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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA ALFABETIZAÇÃO

 

 

Leuda Guia de Souza[1]

Odemar Mendes de Souza[2]

Maricélia Mendes de Souza Tataíra Machado[3]

 

 

 

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo ressaltar a importância da literatura infantil na alfabetização incitando o imaginário da criança, com interesse de estimular o prazer pela leitura de livros e fazer com que o leitor mirim possa se transportar de um lugar para o outro se enveredando nas trilhas da fantasia, apreciando e expondo a merecida importância que este procedimento oferece na construção do conhecimento na fase primordial da aprendizagem com efeito positivo na leitura e na grafia. Neste contexto será apresentada a etimologia dos contos literários infantis e sua significância enquanto história na arte de ensinar a criança a ouvir, pensar e refletir com coesão, sem perder o vínculo com a ótica da imaginação e neste ínterim ressaltar o desvínculo da literatura européia do século XIX que pregava seus conceitos inerentes com a realidade brasileira. No Brasil, a partir do século XX José Bento Monteiro Lobato introduz uma nova concepção denominada de era Lobatiana tendo como foco a literatura infantil com personagens tipicamente interioranos e condizentes com a cultura, o folclore e a realidade brasileira.

Palavras - chaves: Literatura Infantil. Imaginário. Desenvolvimento.

 

ABSTRACT

This article aims to highlight the importance of children's literature in literacy inciting the imagination of the child, with interest of stimulating the pleasure of reading books and make the Bantam reader can carry from one place to another is embarking on the trails fantasy, enjoying and exposing the deserved importance that this procedure offers the construction of knowledge in the primary stage of learning with a positive effect on reading and spelling. In this context it will be presented to the etymology of children's literary tales and their significance as history in the art of teaching the child to listen, think and reflect cohesion, in close connection with the perspective of imagination and meanwhile highlight the desvínculo of European-century literature XIX he preached the concepts inherent to the Brazilian reality. In Brazil, from the twentieth century José Bento Monteiro Lobato introduces a new concept called Lobatiana was focusing on children's literature with typical hinterland characters and consistent with the culture, folklore and the Brazilian reality.

Keywords: Children's Literature. Imaginary. Development.

 

INTRODUÇÃO

 

Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir
muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem
para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente
infinito de descoberta e de compreensão do mundo.
Fanny Abramovich.

A literatura infantil é apontada como fator primordial na promoção de objetivos e valores éticos, morais e culturais de um povo, e em paralelo com o conto de fadas, ressaltam na criança em fase de alfabetização, o gosto prazeroso e voluntário pela leitura e grafia. Além de proporcionar à criança o direito de se expressar com liberdade e correlacionar com a história, fatos vividos no seu cotidiano.

Conforme Regina Ziberman:

 

A criança conhece o livro antes de saber lê-lo, da mesma maneira que descobre a linguagem antes de dominar seu uso. Os diferentes códigos – verbais visuais gráficos – se antecipam a ela, que os encontra como se estivessem prontos, à espera que os assimile paulatinamente ao longo do tempo. (1988, p. 83).

 

 

Portanto, trabalhar com a criança já na base estrutural de sua formação, a assimilação entre alfabetização e conto de fadas, permite à criança se desenvolver tanto no mundo fantasioso como no crescimento cognitivo com satisfação, sem a pressão de introduzir como obrigatoriedade o aprender, mas com a percepção de uma transição que permite a possibilidade de aprender brincando com o mundo mágico e fantasioso da literatura infantil com o apoio de atividades escolares.

È através da leitura que também se realiza espiritualmente, ler um conto alegra a alma e faz com que a criança se sinta segura na busca do querer, do criar e recriar caracterizado como fonte do saber a aprender e ensinar a ter noção de tempo, localização, habilidades, confiança e amorosidade, ou seja, a leitura proporciona um leque recheado de novos horizontes. Regina Zilberman cita que: “A leitura é o mais seguro veículo do estudo e do saber, o meio de seleção dos valores espirituais, a verdadeira chave de êxito. Através da leitura e do estudo aprende-se a viver e a triunfar na luta pela existência.” (1988, p.123).

