DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR
Denis Jesus Linares Ferreira[1]
Julia Raisa Ximenes Figueiredo[2]
Valdir Pereira[3]
RESUMO
O presente artigo propõe abordar as dificuldades de aprendizagem da criança no contexto escolar, este foi delimitado a partir de observações realizadas em salas de aulas. Diante disso o objetivo deste trabalho é de conhecer historicidade e o conceito atual do termo dificuldades de aprendizagem e analisar as necessidades educacionais no contexto escolar, dos alunos com dificuldades de aprendizagem. Portanto através dessas dificuldades sabe-se que atualmente, podem-se notar vários termos indicadores para as dificuldades de aprendizagem, tais como problemas, distúrbios, ou transtornos de aprendizagem, sendo cada um deles com a sua definição própria.
Palavras-chave: Aprendizagem, dificuldades, transtornos.
ABSTRACT
This article proposes to address the difficulties of the child's learning in the school context, this was delimited from observations in classrooms. Therefore the objective is to meet historicity and the current concept of the term learning difficulties and analyze the educational needs in the school context, students with learning disabilities. Therefore through these difficulties it is well known that currently, may be noted the various terms indicators for learning difficulties, such as problems, disorders, or disorders of learning, each one with its own definition.
Keywords: Learning, difficulties, disorders.
INTRODUÇÃO
Assim como nas décadas anteriores, as dificuldades de aprendizagem permeiam o ambiente escolar, assombrando o desenvolvimento de alguns alunos. Da mesma forma, a dificuldade de aprendizagem tem sido, ainda hoje, tema de investigação de diversos profissionais preocupados com o ato de aprender. Assim psicólogos, psicopedagogos, pedagogos, neurologistas, neuropediatras, entre outros profissionais, buscam desvelar as causas das dificuldades de aprendizagem escolas. Apesar disso, Fonseca (1995, p.72), afirma que “não se conseguiu, ainda, na arena do sistema de ensino, um consenso na definição das Dificuldades de Aprendizagem, porque elas têm emergido mais de pressões e de necessidades sociais e políticas do que de pressupostos empíricos e científicos”.
Aprendizagem é o processo pelo qual os nossos conhecimentos, habilidades são adquiridos ou modificados. A aprendizagem se dá quando há informação do indivíduo. O processo de aprendizagem se dá desde o nascimento até a vida adulta, pois estamos sempre em busca de conhecimento e em constante adaptação. A aprendizagem significativa valoriza a compreensão da valorização, o querer aprender do sujeito espontaneamente. Na sociedade as pessoas apreendem observando as outras. Nascemos sem o conhecimento amplo e a sociedade nos molda.
Cada ser humano aprende de uma forma diferente. Alguns aprendem apenas olhando, outros precisam da fala, e outros ainda da escrita e do manual. É preciso que o professor se esforce e repita o conteúdo de formas diferentes. As pessoas associam fatos do seu dia-a-dia outros já estudados por ela, sendo esta mais uma etapa da aprendizagem. SE aprendermos a todo o momento, as dificuldades também acontecem a todo o momento.
Aprendizagem é o reconhecimento de dinâmicas que envolvem o ensino, é a relação de conhecimento que o indivíduo já possui, com o novo conhecimento.
Nesse processo que á aprendizagem três tipos se destacam em elementos centrais: a fonte do conhecimento (experiência), o aprendiz e a junção de ambos. O primeiro, sendo ou não professor é papel fundamental para que haja a ponte para o conhecimento.
Portanto diante da realidade escolar, podemos notar a aplicação de vários termos indicadores para as dificuldades de aprendizagem, tais como problemas, distúrbios e/ou transtornos de aprendizagem. Considerando esses diversos termos e abordagens explicativas para designar dificuldades de aprendizagem será apresentado no trabalho a seguir um breve conceito histórico de dificuldades de aprendizagem da criança.
DESENVOLVIMENTO
1. O conceito histórico de dificuldades de aprendizagem
Na década de 1970, foi amplamente difundida, no Brasil, a ideia das dificuldades de aprendizagem como uma Disfunção Cerebral Mínima (DCM).
