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A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO









Carla Arce de Deus
Joarlene Maria da Silva
Cristiane Bergmann
Diogo Fernando dos Santos Lima
Sandra de Assis Dutra Dias






RESUMO



O objetivo do presente artigo é evidenciar a importância do ensino de Filosofia na educação, segundo autores renomados na área. Nos dias atuais o ensino de Filosofia, tem sido um grande desafio no âmbito de como ensinar Filosofia nas escolas. O ensino de tal matéria é considerado uma das disciplinas mais exigente. Entretanto, exige esforço do aluno em produzir um senso crítico e reflexivo, sobre todas as temáticas atuais. Logo, surge o questionamento como os educadores tem feito essa ponte entre a realidade prática, com conceitos abstratos?




Palavras-chaves: Filosofia. Educação. Conhecimento. 





 

 

INTRODUÇÃO



A presente proposta deste artigo é elucidar a importância da Filosofia na educação. Tendo em vista a grande dificuldade ou até de certa forma um pré-conceito com o estudo da Filosofia por parte dos alunos nas escolas.

Pretende-se demonstrar alguns pontos principais que dificultam o ensino de Filosofia nas escolas, bem como uma certa rejeição pela disciplina. É evidente que são inúmeros os fatores que levam para esse trágico resultado no estudo da disciplina de Filosofia.

Um dos pontos crucias no ensino de Filosofia é que se tenha profissionais formados na área o que raramente acontece principalmente nos interiores das capitais. Além é claro que o professor saiba onde quer chegar em primeiro lugar com seus ensinamentos. É extremamente importante que haja um planejamento, seja elaborado o público como por exemplo, crianças, adolescentes, jovem assim, fica fácil determinar a linguagem e o método a ser utilizada na transmissão da mensagem.

Traçado essas metas permanece muito mais fácil ministrar as aulas sendo assim, o professor poderá ver o aluno como sujeito capaz de expandir seu potencial. Desta forma o aluno deve ser inserido conforme seu nível de compreensão a refletir acerca de tais temas propostos pelo orientador. O professor apenas, passa a ser um orientador que irá intermediar no processo de aprendizagem.

Por fim, tendo estabelecido alguns critérios fundamentais, o objetivo da pesquisa do artigo é compreender a importância do ensino de Filosofia nas escolas. E o porquê da grande dificuldade no ensino de Filosofia, uma vez, que a mesma é essencial o que explica a tamanha rejeição por parte dos alunos.

A justificativa da escolha do tema deve-se a dificuldade encontrada em sala de aula por grande parte dos professores que lecionam a disciplina nas escolas. Pois, a rejeição pela disciplina não é apresentada somente pelos alunos, mas também em grande parte pelos próprios professores formados ou não na área de Filosofia.

De forma sucinta e objetiva o artigo está organizado com três capítulos breves que formam um itinerário bem explicativo no tocante do que é o objetivo da pesquisa. No primeiro capítulo é apresentado como deve ser ministrada as aulas segundo um dos maiores mestres do ensino de Filosofia que é Sócrates. No segundo capítulo é apresentado a Filosofia não como um mero pensamento abstrato sem importância, mas ao contrário a Filosofia como uma ciência que muito auxilia no autoconhecimento de si mesmo. Por último, não menos importante, é exposto o real sentido de ensinar Filosofia bem como a importância dos valores que estão inseridos dentro de cada cultura e que podem serem questionados pela Filosofia.












 

 

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO



SÓCRATES O MESTRE



Dissertar sobre o ensino de Filosofia nas escolas não é uma tarefa fácil, pois fazer Filosofia não é doutrinar alunos, mas ensina-los a possuírem um senso crítico e reflexivo. Lecionar Filosofia nas escolas tendo como público, jovens é habilita-los para fazerem um debate com diversas maneiras de compreender o mundo. É sabido, que na confrontação de ideias não apenas ensino, mas aprendo com o confronto de ideias diferente, além de respeitar o diferente.

Entretanto, o pouco tempo em sala de aula como outros obstáculos criar esse espaço onde seja promovido um debate é filosofar verdadeiramente, pois Filosofia não é reprodução de ideias e conceitos pré-elaborados. Portanto, criar espaços para debates com os jovens, e adolescentes em geral, é buscar um contato mais próximo com a realidade do mundo. 

