EXERCÍCIO FÍSICO NA TERCEIRA IDADE
Ana Cleide Barbosa de Oliveira
Bruna Esperidião Tagliapietra
Eduardo Batista de Lima Matos
RESUMO
O processo de envelhecimento é caracterizado por diversas alterações no organismo do indivíduo; essas alterações vão desde fisiológicas e físicas até psicológicas e sociais. Muitos são os fatores que podem interferir na qualidade de vida e na condição de saúde independentemente da população em questão, porém, quando se fala dos idosos, o próprio fato de estarem passando pelo processo de envelhecimento se torna o fator de destaque, pois muitas mudanças estão ocorrendo anualmente no seu organismo e ele acaba perdendo a capacidade de realizar as mesmas tarefas de quando era jovem. Diante do exposto, este artigo, em seu alto teor de significância, abordará a temática educação física na terceira idade, com o objetivo de buscar alternativas para uma vida mais longa e mais saudável, além de analisar a prescrição de exercícios físicos para essa população de acordo com suas especificidades.Com relação à metodologia utilizada foi aplicado o estudo de caso, utilizando-se como procedimento técnico a pesquisa bibliográfica. Através dessa coleta de informações, os resultados são apresentados de forma qualitativa. O capítulo 2 abordará toda a fundamentação teórica acerca dos conceitos adotados para a terceira idade, a qualidade de vida, transformações fisiológicas e morfofuncionais, bem como o benefício e prescrição de exercícios físicos para essa população, além de tecer o perfil ideal para o educador físico dessa área; o terceiro capítulo abordará toda a metodologia adotada no presente artigo; e o quarto e último capítulo, os resultados e discussões. O educador físico deve ser apto à escutar e ter paciência, ter conhecimentos sobre exercícios físicos adaptados às doenças, ter carisma, afeto, boa comunicação e conhecimento em gerontologia.
Palavras-chave: Exercícios. Físico. Idoso. Qualidade. Vida.
- INTRODUÇÃO
O tema “exercícios físicos na terceira idade” ganhou e continua ganhando muito espaço na Educação Física, principalmente devido ao aumento da expectativa de vida da população em geral, refletindo assim no aumento da população idosa no pais, população essa que requer atenção especial principalmente quando se trata de exercício físico e saúde.
O processo de envelhecimento é caracterizado por diversas alterações no organismo do indivíduo; essas alterações vão desde fisiológicas e físicas até psicológicas e sociais. Cada uma delas é responsável por gerar resposta especifica no organismo, com o objetivo de adapta-lo a essa nova fase da vida.
Muitos são os fatores que podem interferir na qualidade de vida e na condição de saúde independentemente da população em questão, porém, quando se fala dos idosos, o próprio fato de estarem passando pelo processo de envelhecimento se torna o fator de destaque, pois muitas mudanças estão ocorrendo anualmente no seu organismo e ele acaba perdendo a capacidade de realizar as mesmas tarefas de quando era jovem.
Diante do exposto, este artigo, em seu alto teor de significância, abordará a temática educação física na terceira idade, com o objetivo de buscar alternativas para uma vida mais longa e mais saudável, além de analisar a prescrição de exercícios físicos para essa população de acordo com suas especificidades. Ao entender esse processo, chegar-se-á ao conhecimento de métodos e técnicas de prevenção e reabilitação dos agravos a saúde voltados ao envelhecimento.
Com relação à metodologia utilizada foi aplicado o estudo de caso, utilizando-se como procedimento técnico a pesquisa bibliográfica em fontes literárias sobre os tema em questão, através de livros, artigos, trabalhos de conclusão de curso e sites de pesquisas na internet. Através dessa coleta de informações, os resultados são apresentados de forma qualitativa.
O capítulo seguinte abordará toda a fundamentação teórica acerca dos conceitos adotados para a terceira idade, a qualidade de vida, transformações fisiológicas e morfofuncionais, bem como o benefício e prescrição de exercícios físicos para essa população, além de tecer o perfil ideal para o educador físico dessa área; o terceiro capítulo abordará toda a metodologia adotada no presente artigo; e o quarto e último capítulo, os resultados e discussões.
- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A terceira idade
2.1.1 Qualidade de vida na terceira idade ao longo da história
Ao longo da história da humanidade, a velhice tem sido tratada de diferentes formas nas mais diversas culturas. Nas sociedades primitivas, os anciões eram considerados como pessoas dotadas de poderes sobrenaturais, o que lhes concedia um lugar privilegiado em suas tribos. Para estas sociedades profundamente religiosas, a velhice se associava ao sagrado (BEAUVOIR, 1990).
Na cultura chinesa, os mais velhos eram considerados sábios e o fim supremo do homem era alcançar a longa vida. Apesar de não desprezar os valor dos velhos, a civilização grega tinha como uma de suas principais características o enaltecimento à beleza da juventude, que ficaram marcadas em inúmeras obras de arte. No final do século XIX, a investigação científica sobre a velhice recebeu um grande impulso, com o nascimento da gerontologia e da geriatria como disciplinas nos cursos de medicina (BEAUVOIR, 1990).
Freitas (2002) define gerontologia e geriatria como:
A gerontologia é o estudo sobre o processo natural de envelhecimento, assim como suas implicações fisiológica, psicológica e social. [...] Já a geriatria é um campo da medicina que estuda as enfermidades relacionadas à velhice (FREITAS, 2002, p. 59).
Apesar do processo de envelhecimento ser uma experiência que ocorre em todas as formas de vida, o mesmo tem sido altamente estereotipado. A história da humanidade, principalmente no mundo ocidental, tem demonstrado a forma preconceituosa com que se tem tratado o tema da velhice.
A ideia tradicional de pessoa idosa, que vive sem entusiasmo, sem atividades e esperando a morte, é coisa do passado. Hoje, os anos da aposentadoria são cheios de oportunidades. Curiosamente, a terceira idade tem sido objeto de cobiçados planos. Muitos esperam ansiosamente por esse momento para realizar projetos que, até então, não podiam ser colocados em prática. Na busca de bem-estar e longevidade, é muito importante que as pessoas mais maduras sigam um programa de exercício físico moderado e adequado à sua faixa etária. Isso pode ser alcançado quando a vida continua ativa durante a aposentadoria. É fato que, com a idade, crescem os riscos de doenças e aparecem problemas para os quais é necessário estar preparado. Idosos perdem a agilidade das reações e a acuidade dos sentidos.
2.1.2 Transformações fisiológicas na terceira idade
A atitude mental das pessoas idosas também tende a diminuir quando não se mantém ativa. É necessário insistir na capacidade da adaptação do cérebro e suas funções. Quando a atividade mental é exercida regularmente, o cérebro se mantém em seu melhor estado e os neurônios permanecem ativos. A exploração de novas áreas do conhecimento e a realização de projetos, por exemplo, que requeiram o exercício do raciocínio, aumentam as conexões dos neurônios e ajudam a preservar em bom estado a capacidade mental, mesmo em idade mais avançada.
Tendo em vista uma maior compreensão sobre o processo de envelhecimento, faz-se necessário, além do conhecimento sobre as principais transformações fisiológicas, um entendimento relacionado aos aspectos psicológicos relacionados à cognição, ou seja, a capacidade operatória do pensamento.
O cérebro é um órgão complexo formado por mais de 15 milhões de células nervosas (neurônios) que, interligadas, formam uma grande rede de armazenamento e processamento de informações relacionadas às múltiplas funções de nosso organismo, como a memória, abstração, criatividade, linguagem, sentidos, controle motor e etc. Pode-se afirmar que, do ponto de vista quantitativo, o processo de envelhecimento do cérebro se dá desde a juventude, visto que os neurônios são células que não se dividem, nem tampouco são substituídas pelas que morrem. Ocorre que, do ponto de vista qualitativo, a capacidade cognitiva do ser humano está mais relacionada à qualidade de relação entre os neurônios (sinapses). Não obstante, vale também a síntese e qualidade dos neurotransmissores (POINT GEIS, 2003, p. 118).
A mente humana possui um desenvolvimento próprio, variando de indivíduo para indivíduo a partir das heranças genéticas e de fatores ambientais tais como estimulação, hábitos de vida, alimentação, socialização, experiências de vida, etc.
É de suma importância desenvolver, com os idosos, atividades que estimulem a atenção, memorizar uma série de movimentos, aprender regras de um jogo, criar movimentos e etc.
