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A TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA EM SALA DE AULA

Belmira Batista Chaves

Nenéte Schwab Backes

Rosmarí Favaretto Walker

Resumo

As mudanças ocorridas na educação evidenciam o quanto a escola e os professores enfrentam desafios decorrentes das novas demandas da nossa sociedade atual, tornando as exigências mais complexas o que implica em novas formas de relacionamento, de comunicação e novas formas de organizar o processo de busca e aquisição do conhecimento.  Diante disso, surge a necessidade de inovar as práticas educativas e metodológicas, propiciando interação e comunicação mais significativas entre professor e alunos, integrando as tecnologias como ferramentas possibilitadoras de ambos serem autores de suas aprendizagens. No entanto, o uso das tecnologias e os computadores não devem ser vivenciados na escola como uma disciplina no Currículo, mas como uma ferramenta pedagógica a serviço da aprendizagem, assim Valente (1999) enfatiza que o computador pode ser usado a partir de duas abordagens: para instruir os educandos e para criar condições para que estes descrevam seus pensamentos, reconstrua-os e materialize-os por meio de novas linguagens. A prerrogativa é que o uso da informática na escola propicie a construção de novos sentidos ao ensino e à aprendizagem, ou melhor, que o uso da tecnologia transcenda a aprendizagem das meras técnicas computacionais e a fragmentação do conhecimento do professor por uma prática interdisciplinar em que o educando seja desafiado a rearticular as diversas informações e transformá-las em conhecimentos práticos para a vida de todos.

Palavras-chave: Aluno, Informática, Professor.

Introdução

Em nosso país de dimensões como o Brasil, destaca-se cada vez mais a necessidade de utilizar recursos tecnológicos os quais permitem a interação entre professor e aluno.   Além de facilitar a veiculação de propostas em todas as áreas. O uso da tecnologia possibilita novas e significativas formas de interação e aprendizagem. A velocidade com que ocorrem as transformações educacionais, sociais, econômicas e tecnológicas traz como consequência as demandas de formação para as necessidades dos profissionais em todas as áreas. Segundo NÓVOA, 2009,

A formação é como um ato que possibilita aliar teoria e prática, permitindo a investigação das ações docentes e dos trabalhos escolares, assim como no contexto o qual o profissional está inserido não será somente o lócus de formação, como também o próprio objeto de estudo.

Portanto, no que se refere à formação o uso das tecnologias computacionais em sala de aula nos dias de hoje permite ir além dos estudos teóricos como propiciam situações voltadas para reflexão “na” e “sobre” a prática desenvolvida no ambiente escolar. 

Neste artigo abordaremos a tecnologia como ferramenta em sala de aula com a finalidade de promover a interlocução da teoria com a prática, ou seja, levá-los a refletir sobre a necessidade de experimentar essas teorias com os alunos aliados às tecnologias digitais em sala de aula e no ambiente informatizado da escola.

Desenvolvimento

Considerando o desenvolvimento da educação nesse país percebemos que os avanços tecnológicos e as mudanças sociais constantes, bem como as especificidades de cada instituição escolar pedem novas formas de ensinar e aprender, de forma que todos envolvidos sejam considerados partícipes atuantes, principalmente, o educando, ficam evidentes a necessidade de se promover diferentes propostas metodológicas.

 Neste sentido, os projetos de aprendizagem na escola oportunizam uma nova perspectiva de ensino aprendizagem, em que o aluno passa a ser protagonista da ação educativa e foco central nesse processo. Nesta perspectiva, o aluno pesquisado tem consciência da intencionalidade das atividades pedagógicas das quais ele é o promotor e dentre as muitas facetas sobre a cultura destaca-se os projetos de aprendizagem.

Segundo FAGUNDES, SATO E MAÇADA (1999), os projetos de aprendizagem são considerados uma proposta pedagógica em que os educandos são instigados a interagir e a buscar respostas às questões de investigação que emergem de suas curiosidades, interesses e realidade social e cultural. Nesse processo, as ações dos aprendizes são valorizadas, porque estes são continuamente desafiados a pensar suas próprias estratégias de aprendizagem, e seus pares nas pesquisas, no compartilhamento de ideias e também no processo de construir conhecimentos em sala de aula.

