A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
ZANETTE, Leticia
RAMBO, Micelia M. Felix
RESUMO
O presente estudo propõe uma reflexão sobre a importância da ludicidade no processo de alfabetização, buscando compreender os desafios encontrados para aquisição e não aquisição das competências da leitura e escrita nesse nível. A criança e a ludicidade estão intimamente ligadas, um remete ao outro. Dessa forma o presente estudo busca através de estudo bibliográfico destacar a importância de vivenciar atividades lúdicas no processo de alfabetização. Evidenciando a ludicidade como um instrumento facilitador do processo de ensino aprendizagem, possibilitando o desenvolvimento integral da criança, através do brincar, jogos e brincadeiras bem como divertimento espontâneo. Para realizar esse estudo tomou-se por base KISHIMOTO (2006), FRIEDMANN (1996) que abordam essa temática, bem como outros pertinentes a esse estudo. O grande desafio de ensinar é despertar o interesse em que o outro queira aprender, o lúdico dessa forma se torna uma importante ferramenta para que a criança tenha interesse em aprender mesmo os conteúdos mais complexos e enfadonhos. O interesse em realizar esse estudo se deu justamente através de vivencias de estágios de observação em turmas de alfabetização e de educação infantil, onde em muitos momentos predominava a indisciplina e a não aprendizagem dos conteúdos que muitas vezes era utilizado uma didática tradicional sem atrativos. A metodologia utilizada foi a qualitativa como forma de aproximação e compreensão do universo de pesquisa, no intuito de conhecer os significados da importância deste tema. Espera-se que com esse estudo os docentes alfabetizadores possam refletir sobre a importância da ludicidade como instrumento facilitador do processo de aprendizagem de sucesso.
PALAVRAS-CHAVES: Alfabetização. Ludicidade. Didática. Aprendizagem.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente as atividades lúdicas se mostram fundamentais no cotidiano escolar, devido aos benefícios que trazem aos alunos sendo facilitadoras da construção de aprendizagem através de brincadeiras e jogos, facilitando uma maior interação entre alunos/alunos e professor/aluno.
As atividades lúdicas produzem prazer dessa forma enriquecem o conhecimento, devendo ser considerada a forma como ela é dirigida e vivenciada tendo um objetivo especifico para sua realização em sala de aula, assim as habilidades propostas são desenvolvidas e gerando um forte prazer em aprender.
No entanto, muitas vezes no dia-a-dia escolar o lúdico não é visto como coisa séria, o professor precisa ter o significado do jogo, do brincar, do brinquedo bem consistente, percebendo que eles diferenciam de cultura para outra, para que não seja visto como desnecessário, que não seja utilizado como preenchimento de tempo vago.
Através de vivencias de estágios de observação percebemos que a sala de aula ainda é um espaço de tradicional apesar de todos os estudos, muito se caminhou para que as crianças sejam verdadeiramente autônomas em sua aprendizagem, no entanto infelizmente o que muitas vezes é realidade em nossas salas de aula, muitas vezes o professor não se coloca como mediador e sim como detentor do conhecimento, fazendo com que o aluno não se sinta capaz de realizar tarefas simples sozinho, ou impedindo assim que o aluno seja criativo. O que vemos nas salas de aula ainda são crianças enfileiradas, o professor fala as crianças escutam e executam conforme comandos dados, muito ainda precisa caminhar na prática pedagógica, o docente precisa desacomodar certezas e sair do comodismo, estar em constante atualização e buscando práticas inovadoras afim de despertar interesse dos alunos em aprender, estimulando a criatividade a autonomia.
Dessa forma, esse estudo contribui para compreensão do contexto da ludicidade no processo de aprendizagem não envolve somente a criança inserida no contexto escolar, ele envolve a família o contexto onde essa criança está inserida, do qual ela extrai suas primeiras experiências adquire conhecimentos prévios que devem ser valorizados pelo docente a fim de que o ensino não seja repetitivo e desinteressante.