De fato, isso se trata de deixar de pensar de forma aleatória para pensar de forma consciente e crítica por meio de uma reflexão. De forma simplória muito pode-se aprender com os antigos, ainda mais se tratando de filósofos antigos bem como o próprio Sócrates que representa um marco na história da Filosofia, ou melhor na arte de ensinar:

Em geral, a figura de Sócrates é a de alguém que pode criar “confusões” em seus interlocutores por meio de sua ironia, que pratica algo como uma “dialética” e, enfim, que tem um método chamado de maiêutica. Tal método faria o interlocutor parir o conhecimento, tirar o conhecimento do interior de si mesmo. (Ghiraldelli Jr, 2006, p. 2).

 

A maiêutica era um método utilizado por Socrátes, que constituía em desenvolver uma dialética, ou seja, perguntas onde o discípulo ou o aluno, sendo guiado pelo mestre ou professor iria extraindo resposta de tais conhecimentos até então ocultos em sua mente.

É evidente que mesmo se tratando de um filósofo tão antigo e tão atual, vem ainda hoje ensinando a como fazer Filosofia. É preciso resgatar esse método tão eficaz e atual de ensinar Filosofia nas escolas.

Muitas vezes a mentalidade que se tem do filósofo é que seja uma pessoa, isolado por conta de tais ideias tão complexas, e que não estejam ligadas ao cotidiano. Contudo, não passa de uma forma errônea de compreender quem são os filósofos. Afinal, os filósofos somos todos nós com a única diferença que alguns gozam do direito de seguir carreira acadêmica por possuírem um diploma, pós-graduação, mestrado, doutorado etc. Em vários momentos da vida a humanidade se questiono porque nascemos ou morremos? Ou qual o sentido da vida? Enfim, são múltiplos os questionamentos que são levantados, isso tudo é Filosofia.

O itinerário a ser traçado em rumo a mudança deve ser iniciado pela educação filosófica, pois é preciso obter uma consciência sólida de pensamento que promova uma relação próxima entre o saber, a tecnologia, e o poder, para que haja tal transformação cultural a ponto de ocorrer a emancipação de cada indivíduo que compõem a sociedade.

 

 

 

QUAL O INTUITO DO ESTUDO DA FILOSOFIA?



De forma ampla é possível entender a Filosofia como uma reflexão atual sobre os diversos questionamentos que afligiu a humanidade. Cada período da Filosofia respondeu certas questões própria do seu tempo.

Sendo assim conforme, Brangatti a Filosofia é entendida como:

 

“a Filosofia não é, de modo algum, uma simples abstração independente da vida. Ao contrário ela é a própria manifestação humana e sua mais alta expressão (...) A Filosofia traduz o sentir, o pensar e o agir do homem. Evidentemente, o homem não se alimenta da Filosofia, mas sem dúvida nenhuma, com a ajuda da Filosofia” (BRANGATTI, 1993, p. 25).

 

É evidente a tamanha importância da Filosofia ao tratar das mais diversas manifestações da vida humana. Querer reduzir a Filosofia simplesmente em uma visão limita é cair em um tamanho erro sem igual. Tratar de Filosofia é retratar da própria vida humana, em suas diversas dimensões, pois o ser humano não é apenas, um ser espiritual, social, intelectual, corpóreo é um conjunto de vários elementos que forma o ser humano, e é objeto de estudo da Filosofia querer entender essa complexidade que é o ser humano.

Outro grande filósofo e teólogo e filósofo que percebeu a tamanha importância da Filosofia na compreensão do ser humano pode-se destacar Blaise Pascal quando percebera que tantos anos de sua vida dedicados aos estudos das ciências abstratas não corresponderam suas expectativas de compreender o homem, o afastavam de sua verdadeira condição humana, não lhe sendo própria como afirmara ele: 

 

Passei um longo tempo no estudo das ciências abstratas, e a pouca comunicação que se pode ter delas me agastou. Dei início ao estudo do homem, percebi que as ciências abstratas não lhe são próprias, e que me afastava mais da minha condição, ao procurar entendê-las, dos outros, ignorando-as, perdoei aos demais o fato de conhecê-las, pouco. Mas imaginei que encontraria, ao menos, muitos companheiros no estudo do homem, pois esse é o verdadeiro estudo que lhe é próprio. Os que o estudam são ainda menos numerosos do que se dedicam á geometria (Pascal, 1999, p. 71).

 

Deste modo como concluiu Pascal, as ciências exteriores não podem consolar a ignorância moral interior, mas o único remédio para tal ignorância é nos dado por intermédio da Filosofia que é a própria atitude reflexiva. Conhecer a si mesmo, ou seja, o ócio de si mesmo. E se isso não levar ao conhecimento da verdade, ao menos servirá para regular a vida pessoal (Cf. Pascal, 1999, p. 42).

