A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO NA ALFABETIZAÇÃO
Gleiciane Vieira Silva
Solange de Oliveira Moura
Maristela Oliveira Cavalheiro
Cleonice Marques de Lima
Vilmara Duarte Godoi
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo mostrar a importância do letramento junto da alfabetização, que mesmo sendo algo novo no Brasil, os professores precisam estar ciente de que o letramento faz parte desse processo de ensino, às vezes muito antes da criança estar inserida no âmbito escolar. Diante disso o professor precisa ter um olhar amplo, alfabetizar letrando, sem esquecer que a criança traz conhecimentos, não é um ser vazio e a partir disso iniciar um novo processo de ensino, para que o aluno consiga exercer seus direitos de cidadania, que compreenda o mundo que o cerca.
INTRODUÇÃO
A alfabetização e letramento, apesar de serem coisas diferentes são dois processos indissociáveis, ou seja, precisa estar caminhando lado a lado no processo de ensino aprendizagem do aluno.
A alfabetização implica em ensinar aos alunos o sistema dos códigos linguísticos, ou seja, ler e escrever. Enquanto o letramento implica a interpretação de tudo que se lê, usar a leitura como prática social, ou seja, usá-la em prol de si mesmo, facilitando seu dia a dia.
O presente artigo tem como objetivo mostrar a importância do letramento junto da alfabetização, que mesmo sendo algo novo no Brasil, os professores precisam estar ciente de que o letramento faz parte desse processo de ensino, às vezes muito antes da criança estar inserida no âmbito escolar.
Diante disso o professor precisa ter um olhar amplo, alfabetizar letrando, sem esquecer que a criança traz conhecimentos, não é um ser vazio e a partir disso iniciar um novo processo de ensino, para que o aluno consiga exercer seus direitos de cidadania, que compreenda o mundo que o cerca.
A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO NA ALFABETIZAÇÃO
Existem muitos métodos de alfabetização que através dos quais é possível ensinar uma criança a ler e a escrever. Os dois métodos existentes na alfabetização são os analíticos ou sintéticos. (Melhore essa redação. No início desse parágrafo vc diz que existem muitos métodos e depois vc diz que há apenas dois....) Os métodos sintéticos são aqueles que se parte de uma unidade menor, podendo ser letras, sílabas ou mesmo uma palavra. Ficando assim restrito ao reconhecimento das letras e de seu valor fonético.
O método analítico inicia por uma palavra, frase ou uma história onde pode apresentar uma palavra chave, onde seriam estudadas as letras, sons, estando completa quando a criança conhecer todas as famílias silábicas. Sendo um método especialmente utilizado com as cartilhas do século XX.
Houve muitas críticas a esse método, pois muitas vezes a criança não aprendia de fato, apenas decorava as palavras e lia sem compreender as informações apresentadas em um texto. Dalla Valle (2011, p.65) cita que “Numa visão geral, os alunos que eram educados por esses métodos sabiam ler e escrever, mas não conseguiam compreender tudo o que liam e não escreviam muito mais do que frases soltas”. Com isso em 1978 a Unesco criou um conceito de analfabeto funcional, onde se referia as pessoas eu sabiam ler e escrever mas não conseguiam utilizar a linguagem escrita em sua vida cotidiana.
A criança primeiro entrava em contato com esses métodos, decodificando-os, ou seja, a criança aprendia primeiro as técnicas para depois compreender a função social da escrita. Soares (2009, p.2) afirma que:
Ninguém aprende a ler e escrever se não aprender relações entre fonemas e grafemas – para codificar e para decodificar. Isso é uma parte específica do processo de apreender a ler e escrever. Linguisticamente, ler e escrever é aprender a codificar e decodificar.
É importante que seja mostrada à criança em processo de alfabetização regras ortográficas, relação entre som e escrita. Mas é preciso que o professor alfabetizador também apresente a criança textos reais, como carta, contos, poesias, poemas entre outros tipos de textos. Ferreiro (1993, p. 22) faz uma crítica aos métodos de alfabetização, “O ensino neste domínio continua apegado às práticas mais envelhecidas na escola tradicional, aquelas que supõem que só se aprende algo através da repetição, da memorização, da cópia reiterada de modelos, da mecanização”. É possível confirmar isso quando vemos grandes índices de analfabetos funcionais no Brasil.
