O IMPACTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA PREJUDICA A APRENDIZAGEM
DILAIR BARTZIKI DOS SANTOS LUIZ
ELIANE MARIA TRÊS DALMAGRO
SUELY RIBEIRO
RESUMO
Em todas as etapas da vida humana conseguimos novas aquisições de conhecimento, para muitos pensares não é bem assim, então essa pesquisa busca mostrar posições de teóricos que apresentam o processo de aprendizagem em específico na criança e no adolescente, através dos maus-tratos de abuso de abandonos, objetiva Um dos grandes fatores que favorecem a violência física, como os espancamentos, é a personalidade desestruturada para um convívio familiar do agressor, que não sabe lidar com pequenas frustrações que essas relações causam no decorrer do cotidiano.
Palavras chave: Educação, Violência, família, carinho, lúdico.
INTRODUÇÃO
A violência doméstica e/ou intrafamiliar contra crianças e adolescentes não é um fenômeno da contemporaneidade. Relatos de filicídios, de maus-tratos, de negligências, de abandonos, de abusos sexuais, são encontrados ainda em nossa sociedade e principalmente onde fizemos nossa pesquisa de campo. Este artigo tem como objetivo refletir sobre O impacto da violência, prejudica a aprendizagem. A violência doméstica acontece contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos, sendo que os agressores são os próprios familiares das vítimas.
Um dos grandes fatores que favorecem a violência física, como os espancamentos, é a personalidade desestruturada para um convívio familiar do agressor, que não sabe lidar com pequenas frustrações que essas relações causam no decorrer do cotidiano.
Este trabalho pretende gerar uma pesquisa sobre os agressores quem são, sobre o perfil do agressor é caracterizado por autoritarismo, falta de paciência, irritabilidade, grosserias e xingamentos constantes, ou acompanhados de alcoolismo e uso de outras drogas. As violências domésticas se dividem por espancamentos, tendo maior número de vítimas as crianças de até cinco anos; abusos sexuais, acontecendo em maior quantidade entre meninas de sete a dez anos de idade; e por danos morais, em adolescentes e mulheres. É bom lembrar que os idosos tem tido grande participação na violência doméstica, mas aqueles que necessitam de cuidados especiais, sofrendo as agressões por pessoas contatadas pela família.
Outro destaque para as vítimas das agressões são as crianças portadoras de necessidades especiais. Normalmente as mães são as maiores agressoras das mesmas, por exigirem cuidados excessivos como higiene pessoal, alimentação, locomoção, onde estas se sentem sobrecarregadas e por não receberem apoio dos pais da criança ou uma estrutura advinda de órgãos governamentais.
– A violência familiar: O capítulo dá um apanhado geral de conceitos, definições e histórico relacionado à violência familiar, quem são os agressores.
A violência doméstica prejudica o aprendizado dos educandos, o caso é típico e acontece todo o dia em qualquer cidade brasileira: mulher é espancada pelo marido na presença dos filhos. O criminoso fica impune e a mulher, normalmente se mantém calada diante da violência que sofre no cotidiano.
No entanto, o que muitos não sabem é que, na maior parte das vezes, a violência contra a mulher acaba atingindo também as crianças, que acabam carregando para a vida adulta os efeitos psicológicos que a agressão presenciada produz em suas mentes.
“A violência doméstica é uma epidemia que contamina todo o tecido familiar. Estatísticas mostram que homens que espancam suas parceiras também são violentos com as crianças dentro de casa”. De acordo com o estudo, cerca de 63% das crianças apresentam problemas de aprendizado, repetem anos escolares e abandonam a escola, em média, com 9 anos de idade.
Um terço delas tende a perpetuar a agressividade quando se tornam adultas. Muitas vezes as crianças são enviadas para as escolas estão apresentando distúrbios de aprendizagem, ou outros problemas de saúde.
