PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO, UMA CONTRIBUIÇÃO SIGNIFICATIVA
LOPES, Andréia Cristiane Godoy Fernandes
LOPES, Jéssika Maria Aparecida Godoy da Silva
Resumo
Este artigo tem a intencionalidade de provocar uma breve análise de como a Psicologia da Educação tem contribuído no processo educacional ao longo dos anos mediante os desafios do desenvolvimento intelectual dos alunos. Procura refletir sobre a problematização dessa prática no cotidiano escolar de forma natural e instituída. Alega que a escola é um espaço de desenvolvimento das competências e novos conhecimentos de maneira subjetiva.
Palavra chave: Psicologia da Educação. Prática. Competências. Conhecimento.
Abstract
This article has the intention of provoking a brief analysis of how the Psychology of Education has contributed in the educational process over the years through the challenges of the students' intellectual development. It seeks to reflect on the problematization of this practice in the school routine in a natural and instituted way. He claims that the school is a space for the development of competences and knowledge in a subjective way.
Keyword: Educational Psychology. Practice. Skills. Knowledge.
INTRODUÇÃO
A Psicologia tem seu papel reconhecido dentro da discussão das Políticas Educacionais respeitando seu impacto sobre a educação.
A Psicologia na educação vem atender questões que se referem ao comportamento humano e à aprendizagem, uma fonte segura e natural de conhecimentos que contribui nos estudos realizados por pesquisadores e professores referentes à problemática de compreender como o processo de aprendizagem acontece no período de alfabetização e ao longo da vida.
O psicólogo educacional deve exercer um trabalho em conjunto com os professores objetivando a realização de um processo educativo com aprendizagem mais efetiva e significativa para a criança, direcionando de forma direta e indireta a respeito da motivação, defasagem e dificuldades de aprendizagem.
O relacionamento da Pedagogia com a Psicologia sempre aconteceu de forma complexa, muito debatida por estudiosos e resistida na maioria das vezes pelos educadores. A Psicologia acabou assumindo ser portadora de uma autoridade que ultrapassou os limites de sua competência sendo obrigada a validar posições ideológicas claras, que levaram à marginalização e ao rotulamento de grande parte da população quanto à etnia, classe socioeconômica e de grupo cultural.
DESENVOLVIMENTO
A história da Psicologia Escolar e Educacional no Brasil surgiu no tempo colonial quando a preocupação da educação e da pedagogia já se levantava hipóteses de estudo de fenômeno psicológico. Em algumas obras produzidas nesse período teve destaque no âmbito da filosofia, moral, educação e medicina, entre outras, identifica temas como: aprendizagem, desenvolvimento, função da família, motivação, papel dos jogos, controle e manipulação do comportamento, formação da personalidade, educação dos indígenas e da mulher, entre outros temas que, mais tarde, tornaram-se objetos de estudo ou campos de ação da psicologia.
No decorrer do século XIX, novas ideias psicológicas estruturadas à educação foram articuladas em outras áreas de conhecimento de forma institucionalizada. Abriram-se espaços de discussão, sobre a criança e como ela aprende e seu desenvolvimento. No final desse mesmo século e os primeiros anos do século seguinte trazem mudanças profundas na sociedade brasileira, cabendo à educação responsabilizar-se por sua formação. O debate sobre a educação tomou forma, pensou-se na escolarização para todos com crescente influência dos princípios da Escola Nova. As escolas normais passaram a ser baseadas nos princípios da escola novista, com formação de professores, inauguração de laboratórios de psicologia que deram as bases para as reformas estaduais de ensino promovidas nos anos 1920 e a conquista de autonomia da psicologia como área especifica de conhecimento no Brasil.
Em meados da década de 1930, a psicologia no Brasil foi consolidada como base, a relação estabelecida entre essa área e a educação. A partir de então, os campos de atuação tornou-se campos tradicionais da profissão, com atuação clínica e a intervenção sobre a organização do trabalho, tiveram suas raízes na educação. Vale salientar que essa relação da Educação no Brasil com a Psicologia foi uma transposição direta de modelo educacional de outro país já desenvolvido que vinha firmado com os pressupostos teóricos constituídos naquele período histórico daquela época. Portanto, passou-se a refletir esse percurso norte-americano da influência psicológica de ensinar e aprender.
No entanto, com o passar do tempo, Tanto a educação como a psicologia tomaram rumos divergentes. A Psicologia Educacional passou a ser referência para os pedagogos e para os psicólogos, mas o campo da psicologia escolar tornou-se uma especificidade do psicólogo escolar que começa a atuar no espaço escolar com uma postura mais clínico-terapêutico, atendendo com ênfase no potencial individual da criança e em suas dificuldades, crianças estas encaminhadas pela escola com queixas de defasagens, deficiência de aprendizado e em alguns casos, crianças que apresentavam alguns distúrbios.
