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A PSICOPEDAGOGIA

  

Laís Varela Gomes dos Santos Oliveira¹

  ¹Graduanda. Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Venda Nova do Imigrante - FAVENI

RESUMO

O presente trabalho busca apresentar a Psicopedagogia em diferentes aspectos: através de seu conceito, de seu histórico e legislação e práticas, utilizando referências de autores mais atuais. Para essa análise a metodologia utilizada foi a revisão da bibliografia disponível e validada por profissionais da área até a data da publicação. Nesse viés, este artigo intenta demonstrar como se caracteriza a Psicopedagogia e como esta se apresenta no Brasil.

Palavras-chave: Psicopedagogia. Ensino brasileiro. Educação.

 

ABSTRACT

The present work seeks to present Psychopedagogy in different aspects: through its concept, history and legislation and practices, using references from more current authors. For this analysis the methodology used was the review of the available bibliography and validated by professionals in the field until the date of publication. Accordingly, this article intends to demonstrate how Psychopedagogy is characterized and how it presents itself in Brazil.

Keywords: Autism. Inclusive Education. Specialized Training.

 

1.    O QUE É PSICOPEGOGIA?

 

Há um embate, entre autores diversos, sobre o real conceito da psicopedagogia. Para alguns estudiosas não há possibilidade de conceito concreto, pois a psicopedagogia nasceria da ligação, necessária, entre a pedagogia e psicologia. Entretanto, outros autores embasam a teoria de que a psicopedagogia se empara, também, em outras áreas, como a medicina e biologia, filosofia e sociologia, entre outras.

Para a autora Silva (2010, pg.23), os trabalhos e a literatura disponível “são quase sempre voltados para relatos de experiências, estudos de casos, trabalhos descritivos”. Para ela, este é o principal motivo da falta “conceito definitivo”.

Silva, pontua ainda, que há grande desvio nas definições propostas. Em suma, estas referem- se à aprendizagem e não à psicopedagogia. Para ela,

 

Um campo do conhecimento que, como o próprio nome sugere, implica uma integração entre a psicologia e a pedagogia tendo como objeto de estudo o processo de aprendizagem visto como estrutural, construtivo e interacional, integrando nele os aspectos cognitivos, afetivos e sociais do ser humano. A psicopedagogia tem, então, como objetivo, facilitar esse processo de aprendizagem removendo os obstáculos que impedem que ele se faça. Silva (2010, p. 27-28)

 

Já o autor Grassi (2000, p. 128), defende que psicopedagogia surge do limbo entre a psicologia e a pedagogia. Sendo assim, se torna a responsável por responder as incógnitas no que concerne as “dificuldades de aprendizagem e da questão do fracasso escolar, em função até de algumas limitações de conceituais e de atuações”.

 

2.    PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL

 

A Psicopedagogia surge juntamente com a criação da Escola Guatemala, no Rio de Janeiro, na década de 80. Esse movimento da Psicopedagogia no Brasil remete ao seu histórico na Argentina, que além de geograficamente próxima, possui uma língua do mesmo tronco que o Português, o que facilita o processo de comunicação.

 

A Psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 80, em uma época cujas dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sócio pedagógicos (BOSSA, 2000, p. 48-49).

 

A Escola Guatemala foi a responsável pelo início de uma ação preventiva junto ao professor, ou seja, buscavam-se saídas para as inconveniências no sistema de ensino. Ainda nesta época, a Psicopedagogia começou a se estruturar no Brasil através de trabalhos de alguns autores brasileiros. Porém, o foco dos estudiosos estava voltado para as deficiências que geravam problemas de aprendizagem, como o autismo, do que em outros fatores.

O Brasil recebeu muitas influências internacionais, e a entrada desse material favoreceu o processo de estruturação e difusão da psicopedagogia. Entre eles, está Visca. Em sua obra, Visca propõe um processo de ensino-aprendizagem, em que o principal objeto de estudo são os níveis de inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que representam seu interesse.

 

Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa, em 1946, por Boutonier e Mauco, com direção médica e pedagógica. Estes Centros uniam conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, onde tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes (MERY apud BOSSA, 2000, p. 39).

 

Seguindo pela parte histórica, há inúmeros exemplos de pioneirismo dos “médicos- pedagogos”. Na década de 1970, o aspecto social estava também ligado às dificuldades de aprendizagem, o que no Brasil, é o período que compreende a ditadura militar.  O uso de manuais de transtornos patológicos, era utilizado para justificar o fracasso escolar.

 

3.    O PROFISSIONAL PSICOPEDAGOGO

 

O Psicopedagogo é o profissional responsável pelo processo de aprendizagem humana. O campo epistemológico da psicopedagogia, ou seja, o seu estudo cientifico caracteriza-se por um raciocínio diagnóstico. Além disso, é empregado, concomitantemente, uma metodologia de intervenção que busca olhar o sujeito na relação com o objeto de conhecimento em situação de aprendizagem.

 

“Para o Psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ações diferentes sistemas que intervêm em todo o sujeito: a rede de relações e códigos culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser humano à medida que ele se incorpora a sociedade.” (BOSSA,1994, pg. 51)

 

Para Antunes (2002, p.109), é essencial a conscientização da existência do lado humano e cidadão de cada professor. Entretanto, é imprescindível que o educador tenha consciência de sua suscetibilidade a crítica e ávido de aprimoramento profissional, um ser envolvido efetivamente na construção de uma sociedade.

Tendo um papel ativo na formação de seus alunos, auxiliando e incitando a reconstrução dos esquemas de pensamento, sentimento e comportamento de cada indivíduo. Esta concepção inclui tanto despertar a ativa participação intelectual do próprio educando como facilitar o contraste com as formulações alternativas das representações críticas da cultura intelectual (GÓMEZ, 2001, p.300).

 

Nesse viés, compreende-se que o Psicopedagogo é o responsável pela análise dos fatores que intrínsecos e extrínsecos a uma boa aprendizagem, numa atuação preventiva. Em uma instituição, é este o profissional indicado para assessorar e esclarecer a escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagem.

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O estudo acerca da psicopedagogia contribui para a compreensão desta profissão, além de atualizar e ampliar completa e sucinta dos procedimentos básicos da ação psicopedagógica, no ensino-aprendizagem. Nessa perspectiva torna-se unanime que o profissional psicopedagogo, não é um mero “resolvedor” de problemas, mas um profissional que dentro de seus limites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento.

O docente deve estar preparado e ciente de sua principal função e responsabilidade. E, numa ação interdisciplinar dedicar-se a áreas relacionadas ao planejamento educacional e assessoramento pedagógico. Deve realizar um diagnóstico institucional e propostas operacionais pertinentes.

Portanto, o estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando a escola viabiliza recursos para atender às necessidades de aprendizagem da comunidade escolar. Para que esse processo se dê de maneira satisfatória, orienta-se a análise do Projeto Político-Pedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado como aprendizagem.

 

REFERÊNCIAS

 

BARBOSA, L. S. M. A História da Psicopedagogia contou também com Visca, in Psicopedagogia e Aprendizagem. Coletânea de reflexões. Curitiba, 2002.

 

BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto   Alegre, Artes Médicas, 2000.

 

SISTO, F.F. Aprendizagem e mudanças cognitivas em crianças. Petrópolis, Vozes,      1997.

 

VISCA, J. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre, Artes Médicas, 1987.

 

IMBERNÓN, F. Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed, 2010.

 

NAUJORKS, M. I. STRESS E INCLUSÃO: indicadores de stress em professores frente à inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/5125>. Acesso em 04 de Dezembro de 2019.