LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Déborah Melissa Lopes[1]
Luciana Cristina Schuster Baranzelli[2]
RESUMO
Faz-se necessário pensar num perfil profissional capaz de atender às necessidades do aluno. Bem como em mudanças de determinados padrões e concepções de Educação, por meio de uma ação mais construtiva e, mais estimulante, com consciência e criatividade, em que a visão do educador esteja voltada não somente ao fazer, e sim a um processo de ensino-aprendizagem sem padrões impostos, valorizando os conhecimentos anteriores e as expressões livres e lúdicas. É por meio da liberdade e da ludicidade que as crianças, muitas vezes, expressam-se, conhecem e transformam a realidade que lhes é apresentada.
Palavras-chave: Mudança de paradigma. Ludicidade. Educação infentil.
ABSTRACT
It is necessary to think of a professional profile able to meet the needs of the student. As well as changes to certain standards and concepts of Education, through a more constructive action and more exciting, with awareness and creativity, where the educator's view is oriented not only to do, but to a process of teaching learning without tax standards, valuing prior knowledge and free and playful expressions. It is through freedom and playfulness that children often express themselves, know and transform the reality that is presented to them.
Keywords: Paradigm shift. Playfulness. Infentil education.
INTRODUÇÃO
A atuação do professor e do pedagogo tem proporcionado diversas experiências de ensino. Assim, os últimos anos têm sido marcados por reflexões que levam a transformações que possam melhorar a qualidade de ensino nas escolas do nosso município. Faz-se necessário pensar num perfil profissional capaz de atender às necessidades do aluno.
É necessário pensar em mudanças de determinados padrões e concepções de Educação, por meio de uma ação mais construtiva e, mais estimulante, com consciência e criatividade, em que a visão do educador esteja voltada não somente ao fazer, e sim a um processo de ensino-aprendizagem sem padrões impostos, valorizando os conhecimentos anteriores e as expressões livres e lúdicas.
É por meio da liberdade e da ludicidade que as crianças, muitas vezes, expressam-se, conhecem e transformam a realidade que lhes é apresentada.
Por meio do processo de brincar, o aluno vive diferentes descobertas, exterioriza emoções, coloca sua imaginação em ação, possui variadas maneiras de comunicação, desenvolve a socialização, busca livremente a solução para seus problemas, adquire novas formas de pensar e agir, colaborando para a construção de sua identidade.
Ludicidade é um assunto que tem conquistado espaço no contexto educacional. Brincar é agradável, traz-nos sensações prazerosas e sua utilização em determinados trabalhos pedagógicos possibilitam por meio de procedimentos metodológicos a produção de conhecimento.
Pensando nisto, os objetivos desta pesquisa são refletir sobre a função da Ludicidade e, prioritariamente investigar e analisar a inserção do lúdico como meio de aprendizagem na Educação Infantil, sendo trabalhado com crianças de 4 a 6 seis anos de idade. Além destes, busca-se fazer uma reflexão sobre a prática docente e as metodologias utilizadas em sala de aula para o completo desenvolvimento do aluno.
Para atingir nossos objetivos, serão analisadas práticas pedagógicas do professor e a repercussão do lúdico na Educação Infantil.
Para tanto, busca-se inicialmente, fazer levantamento bibliográfico com leitura de livros que abordam o tema e, logo, elaborar um questionário com algumas perguntas relacionadas à Ludicidade e, pedir que os professores do Centro Educacional estudado respondam, podendo auxiliar para ótimo desenvolvimento desse trabalho, aprimorando os conhecimentos sobre o tema geral e o problema em si.
LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS CONCEPÇÕES
Diante das dificuldades encontradas por vários professores das séries iniciais em relação ao ensino da leitura e da escrita na sala de aula, percebe-se que alguns têm procurado formas de aprimorar suas práticas pedagógicas por meio de metodologias diferenciadas que levem os alunos a despertar o gosto pelas aulas. Compreende-se então, diante dessa realidade, a importância de uma educação que vise não somente a mera decodificação e codificação de signos linguísticos, mas uma educação centrada nas diferenças entre os educandos, respeitando suas inteligências e seu processo de aprendizagem.