- ALFABETIZAÇÃO E LUDICIDADE
Na atual sociedade contemporânea, a ludicidade acaba por ser vista como apenas um passatempo, um momento de distração. A educação está em processo de reorganização de reflexão, buscando a escola ser cada vez mais atrativa e dinâmica, além de oferecer cuidados com segurança, educação e alimentação. Tornam-se cada vez mais comuns práticas em que os docentes contextualizam suas aulas para que se tornem mais significativas, atrativas, vislumbrando ofertar uma educação de qualidade.
Proporcionar um espaço facilitador para o lúdico se tornar real é um desafio, em sua maioria devido ao despreparo dos docentes, muitas vezes desconhecendo sua importância para o processo de ensino aprendizagem. Através da ação planejada do docente o lúdico interfere no processo de aprendizagem contextualizado capaz de influenciar o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos de forma dinâmica, na sala de aula com as diversas áreas do conhecimento.
O renascimento vê a brincadeira como conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. Ao atender necessidades infantis, o jogo infantil torna-se forma adequada para aprendizagem dos conteúdos escolares. (KISHIMOTO, 2006, p. 28)
Por meio de jogos e brincadeiras que as crianças expõem a educação formal e também a cultural, através da socialização e da exposição de suas memórias. O lúdico por muitos docentes é visto pelo simples momento de deixar livre, para brincar, é preciso uma sensibilização de ambas as partes tanto do sistema quanto do educador, para reunir o brincar e educar no mesmo espaço desmistificando o brincar, que muitas vezes é visto como lugar de brincar apenas na creche na escola mesmo nas séries iniciais é visto como lugar de estudar.
O brincar direcionado possibilita que as crianças deixem aflorar suas experiências, assim o docente é capaz de perceber as reais necessidades que o mesmo necessita. O pensamento da sociedade historicamente, mesmo reconhecendo a importância da cultura lúdica infantil. O lúdico na contemporaneidade envolve diversas problemáticas no âmbito educacional
O aluno quando inicia no ensino fundamental, pressupõe-se que ele já tenha adquirido conceitos básicos na educação infantil ou mesmo no seu ambiente familiar onde a escola necessita ampliar esse universo cultural dando a essas crianças acesso para sua participação nas diversas práticas da nossa sociedade letrada, através de um saber sistematizado.
Porque alfabetização e letramento são conceitos frequentemente confundidos e sobrepostos, é importante distingui-los, ao mesmo tempo que é importante também aproximá-los: a distinção é necessária porque a introdução, no campo da educação, do conceito de letramento tem ameaçado perigosamente a especificidade do processo de alfabetização; por outro lado, a aproximação é necessária porque não só o processo de alfabetização, embora distinto e específico, altera-se e reconfigura-se no quadro do conceito de letramento, como também este é dependente daquele (SOARES, 2003, p. 90)
Percebemos assim que Alfabetização e Letramento se complementam, mas não é a mesma coisa, em seu sentido mais completo letramento quer dizer que, o fato de ser alfabetização não quer dizer esse aluno seja letrado, considerando que ser alfabetizado é saber ler e escrever, e já ser letrado é ir mais além é saber ler e compreender é um conhecimento contextualizado, com sentido.
Alfabetizar na perspectiva do letramento implica no domínio do sistema alfabético de escrita bem como a compreensão das funções que a escrita cumpre na sociedade de maneira ampla diversificada nos mais diversos contextos, em situações especificas, vivenciando aprendizagens mais amplas.
Ler não se esgota na descodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançado por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e contexto. (FREIRE, 1989, p. 11-12).
Ao valorizarmos o desenvolvimento de nossas crianças nos preocupamos com uma prática pedagógica efetiva que contemple a aprendizagem a partir de experiências, integrações e apropriações, mostrando caminhos, dando ferramentas para a construção do saber.
