Buscar artigo ou registro:

CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM DO SUJEITO DOCENTE E OS REFLEXOS

EM SUA PRÁTICA EM SALA DE AULA

 

Cleide Rosana Gomes Araújo[1]

Ozana de Oliveira Vale[2]

 

RESUMO

Este artigo tem por objetivo refletir acercadas concepções de linguagem do sujeito docente e os reflexos de sua escolha em sua prática em sala de aula. Para isso, lançamos mãos dos estudos de Koch (2006), Geraldi (2000; 2002), Possenti (2008), Travaglia(2006), Cagliari (2007),Bagno (2004) e Soares (2006),que se baseiam em uma visão dialógica da linguagem, discutindo, entre outros, aspectos relativos às diferentes concepções de linguagem e os objetivos da adoção de cada concepção por parte do professor em seu ofício. A discussão acerca dessa questão parece problematizar a visão de língua tradicional, já que, conforme cada concepção de linguagem adotada ,observa-se uma compreensão diferenciada do que vem a ser língua.

Palavras-chave: Língua, Prática social, Dialogismo.

 

ABSTRACT

This article aims to reflect on the concepts of language teaching the subject and the consequences of their choice in their practice in the classroom. For this, we released the hands of Koch studies (2006), Geraldi (2000; 2002), Possenti (2008) Travaglia (2006), Cagliari (2007), Bagno (2004) and Smith (2006), based on a dialogic view of language, arguing, among other aspects related to the different language concepts and objectives of the adoption of each design from the teacher at his craft. The discussion on this issue seems to question the traditional language view, since, as each design language adopted, we see a different understanding of what comes to language.

Keywords: Language, Social practice, Dialogism.

 

 

INTRODUÇÃO

            O interesse pelo tema do presente artigo surgiu a partir de diálogos estabelecidos com professores de língua portuguesa, realizados no ano anterior a esta pesquisa, ao longo de nossas experiências profissionais, como professoras do Ensino Fundamental e Médio, na Rede Pública e Particular do Estado.

            No decorrer das aulas e dos diálogos com os professores de Língua Portuguesa (LP) dos Ensinos Fundamental e Médio de escolas públicas e particulares do estado, nasceu à ideia de desenvolvermos uma pesquisa que visasse trabalhar com as concepções de linguagem e língua do professor de português e de que maneira sua compreensão acerca do conceito de língua viria a afetar sua prática em sala de aula.

Neste artigo, buscamos propor uma reflexão acerca do tema, visto ser um assunto basilar, do qual dependem todos os demais aspectos envolvidos no processo ensino/ aprendizagem de língua portuguesa. Acreditamos nisso, tendo em vista que, a depender da maneira como o professor encara o objeto ensinado, nesse caso, a língua materna, esse agente refletirá em sua atuação uma série de práticas específicas que revelam sua escolha pela adoção de uma ou outra concepção. Em outras palavras, nós, professores de língua portuguesa ,devemos analisar se estamos ensinando aos nossos alunos um conjunto de regras pré-estabelecidas ou se estamos trabalhando com um objeto de estudo dinâmico e heterogêneo, dependente de fatores de diversas ordens. Nesse sentido, cabe ao professor fazer a si mesmo perguntas como: o que é uma língua? Para que serve a língua? Como os indivíduos e a sociedade comportam-se em relação às variedades linguísticas? Língua e gramática são a mesma coisa? Para isso, no presente artigo, fizemos um levantamento das maneiras como professores de escolas públicas e particulares da cidade de Belém e Marituba compreendem o trabalho com a língua, sob a perspectiva das concepções da linguagem que tais docentes revelam em seus discursos, através de um questionário contendo cinco perguntas, as quais serão mostradas mais adiante.

A fim de dar sustentação teórica para o estudo desenvolvido, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com os seguintes autores: Geraldi (2000; 2002), Possenti (2008), Koch (2006),Cagliari (2007), Travaglia (2006),Bagno (2004), Soares (2006), entre outros.

Na primeira seção deste trabalho, exibiremos as concepções de linguagem e o papel do professor. Para isso, traremos Travaglia (2006), Geraldi (2000; 2002) e Cagliari (2007), que discutem as três concepções da linguagem: a linguagem como expressão do pensamento; a linguagem como instrumento de comunicação; a linguagem como forma de interação.

É importante ressaltar que para cada uma das concepções de linguagem adotadas haverá uma compreensão diferenciada do que vem a ser o objeto de estudo língua; em outros termos, se tomarmos a linguagem enquanto instrumento de comunicação, por exemplo, consequentemente estaremos concebendo a língua como algo estático, como código fechado dentro de si e por si; por outro lado, se compreendermos a linguagem enquanto próprio lugar da interação, a língua passa a ser vista como elemento dinâmico, adaptável às diversas circunstâncias de interação humana.

