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O LÚDICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO: Uma abordagem sobre o uso do Brinquedo e da Brincadeira na Alfabetização

 

Poliana de Carvalho Evangelista1

Isaura Gorete De Carli2

Luciana Dallazen Rodrigues3

 

 

RESUMO

O presente artigo com a temática referente ao Lúdico no processo de Alfabetização aborda o uso do brinquedo e da brincadeira como metodologia de ensino no processo de construção do conhecimento na fase da alfabetização, contextualizando o conceito de alfabetização, brinquedos e ludicidade, sob a visão de diversos estudiosos como: Almeida (1998); Braumgartner (2010); Brasil (2010); Piaget (1978). Com o objetivo de compreender a necessidade da aprendizagem construtiva embasadas no lúdico com o uso do brinquedo e da brincadeira. A metodologia de pesquisa foi realizada durante três meses, através de questionário, estudos bibliográficos, webgráficos e análises dos resultados obtidos. Conhecendo a importância do lúdico na Educação Infantil e Anos Iniciais é fundamental resgatar o uso dos brinquedos e das brincadeiras nesta fase da alfabetização, permitindo e oportunizando que as crianças desenvolvam sua imaginação, criatividade e memória. Conclui-se que o brinquedo e a brincadeira no processo de alfabetização promovem o desenvolvimento de diversas habilidades que contribui para o desenvolvimento global do educando e a boa convivência em sociedade.

 

Palavras-chave: Brinquedos e Brincadeiras. Alfabetização lúdica. Desenvolvimento Global.

 

ABSTRACT

This article with the theme referring to Playful in the Literacy process addresses the use of toys and games as teaching methodology in the process of building knowledge in the literacy phase, contextualizing the concept of literacy, toys and playfulness, under the view of several scholars such as: Almeida (1998); Braumgartner (2010); Brazil (2010); Piaget (1978). In order to understand the need for constructive learning based on playfulness with the use of toys and games. The research methodology was carried out for three months, through a questionnaire, bibliographic, webgraphic studies and analysis of the results obtained. Knowing the importance of playfulness in Early Childhood Education and Early Years, it is essential to rescue the use of toys and games in this phase of literacy, allowing and providing opportunities for children to develop their imagination, creativity and memory. It is concluded that toys and games in the literacy process promote the development of several skills that contribute to the global development of the student and the good coexistence in society.

 

Keywords: Toys and Games. Playful literacy. Global Development.

 

INTRODUÇÃO

 

Toda criança adora brincar, e algumas até mesmo inventam brincadeiras de sua própria imaginação e fantasiam no seu mundo faz de conta. Existem brincadeiras que nunca saem de moda, como por exemplo, as brincadeiras do tempo dos avós, que fazem parte da nossa cultura e difundidas de geração em geração. No entanto o brinquedo e a brincadeira estão esquecidos e pouco utilizados na maioria das nossas escolas. Talvez pela falta de formação e conhecimento sobre o seu potencial educativo, pelo comodismo, ou porque dá trabalho ensinar através do lúdico. As pesquisas realizadas demonstram a importância do ensino aprendizagem através do lúdico tendo o brinquedo e a brincadeira como ferramentas motivadoras nesse processo.

De acordo com Piaget (1978), as manifestações lúdicas podem ser consideradas como a principal atividade da criança, independente de sua classe social, de sua cultura, de seu momento histórico, de seu meio. Toda criança brinca, e ao brincar, ocorrem importantes mudanças e transformações em seu desenvolvimento psicossocial, emocional, intelectual, cognitivo e motor.

É através do ato de brincar que se abrem caminhos de transição para níveis mais elevados de desenvolvimento mental, permitindo que a criança reestruture, e reelabore sua forma de compreender, pensar, sentir e interagir com a realidade. Ao brincar as crianças exploram, imitam, representam, repetem e nesse faz de conta passam a dar sentido às suas experiências e vivências, podendo ser reais ou imaginárias, elaborando-as e compreendendo-as.

