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A BRINCADEIRA COMO PROPOSTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Suziclei Martins Toro Gasi[1]

Ana Paula da Silva[2]

Neura Lucia da Silva[3]

 

RESUMO

Este artigo aborda um dos temas mais relevantes da Educação Infantil – a brincadeira como proposta pedagógica. O nosso objetivo é mostrar a importância da brinquedoteca no espaço escolar enfocando que as brincadeiras são atividades de estimulação capazes de contribuir para o desenvolvimento cognitivo, físico, social e emocional da criança em idade pré-escolar, procuramos realizar uma pesquisa, na modalidade de Pesquisa-ação, onde sugerimos que no espaço escolar tenha uma brinquedoteca para que as brincadeiras no universo escolar infantil sejam o foco principal. Aliando-se a abordagem teórica encontrada nos pressupostos de Piaget e Vygotsky à realidade vivida nas Instituições de Educação Infantil, quanto à prática da brincadeira na atividade docente, buscamos elaborar uma proposta de brinquedoteca que viabilize uma educação que respeite as características da infância, considerando-as como o alicerce do trabalho educativo eficaz.

Palavras-chave: Educação Infantil. Brinquedoteca. Estimulação. Imaginário. Brincadeiras.

 

ABSTRACT

This article discusses one of the most important issues of early childhood education - to play as a pedagogical proposal. Our goal is to show the importance of the toy library at school focusing on the games are stimulating activities that contribute to the cognitive, physical, social and emotional child in preschool, we try to perform a search, the type of search -ation, which we suggest that the school environment has a playroom for the children play in the school environment are the main focus. Combining the theoretical approach found in the assumptions of Piaget and Vygotsky to the reality experienced in early childhood education institutions, as the practice of play in teaching activity, we seek to draft a toy that makes possible an education that respects childhood characteristics, considering them as the foundation of effective educationalwork.

Keywords: Early Childhood Education. Playroom. Stimulation. Imaginary. Play. .

 

INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta como linha de pesquisa Docência na Educação Infantil e enfocamos aqui a importância do brincar na Educação Infantil.

Com os avanços tecnológicos e o surgimento de um assoberbado de novidades a educação precisa oportunizar mudanças no modo trabalhar com a criança no espaço escolar, pois para os dias atuais é, cada vez mais, necessário um trabalho dinâmico e que venha chamar a atenção dessa criança fazendo com que o ambiente escolar se torne atrativo e ela sinta prazer em estar ali.

O nosso maior objetivo é promover uma discussão sobre a construção da Identidade do Educador da Educação Infantil fazendo um paralelo com a importância do brincar na infância, para isso, queremos analisar a importância da brinquedoteca dentro do espaço escolar.

É sabido que brincadeira é um recurso didático importante, pois ela faz com que o aluno vivencie aquilo que ele está aprendendo, interagindo com o conteúdo, e, portanto, proporciona uma aprendizagem muito mais significativa do que os métodos tradicionais.

Então, pretendemos investigar os conceitos e fundamentos da infância e imaginação verificando a importância da brincadeira no processo de ensino e aprendizagem da criança, assim como também quais os benefícios dela para o ensino e aprendizagem na Educação Infantil.

O Nosso intuito é compreender de que maneira os jogos podem ajudar na socialização da criança e também como trabalhar as brincadeiras no espaço escolar e quais são as metodologias adequadas para o trabalho com os jogos no cotidiano de uma sala de aula de Educação Infantil.

É fundamental saber que o lúdico exerce uma importância muito grande no cotidiano da sala de aula e traz para a criança um universo de conhecimento muito mais significativo, pois ao mesmo tempo em que brinca ela aprende.

Procuraremos mostrar como a brincadeira pode contribuir com a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança.

Sabemos que a maioria das escolas de Educação Infantil procuram oferecer algum momento de brincadeira dentro do espaço escolar, mas o fato é que muitas delas não possuem um espaço adequado para tal e muitas vezes o que oferecem são horários rígidos, atividades padronizadas e pouca escolha para a criança.

Dessa forma, a socialização pela brincadeira na Educação Infantil vai ficando, cada vez mais ausente, pois, o que é priorizado dentro do espaço escolar é a aquisição de rendimento de escrita e cálculo.

