CONCEPÇÕES TEÓRICAS ACERCA DOS PROCESSOS
DE ALFABETIZAÇÃO
Patrícia Ribeiro Polga¹
Jessica Caroline Laurindo²
Ednalva Santina Ricardo³
Maria Ângela Alves
Jennifer Barbosa Morais
RESUMO
Este estudo teve como finalidade a compreensão da concepção do processo de alfabetização, buscando estabelecer relação com as concepções teóricas dos principais educadores acerca da alfabetização. Estabeleceu-se como objetivos a compreensão histórica da escrita, a historicidade das cartilhas de alfabetização, a análise dos métodos de alfabetização contemplados por esses teóricos. Justifica-se este estudo por ser a alfabetização um tema ainda intrigante e complexo na educação e sendo necessário para o educador refletir sobre a relação teoria e prática, a fim de conduzir melhor sua atuação pedagógica. Buscou-se conhecer a concepção das referidas práticas acerca da alfabetização, além de analisar suas considerações em relação às próprias práticas, visando favorecer o desenvolvimento desses processos. A referida proposta está embasada em uma abordagem qualitativa. Por sua vez tendo como referência uma pesquisa de cunho bibliográfico e descritivo, para fundamentar teoricamente as concepções teóricas acerca dos processos de alfabetização. As análises evidenciaram que, a história dos métodos de aprendizagem da leitura e da escrita, bem como a concepção de alfabetização, constitui elementos de muita polêmica entre os estudiosos do assunto, historicamente, a discussão dos métodos foi, em vários momentos, marcada por posições políticas. O que se pode afirmar é que história da aprendizagem da leitura é marcada pela oposição entre os métodos tidos como inovadores e os tradicionais.
Palavras-chave: Alfabetização. Concepções teóricas. Métodos.
- INTRODUÇÃO
Este estudo teve como finalidade a compreensão das concepções teóricas acerca dos processos de alfabetização, com o intuito de conceituar tais concepções, compreendendo assim o histórico da evolução da escrita no mundo e da alfabetização no Brasil.
A problemática que direcionou a pesquisa foi no sentido de compreender os métodos de alfabetização mediante as concepções teóricas ao longo da História e como esse processo vem sendo desenvolvido.
Como um campo de conhecimento, a alfabetização tem um papel preponderante no desempenho de uma aprendizagem que se carrega para toda vida.
Diante a uma sociedade pautada por mudanças de ordem técnico-científico, o tema da alfabetização vem proporcionar um debate que nunca se encerrou. As concepções teóricas acerca da alfabetização e seus métodos acompanharam os processos históricos e responderam a uma necessidade de cada momento da sociedade estabelecida e atendeu os interesses de uma educação destinada a uma determinada população.
Seria ótimo que os problemas da alfabetização no país pudessem ser resolvidos por um método seguro e eficaz. Mas sabemos que os métodos podem excluir o aluno que não consegue acompanha-lo, pois não interpreta a necessidade do aluno, principalmente dos que apresentam dificuldades de aprendizagem.
Segundo SCOZ (1994),
A cartilha, por exemplo, pode funcionar como um ponto de apoio, um modelo norteador para a apresentação e desenvolvimento do conteúdo, sobretudo para professoras sem experiência em alfabetização. Não se deve, no entanto, representar mais que do que um mero recurso, pois está longe de dar conta dos múltiplos aspectos que envolvem a aquisição da leitura e da escrita (p.88).
Este estudo teve por base uma pesquisa bibliográfica em que se pautou na concepção de alguns teóricos e sua contribuição para a educação, nos métodos de alfabetização que acompanhou gerações. Entender outras formas de pensar o ler e escrever em um momento marcado pela era digital.
Dessa forma, a alfabetização no contexto de um processo decodificador de sílabas ou palavras que requer de todos nós um olhar especial na busca de estratégias de ensino que promovam os alunos, garantindo o seu desenvolvimento e participação na construção do conhecimento. O domínio da codificação e decodificação do alfabeto para aprender a ler e escrever.
Assim, os diversos métodos e linguagens relacionadas não só a alfabetização, mas nas reflexões e práticas relacionadas à comunicação, para que possibilite a criança, ao jovem ou adulto sua interação social com um maior nível de compreensão da leitura e da escrita para além da representação das letras e palavras.