A metodologia Lúdica é considerada por diversos estudiosos um dos elementos fundamentais para que os processos de ensino e de aprendizagem na alfabetização possam superar os indesejáveis e obsoletos métodos da decoreba do conteúdo pronto, acabado, estereotipado e repetitivo que tornaram a educação escolar, sem atrativos.

As atividades Lúdicas no processo de alfabetização permitem ao professor explorar estes momentos de prazer e imaginação junto às crianças, seja nas atividades diárias desenvolvendo as capacidades de raciocínio lógico matemáticos, físicos, afetivos e cognitivos das mesmas.

É, portanto, através do faz-de-conta, que as capacidades simbólicas são desenvolvidas num tipo de atividade que não se restringe às questões e pressões situacionais, permitindo e oportunizando que as crianças desenvolvam sua imaginação, criatividade e memória, enfim, seu crescimento.

 

  1. ALFABETIZAÇÃO E O LÚDICO

 

A infância é uma época de descobertas, aventuras e magia para as crianças, é nesta fase período da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, 1ª fase da alfabetização que ela tem contato, com a pluralidade cultural, com o conhecimento de mundo, adquiridos principalmente por meio do brinquedo e das brincadeiras vivenciados no mundo faz de conta, levando a respeitar as diferentes culturais, a respeitar regras e principalmente o contato com as linguagens e consequentemente com a leitura e escrita.

Segundo o RECNEI:

A ampliação de suas capacidades de comunicação oral ocorre gradativamente, por meio de um processo de idas e vindas que envolvem tanto a participação das crianças nas conversas cotidianas, em situações de escuta e canto de músicas, em brincadeiras etc.., como a participação em situações mais formais de uso da linguagem, como aqueles que envolvem a leitura de textos diversos. (1998, p. 127).

 

Na contemporaneidade é comum considerarmos como sendo alfabetizada a pessoa que lê e escreve, porém, essa concepção remete a uma questão muito mais abrangente, pois ela envolve vários processos que ocorrem durante toda a vida.

A alfabetização como afirma os especialistas é um processo que não se encerra nos primeiros anos do Ensino Fundamental, pois de acordo com Freire apud Schotten:

È construir um conhecimento. Alfabetizar-se é adquirir uma língua escrita através de um processo de construção do conhecimento com uma visão critica da realidade. A criança é o sujeito do processo educativo, não havendo dicotomia entre aspecto cognitivo e afetivo, mas uma relação dinâmica, prazerosa, dirigida para ao ato de conhecer o mundo”. (2007, p 36)

 

O ensino da linguagem e o processo de Alfabetização apresentam-se ainda hoje de forma descontextualizada da realidade do educando, ou seja, tratam o estudo da língua de modo artificial, sem considerar que a língua é o conjunto de signos e formas de combinar esses signos partilhados pelos membros de uma comunidade para se comunicar. Devido a isso, os alfabetizadores, encontram dificuldades em alcançar bons resultados nos processos de alfabetização em sala de aula.

Os conceitos de alfabetização podem ser descritos em três fases como: no ser alfabetizado (propriedade da leitura e escrita como forma de expressão, diálogo e representação do mundo); no processo de até ler e escrever (trajetória percorrida pela criança, até o domínio do código no processo de aquisição da leitura e escrita); e na ação pedagógica do professor (que deve se preocupar em promover a compreensão da criança). Nesse sentido, alfabetizar é possibilitar o domínio do princípio alfabético, almejando que a criança use-o como veículo para a construção e troca de conhecimentos em sua interação social.

A alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e seu emprego como código de comunicação. De forma mais ampla, a alfabetização é compreendida como um processo em que o indivíduo constrói a gramática em suas modificações. Essa ação não se restringe apenas na aquisição dessas capacidades mecânicas (codificação e decodificação) do ato de ler e escrever, mas na habilidade de interpretar, compreender, criticar, resignificar e gerar conhecimento. Toda essa capacidade só será definida se os alunos tiverem acesso a todos os tipos e gêneros textuais e compreender tudo o que se passa na sociedade, ou seja, é preciso ensinar a função social da escrita, escrever para quê? Morais (2012, p.160).