Há tempos se tem discutido sobre o lúdico e suas contribuições no processo educativo como suporte às práticas pedagógicas, sendo utizado de forma alegre e dinâmica, através de jogos, brincadeiras, contação de histórias, cantigas de roda, teatro de fantoche, dentre outras.
Todas essas atividades despertam as vivências de um mundo de imaginação, de criatividade e de alegria, na construção do processo de ensino aprendizagem de cada aluno. Entendemos que apesar de contribuir de certa forma na formação de leitores competentes, tais atividades precisam ainda, serem aprimoradas por alguns profissionais da Educação. Várias são as maneiras de se trabalhar o lúdico em sala de aula, porém o professor precisa adequar-se a melhor delas, focando naquelas que possibilitem a melhor aceitação dos alunos e, que contribuam para o desenvolvimento das múltiplas inteligências.
As atividades lúdicas podem ser direcionadas a qualquer área da Educação, basta o professor se comprometer na elaboração das mesmas. Podem, portanto, ser direcionadas à alfabetização, desenvolvendo certas competências e habilidades nos alunos. Neste caso, os jogos e as brincadeiras contribuem significativamente, enriquecendo o desenvolvimento intelectual e cognitivo dos mesmos.
Para efetivar tal proposta no contexto escolar, é necessário que os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem centrem-se em objetivos e metodologias que envolvam essas ricas possibilidades. Precisa-se refletir e analisar a maneira de como as práticas lúdicas podem contribuir para o domínio da identificação e da leitura das letras, das sílabas e das palavras, de acordo com a idade e da capacidade do aluno, e reconhecer essas atividades como novos recursos didáticos para a prática pedagógica.
Em qualquer época da nossa vida, as brincadeiras devem estar presentes. Brincar não é coisa apenas de criança. Erra a escola ao fragmentar sua ação, dividindo o mundo em lados opostos: de um lado o jogo, a brincadeira, o sonho, a fantasia e, de outro, o mundo sério do trabalho e do estudo. Independente do tipo de vida que se leve, todos os adultos, jovens e crianças precisam do jogo, da brincadeira, do sonho e da fantasia para viver.
As escolas precisam reconhecer o lúdico e sua importância como fator de desenvolvimento da criança. Dentre esses fatores destaca-se que o lúdico funciona como facilitador da aprendizagem, colaborando para uma boa saúde mental, física e social; desenvolve processos sociais de comunicação, de expressão e de construção do conhecimento, explorando a criatividade, propiciando a autonomia, além de melhorar a conduta e a autoestima, permitindo que a criança extravase angústias e paixões, alegrias e tristezas, agressividade e passividade.
Sabendo que um dos significados da palavra “lúdico” é brincar, e nesse brincar são incluídos os jogos, os brinquedos e as brincadeiras, o professor pode utilizá-los fazendo com que exerçam sua função de educar e oportunizar a aprendizagem do educando, bem como, seu saber, seu conhecimento, desenvolvendo a compreensão de mundo, independente da época, cultura ou classe social.
Para SANTOS (1997):
A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. Desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social, cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento (p. 12).
Os educadores que buscam aperfeiçoar seus conhecimentos têm a possibilidade de compreender que os jogos e as brincadeiras fazem parte da criança, pois elas vivem num mundo de fantasia, de encantamento, de alegria e de sonhos, onde a realidade e o faz de conta se confundem, da descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo, pois existem hoje, vastas e amplas fontes de informações que podem atualizar e orientar o educador, para que o mesmo possa entrar com a criança nesse mundo do real imaginário.
Dohme (2003) comenta que:
Os jogos são importantes instrumentos de desenvolvimento para os alunos. Longe de servirem apenas como fonte de diversão, o que já seria importante, eles propiciam situações que podem ser exploradas de diversas maneiras educativas (p, 79).
Nesse sentido, BROUGÈRE (1998) acrescenta:
Como, pois, conciliar essa necessidade de jogar, que é irresistível no ser humano com a educação que se deve dar-lhe? Muito simplesmente fazendo do jogo o meio de educar o aluno. O jogo é um fim em si mesmo; para o professor deve ser um meio. Daí esse nome de “jogos educativos” que tende a ocupar cada vez mais espaço em nossa linguagem e prática pedagógica. Não se trata, portanto, em deixar o aluno livre de sua atividade, abandonado a si mesmo. “O aluno deve jogar, mas todas as vezes que lhe dá uma ocupação que tem aparência de um jogo, você satisfaz essa necessidade e, ao mesmo tempo, cumpre seu papel educativo” (p. 122).