No entanto, como nos diz o filósofo erudito, a pessoa só pode ser verdadeiramente feliz, quando conhece a si mesmo, suas grandezas e suas misérias, ou seja, quando pensa em si. Caso contrário ninguém é verdadeiramente feliz, pois se a nossa condição originaria fosse realmente feliz não precisaríamos deixar um instante que fosse de pensar para nos tornarmos felizes (Cf. Pascal, 1999, p. 75). E é somente o pensamento que faz do homem uma criatura diferente das demais pelo próprio fato de voltar se a si mesmo, faculdade que somente o homem possui. E nisso constitui sua grandeza (Cf. Reale; Antiseri, 2005, p. 179).

Diferentemente dos outros filósofos pré-socráticos, que por meio da Filosofia buscará o conhecimento do mundo e dos planetas, ou seja, de todo. O filósofo Pascal afirmara que o objeto primordial da Filosofia é o estudo do ser, e que homem nenhum será tão feliz se não conhecer antes de tudo a sua essência.

Deste modo o filósofo Pascal logo, no início de seus estudos afirmara a complexidade grande do homem. “[...] Entretanto, é essa a coisa que menos se compreende. O homem é em si o objeto mais prodigioso da natureza, pois não pode conceber nem o que é espírito e, ainda menos, de que modo pode um corpo unir-se a um espírito. Essa é a sua dificuldade máxima e, contudo, sua própria essência [...]” (Pascal, 1999, p.49).

Pascal encontra sérias dificuldades de compreender a condição humana ao ponto de dizer “Que é o homem dentro da natureza, afinal? Nada em relação ao infinito; tudo em relação ao nada; um ponto intermediário entre tudo e nada” (Pascal, 1999, p.44).

E em outro trecho afirma Pascal: “[...] O homem é, na natureza, nada em relação ao infinito, tudo com respeito ao nada: um meio entre o nada e o tudo”. “Eis por que o homem pode conhecer alguma coisa de si e dos outros seres, mas não deve esperar conhecer o princípio e o fim deles e de si próprio” (Pascal, 1999, p.21).

Por causa dessa grande complexidade que é o homem, Pascal encontrou pouquíssimos companheiros no estudo sobre o homem. Enquanto que, outrossim, preferiram o estudo das ciências por serem mais fáceis e compreensíveis, pensando que fosse possível somente por elas entenderem a essência do homem. Mas que na verdade não passam de ilusões que não correspondera de fato amplo e verdadeiro condição do homem (Cf. Pascal, 1999, p. 71).

 

 

 

A INFLUÊNCIA DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO.



Conforme afirma Gadotti, a educação vive diante de imensos desafios principalmente no que se refere a educação. Esses desafios refletem necessariamente no comprometimento de metas e objetivos, voltados sobretudo, na prática. No entanto, o exercício da cidadania se faz com práticas que estejam diretamente ligadas a reflexões acerca de valores éticos e morais.

Assim, como afirma Aranha pode-se observar:

 

A partir das relações que estabelecem entre si, os homens criam padrões comportamentos, instituições e saberes, cujo aperfeiçoamento é feito pelas gerações sucessivas, o que lhes permite assimilar e modificar os modelos valorizados em uma determinada cultura. É a educação, portanto, que mantém vida a memória de um povo e dá condições para sua sobrevivência. Por isso dizemos que a educação é uma instancia mediadora que torna possível a reciprocidade entre indivíduo e sociedade (ARANHA, 1996, p.15).

 

É notório perceber que cada grupo de etnia, estabelece entre si uma forma de se relacionarem entre si, evidente que outro fator que contribui muito é a época que cada grupo viveu, pois percebe-se valores de um mesmo grupo dependendo do contexto histórico diferente, de tempo em tempo. Com esses modelos de grupos que posteriormente assimilam conceitos valores e modificam uma cultura com o passar do tempo é somente por meio da educação que a memória deste grupo é resgatada relembrada. Portanto, é a memória que mantém e possibilita tais condições para sua sobrevivência, tudo isso se deve a educação de um determinado grupo, ou sociedade.

Nessa conjuntura, a disciplina de Filosofia atribui grande influência, pois possibilita a análise e leitura dos desafios confrontos atuais, da época vigente. Uma de suas grandes contribuições é a explanação dos fatos, ou seja, a compreensão dos fatos como processa a ação vigente.