- A ALFABETIZAÇÃO NO CONTEXTO HISTÓRICO
Neste capítulo abordaremos o surgimento do alfabeto e da língua escrita ao longo do tempo na História e sua importância para a sociedade. Realizou-se um resgate histórico processo de alfabetização por meio das cartilhas e seus métodos de alfabetizar. Discutem-se as teorias que abordam a alfabetização e análise de seus métodos.
2.1 A criação do alfabeto e da escrita
Com o passar dos anos, o homem notou a necessidade em comunicar-se e permitir registrar fatos comuns ou grandes acontecimentos de sua vida. Assim, surgiram os primeiros escritos que, na verdade, não se utilizavam de letras, mas sim de desenhos.
Em algum momento, há milhares de anos, alguns símbolos, mais tarde chamados letras revolucionaram a vida do homem. A invenção do alfabeto promoveu a tarefa de escrever, que até então era uma difícil decoreba de centenas de símbolos, e admitiu que o conhecimento se acumulasse e fosse conduzido com mais rapidez e precisão.
O alfabeto que usamos hoje foi herdado de várias culturas a partir da necessidade de registro dos sons das palavras e incidiu por várias alterações.
Já a representação fonética das palavras é conferida aos fenícios, constituindo o modelo primordial utilizado atualmente. O alfabeto fenício arcaico originou todos os alfabetos atuais.
Duas escritas são desenvolvidas mesmo antes do final do quarto milênio a.C.; o cuneiforme mesopotâmico[1] e os hieróglifos egípcios[2].
Pode-se entender por alfabeto um conjunto de sinais da escrita que propaga os sons individuais de uma língua.
FIGURA 01: Alfabeto fenício
Fonte: http://www.invivo.fiocruz.br
Acredita-se que, no final do século V a.C., a cidade de Atenas, grande centro cultural da civilização grega, oficializou a adoção da escrita alfabética, sendo assim, os gregos desenvolveram um sistema de vogais, essa junção das vogais com os signos silábicos, fizeram das sílabas simples signos consonânticos.
O nosso alfabeto latino foi desenvolvido a partir do alfabeto grego, que criou um sistema de escrita com 27 letras.
O alfabeto, em seu todo, deve ser o primeiro conteúdo a ser trabalhado com alunos que estão iniciando sua vida escolar, da mesma forma como os números, pois ambos significam o começo de todo conhecimento, seja de linguagem, seja de matemática.
A escrita surgiu por volta de 4.000 anos antes de Cristo, é considerada um termo de passagem da pré-história para a história e a partir do registro escrito que se recompõe a forma de vida de um povo em uma determinada época.
Com relação à necessidade do surgimento da escrita para o dia a dia da humanidade, Cagliari (1998, p. 14) confirma que:
De acordo com os fatos comprovados historicamente, a escrita surgiu do sistema de contagem feito com marcas em cajados ou ossos, e usados provavelmente para contar o gado, numa época em que o homem já possuía rebanhos e domesticava os animais. Esses registros passaram a ser usados nas trocas e vendas, representando a quantidade de animais ou de produtos negociados. Para isso, além dos números, era preciso inventar os símbolos para os produtos e para os proprietários.
Cagliari (1998, p. 14) menciona que,
Nessa época de escrita primitiva, ser alfabetizado significava saber ler o que aqueles símbolos significavam e ser capaz de escrevê-los, repedindo um modelo mais ou menos padronizado, mesmo porque o que se escrevia era apenas um tipo de documento ou texto.
Com o surgimento das regras de alfabetização Cagliari (1998, p. 14) assegura que: “O longo do processo de invenção da escrita também incluiu a invenção de regras de alfabetização, ou seja, as regras que permitem ao leitor decifrar o que está escrito e saber como o sistema de escrita funciona para usá-lo apropriadamente”.
