O BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR
Ireny Antonia Marassi França[1]
Mayara Priscila Brauna Miatelo[2]
Silmara Sousa Brauna[3]
RESUMO
A pesquisa tem por objetivo analisar o fenômeno do bullying, procurou-se contextualizá-lo a partir da conceituação de “violência e agressividade”, tendo em vista a complexidade de fenômenos que são definidos sob a égide da violência, pois o bullying é um entre tantos fenômenos. A violência nas escolas em todo mundo moderno não é recente, passou a ser um objeto de reflexão e tornou-se antes de tudo um grave problema social. O bullying trata-se de comportamentos agressivos que ocorrem nas escolas e que são tradicionalmente admitidos como naturais, sendo habitualmente ignorados ou não valorizados, tanto por professores quanto pelos pais.
Palavras-chave: bullying, comportamentos, escola, violência,
ABSTRACT
The research aims to examine the bullying phenomenon, we tried to contextualize it from the concept of "violence and aggression", given the complexity of phenomena that are defined under the aegis of violence because bullying is one of many phenomena. Violence in schools throughout the modern world is not new, it has become an object of reflection and became first and foremost a serious social problem. Bullying it is aggressive behavior that occur in the school environment are traditionally admitted as natural, ignored or taken for granted both by teachers and by parents.
Keywords: bullying behavior, school violence,
INTRODUÇÃO
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. (Convenção Internacional dos Direitos Humanos- artigo 1º . 2008.)
A palavra inglesa Bullying representa inúmeras formas de agressão entre iguais como ameaças, roubos, zoações, apelidos, xingamentos, agressões físicas e psicológicas. Podemos identificar essas agressões em todos os ambientes em que existem relações interpessoais, no entanto, estarei por desenvolver uma discussão específica sobre o Fenômeno Bullying no ambiente escolar explicito na violência entre os alunos de diferentes níveis de ensino.
Os estudos em torno do Fenômeno Bullying começaram na década de 1970 através de pesquisas realizadas por Dan Olweus na Universidade de Bergen. Essas pesquisas começaram a ganhar notoriedade em 1983 quando o Governo Norueguês manifestou apoio a esses estudos devido a constatações de suicídios que envolviam adolescentes vitimizados dentro das escolas.
No Brasil, podemos citar como referência no assunto a pesquisadora Cléo Fante autora do Livro “Fenômeno bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz” que desejou estudar e aprofundar os estudos sobre Bullying Escolar. Iniciou no ano 2000 na região de São José do Rio Preto em São Paulo o Programa Educar para Paz que durou até o ano de 2003 com a participação de dois mil alunos.
Atualmente a Pesquisadora Cléo Fante dirige em Brasília um Centro de Estudos tem a finalidade de desenvolver, aperfeiçoar e incentivar pesquisas relativas ao Fenômeno Bullying, orientar instituições educativas através de palestras, atendimento psicopedagógico, cursos, seminários, avaliações e estratégias capazes de combater as atitudes agressivas entre estudantes no interior das escolas.
Além disso, podemos ressaltar a iniciativa da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência (ABRAPIA) que surgiu em 1990 com o objetivo de defender e promover os direitos das crianças e adolescentes, tornando-se referência nacional a respeito do tema violência através de programas de proteção a crianças e jovens em diferentes espaços como família, escola e comunidade. A ABRAPIA também desenvolve diversas pesquisas no município do Rio de Janeiro. Destaco o Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre estudantes realizado em 2002 que inclui 5.875 estudantes das séries finais do ensino fundamental. Esse estudo realizado pela ABRAPIA constatou que o Fenômeno Bullying está presente nas escolas brasileiras e apresenta índices preocupantes.
O desafio é esclarecer toda a comunidade escolar e também grande parte da sociedade para uma situação que muitas vezes é considerada natural, ou mesmo brincadeira típica de crianças de idade escolar e principalmente identificar se o bullying ocorre com freqüência na escola estadual Leopoldo Ambrosio Filho.
Afirma que somos diferentes porque primeiramente somos seres humanos pensantes, não agimos por impulsos, ou por seres racionais ou por Instinto, somos assim.
Nesse sentido, o livro ajuda-nos a exemplificar o Fenômeno Bullying nas escolas na perspectiva do aluno vítima. E nos aproxima de situações educacionais cotidianas que a princípio sugerem a existência de comportamentos agressivos nas escolas, além de práticas de vitimização, exclusão e desrespeito entre estudantes.
