criança.

É nesse contexto partindo de uma visão histórica, percebe-se que a música tem um papel fundamental na educação infantil, pela possibilidade de proporcionar ás crianças uma diversidade de experiências que estão presentes nas mais diversas situações. A realização dessa pesquisa tem contribuído significativamente para minha formação profissional. Pois, através de leituras de vários autores que trazem essa temática para o contexto escolar, fez com que eu pudesse ter uma nova visão quanto o trabalhar a musicalidade como referência para a construção da aprendizagem dos alunos.

Iniciamos o trabalho com uma apresentação resumida sobre a questão das diversas formas de se utilizar a música. É nesse contexto que se procurou levantar uma discussão quanto à introdução da música como facilitador da aprendizagem, tendo como público alvo um grupo de professores que trabalham com Educação Infantil.

Procurando problematizar a pesquisa, levantou-se a seguinte indagação: Qual a concepção dos professores da rede municipal de educação de Sorriso que trabalham com a Educação Infantil quanto à importância de se trabalhar a musicalidade, se a mesma, contribui para o processo de aprendizagem dos alunos?

Desenvolvemos a abordagem da pesquisa em três partes dentro de sua estrutura sendo: fundamentação teórica, análise de dados e considerações finais. No primeiro momento da fundamentação teórica buscou-se fazer uma reflexão acerca da música no contexto histórico escolar, considerando o direito da criança em utilizar-se a musicalidade para a sua formação numa proposta adequada para a faixa etária de cada um. No segundo momento referencia-se uma análise quanto à importância da música na prática pedagógica às, levando em conta o modo de como essa prática deva ocorrer no interior das escolas.

No terceiro momento procurou-se fazer uma reflexão acerca das concepções de Brito, Brasil e Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil tendo como parâmetro o desenvolvimento da aprendizagem. Na parte das aprendizagens musicais discutiremos a questão do canto, a expressão corporal, além de aprendizagens não musicais como o respeito, a amizade e a compreensão da importância do estar em grupo.

 

Desenvolvimento

 

Fazendo uma análise mais detalhada da música na história da humanidade deparamos com um processo de transformações no decorrer da evolução da sociedade. É no buscar interagir-se com outros membros da sociedade que o homem tem na musicalidade uma forma de expressar-se e aproximar-se de outro, no que diz respeito à amizade e união entre si.

“A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em toda cultura, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos ao lado da matemática e da filosofia”. (BRASIL, 1998, p. 45)

 

A música é um veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e de linguagem. Pois além de está exposta aos sons intra-uterinos, que é a voz materna também constitui material sonoro especial e referência afetiva para as crianças, da qual interagem permanentemente com o ambiente sonoro que o envolve com a música, já que ouvir, cantar e dançar é atividades presentes na vida de quase todos os seres humanos, ainda de que diferentes maneiras.

Podemos perceber que a música ao longo de sua história no ambiente escolar vem atendendo a vários objetivos que Torna- se importante para a criança, que é expressar sentimentos, vontades, cultura etc. Essas transformações são veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, pois a criança quando pequena ouve diferentes tipos de sons e ruídos, e com o tempo passa a distingui-los. Com isso começa a entender e a explorar o mundo que a cerca. 

            No entanto, nos meios acadêmicos da área da Educação, a música tende a ser vista como ornamental, pouco substantiva, ou é tratada de forma pouco científica; no campo da Música, é pouco valorizada ou carece de concepções mais sólidas a respeito da Educação Infantil como primeira etapa da educação básica (NOGUEIRA, 2006).

Para Jeandot (1993) as pesquisas sobre educação musical no Brasil se mostram um pouco lentas, se comparadas às que se desenvolvem em outros domínios artísticos, devido ao fato de a música ser uma arte auditiva, interiorizada, que exige mais esforço, ao contrário das artes visuais, cuja captação é mais imediata. A produção musical de cada região do país é muito rica, de modo que se pode encontrar vasto material para o desenvolvimento do trabalho com as crianças. Nos grandes centros urbanos, a música tradicional popular vem perdendo sua força e cabe aos professores resgatar e aproximar as crianças dos valores musicais de sua cultura.

As músicas de outros países também devem ser apresentadas e a linguagem musical deve ser tratada e entendida em sua totalidade: como linguagem presente em todas as culturas, que traz consigo a marca de cada criador, cada povo, cada época. O contato das crianças com produções musicais diversas deve, também, prepará-las para compreender a linguagem musical como forma de expressão individual e coletiva e como maneira de interpretar o mundo.

