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ENSINO E APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

 

Kellen Cristina Ventura da Silva[1]

Maria Sirlei Calgaro[2]

Laura da Silva Algusto[3]

 

RESUMO

O presente trabalho buscar pesquisar sobre o conceito de inclusão que envolve o atendimento aos estudantes com deficiência nas vizinhanças de sua residência, a inserção desses alunos às classes regular, especialização de professores com suporte técnico para o atendimento, dar direito as crianças de conviverem e aprenderem juntamente com as outras, mesmo tendo objetivos diferentes. Pois a aprendizagem se dá na vida do ser humano, desde que algumas condições sejam favoráveis, tais como: condições físicas, psicológicas, ambientais e sociais.

Palavras-chave: aprendizagem, deficiência, criança, inclusão.

 

RESUMO

This study aims to research the concept of inclusion that involves the care of students with disabilities in the vicinity of his residence, the inclusion of these students to regular classes, specialized teachers with technical support for the service, to qualify children to socialize and learn with the other, even with different objectives. Because learning occurs in human life, providing certain conditions are favorable, such as: physical, psychological, environmental and social.

Keywords: learning disability, children, inclusion.

 

INTRODUÇÃO

De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Base) entende-se por educação especial a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

Almeida (2002) conceitua Educação Especial como uma modalidade de ensino que objetiva promover o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com deficiência, condutas típicas ou altas habilidades e, que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos de acordo com as necessidades específicas dos educandos.

O conceito de inclusão envolve o atendimento aos estudantes com deficiência nas vizinhanças de sua residência, a inserção desses alunos às classes regular, especialização de professores com suporte técnico para o atendimento, dar direito as crianças de conviverem e aprenderem juntamente com as outras, mesmo tendo objetivos diferentes.

A inclusão social segundo a Organização Pan-Americana é entendida como a participação ativa nos vários grupos de convivência social, e a deficiência, como qualquer perda ou anormalidade de uma estrutura ou função corporal.

Sendo assim é direito da criança seja ela com deficiência ou não acesso á educação, e dever da escola acolher todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, emocionais, linguísticas ou outras.

 

Desenvolvimento

1.    Barreiras Físicas

Porém um dos vários obstáculos a serem vencidos é a falta de acessibilidade nas escolas, dificultando assim a inserção dos alunos com deficiência nas mesmas, leis que asseguram o direito do aluno á educação não garante que esse aluno possua condições de aprendizagem adequadas, podendo gerar o que Mazzota (2008) qualificou como inclusão selvagem de acordo com ele significa uma imposição de matrícula e permanência de todos os alunos em estruturas escolares supostamente idênticas forjando a garantia da igualdade das condições para a escolarização, desconsiderando necessidades especiais de recursos, suportes e serviços especializados para significativos segmentos da população escolar.

A política educacional, porém deveria ser aquela que cria condições reais de acesso e permanência com sucesso na escola, atendendo todas as necessidades do aluno.

“O meio escolar deve ser um lugar que propicie determinadas condições que facilitem o crescimento, sem prejuízo dos contatos com o meio social externo. Há dois pressupostos de partida: primeiro é que escola tem como finalidade inerente a transmissão do saber e, portanto, requer a sala de aula, o professor, o material de ensino, enfim, o conjunto das condições que garantam o acesso aos conteúdos; segundo, que a aprendizagem deve ser ativa e, para tanto, supõe um meio estimulante. ”(Lane e Codo, 1993, p.174)

A aprendizagem se da na vida do ser humano, desde que algumas condições sejam favoráveis, tais como: condições físicas, psicológicas, ambientais e sociais.

Condições físicas: aqui situam-se as condições orgânicas favoráveis, incluindo condições de amadurecimento físico e psicológico. Se tratando de uma criança com necessidades especiais deve ser levado em consideração que nível de maturidade esta possui, e suas condições físicas, para que a partir do conhecimento individual da criança, sejam oferecidos á ela todo o suporte necessário, de acordo com sua necessidade, facilitando assim a acessibilidade da mesma, a todos os materiais disponíveis.

Condições psicológicas: de acordo com Lane e Codo (1993) o educador tem como grande desafio criar formas de trabalho pedagógico, ou seja, ações concretas, através das quais seja feita a mediação entre o saber escolar e as condições reais de vida do aluno.

