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O LÚDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Gabriela Fernanda de Oliveira

Suelen Ferreira da Silva Borsatto

Suelma Mouzinho Felix

Suelane Nunes Mouzinho

 

RESUMO

O presente trabalho “O lúdico no ensino da matemática na educação infantil” objetiva fazer uma análise sobre a importância de se trabalhar atividades lúdicas no processo de ensino da matemática. Para tanto, valeu-se de estudos de importantes teóricos teóricos como: Piaget e Vygotsky. Como a educação infantil mostra-se como o início da escolarização, sendo a primeira etapa da vida escolar da criança. Deste modo, pode ser considerada como um período   fundamental para o adequado desenvolvimento emocional e cognitivo do ser. Já com relação à escola, faz-se importante que seja capaz de proporcionar um ambiente atrativo, bem como oferecer práticas pedagógicas capazes de  despertar o interesse do aluno. Deste modo, o uso de jogos como ferramenta de ensino vem sendo apontada como um importante recurso, sobretudo nas séries iniciais, visando uma aprendizagem significativa e prazerosa. Este trabalho apresentou especificamente o jogo de boliche, já que as atividades com este  jogo são capazes de desenvolver atitude, confiança, planejamento, concentração e autocontrole, habilidades essenciais para o bom aprendizado.

Palavras-chave: Lúdico. Matemática. Educação Infantil. Jogo.

 

INTRODUÇÃO

 

Não há dúvidas em que a criança aprende brincando, e não há maneira melhor em ensinar a matemática com jogos e brincadeiras, facilitando assim sua aprendizagem.

O ensino de matemática desde cedo, é de grande importância para as crianças, desde as operações, contagens, grandezas e medidas ao espaço e a forma. Pois é, a partir do ensino de geometria e a matemática que a criança constrói um modo particular de conceber o espaço por meio das suas percepções, das soluções que encontram par os problemas e o contato com a realidade.

 

O jogo é essencial na vida da criança, pois a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança sendo por isso, indispensável à prática educativa. Segundo ele, os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar as energias das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. (Piaget, 1998)

 

...uma das características que define o jogo é o fato de que nele, uma situação imaginária é criada pela criança, ou seja, o principal atributo do jogo é criar uma relação entre o pensamento imaginário e situações reais ... no começo da atividade lúdica, a percepção infantil é dominada pelo objeto real, que determina seu comportamento; assim, o bebê não consegue separar o campo do significado do campo perceptual. Mais tarde, o significado predomina no jogo, as ações no brinquedo serão subordinadas ao significado que a criança atribui aos objetos. (Vygotsky, 1994)

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica em que as crianças de zero a cinco anos de idade são atendidas em creches e pré- escolas. Esse nível de ensino tem como princípios norteadores conceber a criança como cidadã, sujeito de direitos, ativa no seu processo de construção de conhecimentos.

O mundo em que a criança vive é repleto de fenômenos naturais e sociais que se entrelaçam e provocam grande curiosidade, assim , observando, indagando e questionando acontecimentos de sua vida a criança constrói conhecimento sobre o mundo que a cerca, e o conhecimento matemático é a parte integrante neste universo no qual ela esta imersa.

Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI):

 

As crianças participam de uma série de situações envolvendo números, relações entre quantidades, noções sobre espaço. Utilizando recursos próprios e pouco convencionais, elas recorrem à contagem e operações para resolver problemas cotidianos, como conferir figurinhas, marcar e controlar os pontos de um jogo, repartir as balas entre os amigos, mostrar com os dedos a idade, manipular o dinheiro e operar com ele etc. Também observam e atuam no espaço ao seu redor e, aos poucos, vão organizando seus deslocamentos, descobrindo caminhos, estabelecendo sistemas de referência, identificando posições e comparando distâncias. Essa vivência inicial favorece a elaboração de conhecimentos matemáticos. (BRASIL 1998, p. 207)

 

No que diz respeito à Matemática, o Referencial Curricular Nacional para Educação infantil (BRASIL, 1998) destaca três blocos de conteúdos a serem trabalhados na Educação Infantil:

  • Números e sistema de numeração: Este bloco envolve contagem, notação e escrita numérica e as operações matemática.