Nesse sentido, Nogueira (2006) ainda afirma que os brinquedos musicais fazem parte da vida da criança desde muito cedo – é por meio dos acalantos, das parlendas, dos brinquedos ritmados entre mãe e bebê, que se estabelecem as primeiras experiências lúdico-musicais da vida humana.

Sabemos também que as crianças se movimentam desde que nascem adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo e seu movimento. Essas experiências são tão importantes que só enriquecem a formação como um todo na criança. Dessa forma torna-se importante para a criança começar a se relacionar com a música ainda que seja no ambiente escolar, pois é nessa fase que ela constrói os saberes que irá utilizar para o resto de sua vida.

            Também é importante deixar claro que ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de propiciar a vivência de elementos estruturais dessa linguagem. Como nos diz Brito (2004), “é difícil encontrar alguém que não se relacione com a música de um modo ou de outro: escutando, cantando, dançando, tocando um instrumento, em diferentes momentos e por diversas razões”. (p.31)

O universo musical que se pode apresentar às crianças é amplo, não pode ficar restrita a eventos marcantes e sim, ser uma prática diária, fazendo uso desde a música clássica à MPB. A linguagem musical facilita a socialização, a coordenação motora, o raciocínio lógico, a linguagem verbal, a linguagem do corpo, a interação com o ambiente e etc. Ela pode se transformar num ótimo objeto de ensino-aprendizagem, pois as crianças da Educação Infantil conseguem se expressar com facilidade através da música, que é tida como a primeira manifestação artística vivenciada pelo homem.

Ela permite que a criança se expresse pelo gesto e pelo movimento e faz com que ela sinta a satisfação e a alegria de aprender e se desenvolver através dela. É muito importante incentivar a criança desde pequena a ter interesse pela música. Além de ser uma forma de manter a criança de bem consigo mesma, também desperta o interesse pela descoberta dos movimentos corporais e a sensibilidade para o mundo dos sons. E é com essa sensibilidade que a criança descobrirá suas próprias qualidades.

É aí que a Educação Infantil desempenha seu papel na formação das crianças, pois esse ambiente serve como suporte para atender as suas necessidades como formação de hábitos e atitudes, comportamento, desenvolvimento físico e social, entre outros. No entanto, é preciso ter muito cuidado quando se trabalha com a música na Educação Infantil, pois é fundamental que o professor saiba como trabalhar com ela de forma que exista um planejamento prévio, onde as canções sejam escolhidas e relacionadas à idade das crianças, do contrário este pode ser absorvida de maneira negativa pelo educando. Conforme Rodrigues (1992, p. 109):

“Toda criança é um ser essencialmente musical. O problema da educação consiste, pois, em saber cultivar esses dotes naturais que, em maior ou menor grau, estão presentes em todas as criaturas, evitando que, por efeito de uma orientação equivocada, permaneçam ocultas ou, o que é pior, sejam submetidas a um processo de deformação para converter-se num motivo de frustração individual”.

 

Para que esta frustração não ocorra, é importante que o professor tenha um bom conhecimento sobre o processo da musicalização na Educação Infantil, pois são importantes para o desenvolvimento cognitivo e como registra (ROLIM, 2004), crianças nesta fase são ativamente envolvidas em melhorar suas habilidades em uma variedade de maneiras.

No processo de desenvolvimento humano, de acordo com Piaget, apresentado por (VALENTE, 2008), o individuo se desenvolve através de estágios divididos conforme se apresenta:

Estágio Sensório-Motor compreende crianças de 0 á 2 anos, e é neste estágio que ela evolui de uma situação puramente reflexa até a diferenciação do mundo exterior em relação a si própria.

Estágio Pré-Operatório é o estágio que corresponde a criança de 2 á 7anos, e é caracterizado pelo aparecimento da linguagem oral, permitindo á criança internalizar esquemas representativos ou simbólicos da realidade em que se vive. Este período é o que mais atende á Educação Infantil.

Neste sentido, considerando a idade compreendida na Educação Infantil, A melhor fase já observada para ampliar o repertório musical da criança é por volta dos 4 anos. Isto se justifica porque é a fase em que a criança fala com mais domínio e começa a cantarolar, a inventar músicas sobre seu cotidiano. E, se então, o professor e a família lhe propuserem a diversificação, ela pode ter uma melhor aceitação, possivelmente diferente do que ocorreria numa idade futura.