O mundo moderno está dominado pela conceituação de velhice como um processo inevitável de decadência e deterioração. Segundo o autor, estes esteriótipos e preconceitos tem produzido uma imagem negativa em relação à velhice, que merece ser mais cuidadosamente avaliada, tendo em vista desenvolver novos conceitos e alternativas para esta faixa etária (LORDA e SANCHEZ, 2001, p. 71).
Outras diferentes alterações fisiológicas resultantes do processo de envelhecimento, destacam-se também os aspectos neurais, pois são eles que comandam os sistemas fisiológicos do organismo; o sistema cardiovascular, que com o passar dos anos o coração apresenta aumento em seu tamanho, assim como ocorre acréscimo de sua rigidez devido a adição de colágeno no miocárdio; e a alteração no sistema musculoesquelético, onde a diminuição da massa muscular com o passar dos anos se transforma em algo notável em qualquer pessoa, tendo como consequência a redução na força máxima.
2.2 Benefícios das atividades físicas na terceira idade
Ao pensar nas capacidades funcionais que são afetadas no processo de envelhecimento e como isso traz consequências a condição de saúde e a qualidade de vida do indivíduo idoso, percebe-se que as capacidades funcionais mais afetadas são: a força muscular, o equilíbrio, a flexibilidade, a agilidade e a coordenação motora. Essas capacidades funcionais influenciam diretamente o controle e desempenho neuromuscular de qualquer indivíduo e durante o processo de envelhecimento acabam sofrendo um comprometimento considerável. Assim, o indivíduo idoso perde a capacidade de ser autônomo, principalmente no que diz respeito a realização das tarefas do dia a dia, tornando-se cada vez mais dependente do auxílio de outras pessoas.
A prática regular de exercícios físicos promove uma melhora fisiológica (controle da glicose, melhor qualidade do sono, melhora da capacidade física relacionada à saúde); psicológica (relaxamento, redução dos níveis de ansiedade e estresse, melhora do estado de espírito, melhoras cognitivas) e social (indivíduos mais seguros, melhora a integração social e cultural, a integração com a comunidade, rede social e cultural ampliadas, 20 entre outros); além da redução ou prevenção de algumas doenças como osteoporose e os desvios de postura (NAHAS, 2001, p. 133).
Nesse caso, a pratica de exercícios físicos regulares auxilia no combate de ambas as situações agravantes e se trata de um importante mecanismo de prevenção contra doenças crônico-degenerativas, pois ao mesmo tempo atenua o declínio das capacidades funcionais do organismo. Assim, o exercício se torna uma importante ferramenta no combate aos efeitos do processo de envelhecimento no organismo.
Que a prática de exercícios físicos regulares promove diversos benefícios ao organismo já e claro na literatura, e para os indivíduos idosos isso não e diferente. No que diz respeito a neurofisiologia, Coelho e Virtuoso Junior (2014) indicam que:
A pratica de exercícios físicos regulares promove uma melhora na liberação dos neurotransmissores, auxilia na melhora do fluxo sanguíneo e da vascularização na região do cérebro, e como consequência há a melhora na sinalização dos impulsos nervosos e suas respostas (COELHO e VIRTUOSO JÚNIOR, 2014, p. 663).
Nos aspectos cardiovasculares a pratica de exercícios físicos regulares não impede o declínio da capacidade cardiovascular, porem e possível combater as perdas e atenua-las, tendo em vista que um idoso que pratica exercícios físicos regularmente chega a apresentar capacidade cardiorrespiratória 30% maior que o indivíduo idoso que não pratica nenhum exercício físico. No caso de idosos sedentários que iniciam a pratica de exercícios físicos regulares, os autores indicam que e possível que eles consigam apresentar melhoras na capacidade cardiorrespiratória. O processo de adaptação cardiovascular ao exercício ocorre por causa do aumento da capilarizacao, melhora no fluxo sanguíneo, melhora da entrega de oxigênio para a musculatura, aumento do volume sistólico, diminuição do debito cardíaco e frequência cardíaca baixa. Essas adaptações em especifico ocorrem em resposta ao treinamento aeróbio (COELHO e VIRTUOSO JÚNIOR, 2014).
