RELAÇÃO PAIS, ALUNOS E ESCOLA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO EDUCANDO NESTE CONTEXTO.
Antônio Cesar Gomes da Silva[1]
RESUMO
Este artigo faz uma breve explanação sobre a relação família/escola. Sabe-se que a Educação brasileira está em constantes mudanças e os alunos mudam mais rapidamente ainda. Os pais modernos estão cada vez mais ausentes de suas responsabilidades deixando para a escola resolver esta questão. Mas a escola não é uma instituição que educa a criança em todos os setores, sua responsabilidade é o ensino do conhecimento. Diante deste contexto o desafio é a parceria entre escola e família, onde o resgate da responsabilidade torna-se fator primordial para melhorar o ensino e torná-lo de qualidade de fato. É sabido que os pais que acompanham a vida escolar de seus filhos conseguem melhores resultados na instrução dos mesmos, seja cobrando em casa um tempo para os estudos, seja participando do espaço escolar. A escola ao criar este vínculo com a família segue um caminho que promoverá a superação das dificuldades e consequentemente uma Educação de qualidade.
Palavras-chave: Educação, Família, Escola e Participação.
ABSTRACT
This work gives a brief explanation of the family-school relationship. It is known that the Brazilian education is constantly changing and students move even faster. Parents today are increasingly absent from their responsibilities leaving the school to resolve this problem. But school is not an institution that educates the child in every way, their responsibility is teaching knowledge. Given this context, the challenge is a partnership between school and family, where the rescue of responsibility becomes a key factor to improve education and make it quality really. It is known that parents who accompany their children to school life gets better results in the same statement, whether at home charging time for studies, is participating in the school environment. School to create this bond with the family follows a path that promote the overcoming of difficulties and consequently a quality education.
Keywords: Education, Family, School and Participation.
1. INTRODUÇÃO
A escola existe, o mundo está mudando e a ela está mudando junto. É uma obviedade lógica, porém a escola muda de maneira mais lenta e um dos aspectos mais perceptível é a relação escola-aluno. Compreender a ação docente e a interação discente é fundamental para a evolução da escola.
Em meio a uma relação familiar cada vez mais frágil e superficial na sociedade atual, o ato de educar vem transformando a responsabilidade que cabe aos pais erroneamente em papel exclusivo da escola. No entanto, a colaboração entre pais e educadores surge como a melhor possibilidade de educação das crianças.
O envolvimento da família, além da escola, no processo de ensino é fundamental para o aluno conceber seu aprendizado necessário e esperado. São duas instituições sociais muito presentes enquanto habilitadoras do saber da criança, e seu trabalho em conjunto torna-se imprescindível para o sucesso educativo. É necessário um trabalho em conjunto entre pais e professores, pois são entes responsáveis deste processo, porém cada um dentro de suas responsabilidades, contudo cordiais entre si.
Sabendo de tudo isso, a presença dos pais, ajuda de fato no desenvolvimento do processo de aprendizagem da criança? O que a escola sente em relação a ausência da família e quais as consequências dessa ausência no desenvolvimento do aluno? Como se relacionam uns com os outros, quais os problemas e dificuldades refletem no objetivo final do aluno que é a aprendizagem?
A partir destas questões e como profissional da Educação, este artigo buscará compreender a dinâmica da relação família-escola e seus efeitos em relação à aprendizagem dos estudantes na escola, o papel de personagens imprescindíveis ao ambiente escolar: o professor, o aluno, os pais. Além da função da escola e das autoridades.
2. A FAMÍLIA, O ALUNO E A ESCOLA CONTEMPORÂNEOS.
A escola no Brasil desde sempre sofre crítica pela sua qualidade, no entanto o fator mais importante para um melhor funcionamento do ensino no Brasil é o acompanhamento da família no ambiente escolar, tanto na escola quanto em casa, há entre os pais, diante das mudanças atuais uma excessiva proteção de seus filhos que em vez de cultivar suas aptidões leva-os a uma realidade desfavorável ao aprendizado. “O relacionamento com a escola, certamente fica abalado diante deste movimento, que caminha para uma nova ordem relacional ainda indefinida, o que se pode afirmar é um aumento do distanciamento destes fatores” (FRAIMAN, 1997, p.66).