As condições psicológicas de aprendizagem, nada mais são do que a motivação do individuo, na educação especial essa motivação se faz tão necessária como qualquer outra condição, pois o aluno interessado, é o aluno motivado e o desinteressado no entanto é motivado por outras necessidades que não relacionadas à sala de aula.

Condições Sociais: o contexto social está presente em qualquer situação que o indivíduo possa viver, deve ser levada em consideração a história de vida de cada criança, e se o meio escolar em que ela esta inserido é propicio para que a aprendizagem ocorra, ou seja, se existe um ambiente harmonioso entre os integrantes do grupo.

E finalmente condições ambientais, as situações ambientais favoráveis influenciam na aprendizagem, dessa forma, um ambiente adequado, ambiente reforçador, condições de acomodação física, de temperatura, iluminação e ventilação agradáveis, tendem a favorecer as aprendizagens em eficácia e realização.

Nem todo corpo com impedimento vivencia a discriminação, a opressão ou a desigualdade pela deficiência, pois há uma relação de dependência entre o corpo com impedimentos e o grau de acessibilidade de uma sociedade (DINIZ, 2007, p.23). Se as barreiras, portanto, forem grandes, grandes serão também as restrições desse indivíduo nas atividades propostas na escola.

De acordo com o Decreto Federal 3.298/99 a pessoa com deficiência deve ser incluída em todas as iniciativas governamentais, sendo respeitadas as suas peculiaridades, a inclusão social então acontece na vida social em algum espaço instituído ou estruturado, seja na família, escola, no trabalho ou qualquer outra forma de organização social.

Não existe dificuldade, desde que haja espaço físico estruturado para atender a toda população, independente de qual for a necessidade que precisa ser atendida, a questão de acessibilidade é fator fundamental para que o direito à qualidade da educação da criança seja assegurado.

2.Professores Especializados

Outro desafio encontrado na educação especial é a falta de mão de obra especializada, já que recursos humanos são tão importantes como qualquer outro recurso, A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 ao estabelecer a educação especial como modalidade de educação escolar assegura as crianças com necessidades escolares especiais, profissionais de apoio especializados e pedagógicos, em que este último abrange o trabalho do professor de educação especial.

Uma das soluções que podem ser propostas para que esse desafio seja superado, é a inserção do profissional de educação nos cursos de especialização da área para que o professor tenha acesso a formação que possibilite ao professor conhecimentos mais extensos referentes à educação, às políticas, à diversidade, quanto a processos formativos que lhe garantam a assimilação de saberes específicos da educação especial.

A formação sugere um processo contínuo, o qual, segundo Sadalla (1997) deve ir além da presença de professores em cursos que visem mudar sua ação no processo ensino-aprendizagem. Para a autora, o professor deve ser auxiliado na reflexão sobre a sua metodologia, para que compreenda suas crenças em relação ao procedimento e se torne um pesquisador de sua ação, buscando aperfeiçoar o ensino oferecido em sala de aula.

3.Importância da Família na educação especial

É direito de a família participar da educação dos filhos, embora durante a história as pessoas com deficiência eram retiradas do convívio com seus pai e sociedade e levadas á sanatórios, tratados como animais, hoje é direito do aluno e dos seus familiares a participação ativa nas escolas.

 

Os pais são os principais associados no tocante às necessidades educativas especiais de seus filhos, e a eles deveria competir, na medida do possível, a escolha do tipo de educação que desejam seja dada a seus filhos. (Declaração de Salamanca, art. 60, pág. 43)

 

Deverão ser estreitadas as relações de cooperação e apoio entre administradores das escolas, professores e pais, fazendo que estes últimos participem na tomada de decisões, em atividades educativas no lar e na escola (onde poderiam assistir a demonstrações técnicas eficazes e receber instruções sobre como organizar atividades extra-escolares) e na supervisão e no apoio da aprendizagem de seus filhos. (Declaração de Salamanca, art. 61, p. 43)

A participação da família é de suma importância para que a inclusão seja feita na prática, e não apenas na teoria, para isso as famílias devem buscar conhecer para participar, dando o exemplo de cidadania e servir, assim, como mais um veículo através do qual seus filhos possam aprender para ser.

Essa visão de interação família escola propõe uma participação ativa da família na discussão dos problemas reais da criança que precisa de educação especial, e não apenas reuniões periódicas, nas quais a família é informada sobre os eventuais problemas, e orientada sobre como agir. Nas reuniões porém, são discutidas soluções e juntamente com o profissional são criadas alternativas para a melhoria da qualidade de ensino das crianças.

De acordo com o MEC (2004) a falta de um apoio pedagógico a essas necessidades especiais pode fazer com que essas crianças e adolescentes não estejam na escola: muitas vezes as famílias não encontram escolas organizadas para receber a todos e, fazer um bom atendimento, o que é uma forma de discriminar. A falta desse apoio pode também fazer com que essas crianças e adolescentes deixem a escola depois de pouco tempo, ou permaneçam sem progredir para os níveis mais elevados de ensino, o que é uma forma de desigualdade de condições de permanência.

É necessário portanto que a família adquira conhecimentos sobre as necessidades especiais de seus filhos, e desenvolva habilidades de gerenciamento do conjunto dessas necessidades e potencialidades. É importante que os profissionais desenvolvam relações interpessoais saudáveis e respeitosas, garantindo-se assim maior eficiência no alcance de seus objetivos.

É importante salientar que é necessário explicar à família que a adaptação do currículo não é definida pela deficiência, mas repertório e pelo repertório e pelos conhecimentos do estudante. É importante também que, essa questão seja discutida para que não gere frustração para os alunos e os pais.

        4. A criança

O atendimento em creches e pré-escolas inclusivas propõe novo fazer-pedagógico: diferentes dinâmicas e estratégias, complementação, adequação e suplementação curricular quando necessário. Estas medidas são importantes para o crescimento de todas as crianças. Todos ganham em desenvolvimento e consciência social, já que a convivência na diversidade alavanca o desenvolvimento dos que apresentam algum atraso, bem como para as crianças que apresentam talento significativo em alguma área, favorecendo assim a convivência respeitosa entre os diferentes participantes de um coletivo social (MEC, 2004).

O fato de os pais trabalharem fora requer que as crianças sejam matriculadas em creches e pré-escolas, cabendo a estas o papel fundamental de promover a educação das crianças em consonância com a família. A criança tem o direito à educação oferecida em creches e pré-escolas e também ao atendimento educacional especializado, que pode ser realizado, preferencialmente, na própria escola.

É direito do aluno com NEE atenção individualizada, uma das formas para conseguir a diminuição das turmas, é buscar junto a Secretária de Educação, outro recurso necessário é um educador auxiliar, dessa maneira é possível atender não só os alunos que tem NEE, mas também toda a turma de maneira efetiva.

Ter o número da turma reduzido e contar um auxiliar são melhoramentos necessários para que a Educação inclusiva funcione de maneira eficiente. Ao agrupar alunos  com saberes diferentes, é possível beneficiar todos.

 

“Há um efeito positivo de grupo quando a organização da tarefa permite uma colaboração dos membros, colaboração suscetível de tornar mais flexível a percepção de cada um e de controlar, graças às regras existentes, a sua produção” (LAPASSADE, 1989, p.74).

 

A socialização em si já se torna aprendizagem, pois alunos com habilidades e dificuldades diferentes aprendendo a se respeitarem e conviverem uns com os outros aprendem a se aceitar e aceitar os demais colegas de sala seja esse colega com NEE ou não.

O preconceito é um dos motivos que podem dificultar a aprendizagem em grupo, devido a construção de estigmas, estereótipos, padrões de beleza, inseridos na cultura muitas crianças podem sofrer na educação inclusiva.

Segundo MAZZOTA (1985) cultura é o conjunto de formas simbólicas impregnadas nas pessoas e nos grupos estruturados que exteriorizam o comportamento e nos recursos materiais.

É um desafio para o educador desmistificar o conceito sobre a pessoa com deficiência desde cedo, pois através do conhecimento e convívio é possível respeitar e aceitar os demais como pessoas, aceitando porém suas limitações, assim como de qualquer outro ser humano.

De acordo com SANTOS (2005) a aplicação da norma igualitária para as situações concretas implica o conceito de equidade, tomando a norma igualitária e ao ser aplicado em um caso concreto, elimina a discriminação e introduz uma relação mais justa entre os sujeitos.

Muitos ainda são os desafios a serem vencidos se tratando de educação inclusiva e especial, porém muito já foi conquistado ao longo da história, com a participação ativa da escola e professores, muito ainda pode ser feito por essas crianças, que possuem seu direito assegurado por lei, e que vem ao longo do tempo conquistando o seu espaço na educação brasileira.

 5. Contexto histórico

Já na Idade Antiga estes seres humanos que apresentavam um comportamento diferente foram associados à imagem do diabo, da feitiçaria, da bruxaria e do pecado, sendo novamente isolados e exterminados. Neste momento, os portadores de deficiência tinham um comportamento conseqüente de forças sobrenaturais. Com o advento da Idade Antiga, esta crença tomou mais força. A idéia e a prática da magia e as relações demoníacas passaram a fazer parte do dia a dia dos homens.

No início do século XIX, ocorreu a tentativa de recuperação ou remoldagem (física, fisiológica e psíquica) da criança portadora de deficiência, com o objetivo de  ajustá-la  a  sociedade,  num  processo  de  socialização  concebido  para  eliminar  alguns  de  seus  atributos  negativos,  reais ou  imaginários. A igreja pregava a existência do pecado, do bem e do mal. Assim, este processo de remoldagem assumia formas estranhas, como práticas exorcistas.

Até o início do século XIX, a  deficiência  estava  associada  à  incapacidade,  e  não  havia nenhuma  tendência em mudar este quadro. O abandono e a eliminação dos portadores de deficiência eram atitudes normais nesta época. 

No início do século XX criam-se instituições para portadores de deficiência mental mais grave, sendo ainda um modelo segregativo.  Estas instituições tinham por objetivo “cuidar” destas pessoas, sendo assim, ainda não tinham um intuito educacional. Bem como, para cada deficiência existiria uma instituição especializada.  A tendência era a promoção destes serviços dentro de instituições, e não oferecimento dentro das comunidades.

Atualmente, a inclusão escolar tem sido cada vez mais o foco de discussões entre teóricos e educadores que destacam as relações sociais  entre  os  alunos  e  entre  os  alunos  e  professores como fundamento primordial desta nova visão educacional. Esta prática educativa vem definindo novas formas de relacionamento dentro das escolas e, consequentemente, interferindo em todos os setores da sociedade. 

 

6. Educação inclusiva no Brasil

“A educação inclusiva no Brasil é um desafio a todos os profissionais de educação”. (SÁ, 2002, s/p.) Esse desafio que deve ser compreendido como o caminho para o crescimento, não só do aluno “especial”, mas também de todos os que fazem parte desse processo. Assim, cabe as escolas adequar-se tanto na estrutura física como no quadro humano, pois a educação só será inclusiva quando as instituições tiverem profissionais qualificados, responsáveis e conscientes sobre a importância de seu papel na construção de uma sociedade justa. No entanto, garantir a inclusão e um ensino de qualidade para os alunos especiais, não é algo conquistado rapidamente, pelo contrário, trata-se de um processo contínuo que envolve muitas transformações na escola, tanto nos quesitos estruturais, como na adaptação ambiental, proporcionando a acessibilidade, como também uma metodologia de ensino capaz de suprir as limitações de cada aluno, seja ele com deficiência ou não.

Dessa maneira, a escola deve se adaptar as necessidades dos alunos com deficiências, seja na parte metodológica, buscando recursos que garantam a aprendizagem ou na parte física, como rampas, banheiros adaptados, entre outros, que possam garantir a acessibilidade desses alunos, para que dessa forma ele não se sinta excluído, mas sim motivado para continuar trilhado esse caminho em busca da realização plena enquanto cidadão. Em relação às diferenças e dificuldades dos alunos, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica destaca:

A educação inclusiva envolve um processo de preocupação do que considera as diferenças e as dificuldades dos alunos na aprendizagem escolar como fontes de conhecimento sobre como ensinar e como aperfeiçoar as condições de trabalho na sala de aula. (MEC/ SEESP, 2001, p.12).

 

Assim, para termos um sistema educacional inclusivo, é preciso inicialmente considerar que todos os alunos podem aprender, posteriormente devem ser respeitadas e reconhecidas as diferenças de idade, de sexo, de etnia, de língua, de deficiências ou de inabilidades, para que o processo metodológico possa atender às necessidades de todas os alunos. Glat observa que a inclusão trata-se de um processo dinâmico, construído diariamente pela escola:

Ter a visão de inclusão é ter a consciência que esse sistema educacional constitui-se de um processo abrangente, dinâmico, que evolui constantemente, não limitado ou restrito por salas de aulas numerosas, nem por falta de recursos adequados. Se realmente as novas políticas educacionais buscam uma educação inclusiva, deve-se com urgência fazer uma redefinição de planos, traçados na meta de fazermos uma escola voltada para a cidadania global, plena livre de preconceitos, que reconhece e valoriza as diferenças. (GLAT, 1995, p. 23).

