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ECONOMIA AMBIENTAL, INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE NA EDUCAÇÃO

Julia Raisa Ximenes Figueiredo[1]

 

RESUMO

O argumento central do trabalho é demonstrar que o desenvolvimento tecnológico atento aos problemas ambientais não podem ser empreendidos topicamente, mas articulando-se em uma escala mais abrangente e integrativa, em uma dimensão superior. E, para isso, o conceito de inovação adquire importância fundamental, a despeito de sua origem econômica restritiva e seu enfoque notadamente corporativo.

Palavras-chave: Ambientais, desenvolvimento, inovação.

 

ABSTRACT

The central argument of the paper is to demonstrate that the watchful technological development to environmental problems can not be undertaken topically, but articulating it in a more comprehensive and integrative scale in a higher dimension. And for that, the concept of innovation acquires fundamental importance, despite its restrictive economic origin and notably its corporate focus.

Keywords: Environment, development, innovation.

 

DESENVOLVIMENTO

 

1. Economia ecológica, industrialização, meio ambiente, inovação e competitividade na educação.

 

Um dos argumentos usualmente apresentados como justificativa para o abrandamento de medidas de controle ambiental é o de que gastos ambientais reduzem a competitividade dos produtos nacionais frente aos originários de países onde tais controles são inexistentes. Trata-se de uma visão bastante difundida em países em desenvolvimento, usualmente associada à visão de que a questão ambiental é algo artificialmente imposto por países desenvolvidos, sob o lema de que os países ricos já degradaram o seu ambiente, mas agora usam a questão ambiental para interferir no desenvolvimento econômico dos países mais pobres. Sob este ponto de vista, poluir seria inevitável para garantir o crescimento industrial e, consequentemente, o desenvolvimento econômico.

A natureza do atual padrão de desenvolvimento econômico calcado na industrialização e no progresso tecnológico que dela resulta tem apresentado desafios crescentes para a sociedade moderna. Podemos apresentar algumas características básicas do atual modelo de crescimento.

Os efeitos negativos causados pelo progresso são resultados de decisões e ações passadas, sugerindo uma interdependência intertemporal, revelando um processo de mudança contínua e evidenciando significativas incertezas em relação ao conhecimento dos impactos ambientais resultante do crescimento econômico.

O uso intensivo da tecnologia amplifica o impacto ambiental devido ao “efeito escala”, o qual determina que o aumento contínuo da produção exige uma quantidade crescente de recursos naturais e promove um aumento progressivo na emissão de rejeitos.

A dinâmica de progresso e destruição é alimentado pelo aumento da população e pelo consequente aumento da demanda, derivada das necessidades humanas ilimitadas.

Após décadas de debates sobre os limites ambientais do crescimento econômico, percebe-se que não foi o crescimento que chegou ao seu limite, mas o padrão tecnológico até então adotado pelos países industrializados. Ou seja, o crescimento econômico baseado num padrão tecnológico intensivo no uso de matérias-primas e energia, grandes demandantes de recursos naturais (principalmente provenientes de hidrocarbonetos) que pode esbarrar nos limites da finitude dos recursos ambientais.

As principais dificuldades de se associar o crescimento da produção industrial com a preservação ambiental devem-se: A poluição industrial e a intensidade do uso de recursos naturais são altamente afetadas pela escala da atividade industrial (efeito escala), por sua composição setorial (efeito composição) e pelas tecnologias utilizadas (efeito tecnologia). Além disso, o processo concorrência das empresas nas economias capitalistas gera uma necessidade de diferenciação permanente em relação aos seus concorrentes. A busca dessa diferenciação passa pelo processo de inovação – ao ter o domínio de uma nova técnica de produção ou de um novo produto, a empresa passa a auferir vantagens econômicas, sejam lucros extraordinários ou manutenção de sua parcela de mercado.

Já as inovações podem ser:

·        Inovações técnicas: referem-se à introdução de um novo processo, produto, sistema ou equipamento, ou seja, é a elaboração de novos princípios técnicos.