Teca Alencar de Brito (2004) comenta que o processo musical ainda continua lento nas escolas, que a linguagem musical centra-se nas datas comemorativas e no convívio da rotina e não em atividades de experimentar, improvisar, conhecer esse universo de sons, para contribuir com a aprendizagem das crianças. No entanto, comenta que muitos estudos estão sendo realizados e assim, estes vem contribuindo para que os professores possam orientar-se nas ações musicais para com seus alunos.

Contudo, percebe-se que em todo o ensino há necessidade de uma mudança com relação à utilização da musica na Educação Infantil. Em algumas situações ela é utilizada em fins de higiene, hora do lanche, comemorações cíclicas, em outras situações a música nem aparece no planejamento como ela deveria ser explorada.

 No entanto perguntamos para alguns professores de uma escola pública de Sorriso sua concepção sobre música, quais são os meios de ensino adotados por eles em relação à música na Educação Infantil, todavia os professores acreditam que é difícil encontrar alguém que não se relacionem com a música, pois a musica é uma arte e exerce forte atração sobre os seres humanos, fazendo mesmo que de forma inconsciente nos relacionemos com ela, muitas vezes quando a ouvimos começamos a nos familiarizar, movimentando o corpo ou cantarolando pequenas partes da melodia. E assim nos diz, BRITO, 2004:

Nesse sentido, o professor deve atuar sempre- como animador, estimulador, provedor de informações e vivencias que irão enriquecer e ampliar a experiência e o conhecimento das crianças, não apenas do ponto de vista musical, mas integralmente, o que deve ser o objetivo prioritário de toda proposta pedagógica, especialmente na etapa da Educação infantil.(p.45)

 

Nesse sentido é importante ressaltar que é de responsabilidade do educador, enquanto um dos maiores modelos de imitação da criança, ser crítico e criativo na escolha do que apresentar a mesma, garantindo, com isso, que o trabalho seja interessante para ambos, desejando um futuro criativo e feliz para nossas crianças, é de extrema importância o educador fazer uso deste recurso, pois todo processo de trabalho bem orientado, desejado, resulta em crescimento de competências e habilidades, como também do universo cultural. Assim sendo, valorizada pelo professor e amparada legalmente pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, a música na Educação Infantil, favorece um trabalho rico em ludicidade e aprendizagem para a vida.

 

Além da competência técnica, o professor deve ser criativo. A necessidade de criar é comum a todas as crianças, que, ao interagirem com o mundo, constroem seu conhecimento. O educador não deve perder a oportunidade de aproveitar essa disposição. (JEANDOT, 1993. p. 133).

 

Cabe ao adulto compreender de que forma a música constitui uma possibilidade expressiva privilegiada para a criança, considerando que a mesma atinge diretamente sua sensibilidade sensorial e afetiva.

 Um professor entrevistado relata que “É de suma importância estimular a criança a fazer suas próprias descobertas, nós como educadores devemos enriquecer o repertório musical da mesma através de materiais a serem explorados, observando o trabalho de cada criança e planejando atividades que envolvam músicas de diferentes povos, de diferentes formas, de diferentes épocas, de diferentes compositores”. O trabalho do professor deve ser criativo para despertar a motivação na criança, pensando em novas possibilidades de aprendizagem além de facilitar, quando solicitado, as atividades dos alunos.

Por outro lado, se a ação do professor for pautada num sistema de brincadeira que poda horizontes lúdicos da criança por meio de regras pré-estabelecidas cujo objetivo principal é desenvolver conteúdo, fica visível o pouco envolvimento dos alunos nas atividades. Kishimoto (1994, p. 35) afirma que “Se a atividade lúdica não for de livre escolha e seu desenvolvimento não depender da própria criança, não se tem brincadeira, mas trabalho”.

A atividade lúdica deve ser encarada pelo professor de forma séria, correta e profissional, buscando um objetivo a ser atingido sobre atividades dadas no ambiente musical, que não é algo solto no tempo e espaço, sem importância pedagógica.

Os jogos e brincadeiras sempre marcam períodos e estes representam tendências da época vivida pela sociedade. As brincadeiras e os jogos que marcaram as décadas de 50, 60, 70 e 80 eram praticados tanto por meninos como por meninas, destacando entre os mais populares: cobra-cega, esconde-esconde, pega-pega, barata, mímicas, rimas e outras.