Infelizmente esses índices ainda existem no país em grande número fruto de trabalhos educativos mais voltados a decodificação, a memorização de métodos mecânicos de reproduzir letras e palavras, que muitas vezes não respeita o desenvolvimento individual de cada criança.
Freire (1967, p. 111), ainda que o autor tenha voltado sua alfabetização a EJA (Educação de Jovens e Adultos), trouxe diversas contribuições que podem ser usadas na alfabetização de crianças, citando que “a alfabetização é mais do que o simples domínio mecânico de técnica de escrever e ler. É o domínio dessas técnicas, em termos conscientes. É entender o que se lê e escrever o que se entende. É comunicar-se graficamente”.
Há algumas décadas tem surgido um termo que possivelmente muitos ouviram falar, mas ainda existe certa resistência em incorporá-lo, o letramento. Desde que foi empregado em 1986 no Brasil.
Desde a década de 70 quando surgiu a terminologia de analfabeto funcional, onde um cidadão era capaz de ler e escrever, mas sem conseguir fazer uso da mesma em seu contexto social. Em um mundo cada vez mais globalizado onde as informações são passadas em questão de segundos para o mundo foi surgindo uma necessidade cada vez maior de uma pessoa além de ser alfabetizada também ser letrada.
Mas para se entender melhor o termo letramento Soares em uma entrevista para (jornal do Brasil, 2000) cita que:
Letramento é, de certa forma, o contrário de analfabetismo. Aliás, houve um momento em que as palavras letramento e alfabetismo se alternavam, para nomear o mesmo conceito. Ainda hoje há quem prefira a palavra alfabetismo à palavra letramento - eu mesma acho alfabetismo uma palavra vernácula que letramento é uma tentativa de tradução da palavra inglesa literacy, mas curvo-me ao poder das tendências linguísticas, que estão dando preferência a letramento. Analfabetismo é dado como estado de quem não sabe ler e escrever. Ou seja: letramento é o estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e escrever, mas que exerce as práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade em que vive: saber ler jornais, revistas, livros; sabe ler e interpretar tabelas, quadros, formulários, sua carteira de trabalho, suas contas de água, luz, telefone; sabe escrever e escreve cartas, bilhetes, telegramas, sem dificuldade, sabe preencher um formulário, sabe redigir um ofício, um requerimento. São exemplos de práticas mais comuns e cotidianas de leitura e escrita.
O professor não pode se contentar com o simples fato de uma criança saber ler e escrever, mas não compreender muitas vezes uma simples mensagem ou informação que sobre o que leu. É preciso que as crianças saibam ler, interpretar e ainda capaz de produzir textos de acordo com sua idade.
Ainda é possível ver professores que alfabetizam de forma ainda tradicional, alunos contemporâneos precisam de uma alfabetização de acordo com suas necessidades e época em que estão vivendo. O professor não pode pensar no aluno como uma távola rasa, alguém que vai a escola sem conhecimento algum, mas precisa pensar no aluno como sujeito ativo e pensante, dando-lhe autonomia.
Muitos ainda acreditam que se deve alfabetizar primeiro o aluno, para depois então lhe apresentar diferentes gêneros textuais ou até mesmo questionamentos sobre o texto que acabou de ler. Diante disso a criança pode até aprender ler e escrever, mas terá dificuldade em outras séries em acompanhar o que é ensinado.
Quando é apresentado a uma criança não alfabetizada desde muito cedo livros, onde os pais leem para os filhos, fazem perguntas sobre o que leu, dão livros para que a criança possa ler as imagens e entender o seu significado, a criança já entra em contato com a leitura desde muito cedo e quando vai para escola, consegue compreender diversas coisas mesmo sem estar alfabetizada, a criança já entra em contato com o mundo letrado, porém informalmente, cabendo à escola, possibilitar que isso ocorra de forma plena.
Por mais que a criança já tenha esse contato através de seus pais, é o professor que tem as condições pedagógicas necessárias para ensinar o aluno nesse sentido.
A criança muitas vezes não entende que a língua portuguesa é a mesma que existe fora da escola. Infelizmente muitas vezes a escola trabalha com textos diferentes dos que o aluno tem acesso, tendo sentido apenas no âmbito escolar e não fora dele.
A escola precisa entender que o aluno precisa ser preparado para viver fora dela, isso implica apresentar-lhe diferentes gêneros textuais, mesmo os informais, para que o aluno não sinta a escola tão distante de sua realidade. Segundo Dalla Valle (2011, p.81) “É preciso urgentemente que a escola tome consciência de que nada adianta as crianças saberem ler textos escolares, é preciso que saibam usar a linguagem como instrumento pra viver melhor e para terem acesso a cultura de seu povo”.