Com esse propósito, recorremos a Hernandez (1998) que, por sua vez, evidencia que o trabalho organizado por projetos não deve ser visto como uma opção puramente metodológica, mas como uma maneira de repensar a função da escola. Desta forma, a metodologia por projetos permite a flexibilidade de estratégias tanto ao profissional, quanto maior liberdade ao estudante com o objetivo de que a aprendizagem de fato corresponda às reais expectativas. 

 

Na vivência prática, a proposta deste projeto está sendo adaptado à realidade das escolas possibilitando a integração crítica das tecnologias nas atividades educativas, visando a criação de um ambiente de aprendizagem partilhado, capaz de promover a autonomia, criatividade e a familiarização/apropriação do professor e dos alunos com as tecnologias através da pesquisa-ação, abordagem metodológica utilizada, que segundo Gamboa (2008) traz em seu pressuposto que os pesquisadores além de ser observadores são, também, pessoas que interagem e intervém nos fenômenos observados a partir da realidade. Deste modo destacamos que as ações e atividades do projeto são discutidas e decididas coletivamente em um foro de decisão, de maneira que todos os envolvidos na pesquisa participem ativamente dos rumos e ações na escola, oportunizando que os envolvidos estabeleçam uma relação dialógica entre si e as tecnologias. 

Porém diante dos avanços tecnológicos vivenciados por todos nós, o professor deixa de ser simples transmissor de informação, pois a mesma já está disponível em diversos lugares físicos e virtuais, seja em sites na internet ou em CD-ROMS enciclopédicos, entre outros, adquirindo, então, o papel de articulador e ou ativador, contribuindo na sistematização das informações que serão transformadas em conhecimentos pelos alunos.

Segundo Moretto (2001), “a função social da escola é ajudar a formar gerentes de informação e não meros acumuladores de dados” percebe-se o novo papel do professor e, por conseguinte da escola. Para elucidar o novo paradigma educacional que está presente nas escolas com o advento na Era da informação, Branson (apud STAHL 1997, P.6) apresenta o seguinte desenvolvimento histórico:

Branson aponta o paradigma do passado para o da tradição oral, com o professor no centro, e que o atual paradigma, que ainda é centrado no professor, apresenta as interações professor-aluno e aluno-aluno.

Nesta perspectiva, tendo o aluno como centro de um novo paradigma com o auxílio das tecnologias, que os projetos trabalham. Para tanto, é imperativo que os professores possuam uma formação adequada para este tipo de metodologia de projetos. Kearsley (apud STHAL, 1997, P. 12) afirma, “se queremos ver a tecnologia ter mais impacto nas escolas, precisamos ter como nossa principal prioridade a preparação de bons professores”.

A partir do uso de novas tecnologias temos não somente a possibilidade de acessar informações, mas também a oportunidade de realizar as trocas interindividuais, de colaborar e de desenvolver a aprendizagem cooperativa.

São inúmeras as tecnologias que suportam redes de interação entre pessoas em ambiente virtual. Dentre essas variadas ferramentas podemos citar o e-mail, a lista de discussão, os fóruns, o portal do professor entre outros.

Porém a escola é uma rede de múltiplas interações, não faz sentido priorizar apenas o espaço das quatro paredes de sala de aula. É necessário que a escola adote uma postura flexível no sentido de as pessoas poderem cooperar uma com as outras, trabalharem em grupo, tomarem decisões coletivamente, participar efetivamente do processo de aprendizagem, ou seja, faz-se necessário que a escola se constitua num espaço profícuo para criação de rede de interações de aprendizagem.

 E no âmbito da escola o professor é o principal ator que pode inseri-las no processo educacional, visto que boa parte dos alunos encontra-se familiarizado com essas tecnologias. No que afirma Silva (2005, p.55) “um dos papéis da educação é fazer essa articulação entre educação e as tecnologias até porque com as transformações que a sociedade do conhecimento requer não articular tecnologia e educação significa dar aval à exclusão social”. Vemos, então, a necessidade em ter uma formação que qualifique os profissionais da educação para o uso das tecnologias e que possa integrá-las nas práticas docentes com vistas à melhoria da aprendizagem. 