Na segunda parte deste artigo trabalharemos com Possenti (2008), que discute as dificuldades dos docentes em ensinarem o português padrão aos usuários das classes socioculturais desfavorecidas, em função de diferenças de toda ordem. Em seguida, Bagno (2004)ressalta a relação professor e aluno na questão do “ensinar português ou estudar brasileiro? ”.Em seguida, Soares (2006)vem traçar um perfil político-ideológico no uso da língua na escola, como sendo um local transformador, consciente de seu papel político na luta contra as desigualdades sociais. Fechando, Koch (2006) apresenta a língua enquanto uma ação entre indivíduos, enfatizando que a principal atividade é a forma de ação que se faz entre o eu e o outro.

Ao final do artigo, analisaremos as respostas de professores ao questionário, obtidas na pesquisa de campo, com o intuito de observar os conhecimentos que os docentes possuem em relação à maneira como compreendem a linguagem suas práticas em sala de aula, discutindo as consequências dessa escolha em sua atuação.

 

CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM E O PAPEL DO PROFESSOR

            Observa-se que é indispensável para o docente de Língua Portuguesa (LP) o conhecimento acerca das concepções de linguagem, já que é preciso ter em mente a concepção que se adota, a fim de se compreender o objeto ensinado, o que refletirá diretamente na maneira como o professor atua em sala de aula. Ainda que não seja essa a visão de muitos professores de língua portuguesa, a perspectiva que se espera ter ao adentrar em sala de aula é o convívio de várias formas de expressão, contemplando o caráter heterogêneo e multifacetado da língua. Subsidiando essa compreensão, os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa apresentam que:

Pela linguagem os homens e as mulheres se comunicam, têm acesso à informação, expressam e defendem pontos de vista, partilham ou constroem visões de mundo, produzem cultura. Assim, um projeto educativo comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e a responsabilidade de contribuir para garantir a todos os alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania. (PCNs, 1998, p. 19)

 

            No mesmo enfoque, Geraldi (2000, p. 44) reforça a importância do conhecer a língua, trazendo-a como processo interativo Estudar a língua é, então, tentar detectar os compromissos que se criam por meio da fala e as condições que devem ser preenchidas por um falante para falar de certa forma em determinada situação concreta de interação”. Esse compromisso é importante tanto na relação de interação como na reflexão sobre a própria língua, entendendo a importância do uso linguístico e seu funcionamento no processo sociocultural.

            Travaglia (2006,p. 21) ressalta que “o modo como se concebe a natureza fundamental da língua altera em muito o como se estrutura o trabalho com a língua em termos de ensino”. Segundo o autor, tanto é importante para o professor conhecer as diferentes concepções de linguagem para possibilitar o ensino de LP, quanto sua postura diante à educação.

            De maneira geral, o ensino de LP nas escolas fundamenta-se em uma das três concepções da linguagem: Linguagem como expressão do pensamento; Linguagem como instrumento de comunicação; Linguagem como interação social. No entanto, este esclarecimento, muitas vezes, não faz parte da realidade de professores de LP, ficando muitas lacunas a serem preenchidas a respeito deste conhecimento junto a estes docentes. A seguir, discutiremos essas três concepções, refletindo acerca dos reflexos da adoção de um ou outro modelo para a compreensão do objeto de estudo língua.

Um olhar sobre a linguagem

            Observa-se que a linguagem não é um sistema fechado e acabado, ao contrário, está em um processo de transformação constante, influenciado pelas interações de uso no cotidiano dos falantes. Por isso, a linguagem passa a ser vista como mutável, ou seja, sempre aberta a novos significados, a cada novo contexto.

Face ao reconhecimento, tácito ou explícito, de que a questão da linguagem é fundamental no desenvolvimento de todo e qualquer homem; de que ela é condição sine qua non na apreensão de conceitos que permitem aos sujeitos compreender o mundo e nele agir; de que ela é ainda a mais usual forma de encontros, desencontros e confrontos de posições, porque é por ela que estas posições se tornam públicas, é crucial dar à linguagem o relevo que de fato tem: não se trata evidentemente de confinar a questão do ensino de língua portuguesa à linguagem, mas trata-se da necessidade de pensa-lo à luz da linguagem. Escolha-se, por inevitabilidade, o posto. Escolhido, o posto é movediço. É preciso desenhá-lo. E o lugar privilegiado deste desenho é a interlocução, entendida como espaço de produção de linguagem e de constituição de sujeitos. (GERALDI, 2002, p. 4,5)

        

            Desse modo, Geraldi sustenta que a linguagem em um lugar privilegiado pela interlocução. Ele vê no processo educacional uma forma de focalizá-la, além de se referira um sistema diferenciado de ensino, como um lugar de constituição dos sujeitos pela linguagem. Os elementos linguísticos são, portanto, produzidos em contextos sociais. E, por uma perspectiva de interação verbal, reconhece que