Se o professor apresentar a criança apenas textos tradicionais como se alfabetizava antigamente, diferentes do que acontece no contexto fora da escola, à criança terá dificuldade em compreender o mundo a sua volta. Sendo assim a escola será apenas uma instituição formal, porém que não prepara o aluno para participar de situações cotidianas fora do contexto escolar.
A alfabetização e o letramento não podem ser processos separados, mas precisam ocorrer juntos, ao alfabetizar a criança, é preciso, ao mesmo tempo, letrar, sendo dois processos indissociáveis, que precisam caminhar lado a lado. Caso contrário só estará fortalecendo ainda mais o termo analfabetismo funcional. Segundo Brasil (1998, p. 151-152):
A experiência com textos variados e de diferentes gêneros é fundamental para a constituição do ambiente de letramento, a seleção do material escrito, portanto, deve estar guiada pela necessidade de iniciar as crianças no contato com diversos textos e de facilitar a observação de práticas sociais de leitura e escrita nas quais suas diferentes funções e características sejam consideradas. Nesse sentido, os textos de literatura geral e infantil, jornais, revistas, textos publicitários, entre outros, são os modelos que se podem oferecer as crianças para que aprendam sobre a linguagem que se usa para escrever.
A família também tem grande importância nesse processo, quando a criança é incentivada em casa a ler, os pais leem para os filhos, isso exercita o raciocínio do aluno, facilitando a aprendizagem do aluno, contribuindo para que o aluno tome gosto pela leitura, para que quando lhe for apresentado na sala de aula, não sinta receio ou medo, mas que lhe seja algo familiar e não distante de sua realidade. Soares (199, p. 69) cita que:
[...] essa introdução ao mundo da escrita, na escola, não se caracteriza como um momento inaugural de entrada em um mundo desconhecido: embora ainda “analfabeta”, a criança já tem representações sobre o que é ler e escrever, já interage com textos escritos de diferentes gêneros e em diferentes portadores, convive com pessoas que leem e escrevem, participa de situações sociais de leitura e de escrita […]
Há ainda professores que alfabetizam sem se preocupar com o contexto social em que o aluno está inserido. Infelizmente também existem crianças que não tem condições de terem livros para lerem em casa e complementar sua aprendizagem, diante disso a escola precisa alfabetizar e dar subsídios para o letramento.
A alfabetização e o letramento são duas coisas diferentes, mas precisam estar juntos, pois não faz sentido a criança saber os códigos linguísticos e não ter a habilidade de usá-lo. É preciso partir de situações reais do dia a dia da criança, com textos reais articulados com o que a criança precisa aprender.
Mas isso não significa que o livro didático ou material didático devem ser dispensados, pois a criança precisa aprender os códigos linguísticos da língua materna, sem eles a criança não se alfabetiza. O que precisa é dar sentido nessa alfabetização, partindo de situações reais.
Antigamente, no ensino tradicional, a escola se preocupava em alfabetizar de forma mecânica, pois existia uma demanda muito grande para trabalhadores em indústrias, mas que era necessário saber ler e escrever. Uma pessoa que sabia ler e escrever era o suficiente para conseguir um emprego.
Na escola se aprendia frases soltas, depois as copiava, e por final passava para os textos até chegarem a produzirem seus próprios textos.
Hoje a demanda é outra, a escola tem o dever e a criança o direito de ser alfabetizada de forma a vir compreender o mundo em que está inserida, para que desde cedo aprenda não somente seus deveres, mas também seus direitos para que futuramente atue como cidadão ativo.
Sabemos que a sociedade em que vivemos ainda é muito injusta, mas um cidadão crítico é possível pode fazer grandes mudanças. Ainda que pequenos, é preciso ser apresentados textos críticos aos alunos, de acordo com sua idade, mas que tenha uma intenção crítica e que possibilite que esses alunos compreendam a mensagem apresentada.
Muitos professores encontram dificuldades em alfabetizar e letrar ao mesmo tempo, principalmente os professores que se formaram há muito tempo e que infelizmente tem a mente fechada para essa nova prática pedagógica que precisa estar aliada a alfabetização.