É possível observar uma inversão de papéis e valores, a família ganha uma nova configuração, em que a mulher conquista cada vez mais seu espaço no mercado de trabalho e consequentemente o aluno e a escola mudam devido a essas alterações ocorridas na sociedade, com tantas informações e avanços tecnológicos. Hoje, a mulher necessita ter sua própria identidade, “se, antes, o papel da mulher estava restrito a casa, ela passa agora a assumir o espaço público com sua entrada definitiva no mercado de trabalho” (FEVORINI, 2009, p.25).
A mãe atual oferece menos tempo aos filhos. Para compensar, a educação oferecida muitas vezes é repleta de proteção, o que acaba por atribuir à escola o papel de educar além de sua responsabilidade. A educação que precisa acontecer no contexto familiar é cobrada da escola e a escola não foi criada para esta função. Fraiman (1997, p.96) constata que “embora, a escola necessite de uma maior aproximação com os pais, a reversão do quadro atual de distanciamento é difícil, pois implica na ressignificação do papel da própria escola”.
A escola atual caminha para tornar-se uma instituição democrática que deve ser exercida de forma dinâmica, além de refletir e compartilhar as ações desenvolvidas. Fevorini (2009, p.31) destaca que “há uma sensação entre os educadores, de que essa 'nova' família parece não ser capaz de cumprir algumas das funções educacionais que são a base para o ensino escolar e delega essa tarefa para a escola”. Contudo não pode responsabilizá-la pela educação absoluta da criança, nesta democracia os papéis de cada personagem necessitam recair a cada um deles. A participação da família deve fazer parte do dia a dia da escola para que haja uma colaboração efetiva.
O grande desafio existente hoje na escola é justamente criar esta parceria com a sociedade, de forma a articular e assegurar a permanência do aluno e consequentemente seu sucesso. De acordo com Cavalcanti (1998, p.154):
Esta colaboração, no entanto, é mais do que a mera participação dos pais nos eventos e atividades da escola. Esta se refere a um relacionamento horizontal e voluntário entre educadores e pais. Pais e educadores trabalhando juntos, com o objetivo comum de promover o desenvolvimento dos alunos.
São exigências de um novo tempo e de uma escola comprometida com os interesses de seus estudantes. Este é o fundamental e melhor alicerce para o exercício da cidadania.
2.1 O papel Família
Cada um tem sua função nesta relação, seja a família educando em casa, seja a escola fazendo sua parte no ensino, deve haver uma aproximação mais ampla, pois o beneficiado será o filho e consequentemente o aluno. Fevorini (2009, p.38) explica que “essa aproximação pode permitir a quebra de preconceitos por parte da escola em relação às famílias e uma compreensão maior, por parte da família, do papel da escola e da sua forma de trabalhar”.
A família conhece profundamente o desenvolvimento de seu filho, o que a torna extremamente conhecedora das necessidades educacionais da criança, são informações acerca do desenvolvimento e interesses do aluno. A família pode dar importante contribuição na educação em geral e na aprendizagem, é um personagem que se torna extremamente valioso para a compreensão das situações interpessoais que pode facilitar a integração do lar e escola. “A participação dos pais na vida da escola tem sido observada em pesquisas, como um dos indicadores mais significativos na determinação da qualidade do ensino, isto é, aprendem mais os alunos cujos pais participam mais da vida da escola” (LÜCK, 2010, p.86).
Porém a família atual está muito ocupada para concretizar a educação de suas crianças e “sem tempo para cuidarem de seus filhos dentro de casa, os pais-modernos podem estar enfrentando sérias dificuldades em encontrar tempo para estarem mais presentes na escola” completa Fraiman (1997, p.74).
É preciso estabelecer uma relação de parceria para haver um aumento das possibilidades de compartilhar critérios educativos, assim minimizar as dificuldades entre os dois ambientes. Esta, não é uma tarefa fácil, mas há várias formas de os pais participarem do ambiente escolar e consequentemente da própria educação dos filhos. Garcia (2007, p.39) entende que:
A integração família-escola é importante recurso para melhoria na aprendizagem, baseada na participação da família na vida escolar da criança para a melhoria do processo ensino-aprendizagem, proporcionando melhor aproveitamento escolar, promovendo também a criança como pessoa humana integrada ao meio social.