Essa questão da alfabetização e suas dificuldades é extremamente complexa e multifacetada, que continuarão existindo, no entanto é possível e importante compreender as dificuldades para poder reduzir o impacto na vida dos educandos através do acompanhamento sistemático do aprendizado dos alunos para desenvolver um trabalho qualitativo.
A ludicidade pode ser utilizada como forma de sondar, introduzir ou reforçar os conteúdos, fundamentados nos interesses que podem levar o aluno a sentir satisfação em descobrir um caminho interessante no aprendizado. Assim, o lúdico é uma ponte para auxiliar na melhoria dos resultados que os professores querem alcançar. (BRASIL, 2007)
Dentro dessa perspectiva de alfabetizar letrando, o professor deve ser provocador e condutor, lançar novos desafios, situações-problema, promover o desequilíbrio, pois é através desse desequilíbrio que o aluno vai buscar o reequilíbrio e conseguir assimilar novos conhecimentos.
Assim é imprescindível a colaboração da escola, da família e da comunidade na partilha de atividades para a criança se aproprie de habilidades e conhecimentos culturais e escolares, ou seja, se desenvolva culturalmente e construam-se sujeitos capazes de intervir na realidade de maneira critica criativa e participativa.
Inserir o lúdico ao processo educacional parece-nos um desafio, unir as atividades lúdicas ao cotidiano escolar pode significar uma oportunidade de re (ver) o significado da educação, para educandos e educadores. (BATISTA; FURLANETTO; VALE, 2010, p. 275)
Sob este ponto de vista faz-se necessário um constante repensar sobre nossas atitudes, acerca de uma perspectiva mais humana, em que se reflita sobre as possibilidades do ser humano vivenciar, de forma integral a sua formação, uma vez que esse processo é potencializado pela escola, dando acesso à cultura humana, pois a necessidade de se afastar a ludicidade da alfabetização é muito comum na prática docente, a inserção do lúdico na mesma é desafiador, necessita de rever a educação.
A brincadeira nas escolas requer dos educadores uma reflexão e organização perfeita sobre o conhecimento pedagógico efetuados no trabalho com os brinquedos e as brincadeiras na pré-escola.
O brinquedo é a oportunidade de desenvolvimento. Através das atividades lúdicas pedagógicas, as crianças desenvolvem o senso de organização, o espírito crítico e competitivo, o respeito mútuo, além de aprenderem e fixarem conteúdos com muito mais facilidade.
Por meio do brincar e do jogar que são atos indispensáveis para a saúde física, emocional e intelectual a criança estimula a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, desenvolve a linguagem, o pensamento, concentração a atenção a socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser uma pessoa capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.
- 1 AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
As dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita são consideradas formas do fracasso escolar, nos primórdios da sociedade bastava uma pessoa saber assinar seu nome para já não ser considerada analfabeta, porém atualmente saber ler e escrever já não basta para responder adequadamente ás demandas da sociedade.
Alfabetizar necessita de aspectos específicos que não devem ser desprezados, é fundamental que o alfabetizador tenha conhecimento a respeito deles para que desenvolva atividades que irão garantir ao aluno o domínio da base alfabética compreendendo assim o sistema de escrita, o que não é uma tarefa fácil é um processo complexo, que exige diferentes formas de raciocínio.
Para cumprir as exigências atuais da sociedade, surgiu o termo letramento que se pressupõem que além do ler e escrever, é necessário interagir com a leitura e a escrita dentro e fora do contexto escolar, assim, letrar é mais que alfabetizar, mas não podemos separar os dois processos, pois o educando primeiro tem contato com o ensino das técnicas da leitura e da escrita e gradativamente vai desenvolvendo as habilidades que envolvem o uso da leitura e da escrita, adquirindo assim o letramento.