Segundo Gadotti afirma que dar espaço adequado a Filosofia, é levar a sério a necessidade de instigar os jovens em geral a pensar e ter um senso crítico de forma geral. Além é claro de ter a possibilidade de debater temas de nível nacional e mundial.




Nesta mesma linha de raciocínio encontramos a fala de Luckesi, que reafirma todas as demais afirmações dos filósofos anteriores vejamos conforme sua ênfase:

 

“Enquanto a educação trabalha com o desenvolvimento dos jovens e das novas gerações de uma sociedade, a Filosofia é a reflexão sobre o que e como devem ser ou desenvolver estes jovens e está sociedade. (...) O educando, que é, o que deve ser, qual o seu papel no mundo; o educador, quem é, qual o seu papel no mundo; a sociedade, o que é, o que pretende; qual deve ser a finalidade da ação pedagógica. Estes são alguns problemas que emergem da ação pedagógica dos povos para a reflexão filosófica, no sentido de que esta estabeleça pressupostos para aquela” (LUCKESI,1994, p. 31-32).

 

Portanto, é notório ressaltar que não basta somente desenvolver um trabalho eficiente de Filosofia com a juventude escolar, se não houver um trabalho em conjunto com as demais disciplinas. Pois, o objeto de estudo da Filosofia não tem limite, ou seja, a Filosofia se ocupa em estudar tudo aquilo que abrange não somente o campo concreto palpável, como também se ocupar em estudar conceitos abstratos. Entretanto por isso, se faz necessário criar um elo entre Filosofia e as demais disciplinas ensinadas nas escolas.

 

 

CONCLUSÃO



Embora a Filosofia tenha nascido na Grécia Antiga antes mesmo de Cristo, ainda hoje no modo como se ensina Filosofia há muito o que ser repensado na forma de lecionar Filosofia. O maior exemplo é o do mestre Sócrates que muito ensino a seus discípulos, e inspirou sucessores filósofos. 

É preciso que se resgate a importância do ensino de Filosofia pois, Filosofia está na essência humana, se respira, tudo é Filosofia a todo momento. A todo momento afirmamos, negamos, dissemos que sim ou não, recusamos convites, questionamos, por fim, são circunstâncias que cercam o cotidiano e que está presente a Filosofia.

Na conjuntura atual em que se vive é fato que há pouco incentivo para a formação de novos professores. E os professores que já atuam na área não se sentem valorizados na função que exercessem seja pelo salário, e pelos alunos. O que causa uma defasagem na educação como um todo. 

Outro ponto evidente que se constata é a falta de profissionais formados na área, onde deveria atuar professores formados em Filosofia, atuam na maioria das vezes professores com formação distintas embora seja permitido atuação desses profissionais. É evidente que não haverá uma formação a altura como se espera.

É certo, que a pesquisa realizada neste artigo não tem a pretensão de exaurir todos os obstáculos encontrados na educação, nem tem a pretensão de fornecer todas as soluções necessárias na educação. 

De certo, modo um ponto interessante para melhorar o nível da educação é atuação de profissionais formados cada qual na sua área. Posteriormente o incentivo salarial que corresponda a profissionais graduados com titulações conforme cada um possui. Em um terceiro momento uma formação pedagógica ministrada pela própria escola que envolva todos os professores pois, todos precisam trabalharem com os conteúdos interligados. Além é claro de uma estrutura tanto física como tecnológica, bem como apoio com demais profissionais nas áreas de psicologia, fonoaudiologia etc.



 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFIA



___________ História da Filosofia: do humanismo a Descartes. (v. III). São Paulo: Paulus, 2004.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 2ª ed., São Paulo:

BRANGATTI, Paulo R. O ensino de Filosofia no segundo grau: uma necessidade de leitura do cotidiano. Piracicaba: Unimep, 1993.

CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1988.

GADOTTI, Moacir. “Para que serve afinal a Filosofia?” Reflexão 4(13): jan./abr.1979.

Ghiraldelli Jr Paulo. Sócrates e o Erro de Marilena Chauí. Disponível em: https://ghiraldelli.files.wordpress.com/2008/07/erro_marilena.pdf Acesso em: 12 de julho de 2018.

Moderna,1996.

PASCAL, Blaise. Pensamentos. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (Col. Os Pensadores).

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: antiguidade e idade média. (v. I). São Paulo: Paulus, 1990.