O Lúdico na Educação Infantil
Ireny Antonia Marassi França[1]
Mayara Priscila Brauna Miatelo[2]
Silmara Sousa Brauna[3]
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo de mostrar de como é importante o lúdico na educação infantil e também oportunizar ao educador a compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas na educação infantil, procurando provocá-lo, para que insira o brincar em seus projetos educativos, tendo intencionalidade, objetivos e consciência clara de sua ação em relação ao desenvolvimento e á aprendizagem infantil. Portanto Jogos e brincadeiras são atividades que se destacam e que podem ser desenvolvidas em qualquer idade e principalmente na idade em que a criança é inserida no contexto escolar/educacional.
Palavras-chaves: lúdico, educação infantil, jogos, brincadeiras.
ABSTRACT
This work aims to show how the playful in early childhood education is important and also create opportunities to the educator to understand the meaning and importance of play activities in early childhood education, trying to provoke him, to enter the play in their educational projects , with intent, goals and clear awareness of its action for the development and early learning will. Therefore Games and play are activities that stand out and that can be developed at any age and especially in the age at which the child is placed in the school / educational context.
Keywords: playful, child rearing, games, games.
INTRODUÇÃO
A palavra lúdica se origina do latim "ludus”, que significa brincar. Segundo FEIJÓ (1992), “o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana”. O que caracteriza o lúdico é a experiência de plenitude que ele possibilita a quem o vivencia em seus atos. A ludicidade, como um estado de estar pleno naquilo que faz com prazer, pode estar presente em diferentes situações de nossas vidas. Os brinquedos são objetos manipuláveis, recursos voltados ao ensino que desenvolvem e educam de forma prazerosa; permitindo a ação intencional, a manipulação de objetos, o desempenho da ação sensório-motora e troca na interação, em um contexto diferenciado. A função do brinquedo no processo pedagógico hoje é permitir o desenvolvimento da criança na apreensão do mundo e em seus conhecimentos. Para tanto, esse brinquedo pode ser escolhido voluntariamente e vai atingir sua função lúdica quando propiciar prazer, diversão ou até mesmo desprazer.
Portanto nos últimos anos, o jogo tornou-se um importantíssimo objeto de interesse em várias áreas da ciência, dentre elas a Psicologia e a Educação. Pesquisadores em suas pesquisas apontam a constatação do jogo como uma importante alternativa no desenvolvimento infantil, em relação a potencializarão na produção de conhecimento. Nessa perspectiva, profissionais da Educação Infantil, voltaram seus olhares aos jogos e brincadeiras, que tem favorecido a concepção de ensino e aprendizagem nas diversas áreas do conhecimento.
O lúdico na educação infantil tem por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas na educação infantil, procurando provocá-lo, para que insira o brincar em seus projetos educativos, tendo intencionalidade, objetivos e consciência clara de sua ação em relação ao desenvolvimento e á aprendizagem infantil.
O envolvimento da criança na participação ativa em atividades lúdicas e prazerosas, com diferentes tipos de jogos e brincadeiras, vem sendo argumentos para confirmar a concepção de que se aprende brincando. Afirmativa essa que se contrapõe às antigas orientações de para aprender se faz necessário um ambiente em que se predomina a rigidez, a disciplina e o silêncio.
Portanto Jogos e brincadeiras são atividades que se destacam e que podem ser desenvolvidas em qualquer idade e principalmente na idade em que a criança é inserida no contexto escolar/educacional.
O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais real. Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar em realidade, a bem aplicada e compreendida, e educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do ensino, quer na qualificação ou formação crítica do educando, quer para redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade.
DESENVOLVIMENTO
1. A criança e o Lúdico
Entretanto o primeiro objeto referencial para as atividade lúdicas da criança é o corpo da mãe e do pai, e por intermédio deles é que a criança vai descobrindo o seu próprio corpo e com o decorrer do tempo a criança começa a utilizar símbolos e regras em seus jogos; a aprender a denominar os objetos, definindo suas funções.
Segundo Campos (1986, p. 15), “a ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico como fator motivou de qualquer tipo de aula”.
Brincando a criança aprende a lidar com o mundo e formar a sua personalidade, recria situações do cotidiano e experimenta sentimentos básicos como o amor e o medo.