Nessa perspectiva o Brasil criou o Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa, que se propõe capacitar os docentes, para que esses possam alfabetizar com atividades diferenciadas, enfatizando a ludicidade nos três primeiros anos do ensino fundamental, sem interrupções ou seja sem reter alunos, onde o primeiro ano do ensino fundamental inicia, o segundo ano aprofunda e o terceiro ano consolida a aprendizagem da leitura e da escrita de maneira letrada para que não apenas saiba ler e escrever mas que compreenda o que se lê que produza, que adquira conhecimentos curriculares obrigatórios conforme estabelecidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove anos, reduzindo assim a distorção idade-serie.
Para tornar-se letrado é necessário que a pessoa viva em um contexto rico em situações que exijam e estimulem a leitura e a escrita, de acordo com o PCN`S, “ O grande fracasso na vida escolar da criança tem se dado em razão da leitura e da escrita, e que essa dificuldade deve-se a escola [...] ” (Parâmetros Curriculares Nacionais, 2000, V. 8, p.19), uma vez que essa aprendizagem nem sempre acontece de maneira espontânea exige uma mediação do professor, devendo esse receber uma qualificação especifica, mais sólida e também melhor remuneração considerando a complexidade de sua função.
Nesse contexto o compromisso social da família e da escola colaborar nessa ação, tendo consciência que o ato de ler e a escrever é construir hipóteses, é uma atividade complexa, dessa forma é necessário que inicie cedo este trabalho para que a criança desperte o interesse pela leitura e escrita e o principal o ato de querer aprender.
[...] criança que espera passivamente o reforço externo de uma resposta produzida pouco menos que ao acaso, aparece uma criança que procura ativamente compreender a natureza da linguagem que se fala a sua volta, e que tratando de compreendê-la, formula hipóteses, busca regularidades, coloca à prova suas antecipações e cria sua própria gramática [...] (FERREIRO, 1986,p.22).
A aprendizagem de crianças mesmos em diferentes níveis sociais a criança tem contato com a leitura e a escrita expressando e estimulando o interesse cada vez mais, esta não deve ser um fardo pesado, já a mesma traz consigo hipóteses de leitura e escrita que passa por níveis crescentes de contextualização intelectual, esses níveis de aprendizagem sendo estes nomeados pela psicogêneses como pré-silábica, silábica, silábica alfabética e alfabético.
Na hipótese pré-silábica a criança representa tudo através do desenho as palavras não são diferenciadas, é a fase das garatujas “[...] Todos os nossos simbólicos não-icônicos estão constituídos por combinações de dois tipos de linhas: pauzinhos e bolinhas.” (FERREIRO, 1992, p. 10).
Na hipótese silábica a criança descobre que pode haver relação entre a palavra e a quantidade de partes da pronúncia oral, isto é para ela cada sílaba falada corresponde à escrita de uma letra, não obedecem a uma direção para a escrita conforme o tamanho do objeto, a criança acha que será o tamanho da palavra “[...] está caracterizado pela tentativa de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem uma escrita, e cada letra vale por uma sílaba.” (FERREIRO E TEBEROSKY, 1985, p.192).
Na hipótese silábica-alfabética a criança está em conflitos ás vezes escreve palavras que tenham só vogais ou até mesmo só consoantes, “[...] ela descobre a necessidade de fazer uma análise que vá “mais além” da sílaba pelo conflito entre a hipótese silábica e a exigência de quantidade mínima de grafias [...] ” (FERREIRO E TEBEROSKY, 1985).
Na hipótese alfabética a criança estabelece relação entre fonema e grafema embora não domina totalmente a ortografia compreende o valor sonoro de todas ou quase todas as letras “[...] ela compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros, a partir desse momento ela se defrontará com as dificuldades próprias da ortografia.” (FERREIRO E TEBEROSKY, 1985, p. 213).