DESENVOLVIMENTO
1.1 Histórico do Bullying
O bullying é um fenômeno mundial antigo, assim como a escola e apesar dos educadores terem consciência desse problema, os esforços foram poucos até o princípio da década de1970, para estudarem o assunto.
Segundo Fante (2005), o primeiro interesse de toda a sociedade pelos problemas desencadeados entre agressor e vítima, surgiu na Suécia e Noruega e também foi durante muitos anos, motivo de preocupação nos meios de comunicação e entre professores e pais, porém sem o apoio oficial das autoridades educacionais.
Segundo a ABRAPIA - Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à adolescência os trabalhos sobre bullying tiveram início com o Professor, Dan Olweus[4] na Universidade de Bergen – Noruega no período de 1978 a 1993 e com a campanha Nacional Anti-bullying nas escolas norueguesas em 1993. No começo dos anos 70, Dan Olweus começava suas investigações na escola sobre o problema dos agressores e suas vítimas, embora não havendo interesse das instituições sobre o assunto. Na década de 80, três rapazes entre 10 e 14 anos, haviam se suicidado. Esses fatos pareciam ter acontecido pelo fenômeno bullying, com isso despertou a atenção das escolas para o problema.
Ainda segundo a ABRAPIA, Olweus pesquisou cerca de 84.000 alunos, 300 a 400 educadores e 1.000 pais entre os vários períodos de ensino. Para a pesquisa da prevenção do bullying o fator primordial foi avaliar a sua natureza e ocorrência. A pesquisa foi feita através de questionários, pois através da observação direta ou indireta iria demorar muito tempo, com o questionário pode verificar as características e extensão do bullying, e avaliar o impacto das intervenções que já vinham sendo adotadas.
O questionário aplicado por Olweus na Noruega teve um total de 25 perguntas com respostas de múltipla escolha, onde verificava a freqüência, tipos de agressões, locais de maior risco e percepções individuais quanto ao número de agressores. Este questionário foi utilizado em vários países inclusive no Brasil, pela ABRAPIA, possibilitando assim, fazer comparações interculturais.
A ABRAPIA trás em seu site a informação de que em 1989 os primeiros resultados do bullying, foram informados por Olweus, e Roland, com a constatação de que de cada sete alunos, um estava envolvido em caso de bullying. Olweus, em 1993 publicou um livro “Bullying at School” que relatava e discutia os problemas, os resultados de seu estudo, projetos de intervenção e sinais ou sintomas que poderiam ajudar a identificar possíveis agressores e vitimas. Este livro deu origem a uma campanha Nacional, com apoio do Governo Norueguês, que reduziu os casos de bullying em 50% nas escolas. Houve uma grande repercussão em vários países, como Reino Unido, Canadá e Portugal, incentivando esses países a desenvolverem suas próprias ações.
O programa de intervenção que Olweus desenvolveu tinha como principal características desenvolver regras claras contra o bullying nas escolas, fazendo com que pais e professores participassem de forma ativa numa maior conscientização do problema, no sentido de eliminar mitos sobre bullying e dando apoio e proteção as vitima. Devido ao grande sucesso da Campanha Nacional Anti-Bullying na Noruega várias campanha surgiram dentre elas podemos destacar The Des Shefield Bullying Project-Up, a Campanha Anti-Bullying nas Escolas Portuguesas e o Programa de Educação para a tolerância e Prevenção da Violência na Espanha, entre outras.
Através desses trabalhos, muitos estudos foram realizados a fim de verificar os aspectos desse fenômeno. Atualmente o bullying, pode surgir em diversos contextos, como parte de problemas de relações pessoais entre adultos, jovens e crianças em vários locais, como: trabalho (workplace bullying), prisões, asilos de idosos, ambiente familiar, clubes e playgrounds, escolas, etc.
Segundo a ABRAPIA, na década de 90, na Europa, houve um grande número de pesquisas e campanhas que conseguiram reduzir a incidência de comportamento agressivo nas escolas.
1.2 Estudos a cerca do Bullying no Brasil
Pesquisadores como Fante (2005), Constantino (2004), Canfield (1997), Figueira (2000), entre outros têm direcionados seus estudos para esse fenômeno que se tornou preocupantes, tanto pelo seu crescimento, quanto por atingir faixas etárias cada vez menores principalmente nos primeiros anos de escolaridade. Dados recentes apontam no sentido da sua difusão por todas as classes sociais e também um aumento rápido desse comportamento com o avanço da idade, da infância à adolescência.