Na realidade grandes espaços internos e externos como salões, salas e corredores estão sempre vazios, e muitas vezes, estes não são utilizados da maneira adequada para a idade infantil e assim as ditas brincadeiras livres, que pela ausência de objetos ou cantos estimuladores favorecem correrias, empurrões e desordem.

Então, diante do exposto, faz-se necessário a criação de brinquedotecas nas escolas de Educação Infantil e creches, pois elas são grandes ferramentas pedagógicas para o Ensino Infantil contribuindo assim, para o aprimoramento da aprendizagem e, sobretudo, melhores rendimentos escolares.

Por esta razão, propomos neste artigo uma brinquedoteca com o objetivo de oportunizar novos meios, novas direções que tornarão a aprendizagem mais autêntica, mais prazerosa e estimulante para a criança dentro do espaço escolar contribuindo com a excelência do pedagógico dando margem ao educador, trabalhar e estimular a aprendizagem e, por conseguinte determinar o brincar como conteúdo dinâmico colaborador para a formação infantil.

O conceito da infância

A infância é uma condição da criança é um período pelo qual todos passam. È da natureza do ser nascer e passar pela fase da infância até um determinado período, independente da condição vivida.

De acordo com Heywood (2004), a fascinação pelos anos da infância é um fenômeno relativamente recente e isso fez com que o seu conceito sofresse alterações, considerados por muitos estudiosos, significativa no decorrer dos tempos.

A criança possui uma natureza singular e isso a caracteriza como um ser que sente, age e pensa o mundo de forma muito particular e própria, pois ela se utiliza de muitas maneiras e de diferentes linguagens e exercem a sua capacidade para terem ideias próprias e originais sobre o que procuram ou querem desvendar.

Com o passar dos anos o conceito de infância foi sofrendo modificações e consoante com diferentes culturas esse conceito foi sendo visto de diversas maneiras por muitos. O fato é que a concepção de infância que temos hoje, que é a fase das descobertas e brincadeiras, nem sempre foi visto dessa forma. As crianças de antigamente eram vistas como pequenos adultos e assim eram tratados como tal.

Nos dias atuais, há uma grande preocupação em se cuidar da criança como seres merecedores de proteção, afeto, carinho, educação e cuidado, pois para muitos esta é uma fase da vida onde reina a fantasia e a liberdade.

A verdade é que nunca se estudou tanto a infância e de acordo com Pinto e Sarmento (1997, p. 33):

 

Quem quer que se ocupe com a análise das concepções de criança que subjazem quer ao discurso comum quer à produção científica centrada no mundo infantil, rapidamente se dará conta de uma grande disparidade de posições. Uns valorizam aquilo que a criança já é e que a faz ser, de facto, uma criança; outros, pelo contrário, enfatizam o que lhe falta e o que ela poderá (ou deverá) vir a ser. Uns insistem na importância da iniciação ao mundo outros defendem a necessidade da proteção face a esse mundo. Uns encaram a criança como um agente de competências e capacidades; outros realçam aquilo de que ela carece (apud. CASTRO[4]).

 

 

Segundo dados da história foi a partir do século XII ao século XVIII que ocorreram grandes transformações históricas e assim a infância tomou diferentes conotações dentro do imaginário do homem em todos os aspectos, sejam eles sociais, culturais, políticos e econômicos.

A criança é um sujeito social e histórico que faz parte de uma organização familiar e está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico.

 

A criança é, antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo dos seus instintos naturais aliados e não inimigos. (ROSAMILHA, 1979, p. 77)

 

E a infância é a idade das brincadeiras e em grande parte delas a criança satisfaz seus desejos, necessidades e interesses mais particulares. E este é um meio de inserção na realidade, pois expressa a maneira como ela reflete, organiza, destrói e reconstrói seu mundo através da imaginação, pois o imaginário faz parte do cotidiano de uma criança.

A criança necessita que a brincadeira faça parte de sua infância, pois através desse mundo ela imagina seres, busca respostas para as suas fantasias e a imaginação passa a fazer parte do seu cotidiano porque a partir disso é que ela vai se tornando cada vez mais criativa.

A imaginação tem que fazer parte do dia a dia da criança, pois ela é função vital do cérebro humano e segundo Vygotsky (2008) a imaginação se apoia na experiência, pois a atividade criadora da imaginação se encontra em relação direta com a riqueza e a variedade de experiências acumuladas pelo homem ao longo de sua existência.