Para que a criança aprenda a ler e a escrever é preciso avançar sobre essas hipóteses necessitando de tempo para ela ler, falar e escrever. Tempo também para jogar tempo para o lúdico, de nada adianta o educador ter conhecimento teórico sem articular com a prática, articulando assim a escola se tornará mais eficiente, uma vez que alfabetizado é aquele que lê, entende, interpreta e faz a transferência dessa leitura para as suas experiências cotidianas.
Através desse estudo foi possível evidenciar que o educador tem consciência da importância da leitura para o aprimoramento da escrita, no entanto muitas vezes eles não fazem é um bom uso dos recursos didáticos, devendo o educador estar em constante atualização.
As dificuldades de aprendizagem na área da leitura e da escrita podem ser atribuídas a vários fatores tais como: orgânicas, psicológicas, pedagógicas, sócio culturais e cognitivas, essas dificuldades devem ser detectadas a princípio pela observação por parte dos professores e pais, para juntos buscarem intervenções adequadas de acordo com as necessidades de cada um.
A responsabilidade pelo sucesso é de todos, no entanto o educador é o maior responsável pela concretização do desenvolvimento do aluno, devendo usar estratégias lúdicas, prazerosa e criativa, despertando o interesse o aluno, tornando a escola um local de descobertas, de forma a superar as dificuldades no processo ensino aprendizagem.
O ensino da leitura e da escrita bem como o desenvolvimento do vocabulário, pode ser considerado uma extensão da brincadeira da criança, pois esse aprendizado implica a assimilação da realidade através do poder dos símbolos, da imaginação. (Bomtempo, 1996, p. 83).
Portanto, a aprendizagem deve ser transmitida de forma lúdica, prazerosa e criativa, aguçando o interesse do aluno, e a escola deve se tornar um local de descobertas, visando principalmente o desenvolvimento intelectual da autonomia, para assim superar as dificuldades no processo ensino aprendizagem.
Embora as crianças no Brasil já tenham uma idade estabelecida para se iniciar no ensino fundamental não quer dizer que essa mesma criança já tenha amadurecimento necessário para compreender a complexidade do processo de alfabetizar letrando, o que acontecia que o educando chegava no final do ano letivo não adquiria esses conhecimentos era retido.
Os processos de aquisição de leitura e escrita não são exclusividade da escola, pois o ambiente familiar muitas vezes não oferece condições de elevar seu aprendizado. Portanto, tornam-se necessários estudos e análises sobre a aquisição de leitura e escrita pela escola dos fatores que impedem o desenvolvimento da criança neste processo.
Para tal é necessário também valorizarmos o vínculo que criamos com a criança para a ressignificação das experiências relacionadas a possibilidade de saber, através de um ambiente afetivamente acolhedor, onde nossas dificuldades não sejam motivo de desapontamento ou tristeza, fornecendo as condições sócio afetivas para o seu desenvolvimento.
3 DIDÁTICA
Os educadores atuais envolvem-se mais com todas as teorias e os seus teóricos, do que invés por instrumentos úteis à prática educativa, como a ludicidade. A ludicidade não se baseia somente ao ato de brincar, ela conquista tudo que for realizado com prazer, onde o que transmissor e o receptor do conhecimento estejam por inteiro. O lúdico torna o momento de ensino em algo agradável, prazeroso, divertido e ao mesmo tempo rico em conhecimentos afins.
Aos professores dos três primeiros anos do ensino fundamental de nove anos, cabe o desafio de desenvolver uma prática articulada para que a criança tenha uma formação completa, que utilizem a escrita e a leitura sendo leitores e escritores reflexivos. Conforme podemos perceber nas pesquisas psicogenéticas.
Os dados da pesquisa psicogenética não resolvem os problemas do ensino, mas colocam novos desafios relativos aos problemas clássicos da didática: o que ensinar, como ensinar, quando ensinar, o que, como, quando e por que avaliar. (FERREIRO, 2005 P. 36)
Para tanto é preciso que se tenha uma sintonia com os currículos, a fim de se ter uma continuidade do processo de ensino-aprendizagem alcançando assim os objetivos propostos a cada nível de ensino através de um saber sistematizado e principalmente contextualizado.