2.2 Histórico da alfabetização e das cartilhas no Brasil
Importante destacar que somente no final da década de 1920, o termo “alfabetização” começou a ser usado para mencionar ao ensino da leitura e da escrita. (SCHEFFER; FREITAS; ARAÚJO, 2016)
O processo de alfabetização no Brasil iniciou com os jesuítas no início da colonização em 1554, mediante a catequização dos indígenas em que os primeiros alunos foram os curumins (filhos dos índios) e órfãos portugueses. Mais tarde, os filhos dos proprietários das fazendas de gado e dos engenhos de cana-de-açúcar.
No início do século XIX, no Brasil, os manuais usados para ensinar a ler e escrever eram importados de Portugal, pois até o ano de 1808, não era permitida a publicação de livros nacionais.
Boto (2011) aponta importantes questionamentos:
O tema da história da alfabetização tem sido bastante debatido em nosso país na produção acadêmica contemporânea. Sabe-se que esse é um dos mais significativos objetos de estudo no campo da educação. Como pensar o conceito de escola sem considerar a relevância pedagógica e simbólica do aprendizado da leitura e da escrita? Como compreender a educação moderna sem conceber a habilidade da leitura como requisito de um repertório intrínseco à própria constituição da modernidade?
Porém, com a Lei Imperial de 15 de outubro de 1827 que determinava a criação de escolas de primeiras letras no Brasil em todas as cidades, vilas e lugares populosos do Império, que iniciou a leitura destinada às séries iniciais da escolarização, sendo as cartilhas[3] escolares utilizadas nas escolas primárias para a alfabetização. (BOTO, 2011)
No entanto, a lei não mencionava nem o método nem o manual escolar a serem utilizados, mas determinava que o livro de leitura fosse a Constituição Brasileira e os livros de história do Brasil.
Os professores passaram a confeccionavam o seu próprio material para alfabetizar e usavam também cartilhas portuguesas como a “Cartilha Maternal” ou “Arte da Leitura” de autoria do poeta português João de Deus, esse método que era chamado também de método da palavração, baseava-se nos princípios da linguística moderna da época e incidia em começar o ensino da leitura pela palavra, para depois considera-la a partir dos valores fonéticos. (SCHEFFER; FREITAS; ARAÚJO, 2016)
Em 1855, Antônio Feliciano de Castilho veio de Portugal ao Brasil divulgar seu método de alfabetização denominado “Método Castilho” para o ensino rápido e aprazível do ler impresso, manuscrito e numeração e do escrever.
Figura 01 – Cartilha Maternal de João de Deus de 1876
Fonte: http://pedagogiaaopedaletra.com/historia-das-cartilhas-de-alfabetizacao
Scheffer; Freitas; Araújo, (2016) mencionam o método da cartilha de João de Deus como sendo,
O método que se concretizava através desta cartilha era o método alfabético, o qual toma como unidade de análise o nome de cada letra. Nesse método era utilizado o processo de soletração para decifrar a palavra, por exemplo: bola, be-o-bo, ele-a-la= bola.
Em 1892, foi publicado o Primeiro Livro de Leitura do autor Felisberto de Carvalho, no qual era defendida a silabação e se destacou na época por apresentar uma grande quantidade de gravuras.
Figura 02 – Primeiro e Segundo Livro de Leitura de Felisberto de Carvalho de 1892
Fonte: http://ler-e-escrever.blogspot.com.br/
Em relação a essa cartilha, Frade (2011, p. 187) considera que,
[...] os livros para alfabetizar conjugam, em algum momento, aparatos pedagógicos de transmissão da escrita com conhecimentos enciclopédicos, como se pode constatar no Primeiro Livro de Leitura, de Abílio César Borges (1867) e n’O Primeiro livro de leitura, de Felisberto de Carvalho (1892), podemos dizer que fazer história da alfabetização é também fazer história dos livros de leitura.
Em 1948 foi publicada a Cartilha Caminho Suave pela professora Branca Alves de Lima, o sucesso dessa cartilha foi tão grande e marcou gerações, sendo considerada componente da memória da alfabetização e da escolarização primária no Brasil.
Um dos pilares do método idealizado por Branca foi à utilização de ilustrações semelhantes à letra a ser ensinada. A própria autora nomeou o método como “Alfabetização pela Imagem” e o conteúdo da cartilha propunha um processo de alfabetização realizada pela associação entre imagens e palavras-chave, sílabas e letras.
Figura 03 - Cartilha Caminho Suave de Branca Alves de Lima de 1948
Fonte: http://pedagogiaaopedaletra.com/historia-das-cartilhas-de-alfabetizacao
Com relação ao método, Seabra e Dias (2016) explicam que,
A Caminho Suave integra os métodos sintéticos, que vai da parte para o todo, a silabação, em que a principal unidade a ser trabalhada com a criança é a sílaba. As palavras são trabalhadas sistematicamente em famílias silábicas, o método permite que se formem palavras apenas com as silabas apresentadas anteriormente, formando posteriormente pequenos textos e frases.
Seabra e Dias (2016) destacam que “no método silábico acredita-se que ele é um facilitador da aprendizagem, é que quando falamos pronunciamos sílabas e não sons separados, assim suprime a necessidade do aluno transformar letra ou fonemas em silabas”.
2.3 Os métodos de alfabetização
A discussão sobre métodos de alfabetização faz parte do campo educacional desde que a escola se tornou uma escola popular ou escola de massa.
Frade (2007) pontua que,
Na história dos métodos temos dois marcos fundamentais: aqueles métodos que elegem subunidades da língua e que focalizam aspectos relacionados às correspondências fonográficas, ou seja, o eixo da decifração e os métodos que priorizam a compreensão. Ambos têm como conteúdo o ensino da escrita, mas diferem em pelo menos dois aspectos: a) quanto ao procedimento mental, ou ponto de partida do ensino que se daria das partes para o todo nos métodos sintéticos e do todo para as partes nos métodos analíticos; b) quanto ao conteúdo da alfabetização que ensinam.
Importante destacar que somente no final da década de 1920, o termo “alfabetização” começou a ser usado para mencionar ao ensino da leitura e da escrita. (SCHEFFER; FREITAS; ARAÚJO, 2016)
Quanto aos métodos de alfabetização, podem ser divididos em 2 grandes grupos: métodos sintéticos e métodos analíticos.
O método sintético foi utilizado nas primeiras cartilhas brasileiras, é considerado um dos mais rápidos, simples e antigo método de alfabetização, podendo ser aplicado a qualquer tipo de criança. Insiste fundamentalmente numa correspondência entre o oral e o escrito, entre o som e a grafia. (SEABRA e DIAS, 2016).
Dessa forma, Seabra e Dias (2016), pontuam que,
Os Métodos sintéticos consideram das partes para o todo, privilegiam as correspondência fonográficas, para este grupo de método, propõe-se um distanciamento da situação e do uso do significado, para a promoção de estratégias de analises do sistema de escrita, espera-se que criança primeiramente aprenda a codificar e decodificar o código alfabético para depois compreender o texto.
Com referência ao método sintético é divido em três tipos, conforme menciona Seabra e Dias (2016, grifos das autoras),
Método alfabético – que toma como unidade a letra; O método fônico – que toma como unidade o fonema. O Método Silábico -que toma como unidade um segmento fonológico mais facilmente pronunciável, a sílaba. (Aqui devemos ressaltar que o nosso código de escrita é alfabético e sua menor unidade é o fonema e não a sílaba).
O outro método de alfabetização, o analítico em que parte do todo para as partes e procuram romper radicalmente com o princípio da decifração e priorizam a compreensão. São conhecidos como método global, o da sentenciacão e o de palavração. (SEABRA e DIAS, 2016)
Seabra e Dias (2016) explicam a palavração e a sentenciação:
O Método de palavração enfatiza a palavra, neste método a palavra é decomposta em silabas, neste método se difere do método silábico, as palavras são aprendidas globalmente, as palavras são trabalhadas em contexto, não obedece ao princípio do mais fácil para o mais difícil. O importante é que a palavra tenha significado para o aluno. Neste método as crianças aprendem a reconhecer as palavras pelas visualização e pela sua forma gráfica. Defendem a memorização da palavra. São apresentado as crianças figuras com as palavras correspondentes para facilitar a memorização. Presenta como principal desvantagem as dificuldades para reconhecer palavras novas. No Método de sentenciação, a unidade é a sentença, que depois de reconhecida globalmente e compreendida é decomposta em palavras e depois em silabas.
Frade (2005) destaca pontos comuns entre os defensores dos métodos analíticos:
[...] a linguagem funciona como um todo; existe um princípio de sincretismo no pensamento infantil: primeiro percebe-se o todo para depois se observar as partes; os métodos de alfabetização devem priorizar a compreensão; no ato da leitura, o leitor se utiliza de estratégias globais de reconhecimento; o aprendizado da escrita não pode ser feito por fragmentos de palavras, mas por seu significado, que é muito importante para o aprendiz; a escola tem que acompanhar os interesses, a linguagem e o universo infantil e, portanto, as palavras percebidas globalmente também devem ser familiares e ter valor afetivo para a criança.
O método analítico-sintético, ou seja, a mistura do analítico com o sintético, onde o professor ensina o acordo fonológico junto com o processo de ensinar a ler e escrever a partir de história ou orações.
Sobre isto, Carvalho (2008, p. 18) afirma que:
São os chamados métodos analítico-sintéticos, que tentam combinar aspectos de ambas as abordagens teóricas, ou seja, enfatizar a compreensão do texto desde a alfabetização inicial, como é próprio dos métodos analíticos ou globais, e paralelamente identificar os fonemas e explicitar sistematicamente as relações entre letras e sons, como ocorre nos métodos fônicos.
Nesse sentido, Mortatti (2000) afirma que “a partir dos anos de 1980, passa-se a questionar programaticamente a necessidade dos métodos e da cartilha de alfabetização, em decorrência da intensa divulgação, entre nós, dos pensamentos construtivista e interacionista sobre alfabetização”.
É preciso utilizar um método, porém não se pode determinar um como o melhor, ou mesmo único. Na ideia de que o processo de alfabetização não possui um único método verdadeiramente eficaz ou uma receita pronta, Carvalho (2008, p. 17) considera que:
Quem se propõe a alfabetizar baseado ou não no construtivismo, deve ter um conhecimento básico sobre os princípios teórico-metodológico da alfabetização, para não ter que inventar a roda. Já não se espera que um método milagroso seja plenamente eficaz para todos. Tal receita não existe.
Portanto, termina as fases da alfabetização no Brasil com a utilização das cartilhas e entra no cenário os livros didáticos e novas concepções com mudanças que ocorreram no método e metodologias de alfabetização ao longo dos anos. Novos teóricos, novas bases curriculares e a procura de um novo caminho continua a ser seguido no processo de alfabetização.
- METODOLOGIA
Realizamos a presente pesquisa pautada na pesquisa social em que Gil (2008, p. 26) considera como o “processo que, utilizando a metodologia científica, permite a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social. Realidade social envolvendo todos os aspectos relativos ao homem em seus múltiplos relacionamentos com outros homens e instituições sociais”.
Com relação à abordagem da pesquisa, ela é de caráter qualitativo ao considerar uma realidade que não pode ser quantificada. A pesquisa qualitativa não se preocupa com a representação de números, e, sim, com a compreensão a fundo de um grupo social, de um preparo, entre outros.
Nesta pesquisa, caracterizou-se do tipo exploratória, em que nosso estudo acerca dos teóricos e métodos de alfabetização envolveu um significativo levantamento bibliográfico.
- RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa bibliográfica proporcionou um profícuo conhecimento histórico da alfabetização no Brasil, o que tornou possível fazer a análise e as discussões pautadas nos métodos e as teorias de alfabetização a partir de 1990, contextualizada em outro momento histórico. E por fim o debate dos teóricos sobre esse processo de alfabetizar.
- CONCLUSÃO
Este estudo teve por objetivo analisar as concepções teóricas acerca dos processos de alfabetização, relacionando a teoria com a prática pedagógica para a ascensão do desenvolvimento da construção social do mundo da pessoa alfabetizada.
Partindo da pesquisa bibliográfica sobre a alfabetização na visão dos teóricos acerca dos métodos de alfabetização, observamos com o estudo que a partir dos anos de 1990, que nesse contexto chegaram ao país novas abordagens no processo de alfabetização, e com um discurso de grande aversão aos métodos tradicionais de alfabetizar baseado na utilização das antigas cartilhas, como o método sintético e o método analítico.