Um estudo realizado pela ABRAPIA (2003), diz que 40% dos 5785 alunos de onze escolas públicas e particulares no município do Rio de Janeiro de 5ª a 8ª séries participantes admitiram estar diretamente envolvidos em atos agressivos na escola. A pesquisa revelou que o fenômeno bullying está presente nas escolas brasileiras com índices muito maiores que nos países europeus.
No Brasil, entre os estudos realizados sobre bullying, no ambiente escolar, podendo destacar:
a) Em 1997 o trabalho realizado pela professora Marta Canfield e colaboradores, onde observam os comportamentos agressivos apresentados pelas crianças em quatro escolas do ensino público em Santa Maria no Rio Grande do Sul usando um questionário adaptado do professor Dan Olweus;
b) Em 2000/2001 pelos Professores Israel Figueira e Carlos Neto em Escolas municipais do Rio de Janeiro usando um modelo de questionário do TMR, que é um projeto europeu com o nome de “Training and Mobility of Research”;
c) Em 2000, pela Professora Cleodelice Aparecida Zonato Fante em escolas municipais no interior de São Paulo e atualmente em desenvolvimento no Distrito Federal, direcionada ao combate e à redução de comportamentos agressivos. Programa Educar para a Paz.
Pesquisas recentes do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (CEMEOBES) expõem que 45% dos alunos do ensino fundamental já estejam envolvidos e que a idade média dos agressores é de 13 e 14 anos e das vítimas é de 11 anos (BRASÍLIA, 2006).
1.3 Definições dos termos violência e agressividade
Para entender o fenômeno do bullying, procurou-se contextualizá-lo a partir da conceituação de “violência e agressividade”, tendo em vista a complexidade de fenômenos que são definidos sob a égide da violência, pois o bullying é um entre tantos fenômenos.
A violência nas escolas em todo mundo moderno não é recente, passou a ser um objeto de reflexão e tornou-se antes de tudo um grave problema social.
Segundo Rua e Abramovay(2003) os primeiros estudos sobre a violência foi nos Estados Unidos na década de 1950. Esse fenômeno passou por grande mudança, tornando-se assim muito grave. Algumas dessas transformações foram: O surgimento das armas nas escolas inclusive armas de fogo, o uso de drogas e as gangues, tudo isso dentro da rotina da escola. Outro fato é que as escolas e suas imediações deixaram de ser áreas protegidas e preservadas tornando-se assim a violência incorporada no espaço urbano.
Rua e Abramovay(2003) nos ressaltam que a violência era tratada como uma simples disciplina, depois passou a ser analisada como delinqüência juvenil sendo uma expressão anti-social. Hoje é vista de maneira mais ampla sob perspectiva que expressam a globalização e a exclusão social.
De acordo com Fante (2005) para sabermos quais as causas que determinam o comportamento agressivo ou violento de uma pessoa é preciso definirmos o conceito dos termos “violência e agressividade”. Há inúmeras definições para ambos os termos visto que a sua significação vai ser definida a partir de um contexto.
Segundo Fante (2005), a enciclopédia Larousse Cultural (1998) define violência como ato de força, impetuosidade, acometimento, brutalidade, veemência.
De acordo com Fante (2005 ) juridicamente, o termo é definido como uma espécie de coação, ou forma de constrangimento, posta em prática para vencer a capacidade de resistência de outrem e a induzi-lo a praticar um ato contra a sua própria vontade.
Segundo Rua e Abramovay (2002), uns dos pioneiros dos estudos pela paz Johan Galtung define a violência como: “é tudo o que causa a diferença entre o potencial e ao atual, entre o que foi e o que é” (RUA E ABRAMOVAY, 2002, p. 22).
Segundo Silva (1980 apud FANTE, 2005, p.154), define juridicamente a palavra violência, a partir de diferentes aspectos: quando se refere as pessoas, como “agressão”; em relação a propriedade “esbulho” ou “turbação”; em relação as coisas móveis quando dela se apodera é “roubo”.
Fante (2005) sintetiza o fenômeno violência baseado no livro Mapa da Violência: os jovens do Brasil, escrito pelo Coordenador de Desenvolvimento Social da Unesco Brasil, Jacobo Weiselfisz:
[...] os atos de violência apresentam-se hoje na consciência social não apenas como crimes, homicídios, roubos ou delinqüência, mas nas relações familiares, nas relações de gênero, na escola e nos diversos aspectos da vida social (FANTE, 2005, p. 156).