Dessa forma, é importante que a imaginação da criança seja constantemente aprimorada para que assim ela adquira experiências e se torne criativa e através do seu mundo fantasioso ela descubra seu mundo e manifestar seus sentimentos.

E não há problemas que a vivencia de uma criança seja fantasiosa, porque o sentimento que ela traz é da realidade e esses sentimentos são influenciados pela imaginação e são essas práticas que promovem o pensamento lógico e as capacidades cognitivas.

Por esta razão, é extremamente importante que a atividade imaginativa seja despertada em uma criança, pois com essa prática essas fantasias vão se transformando em experiências que devem ser bem exploradas na infância para que com isso, os momentos de brincadeiras façam com que ela saiba se sobressair aos momentos de conflitos consigo mesmo e com o outro.

Sendo assim, é de primordial importância a utilização das brincadeiras e jogos no processo pedagógico, pois o lúdico faz a criança vivenciar aquilo que está aprendendo e assim o aprender se torna muito mais significativo e atraente.

Para Froebel “a criança é como uma sementinha a ser cultivada...” (ARCE, 2004, p.11) e para que ela cresça com vitalidade e se transforme em uma árvore que dê bons frutos ela precisa ser bem cultivada desde o início de seu plantio e essa é uma tarefa que não deve ser desprezada pelo bom educador na Educação Infantil, pois é tarefa dele fazer com que esse pequenino seja bem estruturado para o seu futuro escolar. 

O professor precisa ter a consciência do quanto o trabalho com a Educação Infantil é importante para o crescimento e desenvolvimento do educando em toda a sua vida escolar posteriormente, pois ali é a base e o alicerce do aluno. Se este for bem trabalhado e moldado terá certamente um bom desempenho em sua aprendizagem, caso contrário levará sequelas para todo o seu percurso escolar.

 

 

2.1 A importância do brincar na Infância

Desde o nascimento a criança é inserida em um contexto social e o primeiro contato social que ela tem é a interação com os pais, ou seja, a criança já nasce em um núcleo social, que é a família. O primeiro contato com o seu meio é a troca de afeto e é a partir deste, que se estabelece uma relação com ‘o mundo que se processa durante toda a sua vida. O conhecimento e a aceitação de si mesmo e do outro nasce do desenvolvimento emocional, afetivo e, consequentemente, social.

Nos primeiros anos de vida a criança entra em contato com o mundo das brincadeiras, pois o que os pais mais fazem é estimular ela para a brincadeira e ao longo de seu crescimento esse brincar vai fazendo que ela construa sua identidade.

A verdade é que a infância é a fase das brincadeiras que começam muito cedo no interior da casa onde a criança já se envolve com os mais diversos tipos delas, sejam cantadas, de se esconder, imitação, pois ao adquirir certo entendimento ela começa a imitar os adultos e muitas vezes esses não percebem a importância destes tipos de brincadeiras.

 A brincadeira faz parte do mundo infantil e nesta perspectiva a criança precisa ser respeitada em seus interesses e curiosidades e o brincar tem que fazer parte do cotidiano dela, pois assim ela desenvolverá suas habilidades e competências.

Dessa forma a brincadeira da criança encontra papel fundamental na educação infantil, pois quando ela brinca desenvolve e conhece o mundo a partir das interações estabelecidas com esse brincar e a partir disso ela pode interagir com o outro que faz parte de sua brincadeira e construir experiências significativas para o seu desenvolvimento psico e motor.

 Brincando, a criança desenvolve a imaginação, fundamenta afetos, explora habilidades e, na medida em que assume múltiplos papéis, fecunda competências cognitivas e interativas.

O ato de brincar é o momento maior da vida infantil e de sua adequação aos seus desafios, é brincando que a criança elabora conflitos e ansiedades, demonstrando ativamente sofrimentos e angústias que não sabe como explicitar.

A brincadeira bem conduzida estimula a memória, exalta sensações emocionais, desenvolve a linguagem interior — e, às vezes, a exterior —, exercita níveis diferenciados de atenção e explora com extrema criatividade diversos estados de motivação.

A aprendizagem e a construção de significados pelo cérebro se manifestam quando este transforma sensações em percepções e estas em conhecimentos, mas esse trânsito somente se completa de forma eficaz quando aciona os elementos essenciais proporcionados pelo bom brincar, que são memória, emoção, linguagem, atenção, criatividade e motivação.