O educar em sua didática não deve deixar de reconhecer os níveis de desenvolvimento respeitando sua faixa etária, alfabetizar letrando não esquecendo que ainda são crianças que necessitam de brincar do lúdico de jogos de faz-de-conta, para que ampliem a capacidade de simbolizar, nesse mundo cada vez mais globalizado.
O saber do professor é marcado e influenciado não só por um processo de reformulação, reapropriação da informação (conhecimentos, saberes) que transcende as formas tradicionais de transmissão, aplicação de conhecimentos. Esse processo é mediatizado pela experiência e pela prática profissional, na qual o novo conhecimento se produz para e em relação ao outro. Isto é, o professor ensina para uma coletividade e mobiliza seus saberes em função de situações contingentes (BORGES, 2004, p. 77).
Demonstrando assim a importância de se relacionar com a criança do tempo presente e não com o adulto do futuro. Segundo Freire (1986 p.11) a escola deveria deixar espaços para o aluno construir seu próprio conhecimento, sem se preocupar em repassar conceitos prontos.
Entretanto, o que lamentavelmente parece estar ocorrendo atualmente é que a percepção que se começa a ter, de que, se as crianças estão sendo, de certa forma, letradas na escola, não estão sendo alfabetizadas, parece estar conduzindo à solução de um retorno à alfabetização como processo autônomo, independente do letramento e anterior a ele. (SOARES, 2003, p 11)
Os sucessos do processo educativo provêm em grande parte da qualidade do relacionamento professor/aluno o que torna a escola mais atraente, mais significativa, e não apenas as didáticas, métodos e termos pedagógicos, buscando precisamos ter coragem e percepção para romper com padrões antigos, refletindo na prática os conteúdos tendo consciência de que as crianças aprendem o que vivenciam.
Quem se dispõe a entrar numa sala de aula para ensinar tem que saber satisfatoriamente aquilo que ensina, tem que dominar os conteúdos e suas disciplinas, para orientar a leitura, o professor tem que ser leitor, com paixão por determinados textos ou autores e ódio por outros. (SILVA, 2002, p.14).
O educador se torna responsável pela educação formal dos indivíduos, precisa ser critico estar comprometido politicamente com a sua tarefa de educador, ter o compromisso de mostrar a seus alunos, como para a sociedade, a importância social, cultural, coletiva e política de sua tarefa.
Assim, para que uma criança aprenda a ler e escrever, é necessário que se insira esse aprendizado em seu cotidiano de uma forma natural. É neste sentido que o educador, deve agir de modo consciente e com uma sensibilidade e bom senso na sua prática cotidiana.
Por meio de uma aula lúdica, o aluno é estimulado a desenvolver sua criatividade e não a produtividade, sendo sujeito do processo pedagógico. Por meio da brincadeira o aluno desperta o desejo do saber, a vontade de participar e a alegria da conquista. Quando a criança percebe que existe uma sistematização na proposta de uma atividade dinâmica e lúdica, a brincadeira passa a ser interessante e a concentração do aluno fica maior, assimilando os conteúdos com mais facilidades e naturalidade. (KISHIMOTO, 1994).
Considerando de responsabilidade de todos os profissionais envolvidos diretamente com a aprendizagem dos alunos a criação de diálogos a fim de analise dos problemas de aprendizagens, a partir de avaliações diagnósticas para através de um planejamento conjunto se possa alcançar as capacidades esperadas em cada patamar da aprendizagem de cada educando.
Nas instituições de ensino as atividades lúdicas são pouco exploradas, e mesmo quando são realizadas não lhes é dado o valor que elas merecem educar não significa repassar informações ou mostrar apenas um caminho. A ludicidade é uma necessidade do ser humano e não pode ser vista apenas como uma diversão.
