A IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA DO JOGO E DO LÚDICO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DENTRO DA EDUCACAO INFANTIL
Lilian Keli campos
Ana Paula Ribeiro Messias de Andrade
Dara Gubert Zenatti
Marcia Vieira de Souza
RESUMO
Será apresentado no presente artigo, uma revisão bibliográfica de análise e investigação nos diversos estudos realizados no campo da ludicidade como ferramenta na Educação Física escolar com ênfase na educação infantil visando enfatizar a sua importância para o desenvolvimento do trabalho do educador e da criança, pois o lúdico tem sido há muito tempo usado por educadores como estrategia crucial no ensino aprendizagem de diversas disciplinas principalmente na educação infantil onde as crianças estão em uma fase de intenso movimento aprendendo e descobrindo o mundo e a si mesma. O lúdico em suas diversas formas está associado diretamente aos jogos, recreações e as brincadeiras, seguimentos que são usados periodicamente nas aulas de Educação Física para atrair o interesse das crianças, portanto cabe ao profissional utilizar da melhor forma este recurso para assim conseguir desenvolver um trabalho efetivo de aprendizagem e desenvolvimento de suas habilidades bem como no aperfeiçoamento das diversas capacidades dos alunos. Diante disso foi demonstrado através do referencial teórico a importância de educação com a ludicidade adquirido com o jogo, observando os inúmeros benefícios que traz para a criança e ao seu desenvolvimento de forma integral.
PALAVRAS- CHAVES: Educação Física Escolar. Lúdico. Educação Infantil.
ABSTRACT
This article will present a bibliographical review of analysis and research in the various studies carried out in the field of playfulness as a tool in Physical Education at school, with emphasis on children's education, in order to emphasize its importance for the development of the work of the educator and the child, since the playful has long been used by educators as a crucial strategy in teaching learning of various disciplines mainly in early childhood education where children are in a phase of intense movement learning and discovering the world and themselves. The ludic in its various forms is associated directly with games, recreations and games, which are used periodically in Physical Education classes to attract the interest of children, so it is up to the professional to make the best use of this resource in order to be able to develop a job effective learning and development of their skills as well as the improvement of the diverse abilities of the students. Given this, it was demonstrated through the theoretical reference the importance of education with the playfulness acquired with the game, noting the innumerable benefits it brings to the child and its development in an integral way.
KEYWORDS: School Physical Education. Ludic. Child education.
1- INTRODUÇÃO
Neste presente artigo será apresentado que a Educação Física tem papel fundamental na vida e no desenvolvimento das crianças, pois tem como um dos seus objetivos, o estudo da cultura corporal e do movimento, sendo possível dizer que na primeira infância a criança aprende se movimentando através das brincadeiras, dos brinquedos, dos jogos e recreações, ferramentas usadas de forma integradas a disciplina.
Embora o lúdico esteja presente em instâncias e dinâmicas da vida social,(trabalho, lazer, educação, etc.), é no jogo que se encontra um amplo espaço para discussão.
Ao longo dos anos vários pesquisadores têm se dedicados aos estudos do jogo, poucos, porém, foram os que alcançaram reconhecimento ou mesmo obter certo destaque, alguns por outro lado se tornaram clássicos.
De acordo com Pimentel e Pimentel (2009, p. 164);
A primeira abordagem sobre o tema e possivelmente a mais conhecida e polêmica tese sobre a relação do lúdico com a cultura foi defendida por Huizinga (1980), Para ele, o jogo é um construto historicamente construído pela cultura, mas, dialeticamente pode, tratar de um fenômeno que, por ser anterior a cultura […] [ teria impulsionado] estruturalmente boa parte das instituições humanas. (Pimentel e Pimentel 2009, p. 164).
Um ponto básico em que se apoiam os estudos de Huizinga, “é que a cultura surge sob a forma de jogo, ela é, desde seus primeiros passos, como que jogada” Huizinga (2000, p.37).
Sendo este tema mais explanado nas páginas decorrentes deste artigo, assim como o tema, lúdico. O termo lúdico mostra-se polissêmico. Entre as varias possibilidades de compreensão, temos aquelas que se referem ao comportamento típico do jogo, como um adjetivo para as atividades de jogo e brincadeiras, como a própria essência do jogo, ou, ainda, como uma constante antropológica que envolve as experiências de lazer.
No entendimento de Bruhns (1993, citado por Pimentel e Pimentel, 2009), “De forma ampliada, o lúdico é visto como potencial transformador, presente em ações criativas, como a atividade científica, o erotismo, a literatura, e as artes em geral”.
