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PROJETO DE INTERVENÇÃO “LER PARA APRENDER”

 

Rosangela Jizuato de Paulo ¹

Sandra Cristina do Nascimento Souza²

Escola Estadual Coronel Antônio Paes de Barros

Turmas/alunos envolvidos: 8º ano b/ 8 alunos

Disciplinas envolvidas: Língua Portuguesa

 

 

RESUMO:

Este relatório contém uma descrição das atividades de Intervenção realizadas na Escola Estadual Coronel Antônio Paes de Barros na turma do 8º ano b, com 20 alunos sendo que a intervenção aconteceu com 8 alunos com dificuldades em leitura e interpretação textual, propor e realizar diversas atividades que pudessem atrair a concentração dos estudantes, para que pudessem aprender e desenvolver de acordo com seu ritmo. Este projeto apresenta algumas das observações feitas no decorrer das aulas de intervenção as quais poderão contribuir com os docentes que se preocupam com as dificuldades de seus alunos e percebem a leitura não como uma simples decifração das letras, e sim como uma forma de oportunizar aos alunos o conhecimento, tornando-se cidadãos críticos e comprometidos com a realidade social. O objetivo geral compreende analisar questões pertinentes ao ensino-aprendizagem de língua materna, propondo estratégias que visem sanar as dificuldades relacionadas à escrita. Através dessa ação buscou-se amenizar as dificuldades na aprendizagem e a metodologia apresentada foi na forma de Sequência Didática (SD) voltada ao exercício da leitura e da escrita, a partir de contos de diversos autores da Literatura Infantil, Charges, histórias em quadrinhos(HQ). Com o resultado do estudo, foi possível perceber que quando deficitária a aquisição de linguagem, o aluno apresenta dificuldades na escrita, na leitura e na capacidade de interpretar e produzir textos, e essa condição, embora se mostre comum, pode ser revertida a partir de um trabalho específico, visando ao desenvolvimento de competências nessa área.

 

Palavras-chave: Leitura. Interpretação. Dificuldade. Intervenção.

 

Introdução

 

O objetivo desse projeto é de recuperar alunos que apresentam defasagem na aprendizagem na leitura e interpretação textual buscando alternativas pedagógicas que se fundamentam em aprendizagens significativas, através do desenvolvimento de habilidades e competências. Contatou-se que através de um diagnostico, que na turma do 8º ano b da Escola Coronel Antônio Paes de Barros, que há um número significante de alunos com defasagem na aprendizagem em relação a série/ano.

Foi observado que esses alunos apresentavam dificuldades em aprender os conhecimentos elementares dos anos iniciais, como leitura, escrita, interpretação textual.

Dessa forma, demonstrando aproveitamento inexpressivo. Com essas observações o projeto de intervenção visou trabalhar com esses alunos ,através de uma sequência didática que pudesse envolver e aprimorar a leitura e a interpretação dos referidos alunos, tentando auxiliá-los a compreender, contextualizar e processar a informação lida de forma oral e escrita. Acreditamos que é possível promover na turma envolvida o avanço e recuperar a defasagem criando novas estratégias que possibilitem os alunos um aprendizado significativo visando melhores resultados e avanços. Certamente, a prática da leitura e da escrita se faz necessário no contexto escolar. É irrefutável, a responsabilidade do mediador em oferecer esse direito aos alunos.

É uma permuta constante: se queremos alunos leitores, produtores de textos de diferentes gêneros,capazes de pensar e refletir sobre aquilo que leem e escrevem,temos que, enquanto educadores,propiciar esse hábito nas salas de aula. pois alfabetizar letrando não parte de uma mágica, mas de um processo contínuo, assim como nos sugere Carvalho ao descrever as práticas oportunas de alfabetização e letramento:

 

Não se ensina a gostar de ler por decreto, ou por imposição, nem se forma letrados por meio de exercícios de leitura e gramática rigidamente controlados. Para formar indivíduos letrados, a escola tem que desenvolver um trabalho gradual e contínuo(CARVALHO, 2007,p.67).