[...] os sujeitos se constituem como tais na medida em que interagem com os outros, sua consciência e seu conhecimento de mundo resultam como ‘produto’ deste mesmo processo. Neste sentido, o sujeito é social já que a linguagem não é o trabalho de um artesão, mas trabalho social e histórico seu e dos outros e é para os outros e com os outros que ela se constitui. Também não há um sujeito dado, pronto, que entra na interação, mas um sujeito se completando e se construindo nas suas falas; (GERALDI, 2002, p. 06)

 

            É revelador o fato de que a linguagem está diretamente ligada à capacidade humana, e que mediante isso existem outras formas de manifestar-se como: pelo olhar; por gestos; pela música; pelas obras de arte; pela escultura e por símbolos. Ora, a linguagem é vista através dos conhecimentos linguísticos e por aqueles compreendidos ao longo da vida. Diante dessas inúmeras possibilidades, são correntes na literatura sobre o assunto três principais maneiras de se compreender a linguagem, como dito mais acima. Assim, o professor necessita conhecer as principais concepções de linguagem observadas pelos estudiosos do tema, o que irá refletir sobremaneira no processo ensino/aprendizagem de língua portuguesa.

Linguagem como expressão do pensamento

            É a primeira concepção conhecida de linguagem. Nela a expressão é criada no interior da mente e, ao ser externalizada, passa a ser traduzida. Nessa visão, as pessoas que não expressam bem seu pensamento não pensam, tornando-se sua manifestação, conforme Travaglia (2006, p. 21): “um ato monológico, individual, que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem a situação social em que a enunciação acontece”. Por esse olhar, observa-se que a forma como o texto está sendo apresentado, a cada etapa comunicativa, torna-se independente do “para quem” está direcionado, “em que” situação foi exposto e “para que” o ato é realizado.

            O professor pautado nessa concepção passa a trabalhar o ensino da língua como uma norma a ser seguida, isto é, como sinônimo de gramática. E aquele que segue as regras e normas desse manual é considerado como aquele que fala e escreve bem. Nesse modelo de língua, só existe uma variedade a seguir, a dita padrão ou culta, as demais formas são consideradas “erradas”. No entanto, para Bakhtin (2006), que discorda dessa concepção, um enunciado é um processo ativo e criativo da linguagem, o qual obedece a leis internas:

[...] justamente a fala, a enunciação, e afirma sua natureza social, não individual: a fala está indissoluvelmente ligada às condições da comunicação, que, por sua vez, estão sempre ligadas às estruturas sociais. A evolução da língua obedece a uma dinâmica positivamente conotada (...). A variação é inerente à língua e reflete variações sociais; se, efetivamente, a evolução, por um lado, obedece a leis internas (reconstrução analógica, economia), ela é, sobretudo, regida por leis externas, de natureza social. (Baktim, 2006:7-8)

 

            Diante disso, o professor, desejavelmente, deve estimular o aluno a refletir sobre a maneira como este interage com os textos, não só como espectador, mas como construtor de ideias, como leitor, produtor e observador de si mesmo e do outro, direcionando-o a realizar o seu próprio texto, pela compreensão dos valores linguísticos e extralinguísticos, diante de uma sociedade onde a linguagem é vista e lida de várias formas, dependendo do contexto social que se insere. Nesse enfoque, a concepção de linguagem enquanto representação do pensamento, portanto, deverá ser abandonada.

Linguagem como instrumento de comunicação

            Essa segunda concepção e linguagem dá margem a uma compreensão do termo língua como um conjunto de signos que se combinam segundo regras diversas, com intuito de enviar uma mensagem de um emissor a um receptor definido, utilizando um código comum aos dois, através de um canal. De acordo com Travaglia (2006):

Para essa concepção o falante tem em sua mente uma mensagem a transmitir a um ouvinte, ou seja, informações que quer que cheguem ao outro. Para isso ele a coloca em código (codificação) e a remete para o outro através de um canal (ondas sonoras ou luminosas). O outro recebe os sinais codificados e os transforma de novo em mensagem (informações). É a decodificação. (TRAVAGLIA, 2006, p. 22,23)

 

            O estudo da língua visto nessa direção, enquanto código verbal, isolado de seu uso, faz com que interlocutores em situações de utilização desconsiderem o próprio processo de produção, fixando-se na ação de comunicação. Tal como a anterior, é uma concepção equivocada de linguagem.

Linguagem como interação social

Seguindo essa concepção, diferentemente das descritas anteriormente, o processo de interação verbal considera os diferentes participantes como atuantes na construção de sentidos, uma vez que a linguagem se apresenta como uma forma de interação.  Por ela, o sujeito falante age sobre o ouvinte, em uma espécie de jogo, que se joga na sociedade, na interlocução, tornando-se a linguagem uma prática social entre sujeitos (GERALDI, 2000).

            Essa perspectiva de interação social foi inaugurada por Baktim, quando apresentou uma direção que vai muito além do “transmitir informações”, levando o sujeito a estudar a intenção, a forma, a produção de sentidos e a reflexão.

Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro. Através da palavra, defino-me em relação ao outro, isto é, em última análise, em relação à coletividade. A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros. Se ela se apoia sobre mim numa extremidade, na outra apoia-se sobre o meu interlocutor. A palavra é o território comum do locutor e do interlocutor. (Baktim, 2006, p. 107)

 

            Definido que a interação é realizada entre sujeitos e é mediada pela linguagem, observa-se que o sujeito, a partir da interação com os outros, compreende uma ação ativa e responsiva de sentido, em que resulta um trabalho reflexivo, associado aos elementos da situação: “os recursos utilizados pelo locutor e interlocutor para estabelecer a correlação entre os dois”(GERALDI, 2002).

No caso do objeto reflexivo a correlacionar, Koch (2006) focaliza a própria interação entre indivíduos, comparando-a a uma espécie de jogo, no qual um vai com a intenção de influenciar o outro de alguma forma. Nesses dois planos, o “eu e tu” podem reverter suas posições no decorrer do processo interativo, demostrando que a completude da linguagem se faz por meio dessa interação social.

Por meio dela [inter-ação] realizam-se, no interior de situações sociais, ações linguísticas que modificam tais situações, através da produção de enunciados dotados de sentido e organizados de acordo com a gramática de uma língua (ou variedade de língua). (Koch, 2006. pg. 75)

 

            Nesse caminho, Geraldi (2002)aponta que a “historicidade da linguagem é o movimento que se dá na  história, pelo trabalho de sujeitos, são as transformações”. Em termos de ensino, essas transformações partem de um trabalho que gera acontecimentos únicos no interior e nos limites de uma situação social interativa e nenhuma  interação se dá fora desse contexto. A linguagem vista como lugar de interação, desta feita, parece ser adequada aos propósitos das aulas de língua materna.

Língua e Gramática

            A presente seção busca discutir a confusão estabelecida entre língua e gramática, a qual, ainda hoje, se faz presente no contexto ensino/aprendizagem de língua portuguesa. Como discutido na seção anterior, há diferentes concepções de linguagem, que dão margem ao surgimento de diferentes concepções de língua. Assim também ocorre com o conceito de gramática, que varia conforme a perspectiva que se adote. A seguir, a fim de diferenciar o termo gramática da noção de língua, serão brevemente discutidas as três concepções de gramática mais correntes na literatura sobre o assunto: gramática normativa; gramática descritiva e gramática internalizada.

Gramática Normativa

            Geraldi (2000, p. 47) define a gramática normativa como um conjunto de regras que devem ser seguidas por aqueles que querem “falar e escrever corretamente”. O domínio dessas regras leva o usuário a ser visto como culto e de prestígio.

            Na gramática normativa, quando o sujeito pode dominar a variedade padrão tanto na produção oral quanto escrita, Travaglia (2006) o nomeia de gramatical, porque, precisamente, nessa gramática, só é tratada a variedade dita padrão ou culta, as outras formas de uso são consideradas “desvios, erros, deformações”.

            A escola que caminha nessa visão gramatical, trabalha o ensino prescritivo, o qual busca que o aluno “substitua seus próprios padrões de atividade linguística considerados errados/inaceitáveis por outros considerados corretos/aceitáveis. É, portanto, um ensino que interfere com as habilidades linguísticas existentes”. Assim, o ensino tradicional, ao contrário de formar sujeitos seguros em falar a própria língua, formam sujeitos com medo de usar sua língua materna e serem discriminados por fazê-lo.

Gramática Descritiva

            Para Travaglia, a “gramática descritiva [...] faz, na verdade, uma descrição da estrutura e funcionamento da língua, de sua forma e função”. Nesse percurso, não há “erro” gramatical, porque as frases ou palavras que os falantes não reconhecerem como do seu dialeto próprio, em suas construções linguísticas, serão consideradas apenas não gramaticais. Assim, para um enunciado construído ser considerado gramatical, não é necessário acompanhar os padrões canônicos de escrita, mas seguir às regras de trabalho da língua em uma de suas variedades.

Essa perspectiva contraria a concepção normativa, que vê e privilegia uma única variedade, a dita “padrão” da língua. Nesse sentido, Travaglia afirma que:

Saber gramática significa, no caso, ser capaz de distinguir, nas expressões de uma língua, as categorias, as funções e as relações que entram em sua construção, descrevendo com elas sua estrutura interna e avaliando sua gramaticalidade. O cientista pode fazer gramáticas de todas as variedades da língua, propondo de acordo com um modelo teórico quais as unidades e categorias da língua, bem como as relações que podem ser estabelecidas entre elas e as suas funções, o seu funcionamento.  (TRAVAGLIA, 2006, p. 27)

 

            Trabalhando por esse aspecto, a escola tem por objetivo ensinar como a língua funciona, incentivando a fala e mostrando seus mecanismos. “Na verdade, uma língua vive na fala das pessoas e só aí se realiza plenamente. A escrita preserva uma língua como um objeto inanimado, fossilizado. A vida de uma língua está na fala”(CAGLIARI, 2007, p. 52).