A Disfunção Cerebral Mínima era empregada para designar problemas sociopedagógicos, como dislexia, disritmia e tantas outras “dis” que conhecemos hoje e que são, em grande parte, geradoras dos problemas de aprendizagem e do fracasso escolar.
Antigamente toda criança em processo de escolarização que não aprendia determinado conteúdo recebia o rótulo de portadora de Disfunção Cerebral Mínima.
Essas concepções de dificuldades de aprendizagem, enquanto Disfunção Cerebral Mínima surgiu na França, no final do século XIX e foi classificada pelos historiadores da área como Organicista, pois levantava hipóteses sobre doenças neurológicas e orgânicas dos alunos que não aprendiam. Sendo assim, os médicos se ocuparam em interpretar as dificuldades de aprendizagem que ocorriam na escola. Em pouco tempo, a Disfunção Cerebral Mínima tornou-se tão comum que os profissionais da saúde temiam uma banalização da área, pois,
Em curto espaço de tempo e com relativa facilidade, pais e professores também já adotaram o rótulo de Disfunção Cerebral Mínima e, antes de qualquer referência, este diagnóstico surgia como, queixa na consulta médica: “--- Doutor, meu filho tem Disfunção Cerebral Mínima”. A impressão que se tinha era de que convivíamos com uma população de anormais, pois esta cifra atingia até 40% dos escolares (Cypel apud Bossa,2007, p.51).
Sendo –se assim, essa abordagem intitulada Organicistas (problemas de diversas ordens com causas orgânicas), as dificuldades de aprendizagem e, por consequência, o fracasso escolar, foram tratados com medicamentos utilizados pela psiquiatria e pela neurologia. Isto significa que o aluno não aprendia era diagnosticado como possuidor de uma falha orgânica, como um déficit neurológico e, por isso, recebia tratamento medicamentoso.
Portanto Cypel (1993), explica que o diagnóstico utilizado nas escolas e os encaminhamentos para o tratamento medicamentoso produziram um estigma para as dificuldades de aprendizagem na esfera escolar, pois passaram a ser conhecidas como “geração comital ou gardenal”.
Então no segundo momento da história da educação brasileira, na década de 1980, as dificuldades de aprendizagem foram o foco de estudo da psicologia cognitiva. Segundo Sena (1999), suponha-se que as causas das dificuldades de aprendizagem estavam relacionadas as disfunções psicológicas, envolvendo um ou os quatro processos psicológicos fundamentais, que são a percepção, a memória, a linguagem e o pensamento. Assim, a investigação das causas para as dificuldades de aprendizagem se pautava no método comparativo, ou seja, os psicólogos comparavam um grupo de crianças que aprendia normalmente a um grupo de crianças que apresentava algum tipo de atraso no processo aprendizagem. Sena (1999, p.75), nos diz que os sintomas esperados na investigação eram “a desorganização espaço-temporal, os transtornos perceptivos visuais e auditivos, os transtornos de lateralidade, déficits na linguagem e atenção seletiva e os problemas de memória”.
Então com o enfoque da psicologia, outras explicações foram surgindo para as dificuldades de aprendizagem. Entre elas, a perspectiva afetiva explicava o fracasso escolar como consequência de algum conflito emocional (consciente ou não) de origem familiar. Logo, a responsabilidade pelas dificuldades de aprendizagem da criança centrava-se nela mesma e em sua família.
Segundo Castanheiras e Santiago (2008), as dificuldades de aprendizagem foram investigadas por mais duas abordagens, o questionamento da escola que priorizava investigações de fatores escolares como geradores das dificuldades de aprendizagem. Entre esses fatores, se encontram “a inadequação dos métodos pedagógicos, as dificuldades na relação professor-aluno, a precária formação do professor, a falta de infraestrutura das escolas de rede pública de ensino” (Castanheira; Santiago, 2008, p.05).
Portanto na abordagem questionamento da escola, a crença era que a causa da não-aprendizagem (ou dificuldades de aprendizagem) era exclusivamente da escola que não ensina.