 

Nessa perspectiva, acreditamos em um trabalho que contemple o uso social da leitura e principalmente da escrita, utilizando-se de modelos reais de textos que circulam na sociedade para inserirmos os alunos a essa prática e principalmente de estratégias significativas que contribuam para evolução da aprendizagem.

Nesta perspectiva, destacamos as sequências didáticas como uma estratégia que promova à aprendizagem aos indivíduos de forma mais significativa,que segundo Nery:

 

As sequências didáticas estão direcionadas para se ler com as crianças diferentes exemplares de um mesmo gênero ou subgênero, diferentes obras de um mesmo autor ou diferentes textos sobre um mesmo tema. (LERNER, 2002, p. 89).

 

Nesse sentido, o trabalho com sequência didática torna-se importante por proporcionar que os conhecimentos sejam construídos gradativamente, seguindo uma progressão das atividades propostas, em etapas encadeadas, contextualizadas e significativas, promovendo a consolidação dos conceitos e tornando-se mais eficiente o processo da aprendizagem.

 

Desenvolvimento do plano

 

Diagnóstico inicial,foi através das avaliações externas e internas, observações de atividades realizadas em sala de aula, exercícios de sondagem, situações-problema, trabalhos em grupo,em conjunto esses e outros instrumentos de avaliação ajudaram a enxergar os diferentes saberes de cada um. Tendo um diagnóstico bem feito, que aponte exatamente os problemas de cada um em relação aos conteúdos trabalhados em sala até o momento, é possível dividir a classe, um grupo será constituídos pelos que não apresentam problemas e precisam continuar avançando,os demais devem ser divididos em no máximo três agrupamentos com dificuldades comuns entre integrantes.

A proposta de trabalho com a intervenção era de 16h, sendo 4 h semanais no período de 04/11/2019 á 291/11/2019 utilizando a metodologia de uma sequência didática,com diversos desenvolvimentos de atividades com os gêneros literários histórias em quadrinhos, contos e charges.

De acordo com o cronograma aula de intervenção e metodologia sequencial inciou-se conceituando os temas trabalhados para que os alunos tivessem reconhecimento dos gêneros abordados através do conhecimento prévio dos alunos sobre os gêneros a ser estudado com uma produção de texto inicial para a descoberta de sua própria identidade.

Etapa 1º - Nesta etapa deve-se perguntar aos alunos no momento inicial sobre o que eles entendem por conto e se sabem a diferença entre conto e as demais narrativas;

Questionar sobre quais contos eles lembravam que já foi estudado em; Provocar indagações e ouvir os alunos para, em um segundo momento, explicar por meio de aulas expositivas sobre o conto, a estrutura e seus tipos.

No final de todas as atividades, questionar os alunos a respeito do que acharam da atividade ,dos problemas/dificuldades que surgiram e os pontos positivos no culminar de todo trabalho desenvolvido.

E dando sequência a aula de intervenção no dia 07/11/2019 ainda em contato com o gênero conto os alunos desenvolveram atividades relacionadas a leitura individual e a interpretação do conto “ O Caboclo , o padre e o estudante”.

Dividi a sala em quatro grupos. Entreguei uma copia do conto para cada grupo,para que em um primeiro momento fosse feita uma leitura prévia e uma releitura do conto e em seguida um reconto por dois integrantes do grupo para os demais colegas sobre a história/enredo e que os colegas pudessem encontrar o descritor a qual os alunos informados pela intervenção conseguissem identificar qual era a finalidade do texto , bem como as informações implícitas contidas no texto.

(Imagem 1)

 

 

Imagem 01- 1ª etapa relacionada ao conto.

  

Imagem 02- Produção textual de contos.

  

Figura 03- leitura por dois integrantes do conto.

 

Na aula do dia 11/11/2019 o conto supracitado foi trabalhado de forma dramatizada com fantoches pelos alunos e principalmente envolvendo os que apresentam dificuldades em leitura e em identificar expressões verbais e não verbais na construção do sentido do texto. ( figura -4 apresentações com fantoches).