A ideia de alfabetização vem mudando ao longo das últimas décadas, pois alfabetização é um fenômeno social que vem se modificando historicamente de acordo com as necessidades que a sociedade suscita. Ler e escrever codificando e decodificando não atende as peculiaridades da classe trabalhadora, atualmente exigem-se pessoas que saibam usar competentemente a leitura e a escrita nas situações do dia a dia. O domínio dessas habilidades deu origem ao termo letramento, que se opõe a escola conteudista em que o método de ensino se baseia em grande quantidade de conteúdo, sem se preocupar com a opinião do educando, com desenvolvimento cultural, social e intelectual.

O processo de Letramento acontece bem antes da alfabetização através da interação que as crianças têm com materiais bibliográficos como jornais, revistas, livros e o contato com os adultos, com esses contatos inicia espontaneamente o processo de aquisição de conhecimentos, levando o aluno a compreender e interpretar os códigos linguísticos.

Ler e escrever requer uma sucessão de regras e habilidades, em que seria o processo de alfabetização, mas para essa leitura e escrita se interligarem com as práticas sociais, é fundamental haver uma interpretação e compreensão do que se esta fazendo, um “envolvimento”. A criança ao atribuir a escrita como código de representação apropria-se de sistemas culturais, históricos e sociais e passa utilizá-la como instrumento do pensamento. É relevante que o professor como mediador do processo de construção e aquisição do conhecimento desenvolva métodos de ensino dinâmico, para que o aluno sinta o gosto pela leitura, escrita e tenha o prazer de adquirir conhecimento, trazendo para a sala de aula uma proposta de ensino embasada na metodologia Lúdica.

O lúdico está presente frequentemente na Educação Infantil, nas séries iniciais geralmente são empregados os jogos educativos, tais como, quebra-cabeça, jogos matemáticos, jogo de memória e a educação física. No entanto muitos educadores das séries iniciais separam o lúdico da vivência dos educandos em sala de aula, ao invés de usá-los como instrumento facilitador da aprendizagem. Pois trabalhar com a metodologia lúdica exige do educador mais tempo e dedicação.

É preciso analisar que, no processo de ensino e aprendizagem, tão importante quanto às ideias dos alunos são os conceitos da escola e dos professores sobre esse processo e sobre o que é ler e escrever, pois a função do educador não é emitir uma mensagem a um aluno passivo, que não faz parte da construção desse conhecimento, mas acompanhá-lo em seu esforço e no seu processo de aprendizagem. Quanto mais a criança vivenciar materiais didáticos como brinquedos, jogos, brincadeiras, maiores serão os conhecimentos adquirido, pois a aprendizagem será prazerosa, por isso a necessidade do professor ampliar, cada vez mais, as vivências da criança com o lúdico.

 

 

1.1 O BRINQUEDO E SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

 

Desde os tempos mais remotos os brinquedos fazem parte da cultura dos povos apresentando um importante papel na vida das crianças. Conforme a cultura um determinado brinquedo de diversos tipos e formas faziam parte do mundo imaginário e concreto das crianças, como: Bolinhas de gude utilizadas por crianças no continente africano; barquinhos, espadas de madeira e bonecas foram utilizados na Grécia Antiga e Império Romano a milhares de anos. Os fantoches eram brinquedos comuns entre as crianças da Idade Média. Até o final do século XIX, a maioria dos brinquedos era fabricada em casa e artesanalmente. Atualmente, a grande maioria dos brinquedos são produzidos e comercializados em massa pelas grandes indústrias.