Desta forma, a literatura infantil tem como princípio resgatar a cultura do conhecimento de mundo e do ser, por intermédio do real que cada escritor fantasia em seus manuscritos. A fantasia pode tomar a configuração do sonho, enquanto que o desejo insatisfeito pode se realizar de modo reparatório para a criança, posicionando-se no real, dando à criança o livro como fonte de informação e inspiração, pois é através da literatura e da linguagem narrativa que se organiza a concepção infantil do mundo, que muitas vezes é negado pela família ou pela própria escola.

A fantasia é um mundo privilegiado pelo livro infantil, porque mexe com o imaginário do pequeno leitor que fabula com o universo representado como seu lugar dentro da magia fantasiosa criada pela imaginação.

Até então, meados do século XIX a literatura infantil no Brasil era difundida pela literatura européia com cultura e valores morais desconexos com a realidade brasileira, somente no início do século XX que o escritor José Bento Monteiro Lobato resolveu inovar e dar novas características e nova roupagem à literatura infantil brasileira condizente com a realidade, a cultura e o comportamento social vigente.

Assim, Monteiro Lobato começou a escrever pequenas fábulas até atingir o reconhecimento com o clássico Sítio do Pica – Pau Amarelo que perpetua até o presente momento como o sonho de toda criança que viveu no passado, vive no presente e viverá no futuro através dos inesquecíveis personagens na figura de Narizinho, Pedrinho, a boneca Emília e todos os componentes que compõem a história vivida no setor ruralista brasileiro.

  

A etimologia dos contos literários infantis

 

A literatura infantil na alfabetização não é um procedimento adotado recentemente na educação, existe desde os primórdios da existência humana e até o presente vivido é considerada como fator relevante na formação psíquica e cognitiva da criança no estágio do descobrir e redescobrir novos conceitos relacionados com o contar e recontar histórias, focado na preparação de leitores críticos e com facilidade de interagir com a sociedade e a comunidade em que a leitura da história condiciona à criança o prazer de vivenciar novas descobertas, além de proporcionar o direito de sorrir, de viver, de sonhar e de se projetar como ser participante da história, possibilita ainda à criança o desvendar de um novo mundo correlacionado com a realidade, em que os conflitos são encarados e resolvidos em forma de entretenimento, brincadeira e aprendizado. Maria Virginia acredita que: “O mais comum e saudável é que a criança misture sua realidade e ficção para mais tarde separá-las.” (Apud Gurgel, 2009, p. 79).

E nesta relação entre realidade e ficção, a criança passa a adotar mecanismos viáveis como escudo para enfrentar os problemas reais com desenvoltura e convicção, em que a palavra grafada ou sonora contribui na formação da consciência de mundo. José Paolo escreve que: “Linguagem carregada de ideologia que permeia cada fala do narrador, cada diálogo dos personagens e tem um destinatário certo: o leitor infantil, cujo pensamento se pretende capturar.” (Apud Gurgel, 1996, p. 10).  E a criança ouvinte viaja na voz do narrador criando em sua mente um mundo de imaginações com algumas imagens que são enviadas para o terreno da vontade e da ficção.

Com isso se trabalha a inteligência e a sensibilidade da criança plantando e regando a semente do desabrochar de um autêntico leitor com uma ótica de mundo mais abrangente e consistente.

A literatura infantil funciona como válvula de escape para que a criança fantasie suas compreensões criando uma ilusão do real, oferecendo-lhe o resgate da história formando uma ponte de comunicação com a realidade e o imaginário vinculado com o lúdico, em que a atração de animais-personagens atuam em situações cômicas ou insólitas através de brincadeiras inteligentes, jogos sonoros, prezando a alegria e o prazer de saborear as mesmices do dia a dia com outro olhar.