“Somente quando as mães percebem que os educadores estão ajudando seus filhos e adquirem confiança no trabalho dos mesmos é que acabam confessando para os técnicos que elas e as crianças são agredidas no lar.”
Freqüentemente, os conflitos do casal afetam seus filhos pequenos. As crianças que presenciam a violência conjugal enfrentam riscos mais elevados de ter problemas emocionais e de comportamento tais como: ansiedade, depressão, desempenho escolar medíocre, baixa auto-estima, desobediência, pesadelos e problema de saúde como já foi citado.
A violência social passa a ser reconhecida como parte da agenda da Saúde Pública a partir dos anos 90, fundamentalmente, pelo crescente número de mortes e traumas que provoca na sociedade.
Muitos casos de violência doméstica encontram-se associados ao consumo de álcool, pois a bebida torna a pessoa, em alguns casos, mais agressiva. Nesses casos o agressor pode apresentar inclusive um comportamento absolutamente normal e até mesmo “amável” enquanto não embriagado, o que dificulta a decisão da parceria denunciá-lo, portanto este trabalho feito com a comunidade de terapia justifica-se por como uma forma de alertar as mulheres e crianças como proceder no caso da agressão.
Estima-se que a violência contra a mulher e criança no seu próprio lar, tenha proporções epidêmicas no mundo todo. Na verdade, em 1989 o Worldwatch Instituto declarou a violência contra a mulher e criança como sendo o tipo de crime mais freqüente do mundo (BANDEIRA, 1998). “Nos Estados Unidos, a violência no lar é a maior causa isolada de ferimentos em mulheres e crianças, isto feito dentro de seu próprio lar, onde há omissão”.
Embora tenhamos que ser cuidadosos nesta terapia com as famílias sofridas, pois os seus agressores são os esposos, tios, padrasto, madrasta e outros. Curiosamente a porcentagem de mulheres assassinadas pelo companheiro fica em torno de 40%, segundo o pesquisador Renato Lima da Fundação SEADE (Folha de São Paulo, 2000). “Ressalta-se que companheiro é definido por parceiro de relações amorosas e sexuais com alguma presumida estabilidade embarcando esposos, companheiros, amantes, namorados, noivos, ex-esposos, ex-companheiros, ex-amantes e ex-namorados” (MACHADO, 1998, p.113-114).
É na relação em família que ocorrem os fatos mais expressivos da vida das pessoas, tais como a descoberta do afeto, da subjetividade, da sexualidade, a experiência da vida, a formação de identidade social. A idéia de família refere-se a algo que cada um de nós experimenta, repleta de significados afetivos, de representações, opiniões, juízos, esperanças e frustrações.
Assim, falar de família é falar de algo que todos já experimentaram. É o espaço íntimo, onde seus integrantes procuram refúgio, sempre que se sentem ameaçados. No entanto, é no núcleo familiar que também acontecem situações que modificam para sempre a vida de um indivíduo, deixando marcas irreparáveis em sua existência, uma dessas situações é a violência doméstica contra a criança e o adolescente.
A violência doméstica pode ser definida como sendo: todo ato ou omissão, praticado por pais, parentes ou responsáveis contra crianças e/ou adolescentes que, sendo capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima, implica numa transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, por outro lado, numa coisificação da infância, isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento. (AZEVEDO E GUERRA, 2001)
A criança e o adolescente são pessoas que estão em fase de desenvolvimento e para que isso aconteça de uma forma equilibrada é preciso que o ambiente familiar propicie condições saudáveis de desenvolvimento, o que inclui estímulos positivos, equilíbrio, boa relação familiar, vínculo afetivo, diálogo, entre outros.
Pois, como diz Weiss (2004, p.23): aspectos emocionais estariam ligados ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento a expressão deste através da produção escolar (...). O não aprender pode, por exemplo, expressar uma dificuldade na relação da criança com sua família; será o sintoma de que algo vai mal nessa dinâmica.
Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que um ambiente familiar hostil e desequilibrado, pode afetar seriamente não só a aprendizagem como também o desenvolvimento físico, mental e emocional de seus membros; pois, o aspecto cognitivo e o aspecto afetivo estão interligados, assim, um problema emocional decorrente de uma situação familiar desestruturada reflete diretamente na aprendizagem.
Segundo Bandeira, 1998, p.68. “O índice assustadoramente alto da violência conjugal faz com que a casa da mulher seja o local em que ela mais corre perigo juntamente com os seus filhos. É de senso comum o fato de que os homens morrem nas ruas e as mulheres morrem em casa”.
Dessa forma pode-se observar, o quanto à violência contra a mulher é corriqueira isto é ilustrado pela freqüência com que as pessoas se aproximam para narrar episódios sofridos na família.
Segundo a observação de certos casos nota-se que a violência física é o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não marcas evidentes. São comuns murros e tapas, agressões com diversos objetos e queimaduras por objetos ou líquidos quentes. Quando a vitima é a criança, além da agressão ativa e física, também é considerado violência os atos de omissão praticados pelos pais ou responsáveis.
Quando as vítimas são homens, normalmente a violência física não é praticada diretamente. Tendo em vista a habitual maior força física dos homens, havendo intenções agressivas, esses atos podem ser cometidos por terceiros, como por exemplo, parente da mulher ou profissionais contratados para isso (AZEVEDO, 1985). Outra modalidade são as agressões que tomam o homem de surpresa, como por exemplo, durante o sono. Não são incomum, atualmente, a violência física doméstica contra homens, praticados por namorados (as) ou companheiros (as) dos filhos (as) contra o pai.
Tem muitos casos de se ter uma sociedade obcecada e entorpecida pelos cuidados com as crianças e adolescentes, é bom ressaltar que uns bons números de agressões domésticas são cometidos contra os pais por adolescentes, assim como contra avós pelos netos ou filhos. Dificilmente encontramos trabalhos nessa área, ressalta Bandeira.
Essa atitude de oposição e aversão costuma ser encontrada em maridos que depreciam a comida da esposa e, por parte da esposa, que, normalmente se aborrecendo com algum sucesso ou admiração do marido, ridiculariza e coloca qualquer defeito em tudo que ele faça.
Nos debates com famílias vemos que esses agressores estão sempre querendo justificar as atitudes de oposição como se fossem totalmente irrelevantes, como se estivessem corretas, fossem inevitáveis ou não fossem intencionais. “Mas, de fato a comida estava sem sal... Mas, realmente, fazendo assim fica melhor...” e coisas do gênero (CAMARGO, 1991). Entretanto, sabendo que são perfeitamente conhecidas às preferências e estilos de vida dos demais, atitudes irrelevantes e aparentemente inofensivas podem estar sendo propositadamente agressivas.
Muitas vezes em rede de televisão vemos que, as ameaças físicas (ou de morte), bem como as crises de quebra de utensílios, mobílias e documentos pessoais também são consideradas violência emocional, pois não houve agressão física direta. Quando o (a) cônjuge é impedida (a) de sair de casa, ficando trancado(a) em casa também se constitui em violência psicológica, assim como os casos de controle excessivo (e ilógico) dos gastos da cãs impedindo atitudes corriqueiras, como por exemplo, o uso do telefone.
Muitas vezes a violência verbal normalmente decorrente de complexos e conflitos, algumas pessoas se utilizam da violência verbal infernizando a vida de outras, querendo ouvir, obsessivamente, confissões de coisas que não fizeram. Atravessam noites nessa tortura verbal sem fim. “Você tem outra (o)”. Você olhou para fulana (o)... Confesse você queria ter ficado com ele (a) e todo tipo de questionamento, normalmente argumentados ob o rótulo de um relacionamento que deveria se buscar na verdade, ou coisa assim.