A Psicologia tem como objeto de análise e estudo o comportamento humano. Para que pudesse ter êxito em suas experiências e observações, pensou-se em dividir a Psicologia em áreas específicas de acordo com o interesse do estudo: a Psicologia do Desenvolvimento que foi criada para estudar o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos (físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social) desde o nascimento até a idade adulta; a Psicologia da aprendizagem que estuda sobre a compreensão dos fatores que influenciam os processos de aprendizagem (motivação e/ou desmotivação escolar, a aprendizagem autorregulada, a percepção e o lócus de controle no aprender); a Psicologia Social que vem a estudar como as pessoas pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras; a Psicologia da Personalidade que se dedica a descrever e explicar "as particularidades humanas duradouras, não patológicas e que influenciam o comportamento dentro de uma determinada população”, e muitas outras. Para cada uma dessas subáreas da Psicologia se desenvolve várias teorias.
O trabalho desenvolvido pelos psicólogos educacionais deve estar em conjunto com os professores para que o processo de aprendizagem seja mais efetivo e significativo para a criança. Assim ela se sentirá acolhida, motivada, segura para superar suas dificuldades de aprendizagem e em alguns casos amparadas frente a bloqueios causados em algum momento de sua vida que causaram problemas comportamentais.
A linha de trabalho do psicólogo educacional é individual, pensada para cada caso de acordo com a necessidade dos alunos para aquele momento. Este trabalho deverá estar centrado no desenvolvimento das capacidades, competências e necessidades das crianças que apresentem algum tipo de desordem, seja dificuldade de aprendizagem, déficit de atenção, hiperatividade, problemas emocionais e comportamentais.
Uma das metodologias na práxis da Psicologia na Educação é a de trazer o professor para participar e acompanhar seus alunos quando se identifica dificuldades de aprendizado. Trazer esse profissional da educação como parceiro do psicólogo escolar possibilita ao professor se perceber como participante ativo e facilitador dessa construção dos processos de sucesso escolar e ao mesmo tempo, de forma natural, se apropriando de sua função e responsabilidade profissional.
Por outro lado, tendo o psicólogo essa parceria com os professores, aumenta a probabilidade de acompanhar a atenção e a saúde psíquica desses professores, uma vez que há um desgaste diante dessa missão de ensinar, um intenso vínculo afetivo, expectativas de chegar a resultados positivos, sendo natural o professor apresentar-se cansado, abatido e desmotivado durante esse processo. A presença desses sintomas é tão nociva que alguns professores podem vir a sofrer várias patologias. Entre elas uma das mais apresentadas na atualidade é a de Síndrome de Burnout (é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso que está ligado á vida profissional). Todas essas patologias precisam da intervenção do psicólogo escolar (e de outros profissionais da saúde) para modificar este quadro de sofrimento e reencontrar o prazer e alegria de ensinar e em alguns quadros mais graves, reencontrar a alegria de viver, de se aceitar e de se amar.
Visando esta nova figuração da atualidade que a Psicologia Escolar vem apresentando, faz-se necessário desenvolver diferentes ações que transformem e que busquem promover efetivamente o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos atendidos tornando-se num espaço amplo e rico em todas as competências do âmbito escolar.
Neste sentido, houve uma divisão positiva. De um lado, a Educação assumiu o compromisso de passar uma instrução formal e de estar preparando as crianças para o desempenho de suas potencialidades. Do outro lado, o Psicólogo atua de forma coletiva com o objetivo de superar alguns problemas escolares que surgirem de caráter intelectual, comportamental ou social. Os psicólogos ficaram ainda com a incumbência de explicar aos interessados (escola e família) os motivos e/ou as causas de tais problemas. Porém não se pode descartar a atuação pedagógica dos professores nesse processo, destacando que os professores também são profissionais capazes de oferecer condições adequadas às crianças de estimulação e autoestima para que as crianças se sintam seguras para resolver seus problemas.
CONCLUSÃO
Ao se fazer uma análise da linha histórica da psicologia educacional percebe-se que a mesma teve seu primeiro ciclo relacionado ao raciocínio médico e comprimido pela ciência positivista, que nesta época se fazia atendimentos clínicos e individuais que recebia influencia da medicina higienista (surgida em entremeio dos séculos XIX e XX num tempo onde médicos e sanitaristas passaram a refletir sobre os registros de surtos epidêmicos de tifo, varíola, febre amarela e tuberculose e que causavam a morte de um número significativo de pessoas que habitavam na zona urbana) e recebia também influencia da psicologia comportamental.
Pautado nesses pressupostos e por meio dos primeiros atendimentos individuais, que a prática da psicologia educacional foi tomando forma e criando seu espaço dentro das instituições escolares com a pretensão de compreender o ser humano enquanto um ser histórico e social. Desde então, a psicologia vem se aprofundando seus conhecimentos buscando transformar esse quadro de defasagem educacional com um olhar amplificado. A observação permite compreender todo contexto para entender melhor as condições circunstanciais e como se dá o processo de aprendizagem da criança, assumindo um papel de preparar os alunos para superarem suas dificuldades escolares.
Seguindo essa linha de pensamento, o papel da psicologia educacional se estende ao fato de levar a criança desde um pensamento crítico até o respeito do fazer científico. É fato que nos dias de hoje podemos confirmar um percentual expressivo de crianças que apresentam um fracasso escolar dentro das escolas mas, que em contra partida, a Psicologia da tem contribuído significadamente para que educação se torne democrática e com qualidade, valorizando a socialização e todo contexto histórico que envolvem essa problemática, possibilitando novas possibilidades do fazer pedagógico com profissionalismo e com compreensão da subjetividade humana.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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