Porém, em muitas escolas este procedimento vem sendo ignorado e tratado de forma subjetiva, sem magia e para a criança que está iniciando o estágio do conhecimento é essencial que passe por todas as fases que a vida lhe proporciona por direito sem burlar nenhuma delas, ou seja, permitir a criança à liberdade de se expressar e se desenvolver de maneira saudável, absorvendo em seu imaginário um elo com o belo e maravilhoso mundo dos felizes para sempre.

Nelly Novaes Coelho afirma que:

 

O final feliz, com todos se divertindo na festa, deixa uma importante lição de vida no espírito do pequeno leitor: Cada ser tem sua própria natureza ou personalidade; e é fundamental que as diferenças e semelhanças entre uns e outros se acertem e se harmonizem para que a vida se torne gratificante para todos. (2000, p. 205).

 

A escola como intermediadora e principal responsável pelo resgate da literatura e educação precisa estar apta para preparar seres capazes de desbravar o futuro do mundo próximo ou longínquo, conforme as ferramentas tecnológicas existentes, sem fugir do contato com a realidade.

 Portanto, é evidente que todo conto de fada e história se permeia em torno de um herói ou heroína que passa toda a cena fugindo da perseguição de um personagem malvado e mau-caráter, e no desenrolar da história sempre acontece algo extremamente inesperado e difícil de solucionar. Mas a força e a transparência da honestidade do mocinho ou da mocinha prevalecem, no final se faz justiça e a harmonia volta a reinar onde o bem vence o mal.

Nesta magia de encantos, o conto histórico pode ser convertido para a vivência real onde as pessoas de boa índole, justas e trabalhadoras são os mocinhos e as pessoas de má-índole, perversas, corruptas, pedófilos, ladrões etc. são os vilões.

 O docente deve aguçar a curiosidade da criança convidando-a a refletir e a abrir passagem para o conhecimento e a resgatar para a realidade o fato mais marcante da história vivido pelo personagem.

  Introduzir na criança já na fase de alfabetização o desejo voluntário de ler um bom livro que tem o poder de revelar em cada criança um prazer singular por meio dos sentidos atraindo a criança pela curiosidade, desenhos, manuseio fácil, além de estimular no pequeno leitor a descoberta e o aprimoramento da linguagem.

  Sônia Kramer acredita que:

 

Concebemos a alfabetização, portanto, como um processo de representação que envolve substituições gradativas (ler um objeto, uma figura ou desenho, uma palavra), onde o objetivo primordial é a apreensão e a compreensão do mundo, desde o que está mais próximo à criança ao que está mais distante, visando à comunicação, à aquisição de conhecimentos, à troca. (1991, p. 37).

 

 

   Quanto mais contato a criança passa a ter com o livro, mais se desperta nela o desejo de concretizar o ato de ler de forma divertida, facilitando o processo de alfabetização e desenvolvimento da criatividade do leitor, desencadeando uma postura condizente com a realidade.

 

Enquanto se diverte, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança. (Apud Bettelheim, 2004. p. 20).

 

 

O conto, além de divertir a criança, também auxilia no desenvolvimento cognitivo, são terapêuticos porque se podem encontrar soluções através da história implicando no conflito interno que parte de uma situação real e concreta, sempre lidando com as emoções que qualquer criança já viveu ou vive.

Por exemplo, na atualidade presente, os pequenos temem na infância a separação dos pais, esse é um drama que aparece logo no começo de muitas histórias que são referências na literatura infantil e serve como intercâmbio entre o real, o faz-de-conta e a emoção da criança, relatos de fatos significativos da vivência em família e que transmitidos de forma poética como “Era uma vez”, o retrato tanto de hoje como de outras épocas e outras gerações funcionam como veia vertente que injeta na criança a possibilidade de vivenciar na história o seu próprio eu de forma simbólica mais eficaz e mais feliz, ou seja, a leitura do conto de fadas funciona como um sensor que disponibiliza o despertar da formação cognitiva em igualdade com o formar da personalidade, que se faz necessário como pilar de sustentação, interligado com o processo de ensino aprendizagem na alfabetização. Kátia Canton diz que literatura infantil: “São patrimônios da humanidade. Eles foram escritos em época diferente e a criança consegue compreender isso. Clássicos são clássicos porque se perpetuam, e as obras infantis devem ser respeitadas como a literatura para adultos.” (Apud Bencini, 2005, p. 1). Seguindo a linha deste contexto as histórias eram contadas com o objetivo de enquadrar a criança no molde social como forma de instruir a maneira de se portar no convívio da sociedade, o prazer e o divertir não eram levados em consideração.