Dessa forma, com a pesquisa foi possível constatar que a bibliografia sobre a alfabetização é ampla e complexa no âmbito educacional, porém um tema que não se esgotou na discussão e na teoria.
Assim, com a pesquisa, na medida em que se discutiu sobre a alfabetização foi possível observar que apesar de existirem divergências entre os teóricos sobre quanto ao método e metodologias não há receitas milagrosas para alfabetizar, no entanto, com o debate teórico percebeu-se a preocupação que a alfabetização deve ter qualidade e atender as necessidades dos alunos em seus limites e possibilidade.
Portanto, o longo caminho da alfabetização é um desafio que para escrever é preciso compreender e para compreender é preciso interpretar, enfim, colocar a memória no papel, a linguagem no pensamento e a alma na aprendizagem e se encontrar nos rabiscos, nas letras e na fala para a formação do cidadão alfabetizado e letrado no mundo em que se insere.
- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTO, Carlota. Introdução. In: MORTATTI, Maria do Rosário Longo (Org.). Alfabetização no Brasil: uma história de sua história. São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2011.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o Bá - Bé – Bi – Bó – Bu: Pensamento e Ação no Magistério. São Paulo: Scipione, 1998.
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e Letrar: mm diálogo entre a Teoria e a Prática. 5. ed. Rio de Janeiro Vozes, 2008.
FRADE, Isabel Cristina A. S. Métodos e didáticas de alfabetização: história, características e modos de fazer de professores: Caderno do Formador. Belo
Horizonte: Ceale/FAE/UFMG, 2005.
FRADE, Isabel Cristina A. S. Métodos e didáticas de alfabetização: história, características e modos de fazer de professores: Caderno do Formador. Belo
Horizonte: Ceale/FAE/UFMG, 2007.
FRADE, Isabel Cristina Alves da. História da alfabetização e da cultura escrita: discutindo uma trajetória de pesquisa. In: MORTATTI, Maria do Rosário Longo (Org.). Alfabetização no Brasil: uma história de sua história. São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2011.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Cartilha de alfabetização e cultura escolar:
Um pacto secular. Cadernos Cedes. Campinas. Ano XX, n. 52, nov., 2000.
SEABRA, Alessandra Gotuzo; DIAS, Natália Martins. Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz. Revista Psicopedagogia. São Paulo: v. 28, n. 87, 2011. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo>. Acessos em: 03 out. 2016.
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
[1] De acordo com Sirugi (20160, a “escrita cuneiforme foi criada pelos sumérios, e sua definição pode ser dada como uma escrita que é produzida com o auxílio de objetos em formato de cunha. A escrita cuneiforme é uma das mais antigas do mundo, apareceu mais ou menos na mesma época dos hieróglifos, foi criada por volta de 3.500 a.C. No começo a escrita era meio enigmática, mas com o passar do tempo foram se tornando mais simples”.
[2]Conforme Pacievitch (2016), “hieróglifos é o conjunto de sinais pictográficos criados pela civilização egípcia, que compõem um dos primeiros sistemas de escrita da humanidade. A escrita hieroglífica é considerada o segundo sistema de escrita da história. A palavra hieróglifo tem origem grega, junção das palavras glyphein (escrever) e hieros (sagrado), pois os gregos achavam, equivocadamente, que a escrita tinha cunho religioso. Pelos egípcios, a escrita era chamada de medju-netjer (palavras dos deuses). Desde os simples desenhos coloridos feitos em pedras que retratavam a natureza (seres vivos e objetos), até os desenhos revestidos em ouro que retratavam a vida dos faraós”.
[3] A palavra cartilha, que vem de cartinha, remonta, por seu turno, às situações mais corriqueiras e frequentes: até o século XIX, boa parte (muitas vezes a maioria) dos textos escritos que as crianças traziam de casa para utilizá-los na escola como materiais de ensino de leitura eram manuscritos: dentre esses, as cartas, certidões, relatos de viagens. Muitos dos meninos e meninas que, em Portugal, aprenderam a ler, inicialmente o fizeram mediante a leituras de cartinhas. (BOTO, 2016)