 Por meio das brincadeiras musicais, cada vez mais dinâmicas e diversificadas, vão ampliando os referenciais auditivos das crianças, num processo sempre crescente. Este processo tende a se intensificar com o acesso aos meios de comunicação de massas e a diferentes fontes sonoras, processo esse atualmente bastante disseminado junto às diferentes camadas da população brasileira.

Dessa forma as crianças quando brincam ou interagem com o mundo sonoro, acabam descobrindo mesmo que de maneira simples, várias formas diferentes de se fazer música. De acordo com Joly (2003):

A criança, por meio da brincadeira, relaciona-se com o mundo que descobre a cada dia e é dessa forma que faz música: brincando. Sempre receptiva e curiosa, ela pesquisa materiais sonoros, inventa melodias e ouve com prazer a música de diferentes povos e lugares. (p. 116).

 

Por meio dos diferentes movimentos oportunidades para o aprendizado. Por meio desse recurso podemos desenvolver atividades que envolvam a percepção e interiorização do ritmo, intensidade e altura, trabalhar com a forma musical também desenvolve a expressividade das crianças. É por isso que a música dos primeiros anos de vida da criança deve ser incentivada, trabalhada nas escolas.

A escola deve oportunizar a convivência com os diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico possibilitando o acesso do educando a um imenso patrimônio musical que a humanidade vem construindo.

Nesse sentido é importante ressaltar que o educador, enquanto um dos maiores modelos de imitação da criança, ser crítico e criativo nas escolhas que apresenta em sala garantindo, com isso, que o trabalho seja interessante para ambos.

Cabe ao professor compreender de que forma a música constitui uma possibilidade expressiva privilegiada para a criança, considerando que a mesma atinge diretamente sua sensibilidade sensorial e afetiva estimulando á criança a fazer suas próprias descobertas, enriquecendo o repertório musical da mesma através de materiais a serem explorados, observando o trabalho de cada educando e planejando atividades que envolvam músicas de diferentes povos, de diferentes formas, de diferentes épocas, de diferentes compositores.

Deve ter bastante cuidado para, por exemplo, não dar ênfase exagerada à parte rítmica em detrimento dos elementos melódicos, culturais, formais e criativos que compõem a música, pôs o objetivo do ensino da música não reside na transmissão de técnicas, mas no desenvolvimento do gosto pela música e da habilidade para captar a linguagem musical, nesse sentido, antes que o educador transmita sua cultura musical própria é importante que o mesmo investigue o universo musical do qual a criança faz parte, encorajando, com isso, a criação de novas formas de expressão através da música.

Podem ser trabalhadas em sala de aulas algumas noções técnicas como meio de obter qualidade sonora, o que deve ser explorado no contato com qualquer fonte produtora de sons. Assim, tocar um tambor de diferentes maneiras, por exemplo, variando força; modos de ação como tocar com diferentes baquetas, com as mãos, pontas dos dedos etc. Deverão ser propostos, também, jogos de improvisação que estimulem a memória auditiva e musical, assim como a percepção da direção do som no espaço.

É importante oferecer, também, a oportunidade de ouvir música sem texto, não limitando o contato musical da criança com a canção que, apesar de muito importante, não se constitui em única possibilidade. Por integrar poesia e música, a canção remete, sempre, ao conteúdo da letra, enquanto o contato com a música instrumental ou vocal sem um texto definido abre a possibilidade de trabalhar com outras maneiras. As crianças podem perceber sentir e ouvir, deixando-se guiar pela sensibilidade, pela imaginação e pela sensação que a música lhes sugere e comunica. Portanto o exemplo do professor é muito importante, é desejável que ele fale e cante com os cuidados necessários à boa emissão do som, evitando gritar e colaborando para desenvolver nas crianças atitudes semelhantes.

O professor que compreende a música como linguagem e a utiliza de maneira adequada, tem nela um importante aliado para o desenvolvimento infantil. Poucos professores trabalham a questão da exploração dos sons: do corpo, dos objetos, não referenciam as propriedades da música e não conseguem enxergar esses aspectos como um trabalho essencial dentro da linguagem musical. Ainda possuem a visão de que é preciso formação específica em música, não ousam na maneira de trabalhar. O educador deve se ver como um pesquisador e se permitir vivenciar experiências diversas que com certeza contribuirão para a sua prática estendidas aos educandos.