Hoje a literatura infantil em sua singularidade e de mãos dadas com a evolução direciona a humanidade com a responsabilidade de retratar com certo fascínio o universo, o homem, a vida em situações vividas, imaginadas que seduz, emociona e desafia a inteligência em formação com o objetivo de trazer a criança para dentro da história conduzindo-a para a meditação e compreensão conforme sua vivência dentro do eixo familiar e social como forma de distrair e aprender brincando com as vivências passadas, comumente com as vivências presentes e imaginadas no futuro, convicta de que a evolução do indivíduo se faz possível conforme o estágio da mente e da consciência que cada um vai construindo tendo como base deste construir a literatura infantil inserida nos primeiros anos de atividade escolar, em que a criança começa a se relacionar com o meio social, com o mundo, com seu comportamento emocional, com seu corpo, enfim, começa a adquirir valores morais e a desenvolver sua capacidade de aprendizagem.

     

O mentor da literatura infantil brasileira

 

Vamos voltar no tempo e relembrar o surgimento da literatura infantil brasileira que antes da erupção lobatiana a literatura européia propagava sua cultura e seu folclore, com certa volúpia e sucesso entre a sociedade da época e somente no final século XIX e início do século XX que surge o então, escritor Monteiro Lobato como mentor e protagonista de uma literatura com aspecto inovador. Monteiro Lobato preocupado com a leitura da criança brasileira, com a cultura e com o nosso folclore, planejou e analisou uma forma diferente de introduzir a criança ao mundo da fantasia de uma maneira que revele para o pequeno leitor a vida e a realidade brasileira com certa magia e encantamento, ou seja, o oposto da realidade até então apresentada pelos contos literários europeus da época.

Monteiro Lobato defendia uma literatura que a criança ao ouvir uma história pudesse relacionar esta história com a realidade vivida e recontar a história a outros conforme a fluidez de seu imaginário, mas sem fugir das características de sua nacionalidade.

 

Ando com várias idéias. Uma: vestir a nacional as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, tudo em prosa e mexendo nas moralidades. Coisa para crianças. Veio-me da atenção curiosa com meus pequenos quando ouvem as fábulas que Purezinha lhes conta. Guardam-nas de memória e vão recontá-las aos amigos sem, entretanto, prestarem nenhuma atenção à moralidade, como é natural. A moralidade nos fica no subconsciente para ir-se revelando mais tarde, à medida que progredimos em compreensão. Ora, um fabulário nosso, com bichos daqui em vez dos exóticos, se for feito com arte e talento dará coisa preciosa. (Lobato, 1972, p.245-246). 

 

 

Focado no interesse e nas necessidades do leitor mirim o escritor começa a concretizar suas adaptações de ficção dando importância a voz e a ótica infantil que vinha de um desgaste literário europeu preocupado em transmitir à criança apenas o fazer pedagógico e moralizador. Monteiro Lobato chegava com métodos inovadores com o intuito de fazer com que a criança pudesse aprender se divertir com o conto infantil sem a utilização maçante do método tradicionalista, mecanicista e obrigatório de forma apreciável, permitindo à criança usar o imaginário com liberdade, a ser feliz e a se identificar com o personagem e com a realidade interiorana do Brasil.

Monteiro Lobato diz que:

 

O menino aprende a ler na escola e lê na aula, à força, os horrorosos livros de leituras didáticas que os industriais do gênero, impingem nos governos. Coisas soporíferas, leituras cívicas, fastidiosas patriotices. Tiradentes, bandeirantes, Henrique Dias, etc. Aprende assim a detestar pátria, sinônimo de seca, e a considerar a leitura como um instrumento de suplício. (1969, p.840).