Por essa razão, os falantes da língua ou interlocutores interagem enquanto sujeitos que ocupam lugares sociais e “falam” e “escrevem” sobre esses lugares de acordo com as interações que a sociedade estabeleceu como sociais. A estes falantes apresentam-se formas de se perceber que a linguagem traz universalmente benefícios sócio-político-cultural, especificamente aos indivíduos.

Gramática Internalizada

            Franchi (1991, p.54apudTRAVAGLIA, 2006, p. 28) diz que a gramática internalizada “corresponde ao saber linguístico que o falante de uma língua desenvolve dentro de certos limites impostos pela sua própria dotação genética humana, em condições apropriadas de natureza social e antropológica”.  Nesse sentido, Geraldi (2000) designa como

[...] o conjunto de regras que o falante de fato aprendeu e do qual lança mão ao falar. É preciso que fique claro que sempre que alguém fala o faz segundo regras de uma certa gramática. O fato mesmo de que fala testemunha isso, porque usualmente não se “inventam” regras para construir expressões. Pelo conhecimento não consciente, em geral, de tais regras, o falante sabe sua língua, pelo menos uma ou algumas de suas variedades. O conjunto de regras linguísticas que um falante conhece constitui a sua gramática, o seu repertório linguístico.(GERALDI, 2000. p.48)

 

            Esse ensino propõe ao professor de língua portuguesa uma visão mais abrangente com relação às formas linguísticas, por levar o aluno a compreender sua língua materna de maneira que entenda suas regras, sem desprestigiar os padrões já adquiridos. A partir disso, basta acrescentar aos recursos que têm, de forma que utilize adequadamente, a maior quantidade possível de habilidades que a língua ofereça, para manejá-la nas diversas situações que sentir necessidade.

O professor deverá perceber que a gramática da língua é constituída por bem mais do que isso para conseguir fazer um trabalho efetivamente pertinente e produtivo no ensino de língua materna. Importa, pois, registrar, reafirmar e destacar aqui que a gramática internalizada é a que constitui não só a competência gramatical do usuário mas também sua competência textual e sua competência discursiva e, portanto, a que possibilita sua competência comunicativa. (Travaglia, 2006. p.30)

        

            Para que a metodologia de ensino de uma língua tenha sucesso, a escola deve entender que “Saber falar significa saber uma língua. Saber uma língua significa saber uma gramática. Saber uma gramática não significa saber de cor algumas regras”, Possenti (2008. p.10). Segundo ele, o papel da escola, é o de ensinar ao aluno aquilo que ele ainda não sabe.Tendo em vista que o aluno sabe falar e que, portanto, sabe a língua que usa em diversas circunstâncias de seu cotidiano, a escola deverá ensinar ao aluno a língua padrão, que o aluno ainda não domina plenamente, a fim de utilizar essa variedade quando lhe for conveniente.

            Nesse caso, se o intuito é levar o aluno aaprender a língua padrão, o papel da escola, é de criar condições para que esse aprendizado aconteça. Tendo em mente que o aluno já possui uma língua própria, a que ele domina, e apenas será adicionada outra língua para ser utilizada em outro momento de interlocução, o que Soares (2006) chama debidialetalismo funcional”, que são “falantes de dialetos não-padrão devem aprender o dialeto-padrão, para usá-lo nas situações em que ele é requerido”. Postura essa descrita por Lemle (1978) apud Soares(2006):

A sua missão não é a de fazer com que os educandos abandonem o uso de sua gramática ‘errada’ para a substituírem pela gramática ‘certa’, e sim a de auxiliá-los a adquirirem, como se fora uma segunda língua, competência no uso das formas linguísticas da norma socialmente prestigiada, à guisa de um acréscimo aos usos linguísticos regionais e coloquiais que já dominam. (Lemle, 1978, pg. 60-94apud Soares, 2006. p. 49).

 

Essa aquisição de uma “segunda língua” trará a “competência comunicativa” que para Travaglia (2006)todos devem possuir essa capacidade de saber adequar a língua às diferentes situações de comunicação. Tal ensino implica utilizar a competência gramatical, também chamada de linguística, e a textual.

            O professor que sente necessidade de desenvolver a competência comunicativa de seus alunos trabalhará de modo a proporcionar ao estudante o contato com uma grande variedade de textos, para que o aluno tenha contato com as diversas situações comunicativas e que, desta forma, aprenda a adequar-se às mais variadas interlocuções que ele pode encontrar no seu dia a dia como Soares (2006) propõe que

[...] deve-se-lhe ensinar, na escola, o dialeto-padrão e a habilidade de usar esse dialeto ou o seu próprio de acordo com o contexto; para isso, a escola e os professores devem conhecer a teoria das diferenças dialetais, reconhecer que os dialetos não-padrão são sistemas linguísticos tão válidos quanto o dialeto-padrão e, assim, ter atitudes positivas e não discriminativas em relação à linguagem dos alunos. (Soares, 2006. pg.50)

 

            Essa proposta também apoiada por Travaglia (2006), encaminha à escola e ao professor de LP, a viabilidade de levar o aluno a dominar a norma padrão da língua e de ensinar a modalidade escrita da língua, que é distinta da variedade oral, não por ser mais importante, mas por ser necessária de se conhecer, pois permite ao aluno a participação em situações comunicativas diversas da oralidade.