Mas é possível que o professor letra ao mesmo tempo em que alfabetiza, mas para isso exige muita reflexão, estudos contínuos e interesse. Infelizmente acontece muito nas escolas dos professores usarem um tempo para leitura apenas como passatempo, depois que os alunos terminam suas atividades que muitas vezes são sem sentido para eles.
A leitura antes de se iniciar a aula é imprescindível, pois o aluno começa a visualizá-la e a valorizá-la como algo tão importante quanto fazer suas tarefas diárias em sala de aula e ir se habituando a leitura, aguçando sua curiosidade para ler vários gêneros textuais dentro e fora da escola. Soares (2003, p. 89), traz uma fala sobre a importância.
Alfabetizar letrando é um desafio que o professor precisa saber lidar, pois o processo de letramento se inicia antes mesmo do aluno estar inserido na escola. Dessa forma é necessário que o professor, faça uma sondagem, observando sempre o aluno, para que possa compreender as dificuldades do aluno e trabalhá-las.
O trabalho pedagógico deve visar à alfabetização e letramento como uma práticas que precisam ser ensinadas juntas, que uma precisa da outra para tornar ampla, possibilitando que a criança entre em contato desde cedo com o mundo letrado, ainda que não saiba ler precisa ser apresentada a esse mundo do letramento. Assim quando a criança passar para as próximas séries, não sentirá tanta dificuldade.
Pois uma vez que a criança conhece ou tem participação em práticas sociais ainda que essa criança seja muito pequena mas tem contato, isso facilitará sua aprendizagem.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do presente artigo fora utilizado pesquisa qualitativa, baseada em leitura de artigos, revistas e livro de autores que convergiam sobre o assunto e uma reflexão profunda sobre o tema.
Onde dão a devida importância ao letramento assim como a alfabetização, que um completa o outro e entendem que sozinhos o trabalho fica inacabado.
Segundo Fonseca (2002, p.3) “A pesquisa qualitativa se preocupa com aspectos da realidade que não pode ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais”.
A pesquisa tem como objetivo nos trazer respostas aos mais diversos pesquisador encontrar respostas, porém nem sempre prontas e acabadas, nos levando a fazer investigações, críticas e conseguir provar um determinado assunto. Pádua (2004, p. 12) diz que:
Os procedimentos, as técnicas, que dão suporte ao desenvolvimento do processo de pesquisar, constituem-se como meios, através dos quais poderemos implementar nosso projeto de desenvolvimento de uma formação intelectual rigorosa, crítica e sintonizada com nosso tempo, em especial nos recursos de graduação.
Nesse sentido a pesquisa qualitativa possibilitou olhares mais amplos sobre o assunto, onde possivelmente mostra caminhos para uma alfabetização e letramento como prática social.
Toda essa parte que deixei em vermelho você poderá recortar daqui e colar inteirinha lá na introdução, sem a palavra METODOLOGIA.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos entender que o letramento ainda que seja muitas vezes visto por muitos educadores como algo que pode ser feito depois da alfabetização, sabemos que é imprescindível que o educador trabalhe com isso desde cedo com seu aluno, pois o mesmo muitas vezes conhece as mais variadas coisas antes mesmo de ingressar no ambiente escolar. Cabe ao professor entender esse processo e inserir o letramento juntamente com alfabetização.
Assim como o letramento sozinho não irá facilitar tanto a vida de uma pessoa, o mesmo se diz da alfabetização que sem o letramento perde o seu sentido, o significado.
O aluno tem o direito de conhecer os diferentes gêneros textuais, de acordo com sua idade e fase de aprendizagem, pois muitas vezes conhece, mas não entende. Assim o professor precisa articular os conhecimentos que os alunos já trazem consigo com o que realmente precisam aprender, sendo assuntos que fazem parte do seu dia a dia, para que não sintam que a escola é algo tão diferente de sua realidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental. Departamento da Educação Fundamental. Coordenação Geral de Educação Infantil. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Conhecimento de Mundo. Brasília, 1998.
DALLA VALLE, Luciana de Luca. METODOLOGIA DE ALFABETIZAÇÃO. 2. ed. Curitiba: Ibepex, 2011.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
FERRERO, Emília. Com todas as letras. 4 ed. São Paulo: Cortez, 1993.
SOAREs, Magda . Aprender a escrever, ensinar a escrever. In: ZACCUR, E. A magia da linguagem. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. 3. Ed. Belo Horizonte: Autentica, 2009.