Em relação as alterações no sistema musculoesquelético, os benefícios que a pratica de exercício físico regular promove vão além de apenas melhorar os níveis de forca, pois essa capacidade interfere diretamente na aptidão do indivíduo idoso de realizar as atividades do dia a dia sem a necessidade de alguém para auxilia-lo. Os ganhos de forca de um indivíduo idoso submetido a um programa de exercícios de forca e similar aos ganhos apresentados por um jovem adulto, também submetido ao treinamento de forca. O que justifica esse grande aumento no idoso são os ganhos neurais de forca, e posteriormente a esse ganho aparece o aumento da área de secção transversa do musculo, ou seja, o aumento da massa muscular (COELHO e VIRTUOSO JÚNIOR, 2014).
No que diz respeito a diminuição da densidade óssea, a pratica de exercício físico regular promove um efeito anabólico e anticatabolico nos ossos; no lado anabólico, o exercício promove uma potencialização na ação dos osteoblastos na síntese óssea, enquanto em relação ao efeito anticatabolico o exercício atenua a ação dos osteoclastos na reabsorção dos minerais ósseos (COELHO e VIRTUOSO JÚNIOR, 2014).
2.2.1 Prescrição de exercícios físicos para a terceira idade
O programa de exercícios elaborado para indivíduos idosos deve ser contemplado para o equilíbrio corporal. Treinamentos específicos para essa capacidade não são comuns, recomendando-se aí, exercícios nos quais a exigência do equilíbrio para sua realização seja maior, estimulando assim a melhora do equilíbrio corporal.
Diferentes atividades populares contemplam essa capacidade, como: andar de bicicleta, que exige o desenvolvimento do equilíbrio corporal; a caminhada, que pode ser em terrenos regulares e irregulares, o que exige mais do equilíbrio e das interações sensório-motoras; a dança, que também se destaca na aquisição do desenvolvimento do equilíbrio corporal; e, por fim, os jogos pre-desportivos e recreativos são outra atividade dinâmica não tradicional que pode ser utilizada para o desenvolvimento do equilíbrio da população idosa, visto que traz outros benefícios em conjunto com o desenvolvimento do equilíbrio corporal, além de exercícios de resistência muscular e de forca.
Segundo Verderi (2004) a dança apresenta-se como uma opção diferenciada para os gerontes, pois diferenciando-se da ginástica e do esporte, possibilita os mesmos benefícios motores, cognitivos e sócio-afetivos, além de favorecer a integração social e o aumento da auto-estima. Ainda trabalha com uma dimensão importante do comportamento humano que é a expressividade, realizando gestos a atitudes próprias de cada indivíduo, valorizando a personalidade. A dança recreativa não apresenta uma ênfase nas técnicas de execução, mas sim valoriza o prazer em fazer, potencializando as qualidades individuais e coletivas.
Através da hidroginástica, as características físicas do meio líquido tornam possíveis, para os idosos, realizarem uma grande quantidade de movimentos que não seriam mais possíveis de serem realizados fora da água. A sensação de ausência da gravidade provocada pela densidade no meio líquido permite com que os movimentos sejam realizados de forma harmoniosa, não brusca, evitando quase que totalmente o risco de quedas, talvez a maior implicação relacionada à atividade física com idosos (VERDERI, 2004).
Além dos benefícios acima citados, o autor ainda afirma que:
A hidroginástica favorece a movimentação das articulações, recuperando sua amplitude e fortalecendo a musculatura. O trabalho isocinético proporcionado pelo batimento de pernas e braços beneficia não apenas a massa muscular, mas também a formação de novas células ósseas, prevenindo a evolução da osteoporose (VERDERI, 2004, p. 88).
O aparelho locomotor (ossos, músculos e articulações) sofrem um processo degenerativo com o envelhecimento. Segundo Verderi (2004) a manutenção da flexibilidade das articulações é essencial para as atividades diárias do geronte, implicando na manutenção da amplitude articular, o que, por sua vez implica em capacidade funcional e liberdade de movimento.
Quanto ao alongamento, a ênfase está relacionada à função muscular, assim como sua elasticidade, sendo que a integração entre a flexibilidade e o alongamento tornam-se fundamentais para a manutenção da capacidade funcional do aparelho locomotor, assim como previne significativamente o aparecimento de lesões. Basicamente, os alongamentos devem ser realizados das seguintes formas:
Alongamento passivo: que é feito coma ajuda de forças externas, normalmente um companheiro ou um professor, valorizando a descontração de quem realiza o movimento.
Alongamento ativo: determinado por um movimento voluntário dos músculos, exigindo do praticante maior capacidade de execução (VERDERI, 2004, p. 91).