 

Considerações acerca da prática docente nas aulas de Língua Portuguesa

            Diante do estudo acerca das concepções de linguagem correlacionadas às concepções de gramática, foi possível observar que:

Todo falante nativo de uma língua tem o direito de se expressar em sua língua materna, oralmente ou por escrito. E este direito se torna um dever quando se trata de um falante plenamente escolarizado, um falante culto, que tem como campo de atuação profissional a educação de outros concidadãos. (BAGNO,2004, p. 13)

 

            Partindo dessa visão de língua como instrumento a serviço da linguagem e esta como capacidade humana de interação, numa perspectiva social, pensa-se na ação de professores de língua materna por um caminho centrado na e pela linguagem. Não mais em um ensino estigmatizado pelo autoritarismo, em que se utiliza a língua padrão como se fosse o único dialeto válido.

            Devido a isso, é fundamental que a escola e seus professores adotem e assumam uma postura consciente e eficiente em relação ao ensino de língua materna; abandonem o ensino centrado no código, isolado e desvinculado do sujeito que dele faz uso, do sujeito e da história que ele representa, eliminando o equívoco que, segundo Possenti (2008. p.12), “é o de não perceber que os menos favorecidos socialmente só têm a ganhar com o domínio de outra forma de falar e de escrever”, e que ,para Bagno (2004), é o de não ver a língua pelo viés de língua brasileira, quando diz que:

Estudar o brasileiro é dar voz à língua falada e escrita aqui, neste país chamado Brasil, 92 vezes maior que Portugal, habitado por uma população quase 17 vezes mais numerosa. É perceber que todas as línguas mudam, que toda língua é um grande corpo em movimento, em formação e transformação, nunca definitivamente pronto. (Bagno. 2004. p.0)

 

            Nessa postura e visão de educação, o ensino será descentralizado, não mais baseado apenas na gramática normativa da língua, e sim, em um ensino visto como oportunidade de o aluno desenvolver sua capacidade comunicativa, como lembra Soares (2004, p. 78):

Um ensino de língua materna comprometido com a luta contra as desigualdades sociais e econômicas reconhece, no quadro destas relações entre a escola e a sociedade, o direito que têm as camadas populares de apropriar-se do dialeto de prestigio, e fixa-se como objetivo levar os alunos pertencentes a essas camadas a dominá-lo, não para se adaptarem às exigências de uma sociedade que divide e discrimina, mas para que adquiram um instrumento fundamental para a participação política e a luta contra as desigualdades sociais.(Soares.2004, p. 78)

            Para um professor de língua portuguesa é um fator determinante conhecer as concepções de linguagem, e este conhecimento embasará suas atividades de ensino.

Aprender a língua, seja de forma natural no convívio social, seja de forma sistemática em uma sala de aula, implica sempre reflexão sobre a linguagem (...). Quando nos envolvemos em situações de interação há sempre reflexão (explícita ou não e neste caso automática) sobre a língua, pois temos de fazer corresponder nossas palavras às do outro para nos fazer entender e para entender o outro. Impossível, pois, usar a língua e aprender a língua sem reflexão sobre ela .(GERALDI, 1993, pp.16-17apud TRAVAGLIA, 2006, p.107).

 

            Uma vez discutida a importância do estudo acerca das concepções de linguagem para o sujeito docente e os reflexos desse conhecimento em sua prática em sala de aula, busca-se descrever as respostas dos professores de LP do Ensino Fundamental e Médio de Escolas Públicas e Particulares de Belém e Marituba, obtidas na pesquisa de campo, por meio de um questionário. Ao todo, apenas oito professores, de um total de vinte para os quais o questionário foi apresentado, responderam as perguntas. Desses oito professores, dois trabalhavam na Escola Municipal em Regime Convênio Nossa Senhora da Paz, em Marituba; dois na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Edmundo de Queiroz, Marituba; dois na Escola Estadual Prof.ª. Plácida Cardoso, Belém; e, dois trabalhavam no Colégio Nóbrega, caráter particular, em Belém. A coleta de dados foi realizada no período de maio a junho de 2012.

Na entrevista foram realizadas as seguintes perguntas:

1. O que você entende por LP?

2.Que tipo de estratégia você utiliza para ensinar seus alunos?

3.Por que você acha o ensino aprendizagem de LP importante na vida dos alunos?