4 METODOLOGIA
Através desse estudo buscou-se mostrar as ideias de alguns autores sobre esse assunto, dando-nos uma visão mais ampla do tema ludicidade, dessa formar acreditamos que o presente estudo bibliográfico possa enriquece ainda mais os conhecimentos dos profissionais da educação, que com essa base teórica facilite a criação de estratégias para que amenizem as dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita, estudo adquirindo assim um caráter qualitativo.
A abordagem qualitativa nos leva, entretanto, a uma série de leituras sobre o assunto da pesquisa, para efeito da apresentação de resenhas, ou seja, descrever pormenorizada ou relatar minuciosamente o que os diferentes autores ou especialistas escrevem sobre o assunto e, a partir daí, estabelecer uma série de correlações para, ao final, darmos nosso ponto de vista conclusivo. (OLIVEIRA, 2002 p. 117)
Esta pesquisa está fundamentada na metodologia qualitativa, que não se preocupa com representação numérica, no sentido de conhecer e compreender os processos de construção do saber didático na perspectiva de que alfabetizar não esta desvinculada do letramento.
Considerando assim o estudo bibliográfico como fundamental para ampliar o embasamento cientifico, dando o embasamento teórico, consiste no levantamento teórico, assim optamos pelo estudo bibliográfico buscando através de leituras discutir sobre temas pertinentes a esse complexo processo de ler e escrever para que os educandos dos primeiros anos do ensino fundamental consigam se tornar não apenas codificadores e decodificadores de símbolos mas que sejam leitores e escritores reflexivos, exercendo assim sua cidadania de fato.
A pesquisa bibliográfica abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema em estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo que já foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas quer gravadas. (LAKATOS & MARCONI, 1999, p. 73)
Dessa forma através de leituras buscou-se construir um conhecimento teórico que serviu como alicerce para a fundamentação de conceitos que envolvem a construção da leitura e da escrita, que a pesquisa bibliográfica nos possibilitou um embasamento teórico, o que favorece uma aquisição mais abrangente de conhecimentos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destacar a importância de vivenciar o lúdico nesse processo de alfabetização com base em alguns autores, possibilitou uma visão mais ampla sobre o tema, assim o presente estudo bibliográfico enriquece ainda mais os conhecimentos dos profissionais da área da educação.
Através das leituras constatou-se que alguns autores reforçam a necessidade de uma maior qualificação profissional, visto que, apesar dos pedagogos terem formação acadêmica, ainda existe falta de experiências em certas práticas pedagógicas, onde muitas vezes seu fazer pedagógico encontra-se estagnado e moldado dentro de projetos ou planejamentos, muitas vezes limitados, a necessidade de se diminuir a distância entre teoria e a prática através da constante reflexão de sua prática.
O processo de alfabetização é um ciclo necessita de uma sequência, respeitando a singularidade da infância, os tempos de aprendizagem e claro destacando os conhecimentos prévios de cada um, pois quando uma pessoa começa a interagir socialmente com as práticas sociais que fazem uso da leitura e da escrita, trazendo consigo uma bagagem social de conhecimentos.
As informações contidas neste estudo poderão dar suporte para aqueles educadores que tenham a intenção de rever suas propostas pedagógicas, quanto às atividades puramente mecânicas sobre a perspectiva do prazer do lúdico, dando ciências que são as atividades lúdicas que proporcionam sentido a infância do ser humano, sendo assim de suma importância essas serem incorporadas na prática para construção do processo de ensino e aprendizagem.
Através do ato de brincar que a criança exterioriza e interioriza valores morais, descobre o mundo e desenvolve sua relação com mundo social, portanto cabe ao docente olhar para a criança que se encontra na escola com direitos e deveres e que, portanto, tem direito a uma alfabetização de forma prazerosa, com respeito de seu ritmo, sempre ampliando condições cognitivas e potencializando aprendizagem de forma afetiva a fim de se construir novos conhecimentos.
REFERÊNCIAS
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