Sendo assim a brincadeira é a melhor maneira de a criança desenvolver habilidades como: comunicar-se, relacionar-se com o outro, ver o mundo que a cerca, estabelecer suas primeiras normas em sociedade e desenvolver-se plenamente.
Cabe ressaltar que a capacidade de brincar possibilita ás crianças um espaço para a resolução dos problemas que as rodeiam. A literatura especializada no crescimento e no desenvolvimento infantil considera que o ato de brincar é mais que simples satisfação de desejos. O brincar é o fazer em si, um fazer que requeira tempo e espaços próprios; um fazer que se constitua de experiências culturais, que são universal, e próprio da saúde porque facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação consigo mesmo e com os outros.
De acordo com Rosamilha (1979, p.77):
A criança é, antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos.
É preciso respeitar o tempo de a criança ser criança, sua maneira absolutamente original de ser e estar no mundo, de vivê-lo, de descobri-lo, de conhecê-lo, tudo simultaneamente. É preciso quebrar alguns paradigmas que foram sendo criados. Brinquedos não é só um presente, um agrado que faz á criança: é investimento em crianças sadias do ponto de vista psicossocial. Ele é a estrada que a criança percorre para chegar ao coração das coisas, para desvelar os segredos que lhe esconde um olhar surpreso ou acolhedor, para desfazer temores, explorando o desconhecido.
Para Almeida (1995, p.41), a educação lúdica contribui e influencia na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integrando-se ao mais alto espírito democrático enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio.
Na função lúdica o jogo propicia a diversão, o prazer e até o desprazer quando escolhido voluntariamente. Já na função educativa o jogo ensina qualquer coisa que complete o individuo em seu saber, seus aprendizados e sua visão de mundo.
2. O jogo e o brincar na educação infantil
Cada época e cada cultura têm uma visão diferente de infância, mas o que mais predominou foi uma visão negativa da criança. Entretanto jogos e brinquedos sempre foram elementos presente na humanidade desde o seu início, também não se tinha a conotação que se tem hoje eram vistos como fúteis e tinham como objetivo a distração e recreio.
Em toda a história, da evolução do homem, retrata que a criança nem sempre é considerada como é hoje. Porque antigamente a criança não tinha existência social, era considerada miniatura de adulto, ou quase adulto, ou adulto em miniatura. Seu valor era relativo, nas classes altas era educada para o futuro e nas classes baixas o valor da criança iniciava quando ela era considerada útil, ou seja, apta para o trabalho, contribuindo na geração de renda familiar.
Já no século XVIII, Rousseau preocupava-se em dar uma nova conotação para a infância, mas suas idéias vieram a se afirmar no início do século XX, quando psicólogos e pedagogos começaram a considerar a criança como uma criatura especial com especialidades, características e necessidades próprias. Foi preciso que houvesse uma profunda mudança da imagem da criança na sociedade para que se pudesse associar uma visão positiva a suas atividades espontâneas surgindo como decorrência a valorização dos jogos e brinquedos.
O aparecimento dos jogos e do brinquedo como fator de desenvolvimento infantil proporcionou um campo amplo de estudos e pesquisas, que atualmente e questão de consenso a importância do lúdico
A infância é a idade das brincadeiras. Acreditamos que por meio delas a criança satisfaz, em grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordenam,desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. Podemos destacar o lúdico como uma das maneiras mais eficazes de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é sua forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo que a cerca.
Recuperar o espaço lúdico através da construção de brinquedos significa não apenas considerar o objeto (brinquedo em si), mas aquilo a que ele possa remeter um fragmento do tempo/espaço da infância em que proporciona para a criança a liberdade de descobrir o mundo pela primeira vez. É essencial que as atividades das crianças sejam lúdicas, pois a criança se desenvolve brincando.
Para Almeida (1995, p.11), a educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo.
A criança sente necessidade de brincar e jogar sem que seja impedida de usar sua imaginação simbólica, porque esta é o instrumento que fornece meios para estas assimilarem o real aos seus interesses desejos. Sendo-se assim, a criança desenvolve jogos simbólicos, criam regras, quando começam a se socializar ou mesmo quando brincam sozinhas. Na utilização dos brinquedos a criança cria normas e funções que apenas tem significado naquela relação específica. Para a criança o brinquedo representa uma parte do universo que conhece: expiar para mais tarde expandir seu raio de ação.