 

 

Com esta visão, Monteiro Lobato passa a se dedicar às suas obras, em 1921 é publicado o livro Narizinho Arrebitado. E no ano de 1945, na Editora Brasiliense se personifica como o primeiro escritor a dar início à literatura infantil brasileira.

E assim, segue uma trajetória de sucessos com o lançamento do clássico Sitio do Pica-Pau Amarelo e seus inesquecíveis personagens como a Emilia, a famosa boneca de pano que diz tudo o que seu imaginário e sua fantasia buscam. Visconde de Sabugosa, boneco de sabugo de milho que exercita sua criticidade se opondo aos sábios que defendem a teoria de livros já escritos. A doce e simpática vovó Dona Benta que incentiva e aceita a imaginação evoluída das crianças. A cozinheira e quituteira Tia Anastácia, senhora de cor negra e sem cultura que é muito desconfiada e vê maldade em todo desconhecido.

 Os personagens Narizinho e Pedrinho que retratam as crianças do passado, do presente e do futuro, com uma inteligência aguçada pela curiosidade que se escancara e não se intimida frente às descobertas de um novo mundo. São crianças que buscam a felicidade trocando e debatendo suas descobertas com os adultos, sem abrir mão de um futuro brilhante e colorido com a doce magia do pó de pirilimpimpim que foi, é, e continuará a conduzir as crianças para o encantado Sitio do Pica-Pau Amarelo, onde tudo é possível através da magia.

José Bento Monteiro Lobato nasceu no dia 18 de Abril de 1882 em Taubaté, estado de São Paulo, seu pai foi o Senhor José Bento Marcondes Lobato e sua mãe dona Olímpia Augusta. Lobato desde criança demonstrava ter personalidade forte, garra e determinação. Teve duas irmãs Ester e Judite. Em 1900, aos 18 anos de idade ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo por insistência de seu avô, mas o seu desejo era estudar na Escola de Belas-Artes. Em 1908, casou-se com Maria Pureza Natividade carinhosamente chamada de Purezinha. Desta relação nasceram quatro filhos Edgar, Guilherme, Marta e Rute.

Lobato trabalhou como escritor de artigos para o jornal “O Estado de São Paulo”, Em 1927 muda-se para a cidade de Nova Iorque, onde foi nomeado “Adido Comercial Brasileiro.” No ano de 1931 volta para o Brasil falido e resolve fundar a Companhia de Petróleo do Brasil, mas no ano de 1936, Lobato publica um artigo chamado “O escândalo do Petróleo” e em 1941 foi preso por expressar seu pensamento com muita veemência.

Monteiro Lobato teve uma vida de altos e baixos e no ano de 1948 no dia 4 de julho aos 66 anos de idade deixa seu nome registrado na história e parte de mãos dadas com sua fada madrinha onde o destino final é a eternidade.  Deixando para o seu legado infantil a certeza de um mundo cheio de encantos onde a fonte do saber e do viver a fantasia se reflete na alma, no coração e no espírito aventureiro, pronto para se decolar através do imaginário rumo ao futuro de leitores amantes do conhecimento e desbravadores do desconhecido.

 

Conclusão

 

O conto de fada agregado à literatura infantil estimula e aguça na criança o gosto pela leitura que introduzido na fase inicial de sua alfabetização contribui para o desenvolvimento cognitivo, pessoal e social e a escola é apontada como espaço essencial na fundamentação concreta e fluente por propiciar à criança a facilidade coerente e voluntária no formar do conhecimento com o objetivo de introduzir uma nova ótica da realidade em paralelo com a fantasia com o intuito de ajudar a criança a exercitar o estímulo da mente e da consciência do seu eu em relação ao outro, ou seja, a literatura infantil além de auxiliar no desenvolvimento cognitivo da criança, também atribui recursos e habilidades que interferem como agentes facilitadores no processo de aprendizagem.

Estas habilidades podem ser percebidas com o enriquecimento do vocabulário, na interpretação e compreensão gotejada por um vasto repertório lingüístico, em que a criança passa a perceber e refletir com mais rapidez e criticidade. Todo este conjunto trabalha a criatividade e o desejo da criança de querer conhecer sempre mais sobre o mundo e sua existência através de novas leituras e releituras que permite a este pequeno leitor a agir com mais desenvoltura mediante a facilidade que o conto de fada proporciona no percorrer do processo de ensino-aprendizagem como fator relevante não só da aprendizagem da língua, mas de um contexto amplo e generalizado. E neste procedimento a criança passa a interpretar e repassar sua ótica de compreensão em que a fonte do conhecimento se amplia com uma nova linhagem considerando seu conteúdo e sua forma de transmitir o contar e recontar a história no decorrer do milênio.

Contudo, na atualidade tecnológica e moderna em que o homem é considerado como ser em constante evolução, continua com a mesma carência de acreditar em forças sobrenaturais para poder explicar o que acontece no íntimo de seu imaginário, portanto os contos de fadas refletem esta busca por serem apontados como seres ocultos que correspondem de forma sugestiva aos questionamentos mais secretos da ordem humana.

O objetivo central é fazer com que a criança de hoje, possa repassar para a criança de amanhã o prazer indescritível do mundo encantado e imaginário que com sua magia consegue ultrapassar o tempo, a história, a sociedade e a cultura, unindo crianças e adultos com seu encantamento através da leitura e da expressão involuntária da imaginação e fantasia que com seu encanto sobrenatural consegue seduzir gerações.

Portanto, o conto de fadas não deve ser esquecido e nem considerado arcaico, mas, renascer sobre uma nova perspectiva e interpretação visionária conforme a realidade, a cultura, o folclore e a sociedade de um povo. Uma criança direcionada à leitura e informações de contos literários, com suas fábulas de príncipes e princesas, consegue superar os traumas que a intimida perante a vida e da mesma forma consegue desafiar os perigos e as ameaças que permeiam o seu espaço, podendo assim, alcançar paulatinamente a confiança e segurança que causará reflexo em sua peregrinação na busca do que encanta e sempre encantará com seu o poder sobrenatural na solução de conflitos entre o bem o mal, desencadeando por intermédio do entretenimento a interdependência do ser com a realidade e o mundo da fantasia no processo do conhecimento e formação do leitor /ouvinte.

O ato de ensinar e aprender não se traduz comumente no fato de ler e escrever, mas o de aprender uma nova forma de linguagem, uma forma de interação, uma atividade, um trabalho simbólico mediante a interferência dos contos de fadas tendo como ponto de partida a alfabetização. Fator relevante que acompanhará o indivíduo em todo processo escolar infantil, juvenil e adulto, ou seja,  prossegue por toda a vida.

 

REFERÊNCIAS

 

COELHO, Nelly Novais. Literatura infantil: Teoria, análise, didática. 1ª Ed. São Paulo, Moderna, 2000.

 

GURGEL, Thaís. Tem um monstro no meio da história. São Paulo, Abril: Revista Nova Escola. Ano. XXIV, N°. 224, p. 79, Agosto. 2009.

 

KRAMER, Sônia; ABRAMOVAY, MIRIAM. “O rei está nu”: um debate sobre as funções da pré-escola. In: cadernos CEDES 09: educação pré-escolar, desafios e alternativas. São Paulo, Cortez, 1987.

 

ZILBERMAN, Regina. A leitura e o ensino da literatura: Contexto. São Paulo, Global, 1998.

 

ZILBERMAN, Regina.  A literatura infantil na escola. 11ª Ed. Rev. Atual e ampl.São Paulo, Global, 2003.

 

http://homolog.novaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/maravilhoso-mundo-contos-fadas-423384.shtml

 

htpp://pt.shovoong.com/books/biography/1809738-quem-foi-monteiro-lobato/

 

htpp://www.cuatrogatos.org/7monteirolobato.html 

 

 



[1] Licenciado em Pedagogia. Atua na Área da Educação.

[2] Licenciado em Pedagogia. Atua na Área da Educação.

[3] Atua na Área da Educação.