4. Qual a diferença entre língua e gramática?

 5. Como as concepções de língua adotadas interferem na prática docente?

A partir das respostas, foram elaboradas tabelas com intuito de apresentar de maneira mais objetiva os dados da pesquisa. Pretendeu-se, com as perguntas propostas, observar quais as concepções de linguagem, língua e gramática, adotadas pelos professores participantes da pesquisa, a fim de refletir como tais escolhas poderiam vir a interferir em suas práticas em sala de aula.

            Com relação à primeira pergunta, percebeu-se, de modo geral, que as respostas dos professores revelaram as seguintes concepções:

Pergunta 1: “O que você entende por LP? ”

Professores (08)

Respostas

4

Língua como algo em prol da interação social, construção coletiva.

3

Língua destinada à comunicação de um emissor a um receptor.

1

Língua vista como materialização dos pensamentos das pessoas.

 

            A partir das respostas acima, observou-se que 4, de um total de 8 professores, entendem a língua enquanto lugar da interação, o que permite pressupor, preliminarmente, que tais professores dão oportunidade a seus alunos de trabalhar a língua que usam de fato, não estando presos a prescrição de regras pré-estabelecidas. Com relação aos outros 4 professores, 3 deles consideram a língua como algo que serve apenas para estabelecer a comunicação entre indivíduos e 1 acredita ser a língua a expressão dos pensamentos das pessoas, o que faz com que se infira que esses professores enxergam seus alunos como passivos diante do processo ensino/aprendizagem de língua materna.

Para a segunda pergunta, foram obtidas, em linhas gerais, as seguintes respostas:

Pergunta 2: “Que tipo de estratégia você utiliza para ensinar seus alunos? ”

     Professores (08)

Respostas

3

Textos diversos para chegar ao aluno e ensinar as regras da gramática.

3

Textos dos livros didáticos e paradidáticos, interpretação e gramática.

2

Leitura e interação, compreensão acerca das variedades: padrão e não padrão.

 

Nota-se que apenas dois dos professores parecem entender o caráter interacional do processo ensino/aprendizagem de língua portuguesa, em que se admite a heterogeneidade da língua, contrariando o que foi obtido como resposta à primeira pergunta, em que 4 professores afirmam entender a língua como lugar da interação. Dos outros 6 professores, 3 revelaram que suas práticas estão focadas no ensino de gramática, utilizando o texto como pretexto para o ensino de regras gramaticais, e 3 parecem se limitar apenas aos manuais escolares.

            Com relação à importância do ensino/aprendizagem de língua portuguesa, constante na terceira pergunta, as respostas, resumidamente, foram:

Pergunta 3: “Por que você acha o ensino aprendizagem de LP importante na vida dos alunos? ”

Professores (08)

Respostas

4

Para que possam aprender suas regras e com isso poder se comunicar

2

Para poder se expressar de maneira adequada, nas diversas situações.

2

Com intuito de conhecer as variedades e sentidos que a língua apresenta e assim utilizá-las nas determinadas situações.

 

            Observou-se entre as respostas dos 8entrevistados, que 4consideram de grande relevância o ensino/aprendizagem de LP, os quais informam que o ensino das normas e regras para “o bom falar e escrever bem”, direcionarão os alunos a uma boa comunicação. Esses professores responderam favorecendo ao uso especificamente da gramática normativa, excluindo os demais estudos que possam direcionar o aluno a um conhecimento sobre demais variedades linguísticas. Já 2professorestiveram uma visão do ensino de língua voltado a conhecer suas variedades, apenas no sentido de responder o porquê do aprender a língua e não o para que serve o estudo da língua, ou seja, o intuito desses professores parece ser, o de levar o aluno a aprender a utilizar a língua em qualquer atividade comunicativa, mas no sentido apenas de transmissão de informação e não no sentido de prática social. Os 2 restantes contemplaram o ensino de língua sob um olhar reflexivo, observando as variedades e construção de sentidos, direcionando a um conhecer  que implica um alcance de novas habilidades, para fazer uso nos momentos de necessidades. Como pôde ser observado, esse ensino está pautado sob o viés da concepção interacional.

            Já na quarta pergunta os professores, mesmo receosos de responderem sobre as diferenças entre língua e gramática, e serem redundantes em comparação às anteriores, disseram:

Pergunta 4: “Qual a diferença entre língua e gramática? ”

     Professores (08)

Respostas

2

A língua se prende ao que o povo fala, e da maneira como fala, sem regras, já a gramática se ocupa das formas que deveriam ser usadas, para essas línguas durante o ato de se expressar.

4

A língua é o processo de comunicação, a gramatica é a codificação desse processo.

2

A gramática é a normatização da língua. Língua é usada de várias maneiras. Na escrita e oralidade necessita-se de parâmetros que configurem a língua, seja ela escrita ou oral.