Então, entendemos que o jogo para o aluno constitui um fim, ele participa com o objetivo de obter prazer. Para os professores que utilizam o jogo com objetivos educacionais, este deve ser compreendido como um meio, um veículo capaz de levar ao aluno uma mensagem educacional.
Assim, pela interação professor-aluno e aluno-aluno, a comunidade educativa pode desfrutar de oportunidades para trabalhar em projetos comuns.
Com relação a isso, MALUF (2003) diz:
É necessário apontar para o papel do professor na garantia e enriquecimento da brincadeira como atividade social do universo do aluno. As atividades lúdicas precisam ocupar um lugar especial na Educação. Entendo que o professor é figura essencial para que isso aconteça, criando espaços, oferecendo materiais adequados e participando de momentos lúdicos. Agindo dessa maneira, o professor estará possibilitando aos seus alunos uma forma de assimilar a cultura e modos de vida dos adultos, de forma criativa, prazerosa e sempre participativa (p.31).
As atividades lúdicas contribuem dessa forma, para que a aprendizagem facilite descobrir o outro, conhecer a diversidade humana e conscientizar-se da independência dos seres humanos.
Acerca da formação dos profissionais da Educação, SANTOS (1997, p. 13) comenta que “uma das formas de repensar os cursos de formação é introduzir na base de sua estrutura curricular um novo pilar: A Formação Lúdica”.
Ainda SANTOS (1997) acrescenta:
A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam da ação do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora (p. 14).
Nesse sentido, a formação do educador, ganharia em qualidade se, em sua sustentação, estivessem presentes a formação teórica, formação pedagógica e como inovação, a formação lúdica. Quanto mais o educador e/ou os futuros educadores vivenciarem a ludicidade, maior será a chance desse profissional trabalhar prazerosamente com os alunos. A formação lúdica possibilitará a eles conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto.
EMERIQUE (2004) afirma:
Então, parece-me que seria importante deixar de pensar dicotomicamente, superando uma visão que opõe a criança ao adulto, o sério ao lúdico, o brincar ao estudar, a fantasia à realidade, o lazer ao trabalho, os aparentemente contrários, para assumir uma perspectiva dialética, na qual os tidos como opostos possam a ser encarados como complementares, ambivalentes como já tivemos a oportunidade de apontar. Numa abordagem mais abrangente, o lúdico poderia então, ser ocasião de lidar com a segurança e o incerto, o medo e a coragem, a perda e o ganho, o prazer e o desprazer, o sério e o cômico, a objetividade e a subjetividade, enfim, uma oportunidade de ensinar e aprender sobre a vida, entendida como um grande jogo em que, como em todos os demais, estão presentes objetivos, regras e papéis (p. 4).
Sabe-se que o brincar faz parte da essência da vida; todos os animais brincam. No caso do homem, o próprio processo de aprendizagem pode ser visto como uma grande brincadeira de esconde-esconde, ou caça ao tesouro.
É necessário deixar claro a importância que todos nós, educadores, entendermos que educar não se limita apenas a repassar informações; que jogos não são só para serem jogados, brincadeiras para serem brincadas, e sim descobrir, acreditar e aceitar que cada jogo, brinquedos e brincadeiras têm valores e objetivos que devem ser discutidos, analisados e colocados em prática oferecendo ferramentas para que o educando possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seu potencial de anseio, e visão de mundo.
Pois, o lúdico é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e, desenvolve a preparação de sua saúde mental e social, facilitando os processos de comunicação, expressão e construção do conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizarmos a pesquisa percebemos o quanto esta prática é importante para o engrandecimento das concepções pedagógicas que estamos formando para o exercício da nossa profissão.