Logo após a leitura do conto , levar os alunos a identificarem no conto, a linguagem, qual a finalidade do gênero,elementos da narrativa, entre outros.

 

Figura 4- Leitura do conto com fantoches.

 

Nesta aula do dia 14/11/2019 Para começar esse trabalho foi realizado uma roda de leitura com gibis, para apresentação do gênero textual “Histórias em quadrinhos” numa caixa com várias obras de diversos autores, consegui este acervo diretamente da biblioteca da nossa escola,em seguida os alunos fizeram uma roda de conversa e comentários sobre os gibis lidos.

( figura 05- trabalhando com histórias em quadrinhos)

 

figura 05- trabalhando com histórias em quadrinhos.

 

 

Imagem 06- Leitura com gibis.

 

Na aula do dia 18/11/2019 continuação das atividades da sequência didática onde os alunos compartilharam as historinhas elaboradas, fizeram exposições das atividades, o que mais o emocionou, que ideia lhe transmitiu de buscar o sentido das palavras ou expressões desconhecidas no texto e tiveram a oportunidade de ler e relacionar a imagem, explorando a linguagem verbal e não verbal.

Como avaliação será solicitada a elaboração individual de uma história em quadrinhos, com as características do referido gênero textual. As produções serão expostas em sala, promovendo assim a leitura das mesmas pelos alunos da classe.

Esta produção didático-pedagógica ressalta a valorização do gênero textual História em Quadrinhos (HQ) e está pautada na teoria de ensino sobre os gêneros sugeridos por Dolz e Schneuwly.

 

Sequência didática, de acordo com Dolz, Noverraz e Schneuwly: “É um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito”. O objetivo de uma sequência didática é ajudar os alunos a mais bem se apropriarem de um gênero. Nesse sentido, faz-se necessária a escolha de gêneros que eles não dominem totalmente, pois as “sequências didáticas servem para dar acesso aos alunos a práticas de linguagem novas ou dificilmente domináveis”. (DOLZ, NOVERRAZ & SCHNEUWLY, 2004, p. 98).

 

Esta metodologia fornece elementos para construção do ensino em sala de aula com base na diversidade de gêneros textuais.

 

Imagem 7 – Produção de História em quadrinhos.

 

21/11/2019- Iniciar a aula apresentando aos alunos uma charge, com ou sem texto verbal. Utilizou charge impressa e no data show.

Nesta etapa foi realizada com o gênero charge interrompendo a leitura para fazer questionamento a respeito das ideias e das características do discurso até então apresentado.

O importante foi enfatizar a linguagem não-verbal presente na charge, já que, nesse gênero, a linguagem verbal é complementar ao que a imagem comunica. Em seguida houve uma explanação do gênero charge, e apresentei-lhes algumas charges no data show e todos os alunos receberam uma copia , a cada charge apresentada fui perguntando se identificavam o assunto, se encontravam o humor, a respeito dos personagens, a cada pergunta,eles tinham um tempo para observar e responder oralmente.

Os alunos com maior dificuldade precisaram de um auxilio do professor , pois demorou um pouco mais para identificar as informações implícitas na charge apresentada, contudo o professor auxiliou na explicação na tentativa dos mesmos encontrarem já que é um dos requisitos na atividade interventiva.

25/11/2019 - Para motivar os alunos, e fazê-los participar alguns recursos tecnológicos foram utilizados com pesquisa na sala de informática da escola,com a proposta que pesquisassem algumas charges animadas( imagem e movimento) os alunos foram orientados para que fizessem a leitura dos textos as quais as charges se referiam para melhor entendimento.

 

 

Imagem 8 – Pesquisa no Laboratório de informática sobre Charge.

 

 

28/11/2019- Demos continuidade a implementação , explicando que, como eles já tinham um pouco mais de conhecimento sobre a charge. A próxima atividade seria uma interpretação subjetiva e objetiva eles receberam uma charge impressa, ofereci lhes um tempo para responderem , fazer a produção em seguida fizemos a socialização.