Portanto, compreender o papel da música nas atividades escolar apenas como prazer e diversão, vai à contramão do processo educativo. A educação por meio da música é uma atividade que faz parte da criança, pois o educador por meio dessas atividades encontrará o ritmo necessário para o desenvolvimento no ambiente escolar. “O educador não deve perder a oportunidade de aproveitar essa disposição”. (JEANDOT, 1993. p. 133).

 A educação musical é um ponto chave para a concretização desses trabalhos, pois na sua essência além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente proporciona um crescimento sadio e permanente na sua totalidade, na qual possibilita à participação, a criatividade, a imaginação numa perspectiva de interação social e com o meio.

Sabemos que a musica é uma arte que vem sendo esquecida, mas que deve ser retomada nas escolas, pois ela propicia ao aluno um aprendizado global, emotivo com o mundo. Na sala de aula, ela poderá auxiliar de forma significativa na aprendizagem. É necessário que os professores se reconheçam como sujeitos mediadores de cultura dentro do processo educativo e que leve em conta a importância do aprendizado das artes no desenvolvimento e formação das crianças como indivíduos produtores e reprodutores de cultura.

Entendendo que a criança tem como característica principal a intensidade de movimentos, compreendemos como é de fundamental importância tratar das especificidades do campo do conhecimento da Educação musical desde a Educação Infantil. Assim, podemos verificar a necessidade de uma concepção didático-metodológica para ser desenvolvida na Educação Infantil que respeite a criança em seu desenvolvimento, e que trabalhe os aspectos cognitivos, sociais, afetivos e motores de forma integrada, buscando desenvolver o olhar critico da criança para as relações sociais da sociedade em que está inserida, partindo da compreensão do seu mundo vivido. A reflexão sobre as causas apontadas para a situação da Educação musical na Educação Infantil revela sua importância como disciplina no contexto escolar e formação da criança.

            O que se pretende enfatizar é que as crianças que compreendem esse período, ou seja, com idade de zero a seis anos, precisam ter acesso à atividade musical de forma lúdica, mas com um objetivo, a Educação musical nesse período não pode se limitar apenas na brincadeira. Logo, o professor generalista, isto é, o docente que atua em sala de aula, não pode exercer a função sem ter a formação adequada na área, e o professor deve lutar por esse espaço de trabalho e desenvolver ações que justifiquem a importância de sua atuação na Educação Infantil.

 Assim poderão procurar e reconhecer todos os meios que têm em mãos para criar, à sua maneira, situações de aprendizagem que dê em condições às crianças de construir conhecimento sobre música e dança. Enfim, a música é um instrumento facilitador do processo de ensino aprendizagem, portanto deve ser possibilitado e incentivado o seu uso em sala de aula.

Partindo daí, o professor na educação infantil precisa proporcionar ao aluno brincadeiras com músicas que venham a contribuir para o seu processo de construção psicossocial e consequentemente para a sua educação.

O professor precisa planejar sua aula bem diversificada e que lhe facilite a experimentação. Estimular os alunos a participarem de forma ativa usando toda a sua capacidade criadora. Portanto, compreender o papel da música nas atividades escolar apenas como prazer e diversão, vai à contramão do processo educativo.

A educação por meio da musicalidade é uma atividade que faz parte da criança, pois ela aprende através de sons, ruídos, etc. Nesse sentido é importante ressaltar que é de responsabilidade do educador, enquanto um dos maiores modelos de imitação da criança, ser crítico e criativo na escolha das atividades em sala de aula, garantindo, com isso, que o trabalho seja interessante para ambos.

 

Conclusão

 

            A música é um grande recurso para o desenvolvimento das capacidades dos alunos que merece uma atenção especial por parte dos educadores e pais, pois, através dele que a criança desenvolve sua inteligência, praticada com emoção e prazer. É nas brincadeiras musicais que ocorre a descoberta de si mesmo e do outro.

A realização desse trabalho só foi possível graças à construção de uma relação de respeito, carinho e amizade entre alunos e o educador/pesquisador. Essa proximidade fez com que o trabalho fizesse mais sentido para mim não só como pesquisa, mas também como prática educativa que a meu ver torna-se mais efetiva com a presença de tais elementos. Durante o desenvolvimento das aulas pude constatar o envolvimento das crianças nas atividades realizadas, o prazer e a alegria com que participavam de cada parte das aulas e a maneira como se apropriavam de tais conteúdos transformando-os para si.