·        Inovações Organizacionais: referem-se a mudanças na forma de organização, nas políticas, nas tarefas, nos procedimentos e nas responsabilidades – é a introdução de novas rotinas de trabalho, procedimentos administrativos, relações intra-organizacionais, práticas gerenciais e relacionamento com os grupos de interesse.

As regularizações e as inovações ambientais resultantes de regulamentações classificadas em duas categorias: Refere-se às ações mais eficientes da empresa no tratamento da poluição que já ocorreu: processamento de substâncias tóxicas, melhorias no tratamento de resíduos e ao modo de reduzir a quantidade gerada de materiais perigosos, inclusive tornando-os vendáveis. Neste caso, há redução dos custos de cumprir com o controle de poluição.

Inovações cujos resultados compensam os custos de implementá-los: ocorre simultaneamente uma redução do impacto ambiental e uma melhoria do produto e/ou processo produtivo. As inovações não reduzem apenas a poluição, mas também resultam em produtos com melhor desempenho, de melhor qualidade, mais seguros, mais baratos, com maior valor de revenda, com menores custos de disposição final ou passíveis de reciclagem. É conhecida como tecnologia de prevenção da poluição.

As principais razões para se impor regulamentações:

·        Motivar as empresas a inovar;

·        Melhorar a qualidade ambiental quando o aumento da produtividade dos recursos não compensa totalmente os custos de conformidade ou quando o tempo de aprendizado dos efeitos da inovação é longo;

·        Alertar e educar as empresas sobre a utilização ineficiente dos recursos e sobre as áreas que têm potencial para melhorias tecnológicas;

·        Aumentar a probabilidade de que inovações de produto e processo posam ser ambientalmente corretas;

·        Criar demanda para as melhorias ambientais até que as empresas e os consumidores sejam capazes de perceber e quantificar melhor as ineficiências no uso dos recursos.

Pode – se coincidir que a competitividade essencialmente dinâmica (visão de longo prazo) e está relacionada com a capacidade das empresas de elaborarem e implementarem estratégias competitivas capazes de preservar ou fortalecer sua posição no mercado.

Já no fator determinante do investimento ambiental podemos citar alguns fatores para indução das empresas a adotarem práticas saudáveis para o meio ambiente:

Pressões das regelações ambientais: constitui um dos principais fatores de estímulo para as empresas adotarem posturas menos agressivas ao meio ambiente. A regulação influencia no processo de seleção de inovações a serem adotadas, pois o mercado pode não ser capaz de fazê-lo, podendo o meio institucional atuar nesse processo de seleção por meio de legislação, subsídios, créditos, financiamentos e outros instrumentos.

Pressão dos consumidores: atua na medida em que aumenta o nível de consciência ecológica. A demanda da sociedade por produtos e processos de produção menos agressivos ao meio ambiente faz com que algumas empresas gerem inovações ambientais e outras as adotem, ocorrendo a difusão da inovação.

Entretanto, verifica-se uma significativa diferença de comportamento entre os consumidores dos países de renda alta (desenvolvidos) e os consumidores dos países de renda média (em desenvolvimento).

Pressão dos investidores: percebe-se uma preocupação crescente com o desempenho ambiental da empresa, principalmente de setores com alto potencial poluidor (química e petroquímica), essa preocupação é ainda maior em empresas de inserção internacional, dado que, os acionistas estrangeiros são mais exigentes em relação ao comportamento ambiental da empresa.

            A matriz exige que a filial adote os seus padrões ambientais, mesmo que os padrões ambientais exigidos sejam inferiores aos do país de origem. Os consumidores estrangeiros, principalmente de países desenvolvidos, são mais exigentes tanto em produtos quanto em processos ambientalmente mais saudáveis, além desses fatores existem vários outros que a empresa poderia estar adotando.