Sendo objetivo de este artigo apresentar a importância do lúdico nas aulas de Educação Física dentro da educação infantil, e para isso será apresentado tese de renomados estudiosos sobre a importância do jogo, nas escolas. Sendo apontado que esses autores discorrem, principalmente sobre a ludicidade, as fases do jogo e sua importância para o desenvolvimento infantil, focalizando também o jogo na perspectiva das abordagens desenvolvimentista e construtivista.
2- MATERIAL E MÉTODOS
No que se refere aos seus procedimentos práticos, este artigo é um estudo de natureza bibliográfica acerca da temática, a Educação Física e o seu papel fundamental no desenvolvimento da criança, e como o jogo e o lúdico podem contribuir com esse desenvolvimento.
Que visa alcançar o objetivo proposto sendo este discorrer sobre o que grandes nomes de autores renomados, no ramo da educação têm a dizer sobre o tema. Completando com as considerações finais onde daremos nosso parecer.
A pesquisa será realizada por meio da leitura sistemática e produção de fichamento, a partir de livros, artigos, e fontes eletrônicas que abordam o tema proposto.
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1- JOGO: LUCIDADE CORPO E MOVIMENTO
Sendo importante esclarecer que a ideia de cultura encontrada na obra de Huizinga (2000) está ligada de forma, a tradição alemã, que entende as obras de arte e os livros, entre outros, como “produtos humanos”. Desse modo talvez seja esclarecedora uma passagem em que Huizinga (2000,p.37) afirma que:
No decurso da evolução de uma cultura, quer progredimos quer regredimos, a relação inicial por nos definida ente o jogo e o não jogo não permanece imutável. Regra geral, o elemento lúdico vai gradualmente passando para segundo plano, sendo sua maior parte absorvida pela esfera do sagrado. O restante cristaliza-se sob a forma de saber: folclore, poesia, filosofia, e as diversas formas da vida jurídica e política fica assim completamente oculto por detrás de fenômenos culturais e elementos lúdicos original. (Huizinga 2000,p.37)
Assim, á medida que se cristaliza sob forma de saber, o elemento lúdico ascende à condição de cultura. No entanto como argumenta Lucena (1998, p34) “essa condição só perdura na medida em que não esteja totalmente desconectado de formas lúdicas”.
Para Huizinga (2000, p.5):
O jogo é mais que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico. Ultrapassa os limites das capacidades físicas ou biológica. É uma função significante, isto é, encerra um determinado sentindo. […] seja qual a maneira como o consideram, o simples fato do jogo encerrar um sentido implica a presença de um elemento não material em sua própria essência. (Huizinga 2000, p.5).
Segundo esse historiador entre os elementos do jogo estão a tenção, alegria, e o divertimentos sendo que este ultimo resiste a qualquer tipo de analise ou interpretação lógica.
Portanto de acordo com o referido autor é necessário avaliar e compreender o jogo em sua totalidade. Como afirma Huizinga (200, p.6-7):
A existência do jogo não está ligada a qualquer grau de determinado de civilização, ou a qualquer concepção do universo. Todo ser pensante é capaz de entender a primeira vista que o jogo possui uma realidade autônoma mesmo que sua língua não possua um termo geral de defini-lo. A existência do jogo é inegável. (Huizinga 2000, p.6-7)
Apresentamos até aqui mesmo que de forma passageira algumas interface do jogo e da cultura. Agora se torna necessário conceitua-lo, bem como, pontuarmos as principais características do jogo.
Huizinga (2000) elenca algumas características do jogo, as quais são consideradas fundamentais e servem como ponto de apoio para sua análise. Segundo o autor (2000. p. 13-14):
Numa tentativa de resumir as características formais do jogo, poderíamos considera-lo uma atividade livre, conscientemente tomada como “não séria” e exterior a vida habitual, mas mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro do limite espaciais e temporais próprios, segundo certa ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendências a rodearem-se e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do mundo, por meio de disfarces ou outros meios semelhantes. (Huizinga 2000, p. 13-14)
Em síntese para Huizinga (2000, p. 24):
O jogo é uma atividade ou ocupação voluntaria, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotados de um fim a si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida quotidiana”. (Huizinga 2000, p. 24).