Nas brincadeiras, a criança constrói seus próprios mundos motivados pelo faz de conta e deles fazem o vínculo essencial para compreender o mundo adulto, dão novos significados e reelaboram acontecimentos que estruturam seus esquemas de vivências, sua variedade de pensamentos e a gama diversificada de sentimentos que têm.

Quando uma criança se encontra distanciada da criação do seu mundo do faz de conta se afasta da significação do mundo real em que, como adulto, buscará decifrar e estabelecer linhas de convivência.

É frequente encontrar muitos desajustes apresentados por adultos e isso acontece porque muitos não tiveram uma infância marcada pelas brincadeiras e pelo marcante mundo do "faz-de-conta", com o qual se arquiteta o mundo infantil. Não é, pois, sem razão que a brincadeira representa o sólido eixo da proposta educativa de uma boa escola de Educação.

A criança é um ser egocêntrico, só se interessa por ela mesma, para depois se interessar pela família, casa, escola, ampliando, dessa forma é o seu circuito de interesses até os problemas mais amplos da humanidade.

Dessa forma, o brincar da criança apoia e valoriza seu desenvolvimento no sentido de que a brincadeira surge como a linguagem natural da criança, e a aprendizagem ocorrem pela descoberta.

Diante disto, é fundamental que o trabalho com a Educação Infantil dentro do espaço escolar seja feito através do lúdico onde as crianças têm mais chances de crescerem e se adaptarem ao mundo coletivo.

O lúdico tem que ter prioridade na Educação Infantil e deve ser parte integrante da vida da criança, não somente no aspecto de divertimento ou como forma de descarregar tensões, mas também como uma forma de penetrar no âmbito da realidade, inclusive na realidade social.

Sobre o aspecto lúdico, Silvers nos diz que:

 

Brincando (...) as crianças aprendem (...) a cooperar com os companheiros (...), a obedecer as regras do jogo (...), a respeitar os direitos dos outros (...), a acatar a autoridade (...), a assumir responsabilidades, a aceitar penalidades que lhe são impostas(...), a dar oportunidades aos demais(...), enfim, a viver em sociedade. (SILVERS, 1982, p.110)

 

Dessa forma, as escolas de Educação Infantil jamais devem afastar o lúdico da vivência dos alunos em sala de aula e precisam fazer com que a brincadeira seja o momento facilitador da aprendizagem.

Conforme Santos (2004, p. 45): "o lúdico é eminentemente educativo no sentido em que constitui a força impulsora de nossa curiosidade a respeito do mundo e da vida, o princípio de toda descoberta e toda criação".

Então, a escola é o espaço de criação e não de reprodução, diante disto, ela precisa se dar conta que através do lúdico as crianças traz benefícios à criança fazendo com que ela crescerem e se adaptarem ao mundo coletivo de maneira mais segura.

Para Freud, o brincar seria o caminho mais saudável para sublimar as energias libidinais, ao invés de reprimi-las e, posteriormente, incorrer em uma tortura psíquica e posterior neurose.

Sendo assim, o brinquedo não proporciona somente como um instrumento de prazer à criança, mas de libertá-la de frustrações, canalizando suas energias, dando motivo e importância à sua ação, além de explorar todo o seu potencial de criatividade e imaginação, auxiliando a formar um ser humano mais pleno consigo mesmo e com os demais.

 

Bruner (1976) atribui ao ato lúdico a possibilidade de exploração de problemas. Vygotsky (1988) interpreta a brincadeira como uma situação imaginária mediatizada pela relação que a criança tem com a realidade social. Gardner (1998) entende a brincadeira como a elaboração de roteiros cognitivos manifestos em sequências simbólicas, quando tratar um objeto como se fosse outro em brincadeiras de faz-de-conta é a forma principal de metarrepresentação. Piaget (1976) busca a equilibração como mecanismo de adaptação da espécie em que a brincadeira gera comportamentos de assimilação e acomodação ( apud. PERONDI, 2001, p.141).

 

Ou seja, toda brincadeira quando bem selecionada e com objetivos claros só ajuda no desenvolvimento da criança, que constrói, por meio da interação, a percepção futura de mundo do sujeito.

Na Educação Infantil, o brincar deve ser tão valorizado quanto o cuidado, o amor, o descanso e a nutrição. O brincar em movimento, para a criança, é a representação de seu cotidiano.