Percebe-se que nestes casos a arte do agressor (a) está, exatamente, em demonstrar que tem algo a dizer e não diz. Aparenta estar doente, mas não se queixa, mostra estar contrariado, “fica bicudo’, mas não fala, e assim por diante (CAMARGO, 1991). Ainda agrava a agressão mais ainda, pois quanto mais pobre é a família, mais problema tem”.
Sabemos que o Brasil é o mais rico entre os países com maior número de pessoas miseráveis. Isso torna inexplicável a pobreza extrema de 23 milhões de brasileiros, mas mostra que o problema pode ser atacado com sucesso.
Nesses casos deve-se recomendar as família que façam, Terapia Família Com a terapia familiar as pessoas que precisam de ajuda vão poder contar com os amigos que são psicoterapeutas, onde os familiares trocam comunicações entre si, visando promover mudanças. Essas mudanças dizem respeito tanto ao comportamento e às emoções das pessoas envolvidas, quanto ao funcionamento da família como um todo. Portanto, A Terapia Familiar tem, neste grupo, a sua unidade de tratamento. A maioria das outras formas de psicoterapia focalizam o individuo e concentram-se nos processos intrapsíquicos ou comportamentais.
Pode-se assim observar que, durante as sessões terapêuticas, serão diagnosticados e trata dos, principalmente, os padrões característicos de interação familiar disfuncionais que estariam, de algum modo, relacionados com o aparecimento de sintomas individuais, e que sem qualquer tratamento, a escola pouco poderá ajudar essas famílias.
Na atualidade, em razão de vários fatos ocorridos no Brasil, temos presenciado um sensacionalismo muito grande por parte dos meios de comunicação, principalmente os televisivos. Porém, esse assunto existe há milhares de anos. A violência doméstica acontece contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos, sendo que os agressores são os próprios familiares das vítimas.
Um dos grandes fatores que favorecem a violência física, como os espancamentos, é a personalidade desestruturada para um convívio familiar do agressor, que não sabe lidar com pequenas frustrações que essas relações causam no decorrer do cotidiano.
O perfil do agressor é caracterizado por autoritarismo, falta de paciência, irritabilidade, grosserias e xingamentos constantes, ou acompanhados de alcoolismo e uso de outras drogas.
As violências domésticas se dividem por espancamentos, tendo maior número de vítimas as crianças de até cinco anos; abusos sexuais, acontecendo em maior quantidade entre meninas de sete a dez anos de idade; e por danos morais, em adolescentes e mulheres. É bom lembrar que os idosos tem tido grande participação na violência doméstica, mas aqueles que necessitam de cuidados especiais, sofrendo as agressões por pessoas contatadas pela família.
Outro destaque para as vítimas das agressões são as crianças portadoras de necessidades especiais. Normalmente as mães são as maiores agressoras das mesmas, por exigirem cuidados excessivos como higiene pessoal, alimentação, locomoção, onde estas se sentem sobrecarregadas e por não receberem apoio dos pais da criança ou uma estrutura advinda de órgãos governamentais.
As mães também são as grandes espancadoras quando, por algum motivo, acontece uma quebra na vinculação afetiva entre ela e o filho, seja por doença, hospitalização ou mesmo por não ter aceitado a gravidez.
Essas crianças apresentam grande dificuldade em ganhar peso nos primeiros meses de vida e, no período escolar, não conseguem estabelecer uma vinculação positiva com a professora nem tampouco com o aprendizado, levando-as a tirarem várias notas baixas.
Se observarmos o comportamento infantil dentro das escolas, podemos notar que as crianças são o espelho daquilo que recebem dentro de casa, se convivem com situações de agressividade podem apresentar-se da mesma forma com os colegas e professora ou partindo para o extremo, tornando-se apática às relações sociais, se excluindo do grupo. Já as crianças que convivem num ambiente familiar saudável, de amizade, amor e respeito conseguem estabelecer vínculo positivo com quase todo o grupo, sem dificuldades.