Para LIMA (1993), é necessário que as crianças brinquem e enquanto brincam expressam suas fantasias, desejos e experiências, e que experimentam emoções com que convivem em suas realidades interiores.
Por meio da brincadeira a criança envolve-se no jogo e sente a necessidade de partilhar com o outro. Ainda que em postura de adversário, a parceria é um estabelecimento de relação. Esta relação expõe as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões testando limites. Brincando e jogando a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais como atenção, afetividade, o hábito de permanecer concentrado e outras habilidades perceptuais psicomotoras. Brincando a criança torna-se operativa.
Para Vygotsky (1995), a brincadeira "cria na criança uma nova forma de desejo." Ensina-a a desejar, relacionando os seus desejos a um eu fictício, ao seu papel na brincadeira e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições que no futuro tomar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade.
O brinquedo como suporte da brincadeira tem papel estimulante para a criança no momento da ação lúdica. Tanto brinquedo, quanto a brincadeira, permite a exploração do seu potencial criativo de numa seqüência de ações libertas e naturais em que a imaginação se apresenta como atração principal. Por meio do brinquedo a criança reinventa o mundo e libera suas atividades e fantasias.
Segundo VYGOTSKY (1995), brincadeira é considerada como: Um espaço de aprendizagem, onde a criança ultrapassa o comportamento cotidiano habitual de sua idade, onde ela age como se fosse maior do que é, representando simbolicamente o que mais tarde realizará.
Por meio das atividades lúdicas, a criança reproduz muitas situações vividas em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz-de-conta, são reelaboradas. Esta representação do cotidiano se dá por meio da combinação entre experiências passadas e novas possibilidades de interpretações e reproduções do real, de acordo com suas afeiçoes, necessidades, desejos e paixões. Estas ações são fundamentais para a atividade criadora do homem.
De acordo com Schwartz (2004 p. 14), diz que devemos apontar algumas possibilidades de se aprender brincando com brinquedos e com aquilo que não é considerado, comumente, como brinquedo.
Portanto Costa (1991, 188), afirma que o jogo caracteriza a atividade lúdica do homem com certa superioridade indo além de uma simples necessidade biológica, ou seja, a brincadeira infantil constitui-se em uma atividade em que as crianças sozinhas ou em grupos procuram compreender o mundo e as ações humanas nas quais se inserem cotidianamente.
Para Negrine (1994), o jogo lúdico é uma variável que está presente no comportamento infantil de forma permanente e constitui um dos mais completos veículos educacionais na formação e desenvolvimento da criança, portanto favorece o conhecimento e controle do "eu" corporal e possibilita a organização perceptiva, desenvolvendo a noção do espaço e tempo.
O jogo e a brincadeira são experiências vivenciais prazerosas. Assim também a experiência da aprendizagem tende a se constituir em um processo vivenciado prazerosamente. A escola, ao valorizar as atividades lúdicas ajuda a criança a formar um bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a sociabilidade vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados.
Portanto Vigotsky (1989, p. 109), afirma que: é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos.
O brinquedo estimula funções importantes como o pensamento criativo, o desenvolvimento social e emocional.
Para Kishimoto (1999), o brinquedo supõe uma relação íntima com o sujeito, uma indeterminação quanto ao uso, ausência de regras. O jogo pode ser visto como um sistema lingüístico que funciona dentro de um contexto social; um sistema de regras, um objeto.
Podemos dizer que as atividades lúdicas, os jogos, permitem liberdade de ação, pulsão interior, naturalidade e, conseqüentemente, prazer que raramente são encontrados em outras atividades escolares. Por isso necessitam ser estudados por educadores para poderem utilizá-los pedagogicamente como uma alternativa a mais a serviço do desenvolvimento integral da criança.
Enfatiza Maria G. Seber no livro Psicologia do Pré-Escolar;
“Respeitar as crianças significa entender que cada uma delas brinca do que vive como vive e como compreende viver. Jamais devemos impor modelos a uma criança, devemos deixá-la livre para desenvolver a própria imaginação criadora. Devemos contribuir para o seu desenvolvimento, questionando-a sobre o que ela realiza e ajudando-a a dirigir o raciocínio na direção de uma reflexão crítica e questionadora de sua própria realidade”.