 

Pode-se compreender que a escola inclusiva constitui-se como um processo contínuo, sendo reorganizada e redefinida conforme as necessidades presentes no cotidiano escolar. Ela deve ser avaliada todo o momento para que não se torne um projeto desenvolvido apenas no papel, sem nenhuma utilidade e resultados satisfatórios.

 

A história segregativa no mundo e no Brasil atuam hoje, como influenciadores da postura social que temos.  As práticas preconceituosas de nossa sociedade refletem esta história massacrante e limitante do portador de deficiência.  “A idéia de que poderiam ser ajudadas em ambientes segregados, alijadas do resto da sociedade, fortaleceu os estigmas sociais e a rejeição.” (KARAGIANNIS, STAINBACK; STAINBACK  apud  STAINBACK;  STAINBACK, 1999, p. 43)

Neste contexto a educação inclusiva lança desafios muito maiores que as questões estruturais de meio físico e curricular. A inclusão de crianças portadoras de deficiência na escola comum abrange, também, relações entre as pessoas, relações estas que tanto podem contribuir para o desenvolvimento social de todos quanto podem caracterizar um ambiente de exclusão dentro da instituição escolar.

Assim, a inclusão escolar vem negar toda a prática de exclusões e de segregações que os sujeitos portadores de deficiência passaram durante muito tempo e definir, de acordo com Sassaki (1999), alguns padrões que, anteriormente, eram considerados comuns e que, atualmente, foram substituídos por outros valores, como aceitação, valorização, convivência e aprendizagem através da cooperação.

Com a evolução intelectual dos seres humanos, a educação escolar comum também passa a incluir, em seus educandos, a criança portadora de deficiência, sendo que, nesta nova perspectiva, ela deve ser vista em uma dimensão sociocultural, objetivando o desenvolvimento das potencialidades de todos e não apenas evidenciando aquilo que possa ser uma necessidade ou dificuldade. Assim, a intenção é atingir todos e conquistar a participação efetiva na sociedade.

As crianças portadoras de necessidades especiais, independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e lingüísticas ganham o direito à escola como todas as crianças. Assim, todos passam a aprender juntos, não importando mais as dificuldades ou diferenças que possam apresentar. Com este novo paradigma de modelo social – centrado no princípio da diversidade e no respeito a essa diversidade -, modifica-se a idéia que temos de sociedade: passamos a ver todos como todos, como seres humanos que precisam estar com os outros para viverem bem.

A teoria vygotskiana já abordava a importância de a criança  com  deficiência  frequentar  ambientes  sociais,  inclusive  a  escola,  que  favorecessem  seu  desenvolvimento,  fazendo  com  estes  indivíduos  pudessem  se  favorecer  e  favorecer  seus  companheiros,  principalmente  quando  estas  relações  passassem  para  um  estágio  mais elaborado, como a amizade.

Vygotsky (1995) considerava fundamental que houvesse a  promoção  de  acesso e permanência destas crianças portadoras de deficiência no âmbito social, pois, se não  houvesse  estas  oportunidades  de  participação,  seus  destinos  seriam  a  segregação  e  o 10  isolamento, desfavorecendo seu desenvolvimento. Neste sentido, a segregação de uma escola especial, representaria a perpetuação do déficit, da perda e da deficiência.

Segundo Mittler (2003, p. 34): A inclusão  implica  uma  reforma  radical  nas  escola  em  termos  de  currículo,  avaliação, pedagogia e formas de agrupamento dos alunos nas atividades de sala de  aula. Ela é baseada em um sistema de valores que faz com que todos se sintam bem- vindos e celebra a diversidade que tem como base o gênero, a nacionalidade, a raça, a linguagem de origem, o background social, o nível de aquisição educacional ou a deficiência.