Então o autor não se refere à violência embasada só na força física mais também em situações de humilhações, exclusão, ameaças desrespeito, indiferença, omissão para com o outro.
Assim, Fante (2005) define violência como “todo ato praticado de forma consciente ou inconsciente, que fere, magoa, constrange ou causa dano a qualquer membro da espécie humana” (FANTE, 2005, p. 157)
Em relação ao termo “agressividade” palavra que também tem vários sentidos tem inúmeras definições que variam de autor para autor.
Segundo Fante (2005), o dicionário ilustrado Koogan/Houaiss (2000) trás a definição de que “é a tendência a atacar, provocar’’. Em psicologia, segundo a autora “é a forma de desequilíbrio psíquico que se traduz” por uma hostilidade permanente diante de outrem.
O termo agressividade no dicionário Silva Bueno(1998 ), significa” qualidade de agressivo, capacidade de agredir”, Agressivo é definido como “ofensivo, que agride”. Agressão como “ferimento, pancada, acometimento, provocação, ofensa, insulto”.
Segundo Fante, é essencial que o professor ao afirmar que o aluno é violento ou agressivo, considere os fatores que recaem sobre suas relações interpessoais. Alguns fatores, como “problemas de indisciplina” ou “ brincadeiras da própria idade” podem ser um grande sofrimento para muitos alunos, com muitos prejuízos emocionais causando traumas e seqüelas para seu aparelho psíquico e prejuízos no seu desenvolvimento sócio educacional. (FANTE, 2005 p. 81)
Para Constantini (2004) os instrumentos para o adulto intervir e prevenir as conseqüências mais dramáticas é: estimular o diálogo, propiciar a escuta e a empatia, construir relações e contextos afetivamente significativos, desenvolver a reflexão crítica, estimular a participação, responsabilizar-se por si mesmo e pelos outros, criar regras e limites desde os primeiros anos de vida.
Rua e Abramovay (2003) destacam que já é possível ver o aumento de violência em nossas escolas sendo os diversos episódios envolvendo agressões verbais, físicos e simbólicos aos atores da comunidade escolar despertando atenção do governo, dos organismos internacionais e de toda a sociedade. Portanto a escola é um lugar de formação e informação dos jovens, a violência demanda mais atenção no processo de socialização. Então devemos trabalhar no sentido de desconstruir fontes de violências não deixando que este se multiplique em outros lugares e tempo para não arriscar o hoje e o amanhã.
1.4 O que é bullying
Trata-se de comportamentos agressivos que ocorrem nas escolas e que são tradicionalmente admitidos como naturais, sendo habitualmente ignorados ou não valorizados, tanto por professores quanto pelos pais.
Segundo Fante (2005) este fenômeno sempre existiu, mas só agora, nas últimas três décadas, se tornou um assunto estudado e passou a ser considerado como trazendo sérios prejuízos não só ao ambiente escolar, mas também para a sociedade através das atitudes de seus membros.
Corroborando com essa perspectiva, Constantini (2004) nos diz:
Trata-se de um comportamento ligado à agressividade física, verbal ou psicológica. È uma ação de transgressão individual ou de grupo, que é exercida de maneira continuada, por parte de um indivíduo ou de um grupo de jovens definidos como intimidadores nos confrontos com uma vítima predestinada. Não são conflitos normais ou brigas que ocorrem entre estudantes, mas verdadeiros atos de intimidação preconcebidos, ameaças, que, sistematicamente, com violencia física e psicológica, são repetidamente impostos a indivíduos particularmente mais vulneráveis e incapazes de se defenderem, o que os leva no mais das vezes a uma condição de sujeição, sofrimento psicológico, isolamento e marginalização. (CONSTANTINI, 2004, p. 69)
Segundo Fante (2005) o fenômeno do bullying, estimula a delinqüência, fato esse que é notório em nosso meio hoje. É comum vermos nas escolas que os alunos estão mais agressivos, tornando-se um problema mundial e podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto nos quais as pessoas interajam, tais como escola, faculdade, universidade, família. Pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecendo o problema ou se negando a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um outro aspecto relevante a ser considerado ao refletirmos sobre as possíveis conseqüências da prática do bullying, está em como conflitos e violências inseridos no espaço escolar que interferem na construção da personalidade dos alunos. Os espaços escolares devem ser analisados sob a ótica das possibilidades de reflexão sobre as práticas pedagógicas e os conflitos que compõem o cenário de muitas salas de aula em sua relação de mutua influencia na formação da personalidade de crianças e adolescentes.