Segundo o dicionário Larousse (1982), o brinquedo é um objeto destinado a divertir uma criança, suporte da brincadeira e brincadeira é a ação de brincar, divertimento. As palavras brinquedo e brincadeira podem ser sinônimas de divertimento e prazer, por isso são fundamentais no processo de aprendizagem, considerando que, nas brincadeiras existe as regras a ser seguidas, o companheirismo entre os brincantes, a disputa que envolve o raciocínio lógico, saber ganhar e perder, suportando pequenas frustrações, que são essenciais para a formação da personalidade.

Segundo Almeida (1998, p. 63), “não é possível conhecer nem educar uma criança, sem o conhecimento de como o ato lúdico acontece e se processa, bem como conhecer que o brincar, o brinquedo e a brincadeira pertencem de forma natural intuitiva e instintiva”.

O brinquedo é um objeto com um contexto lúdico, que no ato de brincar e interagir com o mesmo desperta na criança, a criatividade, a imaginação, o faz de conta, voltados especialmente para o lazer, possibilitando o divertimento e ao mesmo tempo desenvolvem diversas aprendizagens relevantes no desenvolvimento subjetivo da criança, bem como na sua vida social. O autor considera que:

[...] o brincar oferece a criança a oportunidade de assimilar o mundo exterior as suas próprias necessidades. O brinquedo é o mediador que possibilita a criança experimentar e representar situações da vida real e concreta ao seu nível, do tamanho de sua compreensão. Piaget (1978, p. 63).

 

Os brinquedos são essenciais para o desenvolvimento e a educação da criança, por propiciar o desenvolvimento simbólico, estimular a sua imaginação, a sua capacidade de raciocínio e a sua autoestima. Podem ser utilizados em tratamento psicoterapêutico na ludoterapia, com crianças com problemas emocionais, ou que apresentam distúrbios de comportamento ou dificuldade de aprendizagem. O ato de brincar em si, geralmente não exige um brinquedo, que seja um objeto tangível, pode acontecer como jogos simbólicos (faz de conta). O autor considera o jogo como um fator de grande importância no desenvolvimento cognitivo.

É ainda por meio da brincadeira que a criança cria o seu mundo imaginário e que posteriormente será no âmbito real. E segundo Lopes, (2006 p. 110), brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.

Diante disso, fica claro a necessidade do espaço para o brincar em sala de aula, bem como das atividades lúdicas, onde a alfabetização se torna divertida e prazerosa.

 

 

1.2- O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

 

Os primeiros anos de vida dos seres humanos são definidos por descobertas, experiências e aprendizagens, construídas principalmente, por meio de interações com o meio e com o outro independentemente da época, cultura e classe social. As crianças já convivem com o meio natural e social no qual vivem, aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas ás suas questões. Como integrantes de grupos socioculturais singulares, vivenciam experiências e interagem num contexto de conceitos, valores, ideias, objetos e representações sobre os mais diversos temas a que têm acesso na vida cotidiana, construindo um conjunto de conhecimentos sobre o mundo que as cerca.

No ambiente escolar a criança desenvolve diversas habilidades conforme as oportunidades de aprendizagem propostas pela instituição escolar. É nas atividades lúdicas que a criança expressa suas emoções, desejos, sentimentos e atua de forma natural no espaço, proporcionando uma multiplicidade de experiências lúdicas essencial para o desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e social.

O lúdico tem sua origem na palavra latina ludus, que significa “jogo”, brincadeira, movimento natural e espontâneo. Segundo Melo (2011):

A ludicidade é um mundo em que a criança está em constante exercício. É o mundo da fantasia, do faz de conta, do jogo e da brincadeira. É possível afirmar que o lúdico é um grande laboratório que merece toda a atenção dos pais e educadores, pois é através dele que ocorrem experiências inteligentes e reflexivas, praticadas com emoção, prazer e seriedade. (MELO (2011, p. 42).

 

O jogo é uma ação pela qual se constitui regras a serem seguidas no ato de jogar ou brincar, a brincadeira é uma atividade agradável, gerada pela ação de jogar ou até mesmo criada e fantasiada no mundo imaginário.