Além disso, a importância das relações sociais  entre  as  crianças  portadoras  de deficiência e as não-portadoras está no próprio fundamento da  teoria vygotskiana, ou seja, é  na  convivência  humana  e  na  sua  amplitude  social  que  a  criança  encontra  base  para  o  desenvolvimento  de  suas  estruturas  intrapsíquicas  do  pensamento  e  da  linguagem.  Para Vygotsky (1995, p. 214), a probabilidade de desenvolvimento do potencial de uma criança portadora de deficiência em contato apenas com outras crianças portadoras de deficiência, em uma instituição segregadora é, no mínimo, limitante, pois “somente no processo da vida social coletiva é que são  elaboradas    e  desenvolvidas  todas  as  formas  superiores  da  atividade  intelectual próprias do homem.”

Entende-se que a inclusão escolar dos alunos com deficiências não se limita apenas a matriculá-los em turmas regulares, esse processo é mais complexo e não demanda apenas de boa vontade do educador, a inserção desses educandos envolve primeiramente a compreensão das necessidades de cada um e a adequação das instituições, para que assim possam de fato promover de fato a inclusão dessas pessoas no ensino regular.

Atualmente os sistemas educacionais revelam grandes dificuldades para atender as pessoas com deficiência na escola regular que podem necessitar de apoio para a sua educação.

Desse modo fazem-se necessárias adequações curriculares, e tanto instituições e profissionais se prepararem para receber estas crianças. “As necessidades da educação especial abrangem vários aspectos que exigem custos elevados, profissionais de alto nível, equipamentos materiais didáticos especiais”.

 

CONCLUSÃO

Ao longo da evolução da humanidade, todas as sociedades têm recorrido a práticas reguladoras face ao “diferente”.  Em relação ao portador de necessidades especiais não tem sido exceção.  Os portadores de necessidades, ao longo dos tempos, foram considerados de várias maneiras e sob diferentes abordagens, ou seja, foram considerados conforme as concepções de homem e de sociedade, valores sociais, morais, religiosos e éticos de cada momento histórico.

A história assinala políticas extremas da sua exclusão em relação ao portador  de  deficiência na sociedade. Exemplo disto ocorreu em Esparta, na antiga Grécia, onde a beleza física e o culto ao corpo eram as condições para a participação social.  As crianças com deficiências físicas eram colocadas nas montanhas e, em Roma, atiradas ao Rio Tibre. Nesta época, muitos seres humanos, física e mentalmente diferentes, foram vistos como os vilões, já que, além de terem em sua sociedade um número bastante elevado de nascimento de crianças com deficiência, ainda tinha os soldados que voltavam das  guerras  com  algum  tipo  de  deficiência. Estes casos eram vistos como perigo para a continuidade da espécie.

Segundo Mantoan (2003, p. 14) Conforme pensavam os gregos, os paradigmas podem ser definidos como modelos, exemplos abstratos que se materializam de modo imperfeito no mundo concreto.  Pode também ser citados, segundo uma concepção moderna, como um conjunto de regras, normas e crenças, valores, princípios que são partilhados por um grupo em um dado contexto histórico e que norteiam o nosso comportamento, até entrarem em crise, porque não nos  satisfazem mais, não dão mais  conta dos problemas que tentamos solucionar.

 Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Educação. LEI Nº 9.394 Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Série: Educação Inclusiva. Brasília, 2004.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Necessidades Educativas Especiais – NEE In: Conferência Mundial sobre NEE: Acesso em: Qualidade – UNESCO. Salamanca/Espanha: UNESCO 1994.

DINIZ, Débora, 2007. O que é deficiência. São Paulo: Editora Brasiliense.

LAPASSADE, Georges. Grupos, organizações e instituições. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.

MAZZOTTA, Marcos José da Silveira and D'ANTINO, Maria Eloísa Famá. Inclusão social de pessoas com deficiências e necessidades especiais: cultura, educação e lazer. Saude soc. [online]. 2011, vol.20, n.2, pp. 377-389. ISSN 0104-1290.

 

SANTOS; Mônica Pereira dos. Texto Integrante do Programa de TV Salto para o Futuro. MEC/Secretaria de Educação à Distância, Brasília, 1999, cap. 8, p. 73-79, ISSN1516 – 2079. Série de Estudos Educação à Distância, Tema: Educação Especial, Tendências Atuais.

 


[1] Graduada em Pedagogia. Atua na rede pública de ensino.

[2] Graduada em Pedagogia pela FAEL. Pós-graduada em Educação Infantil pela UNICID. Pós-graduada em Alfabetização e Letramento pela Universidade Cândido Mendes. Atua na Escola Estadual Jorge Amado.

[3] Graduada em Pedagogia. Atua na rede pública de ensino.