Como o uso do computador está cada vez mais presente no processo de ensino aprendizagem de educandos e educadores, bem como no cotidiano das pessoas, auxiliando nas diversas tarefas. A apropriação das ferramentas como Editor de texto, Editor de apresentação, uso da internet auxilia-os no desenvolvimento, promovendo também a aprendizagem cooperativa, como salienta Straub (2009, p.69) “[...] o uso do computador no ambiente escolar motiva o aluno para as atividades, facilitando para o desenvolvimento da aprendizagem”, assim os programas como Editor de Texto, Editor de Apresentação são muito utilizados no ambiente escolar. Durante o processo de ensino de aprendizagem de professores e estudantes, um recurso importante para que esses ocorram são disponibilizados pelas redes telemáticas, como é ocaso da internet, que hoje se tornou uma necessidade na vida das pessoas e que facilita diversos processos educativos que envolvem a cooperação, a comunicação e a busca de informações.

Segundo Tajra (2001, p.156) “com a internet podemos promover algumas das questões mais importantes para a atualidade: a localização de informação e a comunicação”. Daí a importância desta ferramenta na formação de professores de maneira que esses profissionais tenham a possibilidade de se aprimorar cada vez mais para utilizá-la como suporte em suas próprias aprendizagens, bem como dos alunos.

Porém com a introdução de novas tecnologias na escola nos faz refletir sobre a importância de trabalhar com as tecnologias não somente como uma ferramenta para a instrução, mas como um meio que possibilita a construção de conhecimentos, onde o aluno se vê diante de um vasto campo de pesquisas e o professor se apresenta como um orientador e ao mesmo tempo aprendiz.

Essa reflexão aponta que é imprescindível que o trabalho com suporte das tecnologias

na escola transcenda a instrução, mas se configure em uma alternativa pedagógica em que o uso dessas ferramentas sejam planejadas com vistas a favorecer a construção do conhecimento. Esse processo decorre de amplas pesquisas em que ao mesmo tempo em que o educador exerce a função de orientar, também desempenha a tarefa de aprendiz. O que significa ser orientador do processo de construção do conhecimento vinculado às tecnologias.

Ser orientador significa um desafio enorme ao educador, porque este terá de ter a sensibilidade de valorizar as iniciativas e ideias dos educandos, e, ao mesmo tempo, iniciá-los a progredir em suas buscas, descobertas e aprendizagens. Posto isto, orientar significa problematizar as certezas dos educandos, desafiá-los a buscar novas informações e confrontá-las e, desse processo, construir novas ideias e pensamentos e refletir como forma de ampliar seus próprios conhecimentos.

Conclusão

Frente aos diferentes desafios que se apresentam aos educadores, as tecnologias se constituem como uma possibilidade de se pensar práticas mais criativas e expressivas favoráveis à aprendizagem mais contextualizada, uma vez que essas ferramentas podem potencializar processos educacionais mais significativos tanto aos educadores quanto aos estudantes. 

No entanto, o uso das tecnologias no processo ensino-aprendizagem não se constitui o remédio para todos os males da educação, mas pode ser o elemento de incentivo pra mudanças. A escola é o espaço para a formação e reflexão, e os profissionais da educação que atuam neste ambiente devem estar abertos a novas práticas educativas que vem a somar com esta formação, e dentro deste contexto podemos destacar as tecnologias digitais como suporte nesse processo.

O professor e os estudantes necessitam de novas tecnologias, mas não basta apenas possuí-las, devem oferecer qualidade de ensino e saber interagir com as diversas ferramentas que ela possui dentro das possibilidades do uso da internet da escola.

Vale ressaltar que o computador é uma ferramenta, na qual professores e estudantes a utilizam tanto para buscar informações como para se comunicarem com outros professores ou próprios estudantes, mas que pode ser também um recurso que contribuirá para a melhoria da aprendizagem.

Referências

NÓVOA, Antônio. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa 2009.

FAGUNDES, Léa da C. SATO, L. MAÇADA, D.L. Aprendizes do futuro: as inovações começaram! Coleção informática para a Mudança na Educação. ProInfo-MEC,1999.

HERNANDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um Caleidoscópio. São Paulo: Artmed,1998.

GAMBOA, Sílvio Sanches. Pesquisa em Educação: métodos e epistemologia. Chapecó: Argos, 2008.

MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de estudo- não um acerto de contas. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

SILVA, Albina P. de P. O uso educativo da tecnologia da informação e da comunicação: uma pedagogia democrática na escola. UFRGS, 2005. 180 F. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005.

TRAJA Sanmya Feitosa. Informática na Educação: novas ferramentas pedagógicas para os professores na atualidade. 3. Ed. Revista atualizada. São Paulo: Érica, 2001.

 VALENTE, J.A.(Org). O computador na sociedade do conhecimento. Campinas. SP: UNICAMP/NIED, 1999.