Outra abordagem citada por Castanheira e Santiago (2008) é a desvantagem sociocultural que as dificuldades de aprendizagem e o fracasso escolar são geradores pelo meio sociofamiliar. Segundo Castanheiras e Santiago (2008, p.06), “um argumento central na articulação dessa abordagem é que as crianças das camadas populares, cuja distribuição de riqueza, numa sociedade capitalista, é desigual, apresentam uma linguagem deficitária o que, em consequência, implicaria déficit cognitivo”.
Assim, a abordagem desvantagem sociocultural explica que os fatores que geram dificuldades de aprendizagem na escola são sociofamiliares, isentando assim a escola e a criança, em sua estrutura psicológica e neurológica.
Garcia Sánches (2004, p.22), afirma que o termo dificuldades ou problemas de aprendizagem (DA) tem cinco princípios específicos:
· As dificuldades de aprendizagem são heterogêneas, inter e intra-individualmente;
· As dificuldades de aprendizagem pressupõem dificuldades significativas na aquisição e no uso da compreensão, da fala, da leitura, da escrita, do raciocínio e ou/ habilidades matemáticas;
· As dificuldades de aprendizagem são intrínsecas ao indivíduo;
· As dificuldades de aprendizagem podem ocorrer de forma concomitante com outros problemas que constituem por si mesmos umas dificuldades de aprendizagem;
· As dificuldades de aprendizagem não se originam por influencias extrínsecas.
De acordo com Garcia Sánches (2004), as dificuldades de aprendizagem afetam significativamente as habilidades escolares e não devem ser relacionadas com aspectos situacionais e ou/ ambientais.
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp, 2009), instituição nacional que orienta e representa a prática psicopedagogia brasileira, explica que só podemos falar em dificuldades de aprendizagem quando fazemos referências a alunos que:
· Tem intelectualidade normal ou muito próxima a normalidade ou, ainda superior;
· Não apresentam deficiências neurológicas ou sensoriais;
· Vivem num ambiente sociofamiliar normal;
· Têm rendimento escolar manifesto e reiteradamente insatisfatório.
Podemos dizer, então, de acordo com a ABPp, que a dificuldade de aprendizagem tem origem cognitiva, ou seja, não são causadas por pobreza ambiental, atraso mental ou transtornos emocionais.
CONCLUSÃO
As crianças com dificuldades de aprendizagem não podem viver mergulhadas no stress, e nem ter envolvimento algum com alguma espécie de humilhação. Pois antes de mais nada a criança com dificuldade precisa ser respeitada. Sabe-se que o psicopedagogo tem uma grande importância e o seu papel indispensável para a sociedade, quando lembramos que a criança portadora de dificuldades de aprendizagem precisa ser transformada em um membro válido dentro da sociedade e tratando com reconhecimento e sucesso o progresso de suas áreas fortes.
Com base em tudo que temos visto e estudado até aqui é de suma importância a presença de um psicopedagogo dentro de uma instituição de ensino, cumprindo o seu papel de profissional desta área, dando suporte para a escola, para a família, para a sociedade e principalmente para o portador deste transtorno, derrubando barreiras e problemas existentes. Tratando o “diferente” como igual.
Portanto, com a certeza de que o educador deve transmitir o conhecimento significativo, aguçando as habilidades de seus alunos e mostrando as potencialidades de cada um. As barreiras que poderão surgir no caminho serviram para fortalecê-los e torná-los capazes de modificar o mundo em que vivem.
De forma que o estudante apresente algum tipo de transtorno, como a discalculia, a dislexia, a disortografia, entre outros, não se sinta inferior a outras pessoas do seu convívio que não apresentam dificuldades de aprendizagem. Nesse processo psicopedagogo conta com o auxílio da família, do professor, da sociedade, da instituição de ensino onde estuda a criança. Vale ressaltar também a presença de psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos e entre outros profissionais da área. O psicopedagogo pode criar um espaço de escuta para o professor possibilitando a apropriação teórica que favorece o trabalho do psicopedagogo.
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