Esta participação, sem dúvidas, traz inúmeras vantagens ao educando. Apesar de se perceber que há inúmeros obstáculos que reduz tal participação, algumas atitudes podem ser tomadas pelos pais como: comparecer às reuniões da escola, dar sua opinião, conhecer as pessoas que fazem parte do Conselho Escolar e o trabalho que ele realiza, ler para os filhos, bem como incentivá-los a frequentar a biblioteca da escola, tudo isso é muito importante. Garcia, (2007, p.39) completa ao dizer que:
Quando a família participa da educação das crianças, elas podem sair-se bem melhor na escola e na vida, despertando o interesse e a curiosidade. É a partir de atitudes simples que este envolvimento se caracteriza como, valorizar as tarefas escolares, estimulando o gosto pela leitura e pelo aprendizado em geral, como também a serem curiosas na vida fora da escola.
De fato, a relação da família com a escola é um elemento essencial na educação da criança, relação que deve ser a mais estreita quanto for necessário. Com certeza contribuirá para um processo de aprendizagem harmonioso e envolvente.
2.2 O papel da escola
A escola é uma instituição social, deve oportunizar um atendimento onde o universo da criança seja valorizado. É na escola que a criança começa a ter uma participação maior do mundo e do conhecimento, e esta surge como oportunidade de aumentar as relações com a sociedade e com o saber. REIS (2010, p.16) indica que “escolher a escola adequada às esperanças da família e que, ao mesmo tempo, seja do agrado da criança, é um empreendimento cujo sucesso depende, em grande parte da habilidade dos pais ao avaliarem diferentes propostas”.
Algumas das atribuições da escola são desenvolver ações e atividades que ensinem e aprimorem o respeito, as diferenças e a responsabilidade. A escola deve ser democrática buscando uma participação ativa da comunidade escolar, respeitando os direitos individuais e coletivos de todos, entretanto, "quanto mais a escola assumir seu papel de especialista em educação, mais os pais podem sentir-se inseguros e incapazes de atender às suas orientações e recomendações, que é o que ocorre mais frequentemente nas camadas populares” (FEVORINI, 2009, p.104).
A escola deve estabelecer um sistema claro de comunicação com os pais, é uma maneira de se promover parcerias e certificar-se de que os pais interajam mais efetivamente. “A escola também exerce uma função educativa junto aos pais, discutindo, informando, aconselhando, encaminhando os mais diversos assuntos, numa tentativa conjunta de promover a educação” (REIS, 2010, p.13).
Uma missão da escola é contribuir para a formação de sujeitos autônomos, éticos e participativos, uma tarefa exigente e desafiadora, Fevorini (2009, p.106) comenta que a escola "tem uma função específica diferente da família: a de transmitir o saber sistematizado da humanidade para as novas gerações não só para preservar esse saber, mas também para que ele seja transformado e reelaborado pelas novas gerações". Os professores devem propiciar o diálogo com seus alunos de forma a concretizar intervenções que atendam a questões individuais e coletivas. Sempre tomando uma atitude de respeito ante as condições e possibilidades de cada um.
A escola é uma instituição que deve complementar a formação educacional da criança, porém deve envolver também a família para chegar a este objetivo. Como observa REIS (2010, p.19), “hoje, a presença dos pais e da comunidade está sendo considerada como uma ampliação das possibilidades de uma boa relação, tanto da escola quanto das famílias” que juntos chegarão ao objetivo de ensinar com qualidade.
Com esta integração, família-escola, cada um sabendo como agir com a criança-aluno, “o papel da família seria o de estimular no filho o comportamento de estudante e cidadão e o da escola seria orientar aos pais nos objetivos que a escola espera que o aluno atinja e de criar momentos para que essa integração aconteça” (Reis, 2010, p.22).
2.3 O papel do aluno
Com a inserção da criança no ambiente escolar a mesma precisa estar preparada para conviver com outras crianças, com os professores e funcionários da escola, por isso o relacionamento familiar e a convivência são fatores importantes para o desenvolvimento do indivíduo. Para Fraiman (1997, p.32), "as escolas deveriam criar condições e oportunidades para que os alunos tenham interações positivas com os adultos que os criam de forma a melhorar suas expediências em casa, o que beneficiaria as atividades na escola”.