 

Contar é uma estratégia fundamental para estabelecer o valor cardinal de conjuntos de objetos. Isso fica evidenciado quando se busca a propriedade numérica dos conjuntos ou coleções em resposta à pergunta “quantos?” (cinco, seis, dez etc.). É aplicada também quando se busca a propriedade numérica dos objetos, respondendo à pergunta “qual?”. Nesse caso está também em questão o valor ordinal de um número (quinto, sexto, décimo etc.). Na contagem propriamente dita, ou seja, ao contar objetos as crianças aprendem a distinguir o que já contaram do que ainda não contaram e a não contar duas (ou mais) vezes o mesmo objeto; descobrem que tampouco devem repetir as palavras numéricas já ditas e que, se mudarem sua ordem, obterão resultados finais diferentes daqueles de seus companheiros; percebem que não importa a ordem que estabelecem para contar os objetos, pois obterão sempre o mesmo resultado. Podem-se propor problemas relativos à contagem de diversas formas. É desafiante, por exemplo, quando 61 as crianças contam agrupando os números de dois em dois, de cinco em cinco, de dez em dez, etc. (BRASIL, 1998, p. 220)

 

  • Grandezas e medidas::

 

As medidas estão presentes em grande parte das atividades cotidianas e as crianças, desde muito cedo, têm contato com certos aspectos das medidas. O fato de que as coisas têm tamanhos, pesos, volumes, temperaturas diferentes e que tais diferenças frequentemente são assinaladas pelos outros (está longe, está perto, é mais baixo, é mais alto, mais velho, mais novo, pesa meio quilo, mede dois metros, a velocidade é de oitenta quilômetros por hora etc.) permite que as crianças informalmente estabeleçam esse contato, fazendo comparações de tamanhos, estabelecendo relações, construindo algumas representações nesse campo, atribuindo significado e fazendo uso das expressões que costumam ouvir. Esses conhecimentos e experiências adquiridos no âmbito da convivência social favorecem a proposição de situações que despertem a curiosidade e interesse das crianças para continuar conhecendo sobre as medidas (BRASIL, 1998, p. 225)

 

Espaço e forma:

 

As primeiras considerações que o homem faz da geometria parecem ter sua origem em simples observações provenientes da capacidade humana de reconhecer configurações físicas, comparar formas e tamanhos. Inúmeras circunstâncias de vida devem ter levado o homem às primeiras elaborações geométricas como, por exemplo, a noção de distância, a necessidade de delimitar a terra, a construção de muros e moradias e outras. Podemos afirmar que na origem de problemas geométricos concretos com os quais o homem se envolve desde suas atividades práticas, está a necessidade de controlar as variações de dimensões com as quais se defronta ao delimitar seu espaço físico para morar e produzir (MOURA, 1995, p. 54)

 

Com essas discussões, percebemos que o ensino de matemática, na perspectiva apontada pelo documento oficial apresentado, é fundamental para o desenvolvimento da criança e vai de encontro ao que ocorre, muitas vezes, nas escolas da Educação Infantil em que as atividades propostas pelos professores são de repetição e que não permitem que as crianças aprendam os conceitos matemáticos com significado.

Entende-se que os primeiros anos de vida são decisivos na formação da criança, sendo um período em que ela constrói a própria identidade, na infância pode se comprovar a influência das atividades lúdicas. Na escola o ambiente onde isso ocorre devera ser aconchegando, desafiador, rico em oportunidades e experiências.

Nisso é necessário citar que a palavra jogo se refere ao “brincar”. A palavra jogo se originou do vocabulário latino “ludus”, que significa brincadeira diversão. A brincadeira como forma de educação desempenha um mecanismo para o desenvolvimento.

No decorrer do tempo, os jogos tiveram suas concepções modificadas de acordo com cada época, por meio de enfoques, discussões, estudos realizados por vários autores e educadores. O brincar favorece a formação, o pensamento critico da realidade, a movimentação (correr, andar, subir, falar, descer) e a interação com seu meio possibilitando a exploração do ambiente, aquisição de independência, tornando o aluno um ser mais sociável.

Os jogos e as brincadeiras fazem parte do dia a dia da criança, porque ela vive em um mundo de ilusões, sonhos, fantasias em que a realidade e o faz de conta se misturam. É comum observarmos a fala de alguns educadores destacado a que ao brincar a criança precisa de espaço para se movimentar, expressar, fantasiar, libertar, buscar novos conhecimentos para construir sua autonomia.

A brincadeira pode trazer bons resultados para a criança, pois assim ela vai estar relacionada com o jogo e o faz de conta, que são momentos de extremo interesse para a criança, por proporcionarem prazer além de promover vivencias por meio do imaginário.

Incluir o lúdico no fazer docente do professor de educação infantil é também contribuir com a construção de uma sociedade brincante, que reconhece a ludicidade como um comportamento social da criança. Além de mediar o processo de construção de conhecimentos através do lúdico, o professor também precisa exercer o papel de facilitador dos jogos e das brincadeiras, fazendo com que haja momentos em que ele oriente a brincadeira proposta para seus alunos, momentos em que ele ensine a criança a brincar e também momentos em que deixe a criança escolher as próprias brincadeiras e brinque livremente sem a sua interferência, mas sim, sob sua observação.

 

O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem a todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais e que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (Piaget 1976, p.160)

 

Os jogos foram, por muito tempo, considerados um passatempo sem  objetivos ou funções pedagógicas. Eram apenas uma distração para que as crianças ocupassem seu tempo. 

Kishimoto (2000, p.85) destaca o seguinte:

 

O jogo na educação matemática parece justificar-se ao introduzir uma linguagem matemática que pouco a pouco será incorporada aos conceitos matemáticos formais, ao desenvolver a capacidade de lidar com informações e ao criar significados culturais para os conceitos matemáticos e estudo de novos conteúdos. O jogo proporciona às crianças que utilizem muito mais sua mente na busca de resoluções do que as atividades gráficas como contas e problemas no papel, que são para elas mais “um conjunto misterioso de regras que vêm de fontes externas ao seu pensamento”.

 

Vygotsky acrescenta que:

 

No brinquedo, no entanto, os objetos perdem sua força determinadora. A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir independente daquilo que vê. (VYGOTSKY, 1994, p.127)

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A educação visa cada vez mais um ensino lúdico, em que haja principalmente atividades práticas e que façam sentido ao aluno, vivenciando e conhecendo novas formas de aprendizagem, principalmente em Matemática. A partir desta atividade com o Jogo de Boliche, evidencia-se a importância do jogo na sala de aula.

Principalmente com as crianças, de modo a ser parte integrante, essencial e complementar ao ensino da matemática, enriquecendo e ampliando as atividades rotineiras.

Os jogos harmonizaram o trabalho em grupo, a cooperação entre as crianças, a atenção, lógica, noção do espaço, lateralidade, entre outras tantas habilidades pertinentes à disciplina da Matemática.

O jogo de Boliche é uma atividade lúdica, portanto, envolve desejo, interesse, competição, cooperação, desafios e, este último, é sobretudo o apoio necessário para o envolvimento total das crianças com a atividades matemáticas na sala de aula.

No que se refere à sua realização, o desenvolvimento do jogo é uma atividade que dispende tempo e organização, porém é totalmente possível inseri-la no cronograma escolar.

Assim os professores são responsáveis por oferecer estes momentos lúdicos, direcionados visando o enriquecimento dos saberes dos alunos.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Referencial Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, vol. 1-3

MACHADO, Maria Flavia Dias. A percepção matemática na educação infantil a partir de brincadeiras. Disponível em< http://www.ufjf.br/pedagogia/files/2017/12/Percep%C3%A7%C3%A3o-matematica-na-educa%C3%A7%C3%A3o-infantil-a-partir-de-brincadeiras.pdf> Acesso em :23 set 2018

PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

VYGOTSKY, L S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994.