 

            Nas respostas, verificou-se que dois professores de fato não sabem o que é a língua, afirmando que ela não tem regras; com relação ao conceito de gramática. Os referidos professores acreditam que corresponda a regras que “deveriam ser usadas”, não admitindo a existência de outras concepções de gramática diferentes da normativa. Divergindo desse pensamento,4 professores veem a língua como forma de comunicação de um emissor a um receptor, e quanto a gramática corresponderia, para eles, à codificação dessa comunicação. Os outros 2 professores veem a gramática como normalização, parâmetros a seguir, percebendo a língua como algo variável; esses últimos, ainda que de maneira vaga, parecem estar menos distantes de uma possível relação língua/gramática menos equivocada.

            Na quinta pergunta os professores responderam a questão valorizando toda e qualquer manifestação de língua, independentemente de suas concepções, como se pode observar:

Pergunta5: “Como as concepções de língua adotadas interferem na prática docente? ”

     Professores (08)

Respostas

2

Porque o ensino da língua deverá andar paralelo com a diversidade linguística, cultural, econômica e tecnológica a que estamos sujeitos.

3

Porque as maneiras dos alunos se expressarem, durante as mais variadas situações, fazem com que não se sintam obrigados ao estudo da gramática. 

3

Por ter hoje uma nova maneira de falar e de escrever, em sala de aula e demais lugares. 

 

            Verificou-se nas respostas de todos os professores que eles parecem não ter compreendido de fato a pergunta feita. Ao invés de relacionarem a maneira como compreendem a língua à forma como procedem em sala de aula, eles foram imprecisos, confusos. Embora todos tenham admitido, nessa resposta, o caráter social da língua, não responderam o que foi efetivamente perguntado. As respostas permitem perceber a falta de clareza desses professores com relação a suas atuações em sala de aula; parecem não saber, de fato, o que ensinam e nem como ensinam em; ora admitem a língua enquanto instrumento de comunicação, ora apontam para a inserção social da língua; enfim, tais professores parecem carecer de um maior esclarecimento com relação a seu papel e suas práticas.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            Diante do objetivo proposto, concluímos que, entre os professores participantes da pesquisa, a maioria não tem uma visão clara daquilo que ensina, não sabe que língua e gramática são conceitos diferentes. A percepção que temos é de que as práticas pedagógicas adotadas por esses professores se pautam nos moldes tradicionais. Contudo, novos desafios e possibilidades vêm surgindo a cada dia ,norteando o ensino de língua materna, o que pôde ser percebido em algumas respostas obtidas na pesquisa.

            Em resumo, Travaglia e os demais autores propuseram uma visão de linguagem como prática social, em que o professor ensinará aos alunos o que é uma língua, quais as propriedades e usos que ela realmente tem, qual é o comportamento da sociedade e dos indivíduos com relação aos usos linguísticos, nas mais variadas situações de vida. Enfim, ensinar a construir sentidos em torno dos textos nas práticas em sala de aula, influenciados por valores sócio-histórico-culturais, os quais produzem efeitos sobre os usuários da língua. Pois é na e pela linguagem que são construídas e desenvolvidas as identidades dos indivíduos, e nessa convivência prática de inter-ação que é edificado o caráter transcultural de relações sociais.

            Ao concluir este artigo, constatamos que trabalhar em sala de aula com intuito de desenvolver um trabalho efetivo com nossos alunos é possível. Mas, para que isso aconteça, nós, professores de língua portuguesa, devemos nos sentir motivados a sair do senso comum e a incorporar novas práticas em nosso fazer pedagógico, tendo sempre em mente que é nossa responsabilidade adotar uma concepção de linguagem e língua que possibilitem, de fato, a inclusão de nossos alunos na sociedade e nas práticas discursivas nas quais estão inseridos, para que aconteça uma educação diferente do que se vê no cotidiano de sala de aula.

 

REFERÊNCIAS

 

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 12ͦ. ed. São Paulo: Hucitec/ Petrópolis: Vozes, 2006.

 

BAGNO, M. Português ou brasileiro?:um convite à pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Loyola, 2004.

 

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa: 3º e 4º Ciclos do Ensino Fundamental. MEC/SEF, 1998.

 

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Ed. Scipione, 2007.

 

GERALDI, João W. Portos de passagem. 11ͦ. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

_____. O texto na sala de aula.  Ed. Ática. 3ͦ São Paulo- SP. 2000.

 

KOCH, Ingedore Villaça. A Inter-ação pela linguagem. 10. ed. São Paulo: Contexto, 2007.

 

SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 17. ed. São Paulo: Ática, 2006.

 

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 2006.

 

POSSENTI, Sírio. Por que [não] ensinar gramática na escola. Campinas, SP : Mercado de Letras : Associação de Leitura do Brasil, 1996. (Coleção Leiturasno Brasil)

 

 



[1] Cleide Rosana Gomes Araujo- licenciatura em Letras UFPA, especialista em Analise Textual, licenciatura em pedagogia (em curso), no momento estou atuando como professora em Lucas do Rio Verde- MT no estado e no município. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[2] Ozana Vale- licenciatura em Letras UFPA, Especialista em Analise Textual, no momento esta atuando como professora no município de Ananindeua no estado do Pará. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.. (65) 9665-1785