Sem que a criança compreenda a realidade que cerca como ela poderá um dia transformar-la (1995, p. 135).
A criança tem necessidade de brincar e jogar para poder pensar, comparar, compreender, perceber e reconhecer. Com a brincadeira a criança desenvolverá sua criatividade, sua inteligência, a linguagem, o prazer de realizar algo, a autoconfiança.
O jogar e o brincar são uma via para a criança experimentar, organizar suas experiências, enfim construir.
Brincar então significa decidir, escolher, comandos, trabalhar em equipe, perder, ganhar.
“O jogos satisfaz necessidades das crianças especialmente a necessidade de ação. Para entender o avanço da criança no seu desenvolvimento o professor deve conhecer quais as motivações, tendências e incentivos que as coloquem em ação. Não sendo os jogos aspecto dominantes da infância ele deve ser entendido como fator de desenvolvimento por estimular a criança no exercício do pensamento, que pode desvincular-se das situações reais e levá-lo a agir, independente do que ele vê”. (Coletivo de autores. 1992 p.66)
Os jogos visam promover a alegria da convivência, os confrontos suaves das relações revividas sob a forma de brincadeiras.
A importância de os educadores se instrumentalizarem na habilidade de utilizar brincadeiras e jogos como fonte de desenvolvimento individual e de equipe. “usar de um jogo para elaborar uma experiência lúdica, que desenvolva a maturidade integral do ser, significa educar para promover competências numa vida de realizações”. (Brandão e Froerele, 1997, p.85).
O lúdico é essencial para uma escola que se proponha não somente ao sucesso pedagógico, mas também á formação do cidadão, porque a conseqüência imediata dessa ação educativa é a aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva, relacional e pessoal.
Portanto, percebemos que brincar é coisa séria. É o grande desafio para o educador infantil em sua formação lúdica e na construção interdisciplinar do processo aprendizagem, com ênfase a Pedagogia do Afeto, no ambiente-escola.
3.O jogo e as suas aplicações
O jogo para a criança é o exercício, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades.
Os educadores se ocuparam durante muitos anos com os métodos de ensino, e só hoje a preocupação está sendo descobrir como a criança aprende. As mais variadas metodologias podem ser ineficazes se não forem adequadas ao modo de aprender da criança.
A criança sempre brincou. Independentemente de épocas ou estruturas de civilização, é umas características universal; portanto, se a criança brincando aprende, por que então não ensinarmos da maneira que ela aprende melhor, de uma forma prazerosa para ela, e mais eficiente.
Já são conhecidos muitos benefícios de certos jogos. Porém, é importante que o educador, ao utilizar um jogo, tenha definidos objetivos e alcançar e saiba escolher o jogo adequado ao momento educativo. Enquanto a criança esta simplesmente brincando, incorpora valores, conceitos e conteúdos. Os jogos são na sua grande maioria, jogos clássicos ou passatempos já bastantes utilizados, porém a novidade é o estudo feito sobre o aproveitamento no contexto educativo, explorando ao máximo o conhecimento de todos os jogos educativos.
As propostas de jogos educativos é ir além do ato de jogar para o ato de antecipar, preparar e confeccionar o próprio jogo antes de jogá-lo, ampliando desse modo a capacidade do jogo em si a outros objetivos, como profilaxia, exercício, desenvolvimento de habilidades e potencialidades e também na terapia de distúrbios específicos de aprendizagem. Com objetivos claros, cada atividade de preparação e confecção de um jogo é um trabalho rico que pode integrar as diferentes áreas do desenvolvimento infantil dentro de um processo vivencial. A criança tem pouco espaço para construir coisas, para confeccionar brinquedos.
“Numa sociedade de consumo, são, sem dúvida, infindáveis os apelos que chegam até as pessoas. (...) Como mercadoria, a TV vende todos os valores, de produtos de limpeza a idéias, sentimentos e atitudes” (Rezende, 1993, p.7).