É necessário, para as pessoas da terceira idade, passar por uma avaliação de sua composição corporal para saber detalhes da forma física atual. Ao fazer isso, caso perceba que o percentual de gordura corporal dele está alto para a idade e que a massa muscular está muito atrofiada, é necessário que se foque o desenvolvimento do programa de exercício desse indivíduo inicialmente no aumento da massa muscular que está muito atrofiada; depois de recuperar parte da massa muscular, mudando o foco do programa de exercícios para controlar a quantidade de gordura corporal.
É possível combater o declínio de força muscular com um programa de exercícios bem-orientados, que estimule o aumento da força muscular, e por isso a escolha foi utilizar a musculação. Utiliza-se primeiramente exercícios em aparelhos, pois, grande parte da perda de forca estão nos mecanismos neurais, e promover o aprendizado do exercício poderá render bons frutos ao idoso no futuro. Aos poucos as cargas de treino e os exercícios podem ser gradativamente aumentados a fim de promover uma adaptação orgânica, levando ao aumento da forca muscular.
Em relação a exercícios funcionais ou exercícios alternativos a tradicional musculação, Pestana et al. (2013, p.36) mostra que “o Pilates se torna uma modalidade muito eficiente no ganho de forca na população idosa, apresentando resultados bem similares aos obtidos em exercícios resistidos”.
2.3 Perfil do educador físico para terceira idade
Como já enfatizado no presente artigo, a expectativa de vida do ser humano tende a continuar crescendo no Brasil e, devido a isso, surge a necessidade de se criar condição para o oferecimento de qualidade de vida à essa população e, consequentemente, de profissionais nas áreas de saúde e ciências sociais capacitados para o cuidado com a população da terceira idade.
O aumento da expectativa de vida altera o perfil de morbidade da população. A tendência é que em curto prazo, a formação de uma população idosa, uma vez atingida por doenças crônico-degenerativas, sofra como conseqüência, a perda de independência e venha a ser dependente dos outros (VERAS, 1994, p. 57).
Assim, é visível a carência de especialistas da área do cuidado com idoso, não somente no que tange a tratamentos médicos, mas também na profilaxia, que tem o objetivo de promover uma melhor qualidade de vida e, em consequência, uma maior longevidade de forma saudável.
A área de atividade física voltada ao envelhecimento já faz parte da realidade do brasileiro. Nas universidades, o interesse pela área teve um aumento considerativo, favorecendo as práticas profissionais cada vez mais recorrentes. Porém, ainda não foram definidas normas ou regulamentos com relação aos conteúdos e atividades necessárias aos cursos na área gerontológica. Somente por cursos de extensão e pós-graduação consegue-se a licença necessária para atuação na área (FREITAS, 2002).
Com relação aos conhecimentos e habilidades que o educador físico deve ter ao trabalhar com idosos, o mesmo deve possuir perfil gerontológico e ser um estimulador de ações que favoreçam a continuidade de querer praticar, fazendo com que o mesmo se sinta presente e atuante na sociedade, proporcionando um ambiente social acolhedor.
- METODOLOGIA
A metodologia aplicada a este trabalho de conclusão de curso constitui-se de um estudo de caso, utilizando-se basicamente de pesquisa bibliográfica como procedimento técnico. Conforme Yin (2001) o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que compreende um método que abrange tudo em abordagens especificas de coletas e análise de dados.
As fontes pesquisadas são literaturas acerca ao tema exercício físico na terceira idade, através de livros, artigos e periódicos na internet, em sites de pesquisas de trabalhos acadêmicos. Consequentemente ao tipo de pesquisa, os resultados do presente trabalho de conclusão de curso se dá de forma qualitativa, onde a partir de informações coletadas no referencial teórico e posterior discussão, se obteve os resultados a seguir apresentados.
- RESULTADOS E DISCUSSÕES
Antigamente a população idosa apresentava um grau de dependência muito grande, principalmente devido a problemas de saúde, como incapacidade física ou mental, e isso fazia com que sua participação na sociedade fosse menor e sua contribuição também o fosse. Porém, com a melhoria nas condições de vida dessa população, ela tem se tornado cada vez menos dependente e mais ativa na sociedade.