Para aprofundar nosso conhecimento sobre a Ludicidade, realizamos levantamento bibliográfico, lendo alguns livros que abordam o tema e, logo, questionando os professores do Centro Educacional estudado em relação à Ludicidade, atividade esta, que nos auxiliou para o desenvolvimento deste trabalho, aprimorando os conhecimentos sobre o tema geral e o problema em si.
Através das leituras e das questões que foram encaminhadas aos professores, vimos que dentre as competências a serem construídas e desenvolvidas por um professor, encontra-se a capacidade de desenvolver uma relação professor-aluno propícia ao processo de ensino-aprendizagem.
Compreendemos também, que o preparo do professor para entender o lúdico inscreve-se no projeto mais amplo de dotá-lo de cursos para trabalhar com a aprendizagem na perspectiva do jogo, acreditando no aprender brincando.
Questionando os padrões de funcionamento do ensino e resgatando o prazer em aprender, o jogo na Educação concorre para o sucesso do aprender, convertendo-se em importante mecanismo de inclusão social.
Com base nos sujeitos que contribuíram para esta pesquisa, os educadores devem oportunizar a si mesmo e aos alunos a viver e aprender de forma mais alegre, descontraída e participativa. Assim, contribuirão na formação de uma sociedade feliz, com liberdade de expressão, podendo modificar, transformar e, lutar pelos seus ideais, como também, reconhecer a importância e a capacidade do outro.
Dessa forma, foi imprescindível entender a Ludicidade como atividade a adquirir conhecimentos úteis e interessantes na vida do aluno. Não só como diversão, além disso, como linguagem, como formação humana e como etapa importante na Educação, pelo gosto, pelo prazer e pelo aprendizado que proporcionará promovendo a preparação para a vida.
Portanto, ao término deste trabalho, chegamos à conclusão de como as informações obtidas foram valiosas para nosso crescimento pessoal, profissional e ideológico. Diante do que foi exposto no mesmo, verificamos que foi possível expressar nossa intenção de forma coerente, contando claro, com a ajuda da equipe questionada.
REFERÊNCIAS
BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 1997.
DOHME, Vânia. Atividades lúdicas na Educação: o caminho de tijolos amarelos do aprendizado. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
EMERIQUE, Paulo Sérgio. Aprender e ensinar através do lúdico. São Paulo: Manole, 2004.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
SANTOS, Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. Rio de Janeiro, Vozes: 1997.
Profissionais na área da Educação Infantil de um CEMEIS da cidade de Sorriso, 2015.
ANEXOS
QUESTIONÁRIO:
1- O lúdico e a prática pedagógica
A atuação do professor e do pedagogo tem proporcionado diversas experiências de ensino. Assim, os últimos anos têm sido marcados por reflexões que levam a transformações que possam melhorar a qualidade de ensino nas escolas de nosso município. Faz-se necessário pensar num perfil profissional capaz de atender às necessidades do aluno. Deve-se, portanto, buscar a formação de um sujeito extremamente ativo, dinâmico, curioso e construtor de conhecimento. Para acompanhar essa formação, precisamos de um educador qualificado, que apresente propostas pedagógicas inovadoras e desafiantes, comprometido com a função para que junto com os alunos possa construir novos conhecimentos.
Você entende que o lúdico pode contribuir para a prática pedagógica do professor da Educação Infantil?
( )SIM ( )NÃO
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2- O lúdico e a aprendizagem
Por meio do processo de brincar, o aluno vive diferentes descobertas, exterioriza emoções, coloca sua imaginação em ação, possui variadas maneiras de comunicação, desenvolve a socialização, busca livremente a solução para seus problemas, adquire novas formas de pensar e agir, colaborando para a construção de sua identidade.
Ludicidade é um assunto que tem conquistado espaço no contexto educacional. Brincar é agradável, traz-nos sensações prazerosas e sua utilização em determinados trabalhos pedagógicos possibilitam por meio de procedimentos metodológicos a produção de conhecimento.
Você como docente na Educação Infantil, entende que o lúdico pode ser considerado com meio de aprendizagem?
( )SIM ( )NÃO
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3- O lúdico e o processo de formação
Utilizando o lúdico como meio de aprendizagem, percebe-se alguma contribuição na qualidade das aulas? E no processo de formação de um profissional da Educação Infantil? Comente: