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A IMPORTÂNCIA DO LAUDO PARA ADPTAÇÃO DO ALUNO NO AMBIENTE ESCOLAR

Amanda Lourenço de Macedo

Franciele Cezar

Leandro de Oliveira dos Santos

 

RESUMO

A alfabetização promove a socialização da criança ao mundo, porém há vários descaminhos nesse período, pois cada criança tem seu próprio tempo para aprender, algumas delas possuem algum transtorno, o qual impede o aprendizado e dificulta o processo de alfabetização. E a problemática é: Quais os métodos de intervenções o professor deve utilizar aluno não alfabetizado, possivelmente com algum transtorno na turma do terceiro ano do ensino fundamental? Como hipótese, tem-se que o professor busca o encaminhamento ao profissional da saúde para que possa oferecer um método adequado ao aluno. Diante disso, a entrevista e observação de práticas foi realizada na turma do 3º ano do ensino fundamental, na escola Municipal professor Benjamin Pádua. Portanto, os objetivos são: analisar a proposta de trabalho dos professores, verificar se o método de trabalho abrange as necessidades do aluno com dificuldade de aprendizado. A justificativa se dá a partir da necessidade orientar os pais a buscarem apoio com profissionais da saúde para que, através do laudo o professor procure apoio para o desenvolvimento do aluno em sala e também em seu cotidiano.

 

ABSTRACT

Literacypromoteschild’ssocializationtotheworld, butthere are severalmisdirections in thisperiod, becauseeachchildhastheirown time tolearn, some ofthemhave some disorder, which impedes learningandhinderstheliteracyprocess. Andtheproblematicis: What methods of interventions should the teacher use non-literate students, possibly with any disorder in the 3rd year of Elementary School? As a hypothesis, it isnecessarythattheteacherseeksreferraltothehealth professional sothathecanofferanappropriatemethodtothestudent. Therefore, the interview andobservationofpracticeswascarried out in the 3rd yearofElementarySchool, atthe Municipal School Professor Benjamin Pádua. Therefore, theobjectives are: analyzetheteachers' workproposal, checkiftheworkmethod covers theneedsofthestudentwithlearningdifficulties. The justificationisgivenfromtheneedtocounselparentstoseeksupporttohealthprofessionalssothat,throughthereport, theteacherseekssupport for thestudent'sdevelopment in theclassroomandalso in hisdailylife.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Para Correia, 2008, p. 46 (apud) as dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação, a recebe, a integra, a retém e a exprime, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações. As dificuldades de aprendizagem específicas podem, assim, manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo défices que implicam problemas de memória, preceptivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente. Diante disso vem as inúmeras dificuldades do âmbito escolar, onde há crianças que apendem com mais facilidades e outras não, o aluno da pesquisa em questão é uma criança que está cursando o terceiro ano do ensino fundamental pela segunda vez pois o mesmo foi retido por apresentar dificuldade e não ser alfabetizado.

            Segundo Paulo Freire (1989) a importância do ato de ler vem desde infância. Ele relata que ao escrever o livro, foi lembrando-se de cada rico detalhe daquele momento.

Nesse sentido, esse trabalho tem como tema a importância do laudo na alfabetização.

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

            A partir da Constituição Federal (1988), os direitos e deveres de todo e qualquer cidadão foram assegurados. Assim temos leis específicas em cada setor, para a efetivação desses direitos e deveres. Com isso podemos afirmar que a Constituição seria o primeiro caminho para buscar a efetivação dos direitos e deveres, principalmente para atendimento médico do sujeito que necessite. No caso, esse sujeito pode ser uma criança ou adolescente matriculados na escola, ela tem todo o seu direito garantido e assegurado por lei, para que possa ter um atendimento médico incluindo se necessário, exames, laudos ou diagnósticos.

Muitas vezes, é a partir do momento em que a criança passa a frequentar Instituições de Educação que são detectados problemas na aprendizagem. Há momentos em que isso ocorre na Educação Infantil e outros apenas no Ensino Fundamental.  É papel do professor (a) conversar e orientar os pais quando percebe dificuldades no desenvolvimento das atividades escolares, alterações no comportamento da criança e, então, é dever da família buscar atendimento na área da saúde. Porém, é importante salientar que ao (à) professor (a) não cabe a tarefa de diagnosticar, definir ou nominar o problema que o(a) aluno(a) possui. Coll (1996) afirma que:

 

A Psicologia e a educação respondem a certeza que a aplicação coerente dos princípios psicológicos pode ser altamente benéfica para a educação e aprendizagem de uma criança. A segunda é a existência de um desacordo importante entre os mesmos especialistas sobre quase todo o restante: em que consiste esta aplicação, que conteúdos inclui, como integrar suas contribuições em uma explicação global e não deducional dos processos educativos, que relações mantém com as outras partes da psicologia cientifica, o qual é o perfil do psicólogo da educação. (COLL, 1996, P.07)

 

             As dificuldades de aprendizagem diferem-se de distúrbios de aprendizagem, que muitas das vezes uma criança apresenta deficiência em seus processos perceptivos, de integração ou expressão, desta forma os distúrbios de aprendizagem indicam algum tipo de disfunção no sistema nervoso central que dificulta um bom rendimento escolar, essas dificuldades são divididas em dois tipos as quais são; dificuldades escolares (DE), relacionadas a problemas de origem pedagógica, e distúrbios de aprendizagem (DA) relacionadas a um distúrbio no Sistema Nervoso, o qual é caracterizado por uma falha no processo no desenvolvimento das habilidades escolares. Para Kirk (1968): 

 

“As crianças com dificuldades de aprendizagem possuem uma desordem em um ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou uso da linguagem falada ou escrita. Essas dificuldades podem manifestar-se por desordens na recepção da linguagem, no pensamento na fala, na leitura, na escrita, na soletração ou na aritmética. Tais dificuldades incluem condições que têm sido referidas como deficiências perceptivas, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia, afasia de desenvolvimento, etc., elas não incluem problemas de aprendizagem resultantes principalmente de deficiência visual, auditiva ou motora, de deficiência mental, de perturbação emocional ou desvantagem ambiental”

(Kirk,1968 p.34)

 

            Diferente de crianças com deficiência visual, e entre outras, aonde são identificadas na barriga da mãe ou até mesmo no parto, as dificuldades de aprendizado vêm somente no período escolar, o qual é aquela criança que apresenta um certo retardo em seu desenvolvimento escolar. Uma avaliação neuropsicológica é recomendada nesses casos de dificuldades de aprendizado, para que seja visto se há uma dificuldade cognitiva ou de comportamento de origem neurológica, podendo assim obter um auxílio para lhe dar com essas dificuldades no desenvolvimento infantil. A avaliação contribui no processo de ensino-aprendizagem, pois possibilita estabelecer relações entre as funções corticais superiores, como linguagem, atenção, memória, conceitos, leitura, escrita e entre outros. Após essa avaliação Neurológica temos em mãos o laudo médico que é o documento necessário que assegura atendimento especializado para a criança que apresenta alguma deficiência ou algum transtorno, o qual explica em termos médicos o que a criança apresenta como a consequência do não aprender ou dificuldades enfrentadas no ambiente escolar. É muito importante que a criança tenha um diagnóstico precoce para que possa ser feito uma intervenção adequada conforme suas necessidades.

 

            3 METODOLOGIA

           

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista com a professora do 3º ano D da escola municipal Professor Benjamin de Pádua, foi possível observar durante o estágio e pesquisa um aluno em comum, o qual ainda não estava alfabetizado, o mesmo foi retido no terceiro ano, onde a professora do ano anterior alegou que o aluno não estaria apto e capaz de frequentar a turma do 4º ano do ensino fundamental.

            Como método de procedimento foi aplicado de forma monográfica, pois ele tem base concentrar-se em apenas um aspecto, o qual foi a pesquisa e observação ao aluno não alfabetizado no 3º ano do fundamental, pois o mesmo apresenta aspectos de criança que precisa urgente de uma avaliação médica para que se possa utilizar um meio de intervenção adequada a ele.

            O estudo teve como técnica de pesquisa de campo em forma de estágio. Com base em Lakatos e Marconi (2005, p183):

 

Pesquisa de campo é aquela utilizada como objetivo de conseguir informações ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar ou ainda descobrir novos fenômenos ou relações entre eles. (Lakatos e Marconi 2005, p183)

 

A pesquisa tem como objetivo, colher informações, ou conhecimentos de um determinado problema.  A delimitação do universo da amostragem se dá a partir da professora que atua no 3ª ano D do Ensino Fundamental I, na escola municipal Professor Benjamim de Pádua, em Alta Floresta, no norte do estado de Mato Grosso. A pesquisa foi realizada em novembro de 2019, no turno vespertino., turma na qual o aluno estuda.

            Diante do exposto, o tratamento dos dados coletados acontecerá com base nos autores estudados, e também através de entrevista por meio da professora, e observação da rotina escolar do aluno, que contribuirão para a análise científica.

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Para esclarecer algumas informações citadas sobre a importância do laudo no período da alfabetização, foi realizado uma pesquisa:

            A professora Tatiane, é graduada em Pedagogia e tem pós-graduação em psicopedagogia, atua na turma do 3º ano do ensino fundamental. No primeiro momento a professora foi questionada sobre qual o perfil do aluno em questão. Ela relata que o aluno se mostra sem interesse nas atividades proporcionadas por ela, e que o mesmo pelo fato de não estar alfabetizado ainda, faz atividades diferenciadas dos alunos da turma, e mesmo assim o aluno apresenta muitas dificuldades, e que no começo do ano letivo (2019), ele não queria ficar em sala e sim o tempo todo no parquinho da escola, e com o decorrer do ano ela conseguiu com que ele ficasse em sala. A professora alega também que a professora do ano anterior alertou a mãe do aluno para que o levasse para atendimento médico e a mesma mostrou-se resistente e não levou, mediante a esse fato a professora decidiu junto com a coordenação reter o aluno para que ele fizesse o terceiro ano novamente, pois ele não estava apto a frequentar o quarto ano.

            Segundo Magda Soares (2006) na educação há vários descaminhos que intervêm no desempenho escolar do aluno, um deles é a ausência do laudo em casos como o do aluno em questão. Como base nessa teoria, a professora responde qual método ela utilizou com o aluno, e como resposta ela diz que; no primeiro semestre deste ano ela sofreu muito com aluno, pois como já foi dito acima, ele não parava em sala e não

 realizava suas atividades, em relato ela disse que imprimia apostilas de alfabetização, tentava jogos e etc., e todos esses métodos falhavam com ele pois ele não tinha atenção alguma, era muito agitado e não compreendia nada o que a professora falava.

            Magda Soares (2006) esclarece algumas dúvidas sobre alfabetização, que a metodologia deve ser trabalhada de modo simples usando um contexto social, e que o apoio da família faz toda a diferença nesse processo, voltada para a realidade do aluno, ao ser questionada se tentou contato com a família do aluno para procurar ajuda médica, a professora responde que ‘Sim “! E foram várias vezes, porém a mãe mostrava-se resistente mediante ao fato, alegando que a criança não precisava, depois de várias tentativas e conversas juntamente com a professora e a coordenação, a mãe decidiu levar o aluno para um neurologista, e após a ida, veio o laudo que o aluno possui TOD (Transtorno Opositivo Desafiador), Hipercinética, Dislexia e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade).

            Segundo Paulo Freire (1989) a leitura e escrita são essenciais na vida da criança. E uma das perguntas do questionário é, se houve melhorias no aluno após o laudo médico; a professora disse que sim! Que o aluno melhorou muito, pois ele começou a tomar medicamento, obteve uma maior concentração, está realizando suas atividades, recentemente começou a fazer leitura, ele ainda lê silabando, mas já foi um grande avanço para quem não sabia, e enquanto a escrita ele ainda apresenta dificuldades, pois ele está silábico alfabético.

Ao ser questionada se ela se sentia satisfeita com o aluno, a professora respondeu que sim! Sem sombras de dúvidas, pois chegou na minha sala totalmente diferente do que ele é hoje, não parava na sala, não realizava atividades, não tinha concentração, e hoje ele está ótimo. Seria muito bom se todos os pais com os filhos que tem dificuldades de aprendizado, buscassem ajuda médica, ajudaria muito com o desenvolvimento da criança, creio que se a família dele tivesse procurado ajuda no ano anterior talvez ele não precisasse ter ficado retido.

 

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

           

Durante toda a pesquisa também foi realizado um estágio, onde eu pude verificar o aluno em questão, quando comecei a observar, pude acompanhar várias mudanças em seu comportamento, no primeiro dia o aluno ainda não possuía laudo, então pude notar o tamanho da dificuldade que a professora enfrentava com ele em sala, o mesmo não realizava nenhum tipo de atividade, nem mesmo atividade de pintura, após o aluno receber o laudo e começar a tomar o medicamento, ele desenvolveu-se muito rápido, o mesmo faz leitura de textos pequenos, a professora entrega a ele atividades sempre impressas pois ele ainda apresenta muita dificuldade em copiar do quadro, quando é trabalhado leitura e interpretação é levado textos menores, na produção de texto ele vai construindo frases, para escrever o que se passa nas imagens, todos os dias é realizado ditado com ele, com o objetivo de observar o seu desenvolvimento na escrita.

 Os resultados obtidos no desenvolvimento deste trabalho foram satisfatórios. Ao diagnosticar a importância do laudo no processo ensino aprendizagem, e seus reflexos diante da necessidade de socialização do referido aluno a sua turma, percebemos claramente que o aluno observado melhorou consideravelmente seu desenvolvimento cognitivo e as relações interpessoais. Desta forma entendemos que o laudo é fundamental para que o docente responsável pela turma saiba como agir frente as necessidades do aluno, e principalmente que o discente se sinta inserido dentro do processo.

 

REFERÊNCIAS

 

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam –. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.

 

Lakatos, E. M; MARCONI, M. a. Fundamentos de metodologia científica. 7. Ed. – São Paulo: Atlas, 2005. 

 

SOARES, Magda .Letramento e alfabetização: as muitas facetas.-Poços de Caldas: Autêntica, 2006.

SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. 2.Ed. – Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

COLL, César. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Porto Alegre: Artmed, 1996

 

CORREIA, L. M. (2008). Dificuldades de Aprendizagem Específicas – Contributos para uma definição portuguesa. Coleção Impacto Educacional. Porto: Porto Editora.

 

KIRK, (1968). AS DIFICULDADES DE APRENDIZADO ESPECÍFICAS.Rio de Janeiro: Wak.