É certo que as condições de vida das pessoas melhoraram muito e, com a evolução tecnológica, que foi e ainda é muito importante para os avanços na saúde, assim como houve melhoras nas políticas públicas que visam proteger a população idosa, melhora nos programas de saúde voltados a prevenção de doenças crônico-degenerativas, melhoras na qualidade da alimentação, e, por fim, o aumento da renda dessa população. Esses são alguns dos fatores que auxiliaram no processo de transição demográfica
Porém não basta apenas criar condições para que a população tenha uma expectativa de vida maior, se não proporcionar condição de vida adequada a ela. O processo de envelhecimento traz algumas mudanças significativas que contribuem com as condições de saúde e qualidade de vida que os idosos terão. Esses aspectos vão desde problemas diretamente relacionados a saúde, como as doenças crônicas, até a problemas de aspectos sociais, como a reclusão e a depressão.
O profissional de educação física, ao fazer qualquer prescrição, deve solicitar mais informações sobre o indivíduo que vai realizar os exercícios, de modo a detalhar as limitações e as capacidades dele, para que a prescrição não seja inadequada e de difícil realização. É importante saber qual e o histórico em relação ao exercício para esse indivíduo, pois isso também influenciará o rendimento e o processo de adaptação. Tendo essas informações, deve-se continuar na linha de desenvolvimento de duas formas de exercícios, uma mais tradicional e conservadora e outra mais contemporânea, pois assim demonstrará que possui repertorio de atividades que podem ser utilizadas para deixar o programa de exercícios mais interessante, o que resultara em maior adesão por tarde dos alunos.
É valido lembrar que o idoso apresenta diversas limitações, por isso deve-se fazer uma prescrição inicial de caminhada intervalada, como exercício conservador, para que o idoso vá se adaptando aos poucos a rotina de exercícios, principalmente se ele não for ativo fisicamente. Caso o seja, o exercício pode ser realizado de forma contínua. Em relação ao exercício contemporâneo, deve se levar em consideração a utilização da hidroginástica em primeiro lugar, pois assim o idoso terá os benefícios do exercício para o organismo, além do convívio social proporcionado, o que levara a melhora da qualidade de vida.
- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi apresentado como suporte para a importância do exercício físico na terceira idade, é possível concluir que o ser humano nascendo, crescendo, reproduzindo, envelhecendo e morrendo, obedecendo ao chamado ciclo da vida, este pode usufruir de cada fase da sua vida, aproveitando o que cada uma dela tem a lhe oferecer de melhor.
No tocante à terceira idade, que é o foco desse trabalho, é possível dizer que estudos comprovam que é possível envelhecer de forma saudável, caso estejam atentos aos cuidados necessários com nossa saúde. Ficou bastante claro, no trabalho aqui apresentado que uma combinação perfeita para se alcançar a longevidade reside na busca constante de buscar no exercício físico o suporte para viver bem e melhor.
O que se espera é que cada vez mais essa população se conscientize sobre a importância da prática de exercícios, combinada com uma boa educação alimentar e o acompanhamento de profissionais da área da saúde e do bem-estar para que cada vez mais essa expectativa de vida possa aumentar.
Quanto à Educação Física, o tema “terceira idade” é uma das áreas que mais crescem nesse segmento no Brasil e, ter conhecimento e competência para atuar nesse mercado, tornará o profissional diferenciado. O educador físico deve ser apto à escutar e ter paciência, ter conhecimentos sobre exercícios físicos adaptados às doenças, ter carisma, afeto, boa comunicação e conhecimento em gerontologia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEAUVOIR, S. de. A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
COELHO, Flávia G. de Melo; VIRTUOSO JÚNIOR, Jair Sindra. Atividade física e saúde mental do idoso. Revista brasileira de atividade física e saúde, vol. 19. Florianópolis, 2014.
FREITAS, R. et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
LORDA, C.; SANCHEZ, C. D. Recreação na 3ª idade. 3. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001.
NAHAS, M. V. Atividade Física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf, 2001.
PESTANA, V. S. et al. Efeitos do Pilates solo e exercício resistido sobre a obesidade central e o índice de massa corpórea em idosos. Revista de ciências medicas e biológicas, 2013.
POINT GEIS, P. Terceira idade, atividade física e saúde: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
VERDÉRI, Érika. O corpo não tem idade: educação física gerontológica. Jundiaí: Fontoura, 2004.
YIN, Roberto K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookmam, 2001.