Diante de perguntas seculares do que é sério, do que é jogo, o que é respeitado ou o que aceito socialmente Huizinga (2000,p.115) posiciona da seguinte forma:
A verdadeira civilização não pode existir sem um, certo elemento lúdico, porque a civilização implica a limitação e o domínio de si próprio, a capacidade de não tornar suas próprias tendências pelo fim último da humanidade, compreendendo que está encerrado dentre de certos limites livremente aceites. De certo modo, a civilização sempre será um jogo governado por certas regras, e a verdadeira civilização sempre exigirá o espírito esportivo, a capacidade de fair play. O fair play é simplesmente a boa-fé expressa em termos lúdicos. (Huizinga 2000,p.115)
A questão que ora se coloca e que o lúdico ou qualquer adjetivo que pretendemos atribuir a esse lúdico, ocorre, invariavelmente, por meio de ações corporais, numa continua interação, entre sujeito e objeto. Nessa direção Piaget (1996, p.43) afirma o seguinte:
O conhecimento implica numa série de estruturas construídas progressivamente através de contínua interação entre o sujeito e o meio físico social, portanto o ambiente escolar deve ser estimulante e favorecer essa interação, e para isso, deve o projeto político- pedagógico de a escola esta fundamentado numa proposta de trabalho que tenha como características: processos dinâmicos subjacentes à construção das estruturas cognitivas. (Piaget 1996, p.43).
Ainda de acordo com Piaget (1996, p. 46), entendemos o jogo como a construção do conhecimento, principalmente, nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço, seu tempo, desenvolvem a noção de casualidade, chegando representação e, finalidade, á lógica.
Diante de tais pressupostos é possível perceber que os conhecimentos graças à interação entre sujeito e meio ambiente. Portanto a ação motora é determinante. Mas, se a ação motora é um componente fundamental para o desenvolvimento cognitivo, qual é o seu papel nas demais esferas do comportamento humano?
Sousa ( 2012) citado por Silva (2014) afirma o seguinte:
Ao estudar o desenvolvimento humano Piaget(1996) salienta que existe certo equilíbrio do homem com o meio ambiente e através dele desenvolve a inteligência. Segundo Piaget isso é feito por adaptação e organização. A adaptação tem duas formas básicas: a assimilação e a acomodação. Na assimilação o individuo usa as estruturas psíquicas que já possui. Porem se elas não forem suficientes, é necessário construir novas estruturas e assim é desenvolvida a acomodação.
Conforme Piaget (1996), “na assimilação e na acomodação podemos reconhecer a correspondência prática daquilo que serão mais tarde a dedução e a experiência”. Toda via na articulação há uma articulação dos processos com as estruturas existentes e a reorganização de todo o conjunto. Desse modo, compreendemos que “o individuo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o torna cada vez mais apto ao equilíbrio”. (Piaget 1996, p.58).
De acordo com:
É compreensivo que uma criança brinque pelo divertimento, no entanto, há objetivos a serem alcançados. À medida que aparecem as regras, o jogo do exercício ganha identidade, tornando-se indispensável a separação entre o jogo e técnica. Com as regras já estruturadas devem ser buscadas novas estratégias para o alcance dos objetivos.
Completando a afirmativa acima, Devreis e Kamii afirmam o seguinte (1991, p.73):
Os jogos servem, particularmente, para promover o desenvolvimento da cooperação, por que as crianças são motivadas pelo divertimento do jogo a cooperar voluntariamente (automaticamente) com outros, seguindo as regras. Jogos requerem, em grande parte, adequação e coordenação interindividual, e as crianças são motivas a usar inteligência para compreender como jogar bem o jogo. (Devreis e Kamii, 1991, p.73).
O jogo está presente nas diversas etapas do desenvolvimento humano, podendo contribuir para o processo de socialização das crianças, bem como para a realização das tarefas individuais.
Ao contrário do que se possa supor, mesmo quando desenvolvido de forma lúdica, o jogo tem seus objetivos, “ sobre tudo porque a atividade lúdica também tem objetivo para alcançar (gol, por exemplo), salvo nas formas mais larvares no procedimento lúdico, como no mero jogo de exercício, e, em parte, no jogo simbólico, em que o objetivo não é, provavelmente, consciente”. ( Piaget 1980, p. 110, grifo original).
Podemos percebe que para Piaget (1980), o jogo direcionado para a criança surge como pertencedor de um mundo de sonhos, considerado para ela mais importante do que o mundo real. Contudo isso não quer dizer que seja menos real que o outro.