Por último, perguntei: Qual é a crítica que a charge faz?

Nesse momento, conduzi os alunos para a compreensão de que a charge expressa uma crítica, geralmente de cunho social, utilizando o recurso do humor.

 

Imagem 9 – Interpretação e Produção com charge.

 

Resultados e discussões

 

Resgatar o hábito da leitura e da escrita, contribuindo para a formação do cidadão leitor-escritor, ampliar seus conhecimentos, desenvolver o prazer em ler. Participação e um bom desempenho no que diz respeito à compreensão da mensagem escrita, para tentar transmitir a essência desta mensagem aos colegas.

O projeto de intervenção foi fundamental para a escola e a implementação de qualquer ação; aqui, a educação está realmente voltada para a transformação qualificando o universo cultural dos estudantes na Escola Coronel Antônio Paes de Barros uma escola de Tempo Integral a qual os alunos são os protagonistas.

Percebemos com esse trabalho que durante o período em que ele foi desenvolvido houve avanço significativo na aprendizagem dos alunos, principalmente nos estudantes envolvidos com dificuldades na leitura e compreensão do texto, pois não reconheciam as informações implícitas , bem como dificuldade em identificar as finalidades de diversos gêneros ou de inferir o sentido de uma palavra ou expressão desconhecida pois os mesmos despertaram para a leitura e a escrita, haja vista que estes identificam alguns desses descritores com mais facilidade. Foi possível ver o interesse, desempenho dos envolvidos, compreensão pela importância social dos gêneros textuais, desenvolver e estimular o hábito da leitura, elogiar e estimular a tentativa de leitura e escrita espontânea e a busca por adquirir novos conhecimentos e ampliar os já existentes.

Porém observamos que esse trabalho se realizado no 2º Bimestre, teria tido um resultado maior e mais alunos ajudados, percebemos que a maioria progrediu significativamente, mas que uns dois alunos precisavam de um empenho e atendimento diferenciado e individualizado para que conseguissem ter um avanço ainda maior, eles progrediram, mas precisam avançar na sua compreensão sobre o Sistema de Escrita e Leitura ainda mais no próximo ano, superando ou diminuindo com suas dificuldades.

 

 

Conclusão

 

O trabalho desenvolvido foi satisfatório, pois os alunos obtiveram melhorias e avanços significativos na aprendizagem e perincipalmente na leitura e na interpretação de textos.

A avaliação foi constante procurando detectar os avanços de cada aluno, respeitando sua individualidade e ritmo, analisando os resultados e procurando novas formas de ensinar levando o aluno a superar os desafios.

Em relação a intervenção pedagógica acho importante que continue , porém com mais tempo de realização.

De modo geral o Projeto foi importante na construção de conhecimentos. Temos que aprimorá-lo para que realmente seja eficiente e atenda as necessidades dos alunos envolvidos.

Nessa direção, o professor, quando conhecedor do papel da leitura, busca que seu alunado não apenas queira ler, mas que, ao ler, possa questionar, debater, refutar numa interação real em que a leitura seja vivenciada em toda sua plenitude, propondo leituras que exploram signos diversificados, contribuindo para que o aluno possa ampliar e aprofundar aquilo que lê, ou seja, dar sentido à leitura.

 

Referências

 

ANTUNES, Celso. Professor bonzinho=aluno difícil. A questão da indisciplina em sala de aula. Editora Vozes. Petrópolis- RJ, 2013.

 

BNCC disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-

site.pdf.

 

CARVALHO, Marlene.Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática.4.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

 

DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. Textos Humorísticos. Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/redacao/textos-humoristicos.htm>. Acesso em: 23/11/2019

 

DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michele; SCHNEUWLY, Bernard. Sequênciasdidáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola.Tradução de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2004.

 

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Cortez Editora. São Paulo, 2006.

Língua Portuguesa:7º ano/Tania Amaral de Oliveira...[et al.].-4.ed.-São Paulo:IBEP, 2015.