E como consumistas compramos a maioria delas. As crianças então gastam a maior parte de seu tempo livre diante da televisão e consomem os atraentes jogos e brinquedos eletrônicos. Não sobra tempo para criar, inventar e soltar a imaginação. A criança acaba por não ter oportunidade de conhecer alguns de seus potenciais criativos por falta de tempo e espaço disponíveis.
A oferta de brinquedos eletrônicos e os atraentes jogos e brinquedos à disposição no mercado desmerecem o artesanato, colocando no lugar da satisfação de criar o gosto pelo consumo exacerbado, trocando-se os valores entre o ter e o fazer.
Sendo - se assim o desenvolvimento infantil está em processo acelerado de mudanças, as crianças estão desenvolvendo suas potencialidades precocemente em relação às teorias existentes.
Diante dos avanços em geral, da evolução cientifica e tecnológica, a criança deste final do século e de milênio também está evoluindo. O parto, os cuidados com os recém-nascidos, os estímulos que o bebe recebe hoje são muitos diferentes dos cuidados de algumas décadas atrás. No começo do século por exemplo, os recém-nascidos levavam pelo menos cinco dias para abrir os olhos, eram enfaixados inteiros e assim permaneciam por meses, só tomavam banho depois que caísse o umbigo etc. A mudança de hábitos e atitudes dos adultos para com o recém-nascidos ocasionou alterações em todo o desenvolvimento infantil. As diferentes aéreas do cérebro humano se desenvolvem por meio dos estímulos que a criança recebe ao longo dos sete primeiros anos de vida, portanto, como estímulos são diferentes, consequentemente as reações também. As crianças hoje são mais inteligentes, mais espertas do que as de algumas décadas atrás.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste trabalho foi possível compreender a importância que o jogo, representa em relação ao desenvolvimento individual da criança. O jogo envolve e pode inicialmente permitir que o indivíduo se sinta mais a vontade diante dos desafios, mas durante sua construção, utilização e avaliação leva-o a lidar com situações muito mais complexa ligadas as regras, as possibilidades ou não de estas serem modificadas, suas validades, as consequências do não cumprimento das mesmas.
A utilização dos jogos possibilita que o individuo depare com a sua dificuldade e aos poucos sem perceber os erros desaparecem e os acertos vão aumentando. E com o passar do tempo vem o sucesso, pois o problema foi solucionado.
O estudo permitiu compreender que o lúdico é significativo para a criança poder conhecer, compreender e construir seus conhecimentos tornar-se cidadã deste mundo, ser capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência. Sua contribuição também atenta para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo resolver problemas e compreendendo um mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades.
É buscando novas maneiras de ensinar por meio do lúdico que conseguiremos uma educação de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro dos interesses e necessidades da criança. Cabe ressaltar que uma atitude lúdica não é somente a somatória de atividades; é, antes de tudo, uma maneira de ser, de estar, de pensar e de encarar a escola, bem como de relacionar-se com os alunos. É preciso saber entrar no mundo da criança, no seu sonho, no seu jogo e, a partir daí, jogar com ela. Quanto mais espaço lúdico proporcionarmos, mais alegre, espontânea, criativa, autônoma e afetiva ela será.
É através do brincar que a criança aumenta sua independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza sua cultura popular, desenvolve habilidades motoras, exercita sua imaginação, sua criatividade, socializa-se, interage,reequilibra-se, recicla suas emoções sua necessidade de conhecer e reinventar e, assim, constrói seus conhecimentos.
As atividades lúdicas estão gravemente ameaçadas em nossa sociedade pelos interesses e ideologias de classes dominantes. Portanto, cabe á escola e a nós, educadores, recuperarmos a ludicidade infantil de nossos alunos, ajudando-os a encontrar um sentido para suas vidas. Ao brincar, não se aprendem somente conteúdos escolares; aprende-se algo sobre a vida e a constante peleja que nela travamos.
Sendo assim é por meio intermédio da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ela se integrando, adaptando-se ás condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir cooperar com seus semelhantes e conviver como um ser social. Além de proporcionar prazer e diversão, o jogo, o brinquedo e a brincadeira podem representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo da criança. Assim, uma atitude lúdica efetivamente oferece aos alunos experiências concretas, necessárias e indispensável ás abstrações e operações cognitivas.
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