? se posiciona em relação a esse tema com a seguinte afirmação:
Diante disso, a criança se vê obrigada a se adaptar a um mundo social, cujas regras lhe parecem exteriores, ou seja, um mundo na qual ela mal consegue satisfazer suas necessidades afetivas. Assim a criança busca seu equilíbrio afetivo e intelectual em atividades nas quais sua motivação não se baseia no real, mas se dê por meio da assimilação do real ao seu próprio eu, e, para isso, utiliza a inteligência que é constatada como ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação do mundo que imagina.
A assimilação é essencial ao meio externo buscada pelo indivíduo para alimentar seus esquemas hereditários ou adquiridos e a acomodação pertence de tal forma indiferenciada dos processos assimiladores que não ocasiona nenhuma conduta ativa especial. Em busca da fuga do mundo social a criança se prende a sua imaginação, criando jogos e vivendo dentro desse mundo construído pelo jogo.
Onde se encaixa o profissional de educação física em todo esse processo? Vejamos o que afirma Tani et al. (1988, p.1), “todo e qualquer processo educacional procura, sua essência, atender adequadamente as necessidades biológicas, psicológicas, sociais e culturais da população a que se destina”. Independentemente da abordagem escolhida pelo professor de Educação Física para subsidiar o trabalho pedagógico, é necessário que ela responda a quatro questões básicas: “como estabelecer os objetivos, quais são os princípios metodológicos de ensino a serem adotados? Como selecionar e estruturar tarefas de aprendizagem? Como avaliar o processo de cada aluno” (Tani et al. 1988, p.1).
É preciso que o professor de educação física compreenda as características das crianças para que atenda a real necessidade e expectativas.
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste artigo científico, procuramos explicar o quanto o jogo é um elemento fundamental para o processo do desenvolvimento humano, esse tema suscita frequentes debates e ainda é pouco explorado como elemento pedagógico.
Como bem, mostras as ideias dos autores por nos discutidos, as ações corporais proporcionam vivências, que em ultima instância, formam nossa personalidade, e nos individualizam. Essas ações e vivencias encontram espaços no jogo pelas possibilidades que ele oferece ao desenvolvimento cognitivo, afetivo, social ou motor.
O aspecto lúdico precisa está presente no desenvolvimento das ações pedagógicas, por dois motivos básicos. O primeiro encontra amparo no fato do jogo ser fato mais antigo que a cultura, pois esta, mesmo em suas definições menos rigorosas, pressupõe sempre a sociedade humana.
O segundo motivo reside nas possibilidades de utilização pedagógica; o jogo como elemento pedagógico é capaz de desenvolver na criança a inteligência, a imaginação e a criatividade, além de criar condições de desenvolvimento motor de gerar e ampliar as condições para que a formação integral seja possível.
Entretanto o jogo por si só, não é capaz de gerar nenhum tipo de mudança. Isso só será possível com a efetiva participação do professor, detenha os elementos necessários para tal ação, ou seja, um professor que tenha acesso á formação continuada, a um ambiente com boas condições de trabalho, que receba apoio de uma equipe pedagógica disposta a enfrentar os problemas que se apresenta no processo ensino-aprendizagem, entre outros. Esses são alguns aspectos que, se supridos, poderão contribuir para que realmente essa mudança possa ocorrer.
Por tanto diante dos desafios que a educação contemporânea impõe, acreditamos que o jogo é um importante instrumento de intervenção pedagógica, capaz de possibilitar discussões atuais e urgentes no contexto escolar.
REFERÊNCIA
Educação Física escolar: Saberes, práticas pedagógicas e formação [livro eletrônico ] / SILVA, Christina Madri Finck (org.). – Curitiba: InterSaberes, 2014.
DEVRIES, R.; KAMII, C. Piaget para a educação pré-escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
HUIZINGA, J. Homo Lundes. 4. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2000. (Coleção Estudos). Disponível em: HTTP://jnsilva. ludicum.org/huinza_HomoLundes.pdf. Acesso em 7 ago. 2012.
PIMENTEL, R.M.L.; PIMENTEL, G.G. de A. Discurso lúdico nos discurso
lúdico. Forma y Función, Bogotá, v.22, n.22, jan./jun. 2009. Disponível em:
http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0120-338X2009000I00008&script=sciarttext. Acesso em: 7 ago.2012.
PIAGET, J. A construção do real na criança. São Paulo: África, 1996.
___Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense- Universitária, 1980.
TANI, G. et. Al. Educação Física escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: Perspectiva, 1988.