É preciso entender que, mesmo que se pesquise através de outros meios, a leitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais é algo necessário. Pois, são diretrizes que dão sustentação às bases práticas ao cotidiano. De acordo com os PCNs, sua proposta é:

 

Inovadora e abrangente, expressam o empenho em criar novos laços entre ensino e sociedade e apresentar idéias do "que se quer ensinar", "como se quer ensinar" e "para que se quer ensinar". Os PCN não são uma coleção de regras e sim, um pilar para a transformação de objetivos, conteúdo e didática do ensino.

 

A partir daí, se pode pensar numa educação que valoriza cada estágio de aprendizado do aluno, por meio do que se pretende ensinar, numa proposta que disponibiliza ao aluno o acesso aos bens socioculturais disponíveis, desenvolvendo desta forma as capacidades relacionadas à expressão, à comunicação, a socialização, ao pensamento.

Faz-se necessário salientar a importância do grupo nesse processo de ensino e aprendizagem. Podemos ressaltar dentre vários aspectos a imitação, a influência nas decisões, o respeito, a amizade, a união do grupo e o aprendizado de compartilhar o mesmo espaço. Verificamos assim, a necessidade do ser humano de se relacionar com os outros, pois sua aprendizagem acontece por meio dessas trocas sociais.

A presença do movimento e da apreciação de um repertório variado para a formação musical da criança é fundamental. Para a Educação Infantil, ressalto a importância de se trabalhar com música na sala de aula com as crianças ainda pequenas, pois a mesma pode proporcionar um ganho no desenvolvimento delas, por trabalhar com diversos aspectos como cognição, criatividade e expressão.

Dessa maneira, valorizar os conhecimentos prévios dos alunos e fazer com que tenham liberdade para apresentá-lo torna-se uma ferramenta valiosa na prática educativa. Verificar a transformação na minha prática foi algo muito relevante para minha formação. O professor que compreende a música como linguagem e a utiliza de maneira adequada, tem nela um importante aliado para o desenvolvimento infantil.

Poucos professores trabalham a questão da exploração dos sons: do corpo, dos objetos, não referenciam as propriedades da música e não conseguem enxergar esses aspectos como um trabalho essencial dentro da linguagem musical. Ainda possuem a visão de que é preciso formação específica em música, não ousam na maneira de trabalhar. O educador deve se ver como um pesquisador e se permitir vivenciar experiências diversas que com certeza contribuirão para a sua prática como recursos valiosos para o desenvolvimento do autoconceito positivo de cada aluno.

REFERÊNCIAS

 

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental, (1998).

 

BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil. (propostas para a formação integral da criança). Ed. Peirópolis, 2004.

 

GORDON, Edwin E. Teoria de Aprendizagem Musical – Competências, Conteúdos e Padrões.Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.

 

JEANDOT, N. Explorando o universo da música. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1993.

JOLY, Ilza, Zenker, Leme, (2003). Educação e educação musical: conhecimentos para compreender a criança e suas relações com a música. In:____. HENTSCHKE, L; DELBEN, L. (Orgs.). Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Ed. Moderna. Cap. 7.

 

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. 3. ed. (1994). São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

 

NOGUEIRA, M. A. Música e educação infantil: possibilidades de trabalho na perspectiva de uma pedagogia da infância. Disponível em: <http://www.anped.org.br/28/textos/gt07/gt07213int.rtf>. Acesso em: 25 jul. 2006.

 

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS-PCNs. Documento Introdutório ao Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. VOLUME 3. Brasília / 1998.

 

RODRIGUES, J.P. Cantigas de Roda. Porto Alegre: Magister, 1992.

 

ROLIM, L.R. O professor de educação física na educação infantil: uma revisão bibliográfica. Dissertação de Mestrado. Centro Universitário Nove de Julho – UNINOVE, 2004.

 

VALENTE, N. Teoria da aprendizagem: Jean Piaget. Revista Digital Artigo.com. Publicado em 06 de dezembro de 2008.

 

 



[1] Formada em Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional UNINTER. Pós-graduanda em Psicopedagogia e Educação Infantil pela Universidade Cândidos Mendes.