A violência aparece também de forma psíquica, onde se destrói a moral e a auto-estima do sujeito, sem marcas visíveis ao corpo da vítima que normalmente são adolescentes e mulheres. As marcas nesse caso são internas, psicológicas, através de humilhações, xingamentos, podendo chegar a injúrias e ameaças contra a vida.
O importante é que, ao se tomar conhecimento dessas formas de violência, sejam feitas denúncias aos órgãos especializados, a fim de ajudar as vítimas, tentar tirá-las desse convívio de tanto sofrimento e mostrar ao agressor que ele não é tão poderoso quanto imagina, mas sim covarde por só ter coragem de manifestar sua agressividade dentro de casa, contra pessoas indefesas e sem exposição pública.
Para se compreender melhor esse aspecto, torna-se necessário discutir e analisar o impacto da violência doméstica contra crianças e adolescentes na aprendizagem e em outros aspectos da vida, uma vez que, é uma das situações mais degradantes e opressivas, pois, afeta profundamente a vida do indivíduo e a dinâmica familiar.
Com base em Guerra de Azevedo (2001), estudiosas do assunto, consideram-se aqui quatro tipos de violência:
- Violência Física - corresponde ao emprego de força física no processo disciplinador de uma criança, é toda a ação que causa dor física, desde um simples tapa até o espancamento fatal. Geralmente os principais agressores são os próprios pais ou responsáveis que utilizam essa estratégia como forma de domínio sobre os filhos.
- Violência Sexual - é todo o ato ou jogo sexual entre um ou mais adulto e uma criança e adolescente, tendo por finalidade estimular sexualmente esta criança/adolescente, ou utilizá-lo para obter satisfação sexual. É importante considerar que no caso de violência, a criança e adolescente são sempre vítimas e jamais culpados e que essa é uma das violências mais graves pela forma como afeta o físico e o emocional da vítima.
- Violência Psicológica - é toda interferência negativa do adulto sobre as crianças formando na mesma um comportamento destrutivo. Existem mães que sob o pretexto da disciplina ou da boa educação, sentem prazer em submeter os filhos a vexames, sua tarefa mais urgente é interromper a alegria de uma criança através de gritos, queixas, comparações, palavrões, chantagem, entre outros, o que pode prejudicar a autoconfiança e auto-estima.
- Negligência: pode ser considerada também como descuido, ausência de auxilio financeiro, colocando a criança e o adolescente em situação precária: desnutrição, baixo peso, doenças, falta de higiene.
De acordo com Azevedo (1997, p. 233):
As crianças vítimas de violência formam no Brasil um país chamado infância que está longe de ser risonho e franco. Nele vamos encontrar:
- infância pobre, vítima da violência social mais ampla;
- infância tortura; vítima da violência.
- infância fracassada; vítima da violência escolar;
- infância vitimada, vítima da violência doméstica (...) todas elas compõem o quadro perverso da infância violada, isto é daquelas crianças que tem cotidianamente violados seus direitos de pessoa humana e de cidadão.
É pensando nessa infância violada, ou prestes a ser violada, que precisamos rever certos conceitos e estratégias de ação, pois a violência pode causar danos irreparáveis nos desenvolvimentos físico e psíquico de crianças e adolescentes. Muitas vezes, por tratar-se de um fenômeno polêmico que desestrutura o padrão familiar acaba sendo de difícil constatação, ficando assim, camuflado entre quatro paredes do que chamam de lar.
Quando se trata de violência doméstica, os agressores costumam contar com um aliado poderoso que é o silêncio das vítimas, assegurado por medo, vergonha, sentimento de culpa, por parte do agressor. É esse silêncio que faz com que se torne difícil a intervenção.
Não havendo uma situação de co-dependencia do (a) à situação conflitante do lar, a violência física pode perpetuar-se mediante ameaças de “ser pior” se a vitima reclamar a autoridades ou parentes. Essa questão existe na medida em que as autoridades se omitem ou tornam complicadas as intenções corretivas.