Por meio da brincadeira a criança expressa sua criatividade, sentimentos e descobertas sobre si mesma, assim como consegue descobrir o outro e o meio ambiente. A curiosidade e agitação naturais entre as crianças fazem do movimento um estímulo para o seu crescimento biológico, intelectual e emocional.

Segundo Vygotsky (1998) as brincadeiras são importantíssimas na constituição do pensamento infantil, pois é brincando, jogando, que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entra em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos.

E Oliveira (2000) o ato de brincar é um processo de humanização, no qual a criança aprende a conciliar a brincadeira de forma efetiva, criando vínculos mais duradouros. Dessa forma, as crianças desenvolvem sua capacidade de raciocinar, de julgar, de argumentar, de como chegar a um consenso, reconhecendo o quanto isto é importante para dar início à atividade em si.

Na educação, e principalmente na Educação Infantil o ato de brincar é um potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, através do lúdico que a criança vivencie a aprendizagem como processo social.

Então, é de fundamental importância que jogos e brincadeiras estejam permanentemente presentes no cotidiano da sala de aula, pois além de propiciar uma dinamicidade a aula fazem com que a aprendizagem se torne prazerosa e a criança se sinta muito mais instigada ao aprendizado.

É brincando que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo e ao outro.  Por esta razão o lúdico torna o fazer pedagógico muito mais fácil uma vez que cria possibilidades diferentes para o aprendizado.

A aprendizagem através do lúdico torna-se interdisciplinar e promove uma alfabetização significativa e incorpora o conhecimento através das características do conhecimento do mundo.

A ludicidade na sala de aula promove o rendimento escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e o sentido e possibilita ao professor intervir de maneira apropriada, não interferindo e descaracterizando o prazer que o lúdico proporciona.

Ou seja, a inserção de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica podem desenvolver diferentes atividades que contribuem de forma significativa as inúmeras aprendizagens e ampliam a rede de significados construtivos para a criança.

 

2.2 O que é Educação Infantil?

De acordo com estudiosos foi no século XVII que surgiram as primeiras preocupações com a educação das crianças em virtude do reconhecimento e valorização das crianças pequenas.

E a partir do ano de 1996 a Educação Infantil passou a fazer parte da educação básica, juntamente com o ensino fundamental e o médio.

De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96), no artigo 29: “A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.

E segundo a referida lei, a Educação Infantil deve ser oferecida em creches para as crianças de 0 até os 3 anos de idade, e em pré-escolas para crianças de 4 até os 5 anos. Dessa forma, é de responsabilidade do município a implantação facultativa e Centros de Educação Infantil.

O papel da Educação Infantil é também ajudar no desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social da criança, complementando a ação da família e da comunidade.

A Educação Infantil não possui um currículo formal e o papel dela é o cuidar da criança em espaço formal de maneira que contemple a alimentação, a limpeza e o lazer (brincar). É preciso também educar, mas sempre respeitando o caráter lúdico das atividades, com ênfase no desenvolvimento integral da criança.

É por esta razão que o lúdico na Educação Infantil é tão importante e não cabe à educação infantil alfabetizar a criança, pois nessa fase ela não tem maturidade neural para isso, salvo os casos em que a alfabetização é espontânea.

O trabalho na Educação Infantil deve ser pautado pelo Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática e o objetivo maior é o de desenvolver algumas capacidades da criança como: ampliar relações sociais na interação com outras crianças e adultos, conhecer seu próprio corpo, brincar e se expressar das mais variadas formas, utilizar diferentes linguagens para se comunicar, entre outros.

Na Educação Infantil devem ser estimuladas as diferentes áreas de desenvolvimento da criança aguçando a sua curiosidade com brincadeiras lúdicas que façam com que ela se sinta feliz e tenha prazer em frequentar um espaço escolar.

Por isso, é muito importante que o espaço escolar seja um ambiente atrativo e agradável e por esta razão é que queremos aqui também falar sobre a importância de que em todas as creches ou Centros de Educação Infantil tenha uma brinquedoteca onde a criança possa explorar brincadeiras e descobrir suas habilidades construindo o aprendizado através do lúdico.

 

 A importância da Brinquedoteca na Educação Infantil

            Ter uma brinquedoteca dentro do espaço escolar na Educação Infantil é de fundamental importância para a construção da aprendizagem da criança, pois como já foi abordado acima o momento da brincadeira exerce um papel fundamental na construção do conhecimento do aluno porque é através dessa interação dele com o outro que ele consegue interagir com o seu próprio eu e construir uma aprendizagem muito mais expressiva.

Além de proporcionar o desenvolvimento de habilidades e competências de forma natural a brinquedoteca é um espaço onde o jogo simbólico e de faz-de-conta proporciona uma aprendizagem significativa, onde a criança representa livremente sua realidade e seus desejos.

O lúdico é o ponto forte de uma brinquedoteca, por esta razão ela é o espaço onde o aluno interage com a sua imaginação e cria seus personagens e histórias que serão relevantes ao seu próprio crescimento intelectual durante todo o seu percurso escolar.

Diante do exposto, podemos assim concluir que a criação de brinquedotecas nas escolas e creches seria uma grande ferramenta pedagógica para o Ensino Infantil contribuindo de forma significativa, para o aprimoramento da aprendizagem e, sobretudo, proporcionaria melhores rendimentos escolares.

De acordo com SANTOS (2003) “... a creche é um espaço a ser dividido entre o cuidar, por ser a criança um ser completo, que necessita de cuidados, bem como a promoção de seu desenvolvimento físico, psíquico e social”.

Assim sendo as instituições de educação infantil onde a aprendizagem é permeada pela ludicidade favorece a construção da autonomia, da criticidade, da criatividade, da responsabilidade, da formação de conceitos rumo à formação de cidadão autônomo.

A verdade é que durante muito tempo pautou-se pelo um estudo cronometrado e programado onde as crianças faziam somente aquilo que lhes eram imposto. Atualmente vivemos a era dos avanços tecnológicos onde o professor precisa estar atento às mudanças para trazer para o espaço escolar atividades que venham chamar a atenção da criança.

Durante muito tempo confundiu-se ensinar com transmitir e dessa forma o trabalho com a Educação Infantil era feito de forma onde as crianças tinham que somente fazer atividades mecânicas e sem um objetivo muito claro e isso se tornava cansativo e enfadonho para a criança e esta ia perdendo, cada vez mais, o interesse pela escola.

É por esta razão que houve uma necessidade da criação de inovações que aguçassem na criança o gosto pela participação ativa dentro das atividades escolares e é aí que a brinquedoteca surge, oportunizando novos meios, novas direções que tornam a aprendizagem mais autêntica, mais prazerosa e estimulante.

E a brinquedoteca só contribui com a excelência do ensino na Educação Infantil, pois ela é um instrumento pedagógico valioso que dá ao educador a oportunidade de trabalhar de maneira prazerosa e estimula a aprendizagem fazendo do brincar um dinâmico colaborador para a formação infantil.

As atividades realizadas em uma brinquedoteca são capazes de desenvolver tanto o afetivo como o cognitivo da criança assim como também acelera o desenvolvimento intelectual, emocional e social dela.

De acordo com uma pedagoga especialista no assunto, Nylse Cunha “a brinquedoteca tem uma mensagem positiva a dar para a Escola porque pode ajudar as crianças e favorece um bom conceito de mundo, um mundo onde a afetividade é acolhida, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados” (CUNHA; In: SANTOS, 2002, p. 2).

Ter uma brinquedoteca no espaço infantil é proporcionar para a criança um espaço lúdico agradável e estimular a aprendizagem através da brincadeira, pois ela promove atividades lúdicas através de jogos pedagógicos, brincadeiras populares, brinquedos diversos, leitura de livros de histórias infantis e incita a produção dos brinquedos que serão utilizados pelos próprios alunos e assim faz com que eles exercitem o seu lado criativo e sintam-se também autores de suas brincadeiras.

Neste sentido a brinquedoteca é um espaço para o jogo e faz com que a brincadeira seja tratada como atividade voluntária e livre e assim a criança pode representar seus desejos e sua realidade através do faz-de-conta possibilitando a imaginação e criatividade.

E ainda podemos destacar que a brinquedoteca faz com que os professores da Educação Infantil tenham maior interação com seus alunos e entendam com mais clareza as diversidades apresentadas por cada criança possibilitando assim um entendimento da singularidade de cada uma.

A brinquedoteca além de ser mediadora no processo de socialização da criança é um objeto específico da infância e pode ser definida tanto em relação à brincadeira como a uma representação social.