As brincadeiras e os jogos são divertimentos peculiares da infância em que a criança constrói seu conhecimento e aprende a conviver e interagir com o outro, é uma atividade natural, que não implica programação e compromisso, são atos espontâneos motivados pelo prazer, indispensáveis a saúde física, emocional, intelectual. As atividades lúdicas expandem o processo de ensino e aprendizagem, ampliando habilidades do pensamento como: interpretação, imaginação, tomada de decisões, obtenção e organização de dados, arrolamento de hipóteses entre outras aprendizagens.

Na atividade lúdica o relevante é a própria ação e não apenas o produto da dinâmica que dela resulta. Na escola os brinquedos, brincadeiras, jogos instigam ao desenvolvimento da mente e do corpo. Vygotsky (2010), enfatiza que a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva, e que é na interação com o brinquedo, com os jogos que a criança adquire comportamentos mais avançado do que nas atividades do cotidiano, pois vive numa situação utópica e subordinadas a regras.

Vygotsky apud Baumgartner; Silveira (2010):

Atribui relevante papel ao ato de brincar a constituição do pensamento infantil e afirma que com os jogos e brincadeiras que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos. (Vygotsky apud Baumgartner; Silveira (2010, p. 10-15).

 

O ensino dos conteúdos escolares unidos com atividades lúdicas contribui para o desenvolvimento da criticidade, concentração, criatividade e cooperação entre os educandos, estimulando o raciocínio, além de transformar as aulas divertidas e produtivas. Na Educação é fundamental que educadores considerem a cultura lúdica intrínseca das crianças, pois elas trazem consigo uma herança lúdica decorrente do seu convívio social.

E de acordo com Maffioletti (2004):

As brincadeiras retratam nossa cultura, são sempre dinâmicas e funcionais, cumprindo o papel de satisfazer as necessidades afetivas, intelectuais, morais, sociais ou de expressão religiosa. As crianças brincam e através das brincadeiras, entram no universo dos códigos sociais. Maffioletti (2004: 36).

 

Por isso a ludicidade é considerada uma estratégia altamente desafiadora para as crianças, a partir da mesma o professor poderá oportunizar aos alunos o desenvolvimento de uma série de habilidades e capacidades como as de: observar, pensar, refletir, analisar e levantar hipóteses; testá-las e avaliá-las com autonomia e cooperação; leva-os também a descobrir valores de justiça, honestidade, capacidade criadora, atenção, iniciativa e responsabilidade. Enfim, de forma significativa, o lúdico torna as aulas mais dinâmicas e atrativas facilitando a alfabetização.

 

 

2. ANÁLISES E DISCUSSÕES

 

No decorrer de todo o processo de especialização em Educação Infantil e Anos Iniciais adquire-se conhecimentos relevantes para o exercício da prática docente, bem como, compreender de forma específica as peculiaridades da infância, e as diferentes fases de desenvolvimento da criança propostos por Piaget (1978), fator este como entre outros considerados componentes fundamentais no processo de ensino e aprendizagem.

Através de pesquisas em diferentes fontes bibliográficas, webgráficas e entrevistas possibilitaram compreender o conceito e os embasamentos teóricos de professores que atuam nas turmas do 1º Ciclo do Ensino Fundamental sobre a importância do brincar no desenvolvimento global da criança, principalmente inerente ao ensino e a aquisição do conhecimento na fase da alfabetização.

Para verificar sobre a importância da aprendizagem lúdica, foi realizada uma entrevista com a docente especialista em Psicopedagogia Z. G. R., que atua em uma turma de alfabetização na Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho, no Município de Terra Nova do Norte-MT. As questões foram relacionadas à Ludicidade no processo de Alfabetização.