De fato, tanto o ambiente escolar como a família compõem o meio social onde o aluno está inserido, nesse sentido possui forte interferência na educação, bem como a motivação para aprender. “A criança que está enfrentado problemas no aprendizado escolar deve ter os pais como figura de confiança, de apoio, ou seja, pessoas que ela poderá contar quando sentir alguma dificuldade” (PARREIRA; MATURANO, 1996, p.40).
O acesso a conteúdo escolar, voltados para o desenvolvimento das diversas áreas do conhecimento, estará presente todos os dias, e se constitui num fator determinante para o desenvolvimento integral da criança. Contudo a escola "estabelece um currículo ao qual os alunos têm de se adaptar, mas que apenas alguns são capazes de seguir à risca" diz Fevorini (2009, p.37).
Para promover o desenvolvimento da criança e propiciar sua participação no cotidiano escolar, seu crescimento deve ser harmonioso, Fraiman (1997, p.23) argumenta que "é importante para o aluno que um professor dirija seu olhar para ele quando conversam, quão importante é saber ouvir os alunos e, especialmente, que estes se sentem em geral muito pouco acolhidos, seja na escola, seja em casa".
Ao ser promovida a superação de dificuldades, realizar encontros e reuniões com os pais, a escola promoverá, de fato, a integração de seu trabalho e melhorará o relacionamento entre todos, “este tipo de trabalho pode ajudar as crianças a terem mais tranquilidade para estudarem e se relacionarem com os colegas e mesmo com os professores”, completa Fraiman (1997, p.23), desta maneira a criança cresce em casa, na escola e ainda na interação com as pessoas, ela se sente valorizada em cada momento de sua vida.
3. CONCLUSÃO
Educação, uma palavra mal interpretada onde boa parte dos pais supõe ser responsabilidade da escola, porém é um direito humano, que deve ser garantido não apenas pelo Estado, mas também pela família. É importante realizar a divisão de responsabilidades na escola proporcionando ao aluno o êxito do processo de ensino-aprendizagem.
É claro que para estar mais próxima do sucesso do aprendizado do aluno, todas as formas de contato entre escola e família servem para que a mesma possa conhecer a dinâmica familiar, é importante esta aproximação da família ao universo escolar, deste modo o desenvolvimento da criança ocorrerá na escola e em casa. O envolvimento direto dos pais nas atividades escolares, em atividades educativas desenvolvidas em casa, e envolvimento dos pais nas decisões da escola será de extrema ajuda no desenvolvimento do processo de aprendizagem da criança.
Todos devem assumir as consequências que aflige o ensino do aluno, para Reis (p.15, 2010) “é notório que o mundo na contemporaneidade pensa em educação e isso é importante para que haja uma mudança real e profunda. E para que esta mudança ocorra é necessário que cada um, Estado, sociedade, escola e família assumam suas responsabilidades”. A vida escolar e a vida familiar necessitam ser simultâneas e complementares, portanto, a participação dos pais na educação formal dos filhos precisa ser constante e consciente. É preciso haver uma perfeita sintonia da escola com a família, elas devem se complementar para alcançar o objetivo maior que é a educação da criança.
REFERÊNCIAS
CAVALCANTE, Roseli Schultz Chiovitti. Colaboração entre pais e escola: educação abrangente. Psicol. esc. educ., (1998), vol.2, no.2, p.153-160. ISSN 1413-8557.
FEVORINI, Luciana Bittencourt. O envolvimento dos pais na educação dos filhos: um estudo exploratório. São Paulo, (2009).
FRAIMAN, L. P. E. A importância da participação dos pais na educação escolar. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Instituto de Psicologia, USP. São Paulo, (1997).
GARCIA, Simone. Família e escola: a participação dos pais na educação dos filhos. Agudos, (2007).
LÜCK, Heloísa. A gestão participativa na escola. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, (2010). Série Cadernos de Gestão.
PARREIRA, Vera Lúcia Casari; MATURANO, Edna Maria. Como ajudar seu filho na escola. AM, São Paulo, (1996).
REIS, Liliani Pereira Costa dos. A participação da família no contexto escolar. UNEB. Salvador, (2010). 61f.
[1] Diretor Escolar da Escola Municipal de Educação Básica Sadao Watanabe em Sinop-MT, Licenciado em Letras, Licenciado em Pedagogia e Especialista em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..