O abuso do álcool é um forte agravante da violência doméstica física. A Embriagues patológica é um estado onde à pessoa que bebe torna-se extremamente agressiva, às vezes nem lembrando com detalhes o que tenha feito durante essa crises de furor e ira. Nesse caso, além das dificuldades práticas de coibir a violência, geralmente por omissão das autoridades, ou porque o agressor quando não bebe “é excelente pessoa”, segundo as próprias esposas, ou porque é o esteio da família e se for detido todos passarão necessidades, a situação vai persistindo.
Segundo depoimentos que se ouve de muitas famílias, mesmo reconhecendo as terríveis dificuldades práticas de algumas situações, as mulheres vítimas de violência física podem ter alguma parcela de culpa quando o fato se repete pela 3ª vez. Na primeira ela não sabia que ele era agressivo. A Segunda aconteceu porque ela deu uma chance ao companheiro de corrigir-se mas, na terceira, é indesculpável.
Existe também a Violência Psicológica ou Agressão, ás vezes tão ou mais prejudiciais que a física, é caracterizada por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punição exagerada. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indeléveis para toda a vida.
Muitas mulheres se queixam sobre a agressão emocional que é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e de importância. A intenção do (a) agressor (a) histérico (a) é mobilizar outros membros da família, tendo como chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim algum estado que exija atenção, cuidado, compreensão e tolerância.
Segundo CAMARGO, 1991, é muito importante considerar a violência emocional produzida pelas pessoas de personalidade histérica, pelo fato dela ser predominantemente encontrada em mulheres, já que, a quase totalidade dos artigos sobre Violência Domestica dizem respeito aos homens agredindo mulheres e crianças. Isso é um lado da violência onde o homem sofre mais.
Já existe outra forma comum também de Violência Emocional que é fazer o outro se sentir, dependente, culpado ou omisso é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terríveis. A pior delas; não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência, onde o agressor com esse perfil tem prazer quando o outro se sente inferiorizado, diminuído e incompetente.
Normalmente é o tipo de agressão dissimulado pelo pai em relação aos filhos, quando esses não estão saindo exatamente do jeito idealizado ou do marido em ralação às esposas.
O comportamento de oposição e aversão é mais um tipo de Agressão Emocional. As pessoas que pretendem agredir se comportam contrariamente àquilo que se espera delas. Demoram no banheiro, quando percebem alguém esperando que saiam logo, deixam as coisas fora do lugar quando isso é reprovado, etc.
Até as coisinhas do dia-a-dia podem servir aos propósitos agressivos, como deixar uma torneira pingando, apertar o creme dental no meio do tubo e coisas assim. Mas isso não serviria de agressão se não fossem atitudes reprováveis por alguém da casa, se não fossem intencionais.
Portanto, o profissional que trabalha com crianças e adolescentes, principalmente em instituição escolar, precisa estar atendo aos sinais, pois as vítimas pedem socorro não só através de suas vozes, mas através da linguagem corporal,de ações e de comportamento que indicam que alguma coisa não está bem, e que a criança precisa de ajuda.
As conseqüências da violência doméstica podem ser muito sérias, pois crianças e adolescentes aprendem com cada situação que vivenciam. Seu psicológico é condicionado pelo social e o primeiro grupo social que a criança e adolescente tem contato é a família. O meio familiar ainda é considerado um espaço privilegiado para o desenvolvimento físico, mental e psicológico de seus membros, um lugar “sagrado” e desprovido de conflitos.
No entanto, para se chegar às raízes do problema da violência doméstica é necessário, modificar esse mito de família, enquanto instituição intocável, para que os atos violentos.
Ocorridos no contexto familiar não permaneçam no silêncio, mas sejam denunciados a autoridades competentes a fim de que se possam tomar providências.