Os conflitos que surgem nesses ambientes deveriam ser momentos, onde os professores e alunos pudessem dialogar negociar, acordar e construir saberes necessários à convivência cotidiana na vida escolar, familiar e social. Quando os conflitos são problematizados amplia-se a possibilidade de construção da aprendizagem cooperativa, forma que permite superar relações competitivas e individualistas em nossas escolas.
Pode ser, inclusive, que alguns dos problemas contemporâneos que se manifestam por meio de atos de indisciplina, violência e falta de limites e de solidariedade da juventude sejam frutos de modelos autoritários que naturalizaram a exclusão de idéias e pessoas tendo na doutrina liberal/capitalista seu sustentáculo ideológico (CALHAU, 2008 apud HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000, p.10).
A aprendizagem cooperativa fortalece os sujeitos em seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e moral. Aprendizagem e desenvolvimento são processos indissociáveis que contribuem na construção de conhecimentos científicos, técnicos e, especialmente, na construção de conhecimentos sobre as relações humanas e principalmente na construção de personalidade.
Aprender a conhecer a si e ao outro faz avançar a construção de personalidades, autônomas e sensíveis, característica necessária na escolha e organização de estratégias não violentas na resolução dos conflitos.
Entendemos que a violência é uma maneira inadequada para lidar com os conflitos, porque lança mão de posturas coercitivas, autoritárias e impositivas inibindo soluções que considerem a possibilidade de pensar e gestar os impasses escolares de forma positiva.
As ações cujas soluções envolvem situações de violências nas escolas constituem-se, no momento, uma das principais preocupações de educadores, pais, diretores e demais membros da comunidade escolar.
Por ser tema relevante a ser discutido no âmbito escolar e frente a atual situação de violência em nossa sociedade, construímos o projeto de pesquisa intitulado “Os conflitos e os sentimentos presentes na relação pedagógica e seus entrelaçamentos na construção da personalidade moral”.
É necessário, porém, uma ressalva acerca da moral. Muitas vezes, as normas sociais são feitas por uma elite político-social e econômica que impõe uma determinada cultura ou formas de agir perante os outros que acabam por legitimar através da submissão ou não.
Uma vez que, como vimos, todo código moral é uma expressão de como o grupo dominante de uma sociedade quer que a maioria se comporte, para sua própria conveniência, fica claro que a moralidade é uma forma de gerenciamento por objetivos. (NOTICURI, 2006 apud THOMSON, 2002, p. 31)
Na prática de bullying também é criada uma ideologia moral. Esta é produto de forças dominantes dentro do ambienta escolar, ou seja, fruto da forma de agir e pensar que é estabelecida pelos agressores. A ética e a moral, que devem ser conceitos importantes na definição dos ambientes escolares requerem que se reflita sobre o termo “eticamente condenável”, já que as ações que visam humilhar, discriminar, excluir do grupo, são desrespeitosas no sentido que ferem a integridade da pessoa que é vítima destes ataques que caracterizam o bullying.
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[1] Graduada em Pedagogia. Atua no ensino regular.
[2] Graduada em Pedagogia. Atua no ensino regular.
[3] Graduada em Pedagogia. Atua no ensino regular.
[4] Dan Olweus, que nasceu na Suécia, teve seu doutorado na Universidade de Umeå, na Suécia, em 1969. From 1970 up to 1995 he was professor of psychology at the University of Bergen, Bergen, Norway. De 1970 até 1995 foi professor de psicologia da Universidade de Bergen, Bergen, Noruega. Since 1996 he has been research professor of psychology, affiliated with the Research Center for Health Promotion (HEMIL) at the the same university. Desde 1996 ele tem sido professor de investigação da psicologia, afiliado com o Centro de Investigação para a Promoção da Saúde (HEMIL) na Universidade da mesma. For nine years (1962-70), he was director of the Erica Foundation, Stockholm, Sweden, a training institute for clinical child psychologists. Durante nove anos (1962-70), ele foi diretor da Fundação Erica, Estocolmo, Suécia, um instituto de formação para psicólogo clínico.