A referida professora participou como alfabetizadora no programa PNAIC: Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa. Ao indagar a educadora de que forma ela conceitua Alfabetização, a mesma argumentou que, “alfabetização é a aquisição do sistema notacional da escrita, ler e escrever com fluência e entonação de voz bem como interpretar textos orais e escritos de acordo com a fase e ciclo que a criança se encontra. E que a alfabetização e o letramento são concomitantes, ou seja, um não acontece sem o outro, pois ser letrado é saber utilizar os sistemas linguísticos em suas atividades sociais”.

Indaguei ainda sobre qual a importância do brinquedo e da brincadeira no processo de aprendizagem da criança, a professora fundamentou que, “o brincar é inato na criança e que na fase da alfabetização ela vive no mundo da imaginação, do faz de conta, e nesse estágio ela aprende tudo e com significado se for através do lúdico, por meio de jogos, brinquedos, brincadeiras e desafios”.

Ao questionar a educadora se ela usa a metodologia lúdica em sua prática pedagógica, respondeu que sim, pois sem as atividades lúdicas os alunos demoram mais para se desenvolverem globalmente e que procura em seu planejamento diário proporcionar atividades lúdicas escritas, bem como utilizar os jogos pedagógicos e as brincadeiras de roda e outras desafiadoras, com regras para cada conteúdo ou tema proposto no processo de ensino. Citou alguns exemplos: cantar o alfabeto ou os números enquanto pula corda; aprender os números, a geometria e desenvolver o equilíbrio e coordenação motora na brincadeira de pular amarelinha, dentre outras.

Em relação à escola que leciona, a sua estrutura física e materiais pedagógicos adequados para alfabetizar, afirmou que a mesma oferece todas as condições para o professor trabalhar com diversos materiais lúdicos pedagógicos, por exemplo: diversos tipos de jogos, um amplo e bem equipado laboratório de informática, quadra de esportes coberta, biblioteca com diversas obras literárias e brinquedos como mesa de ping pong, bambolês, carrinhos, bonecas e outros.

 

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Sabe-se que esse privilégio não é a realidade de todas as escolas brasileiras, pois muitas não têm o mínimo para o seu funcionamento, tais como: boa estrutura física, materiais pedagógicos e educadores capacitados.

Atualmente debate-se muito sobre as formas e métodos de alfabetização. O processo de ensino ainda carece, mesmo com tantos achados, transformações e evoluções no processo de ensino aprendizagem, e com o mundo tecnológico acesso rápido ao mundo do conhecimento e toda modernidade que se podem usufruir, crianças apresentam dificuldades em codificar, decodificar e dominar o princípio alfabético em suas práticas sociais como forma de representação, construção e troca de conhecimentos.

Nesse contexto incluem-se também os jogos interativos em computadores e a Internet, onde o aluno tem participação ativa e a visualização rápida dos trabalhos favorece a criatividade e a autocorreção. Com o computador, por sua agilidade e seus recursos, o aluno pode testar várias hipóteses, tentar diferentes caminhos, obtendo da máquina a imagem rápida como resposta a suas tentativas. Sendo assim, a aula não é igual para todos, pois cada aluno tem possibilidade de trabalhar em seu próprio ritmo. E as tarefas mecânicas e cansativas são substituídas por outras prazerosas e rápidas, Smole e Diniz (2001). Dessa forma, as aulas ganham cor, música, imagem e dinamismo.

Portanto, segundo Freire (1996), os professores devem inovar na sua prática pedagógica, estar em constante capacitação, procurar conhecer o aluno e suas necessidades de aprendizagem, uma vez que, cada criança é diferente não havendo um único método de ensino para todas, pois é sabido que alfabetizar codificando e decodificando de forma mecânica e bancária não basta. O educando precisa saber utilizar os códigos linguísticos no seu cotidiano, mas com tantos métodos de ensino, sabe-se somente que criança é criança e que vivem em mundo cheio de imaginação, de brincadeiras, brinquedos, jogos e cantigas inseridos no mundo da ludicidade.