A globalização financeira e produtiva da economia mundial na parte de gestão ambiental trouxe uma nova ordem para os mercados, aguçando a concorrência mundial e alterando os padrões de concorrência industrial, introduzindo normas gerais de padronização, de processo, de qualidade e de gestão ambiental, forçando as empresas a adaptarem-se às exigências dos mercados mais globalizados. Uma nova postura levou ao aprimoramento das relações, induzindo a criação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), o qual pode ser definido como uma estrutura organizacional que permite à empresa avaliar e controlar os impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços, destacando-se: Política ambiental, na qual a empresa estabelece suas metas e compromissos com seu desempenho ambiental; Planejamento, no qual a empresa analisa o impacto ambiental de suas atividades; ) Implementação e operação, que são o desenvolvimento e a execução de ações para atingir as metas e objetivos; Monitoramento e correção das ações, que implica o monitoramento e a utilização de indicadores que asseguram que as metas e objetivos estão sendo atingidos; Revisão gerencial, na qual o SGA é revisado pelo comando superior da empresa, a fim de assegurar sua apropriabilidade, adequação e efetividade; Melhoria contínua.

Também podem existir várias barreiras observadas na implantação do SGA pelas empresas. São elas:

·        Organizacionais – sobrevivência da empresa; poder de decisão do dono; rotatividade da equipe técnica;

·        Falta de envolvimento dos funcionários;

·        Sistêmicas – que é a falta de informações;

·        Sistema de gestão inadequado;

·        Falta de capacitação dos empregados;

·        Comportamentais que é a falta de cultura organizacional;

·        Resistência a mudanças;

·        Falta de lideranças; ausência de uma supervisão efetiva; insegurança no trabalho;

·        Técnica é a falta de infraestrutura;

·        Treinamento limitado ou não disponível; acesso limitado às informações técnicas; defasagem tecnológica;

·        Econômicas é disponibilidade de recursos e custos de financiamento;

·        Exclusão de custos ambientais da tomada de decisão e das análises de custo/benefício:

·        Governamentais – política industrial; ausência de política de preços reais para os recursos naturais;

·        Falta de incentivos para minimizar os impactos ambientais; falta de suporte institucional;

·        Falta de espaço físico para implantação de projetos.

Dois grandes obstáculos são apontados pela teoria da inovação em relação à área ambiental: a relação entre forças de estabilização e inércia tecnológica, por um lado, e as perspectivas de rupturas tecnológicas e institucionais de outro; e a possibilidade das políticas de regulação ambiental inviabilizarem práticas ousadas de inovação e favorecerem alterações pontuais e incrementais.

 

CONCLUSÃO

 

Diante deste trabalho podemos concluir que a atividade tecnológica adquire uma abrangência reticular no mundo contemporâneo. Não é mais possível conceber a política tecnológica moderna sem pensar em termos de redes de pesquisadores e projetos integrados e interdisciplinares.

De forma semelhante, a questão ambiental possui um aspecto global, em que as fronteiras territoriais e as políticas nacionais são profundamente marcadas por tendências que operam em escalas superiores.

Cabe ao ambientalíssimo, entre outros setores contemporâneos, sequestrar a inovação do interior das grandes corporações e agências governamentais e dissemina-la para o conjunto dos grupos sociais, criando condições para o estabelecimento de ambientes plurais e eficientes. A lógica do risco e da precaução não pode impedir a experimentação constante e a busca de eficiência tecnológica, desde que conjugados aos imperativos da democracia e da sustentabilidade.

Por isso podemos dizer que enquanto as empresas não agem de forma espontânea em prol do meio ambiente, é conveniente a criação de mecanismos de incentivos via regulamentação para induzir a um comportamento adequado a padrões pré-estabelecidos.

A crescente preocupação em relação ao desenvolvimento sustentável está aos poucos resultando em ações concretas para preservar de forma mais efetiva os preciosos recursos naturais, deixando-os disponíveis para gerações futuras.

 

 

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[1] Licenciada em Letras. Atua como professora.