Enfim, a presença da brinquedoteca na vida das crianças dentro do espaço escolar na Educação Infantil tem um papel fundamental uma vez que ela proporciona uma aprendizagem significativa, a aquisição de conhecimentos e desenvolve habilidades de forma natural e agradável, onde a criança brinca e aprende fazendo.

 

CONCLUSÃO

Diante das pesquisas apresentadas podemos crer que ter uma brinquedoteca permanente na escola de Educação Infantil só trará resultados positivos para a evolução na aprendizagem dos alunos uma vez que cada turma tenha um momento específico para o seu brincar a criança poderá se sentir mais livre para desenvolver suas fantasias e assim poder participar com mais entusiasmo de outras atividades propostas na escola.

Não há como negar que a brincadeira tem que fazer parte do cotidiano da criança, por esta razão é imprescindível que dentro do espaço escolar onde é trabalhado a Educação Infantil se tenha um momento específico para que esse brincar e que ele seja desempenhado de forma livre e espontâneo e ter uma brinquedoteca dentro desse espaço só torna mais fácil o trabalho do professor.

A criança precisa estar em contato com brinquedos e se na escola tiver um espaço onde ela possa encontrar isso ela certamente se sentirá instigada a participar muito mais da escola.

E ter este espaço dentro da escola será de grande valia para todos os professores e alunos e tornará o fazer pedagógico dentro da escola muito mais prazeroso e dinâmico.

É importante fazer com que este espaço seja permanente dentro da escola para que assim durante todo o ano letivo professores e alunos possam vivenciar experiências inesquecíveis dentro do espaço escolar.

 

REFERÊNCIAS

ARCE, Alessandra. O jogo e o desenvolvimento Infantil na teoria da atividdade e no pensamento educacional de Friedrich Froebel. Cad. Cedes, Campinas, Vol. 24, n. 62, Disponívél em: <htt://www.cedes.unicamp.com.br>, abril 2004.

 

Brasil LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 9394/96

CUNHA, Nylse Helena da Silva. A brinquedoteca brasileira. In: _, Santa Marli Pires dos (org.). Brinquedoteca: O lúdico em diferentes contextos. 8º ed, Petrópolis: Vozes, 2002.

 

HEYWOOD, Colin. Uma história da infância: da Idade Média á época  contemporânea no Ocidente. Porto Alegre: Artmed, 2004.

 

OLIVEIRA, Vera Barros de (org.). O Brincar e a Criança do Nascimento aos Seis Anos. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

 

PERONDI, José Dario, et al. Processo de Alfabetização e Desenvolvimento do Grafismo Infantil. Caxias do Sul: EDUCS. 2001.

ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São Paulo: Pioneira, 1979.

 

SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico: - 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 2003.

 

SANTOS, Santa Marli dos. O lúdico na formação do educador. 6ª Ed. Petrópolis/RJ: Ed.Vozes, 2004.

 

SARMENTO, Manuel Jacinto e PINTO, Manuel. As crianças e a infância: definindo conceitos, delimitando o campo. In: SARMENTO, Manuel Jacinto e PINTO, Manuel. As crianças, contextos e identidades. Braga, Portugal. Universidade do Minho. Centro de Estudos da Criança. Ed. Bezerra, 1997.

 

SILVERS,  Schwartz, S. M. Games for the classroom and the Englishspeaking. 2008.

 

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

 

_______A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança, Revista Virtual de Gestão de Iniciativas Sociais. ISSN: 1808-6535. 2008.

  

Sites:

 InfoEscola. Disponível em: http://www.infoescola.com/educacao/educacao-infantil/. Acesso em: 30/09/2013 às 20:11h.

 

[1] Licenciatura em Pedagogia. Atua como prfessora na Creche Municipal Alvorada. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[2] Licenciatura Plena em Pedagogia. Atua como professora na E.E.Professora Maria de Fátima Gimenes Lopes. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[3] Licenciatura plena em Pedagogia. Atua como professora na E.E Rene Menezes Extensão Agrovila. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[4] Citação encontrada no artigo “Noção de criança e infância: diálogos, reflexões e interlocuções” de Michele Guedes Bredel de Castro. Disponível em: alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/.../sm13ss04_02.pdf. Acesso em: 05/10/2013 às 08:14h.