Alfabetizar com uma proposta lúdica é um método de ensino que desperta o interesse de todas as crianças pelo conhecimento, pois as atividades se tornam prazerosas, dinâmicas, gerando interações entre alunos e professores, propiciando aprendizagens significativas ampliando suas potencialidades nos mais diversos aspectos.

 

Por sua vez, Almeida (1998), afirma que é imprescindível, para que realmente ocorra e aconteça essa mudança, tanto na prática educacional e pedagógica quanto nas concepções sobre seu papel, sobre a infância e sobre a sociedade, criar novas alternativas e propostas de mudanças reais e convincentes dentro das instituições de educação infantil, para que se conheça profundamente, de maneira pedagógica e científica, o porquê, para quê e como as crianças brincam, sobre as funções dos objetos que intermeiam esse ato impregnado de desejos, fantasia e imaginação, sobre todas as situações lúdicas que facilitam, contribuem e possibilitam o processo de desenvolvimento infantil.

Verificou-se que o brinquedo e as brincadeiras no processo de alfabetização promove o desenvolvimento de diversas habilidades e competências no educando preparando-o para a convivência em sociedade de forma amiga e saudável, porque o brincar é essencial para a alfabetização e para a psicomotricidade- desenvolvimento integral da criança no processo de ensino-aprendizagem. Le Bouche (1969).

 

REFERÊNCIAS

 

ALMEIDA, P N. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo, Loyola, 1998.

 

MORAIS, Artur. G. Sistema de Escrita Alfabética. São Paulo: Melhoramentos, 2012.

 

ASSMANN, H. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Petrópolis: Vozes, 2001.

 

BRAUMGARTNER, Cinara Marli da Cunha; SILVEIRA, Tatiana dos Santos. Arte e Ludicidade na Educação Infantil e Anos Iniciais. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial, Grupo Uniasselvi, 2010.

 

KLEIMAN, Angela B. Preciso “ensinar” o letramento? Não basta ensinar a ler e a escrever? CEFIEL/IEL/UNICAMP. Ministério da Educação. Governos Federal, 2005.

 

LOPES, Vanessa Gomes. Linguagem do corpo e movimento. Curitiba, PR: FAEL, 2006.

 

MAFFIOLETTI, Leda de A. Brincadeiras cantadas. PÁTIO. Educação Infantil. Ano II, nº 4. Abril / Julho, 2004.

 

MELO. Fabiana Carbonera Maliverine de. Lúdico e Musicalização na Educação Infantil. Indaial: GRUPO UNIASSELVI, 2011.

 

_______ Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1998. I v.

 

_______ Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3 v.

 

PIAGET, J. Formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

 

SCHOTTEN, Neuzi. Caderno de estudos: Fundamentos e Metodologia da Alfabetização. Centro Universitário Leonardo da Vinci- Indaial: ASSELVI, 2007.

 

SMOLE, Kátia; DINIZ, Maria Ignez. Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender Matemática. – Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

 

REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS

 

BIANCHI, Lan. MIETTO, Vera. Disponível em:

http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/

Acessado em 07/09/2015

https://pt.wikipedia.org/wiki/Brinquedo

 

Acessado em 27/07/2016 

1 Autora: Graduada em Pedagogia, com Especialização em Educação Infantil e Anos Iniciais pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..

 

2 Autora: Graduada em Pedagogia pela UFMT-MT, com Especialização em metodologia das Ciências em Educação Básica e suas Tecnologias pela AVEC – Associação Varzeagrandense de Ensino e Cultura; Especialista em Psicopedagogia pela UNICIC; Especialista em LIBRAS e Especialista em Educação Especial pela Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte MT – Uniflor. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..

 

3 Autora: Graduação em Pedagogia, com Especialização em Educação Infantil e Series Iniciais pelo Centro Universitário Leonardo Da Vinci – UNIASSELVI – NEAD – Núcleo de Educação a Distancia. INDAIAL – SC – e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..