Com base em Guerra e Azevedo (2001), existem alguns indicadores orgânicos na criança e adolescente que nos mostram quando devemos desconfiar:
- Casos de violência Física:
- Desconfia dos contatos com adultos;
- Está sempre alerta esperando que algo ruim aconteça;
- Tem mudanças severas e freqüentes de humor
- Demonstra receio dos pais (quando é estudante procura chegar cedo à escola e dela sair bem mais tarde)
- Apreensivo quando outras crianças começam a chorar
- Demonstra comportamentos extremos: agressivo, destrutivo, excessivamente tímido ou passivo, submisso;
- Apresenta dificuldades de aprendizagem não atribuíveis a problemas físicos
- Revela que está sofrendo violência física
- Casos de Violência Sexual:
Interesses não usuais sobre questões sexuais, isto inclui expressar afeto para crianças e adultos de modo inapropriado para a idade, desenvolve brincadeiras sexuais persistentes com amigos, brinquedos ou animais, começa a masturbar-se compulsivamente.
- Medo de uma acerta pessoa ou sentimento de desagrado ao ser deixada sozinha em algum lugar ou com alguém;
- Uma série de dores e problemas físicos sem explicação médica;
- Gravidez precoce;
- Poucas relações com colegas e companheiros;
- Não quer mudar de roupa na frente de pessoas;
- Fuga de casa, prática de delitos;
- Tentativa de suicídio, depressões crônicas;
- Mudanças extremas, súbitas e inexplicadas no comportamento infantil
(anorexias, bulimias);
- Pesadelos, padrões de sono perturbados;
- Regressão a comportamentos infantis tais como choro excessivo, enurese,
chupar os dedos;
- Hemorragia vaginal ou retal, cólicas intestinais, dor ao urinar, secreção vaginal;
- Comportamento agressivo, raiva fuga, mau desempenho escolar;
- Prostituição infanto-juvenil.
Deste modo, é preciso ter um olhar atento e comprometido com a causa da infância e adolescência para que nossas crianças possam obter auxílio e serem encaminhadas para profissionais éticos e capazes de fazer um diagnóstico mais preciso.
É muito importante, em casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes, confiarem na palavra da vítima, pois, dificilmente a criança vai mentir ou inventar. Então, até que circunstâncias mostrem o contrário, é fundamental acreditar na criança. Assim como, é importante prestar atenção em mudanças súbitas de comportamentos, elas podem ser o principal indicador de que algo está errado.
Os profissionais que atuam com o fenômeno da violência doméstica precisam estar comprometidos com a causa, fazer os encaminhamentos que forem necessários a fim de interromper o ciclo de violência, principalmente a fim de proteger a criança, pois, uma atuação inadequada pode comprometer seriamente a vida de uma criança a qual, na maioria das vezes, não tem condições de se defender da violência que lhe é imposta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo mostrou que as escolas, embora sejam capazes de identificar casos de violência doméstica entre seus alunos, ainda apresentam muita dificuldade para abordar este assunto, que quando não é negado ou ocultado, acaba sendo equivocadamente tratado.
O estudo revela a existência de uma confusão de competências nessas escolas, uma vez que buscam solucionar um problema de competência judicial da mesma forma através da qual solucionam seus problemas escolares e pedagógicos, ou seja, por meio da convocação e orientação dos pais. A escola não é um espaço de intervenção propriamente dita, na medida em que não possui autoridade e recursos adequados para apurar e atuar diretamente em casos de violência doméstica, mas pode e deve ser um espaço de prevenção e proteção de seus alunos, através da identificação e comunicação aos órgãos competentes.
A convocação dos pais, sem a devida notificação aos Conselhos Tutelares ou Varas de Infância e Juventude conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente mais do que uma omissão é um procedimento que se pode converter em risco para a própria criança. Ao convocar a família, a escola pode estar alertando o agressor para a visibilidade de seu ato e, em certa medida, estimulando-o a acionar mecanismos mais ardilosos de dissimulação da agressão, tais como provocar lesões em regiões corporais menos evidentes (costas, peito, barriga) ou, ainda, fazer uso maciço da violência psicológica (ameaças) para coagir a vítima a se calar.
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