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PROCEDIMENTO PARA AVALIAÇÃO DE GASES NO SOLO: UM ESTUDO DE CASO

 

Mackson Ronny de Oliveira D’Anunciação[1]

 

RESUMO

 

O objetivo deste trabalho é encontrar indícios de contaminação na área de estudo (cobertura de bombas de um empreendimento de revenda de combustíveis, situado no centro de Paranaíta – MT, Brasil), como parte de um estudo de avaliação preliminar. Vazamentos de derivados de petróleo e de outros combustíveis podem causar contaminação dos corpos d’água subterrâneos e superficiais, dos solos e do ar. Riscos de incêndio e explosões em estabelecimentos em áreas densamente povoadas são enormes. Ocorrência de vazamentos (manutenção inadequada ou insuficiente, obsolescência do sistema e equipamentos, falta de treinamento de pessoal) vem aumentando significativamente nos últimos anos. Insuficiência e ineficácia de capacidade de resposta e, em alguns casos, dificuldade de programar ações necessárias, são elementos preocupantes para enfrentar essas ocorrências. Utilizam-se documentos normatizadores como o Procedimento para remoção de tanques e desmobilização de sistemas de armazenamento e abastecimento de combustíveis, o procedimento para identificação de passivos ambientais em estabelecimentos com sistema de armazenamento subterrâneo de combustíveis (SASC), ambos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, bem como as Norma NBR 15515-1:2007, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O trabalho utiliza-se de investigação detalhada em campo para verificar a existência de contaminação na área pesquisada.

Palavras-chave: Avaliação de gases em solos. Análises químicas. TPH. Petróleo.

 

ABSTRACT

The objective of this study is to find evidence of contamination in the study area (coverage pump of a fuel retail development located in the center of Paranaíta - MT, Brazil) as part of a study of preliminary investigation. Leaks of oil and other fuels can cause contamination of bodies of groundwater and surface water, soil and air. Risks of fire and explosions in establishments in densely populated areas are huge. Occurrence of leaks (improper or insufficient maintenance, system obsolescence and equipment, lack of staff training) has significantly increased in recent years. Failure and responsiveness of inefficiency and in some cases, difficult to schedule necessary actions are disturbing elements to address these events. They use regulatory documents as the procedure for removal of tanks and demobilization of storage systems and fuel supply, the procedure for identifying environmental liabilities in establishments with underground fuel storage system (CASS), both the Environmental Company of the State São Paulo - CETESB and the NBR 15515-1: 2007, the Brazilian Association of Technical Standards (ABNT). The work was used for detailed research in the field to check for contamination in the studied area.

Kaywords: Gas evaluation in soils. Chemical analysis. TPH. Oil.

 

Introdução

 

A área de estudo deste trabalho se encontra em Paranaíta, um município do estado de Mato Grosso (MT), com população de 10.690 habitantes, em 2010, e área territorial de 4.830,143 km², o que lhe dá pouco mais de dois habitantes por km². Possui as seguintes coordenadas do centro geodésico – sede administrativa: latitude 9º 39' 53" sul, 56º 28' 36" oeste e altitude de 249 metros. Localiza-se na mesorregião Norte Mato-grossense e inclui-se na microrregião de Alta Floresta, possuindo os seguintes municípios limítrofes: Apiacás, Nova Monte Verde e Alta Floresta (MT), e Jacareacanga, no Pará (PA). Os dados encontram-se na página oficial do Município.[2]. Mais precisamente, se define a área investigada como aquela de cobertura de bombas de um empreendimento de revenda de combustíveis, que atua com bandeira branca, situado no Centro – Paranaíta – MT; se caracteriza pelo exercício da atividade de comércio varejista de combustíveis para veículos automotores, desenvolvendo a atividade há, aproximadamente, 10 anos. Há de se registrar que o Município possui 4 postos de revenda de combustíveis.

Um estudo de caso, em síntese, para Bisqueira (1989) [3], é uma análise em que se estuda “um grupo reduzido de sujeitos considerado globalmente [, observando-se] as características de uma unidade individual”. Como tal, o objetivo desse artigo é encontrar indícios de contaminação na área da pesquisa, apresentando-o como um estudo de avaliação preliminar, realizado em maio de 2014.

O objetivo de uma avaliação preliminar é realizar diagnóstico inicial da área de interesse e do seu entorno. Para tanto, realizam-se as seguintes atividades: histórico da área; levantando das atividades anteriores; identificação da origem de possíveis de contaminações; vistoria e entrevistas, dentre outras. Os dados obtidos nesta fase permitem estabelecer a classificação da área, bem assim orientar a execução das próximas fases de avaliação ambiental (investigação confirmatória e investigação detalhada e avaliação de riscos), ou se for o caso, permitir o uso da área[4] . A Norma NBR 15.515-1 (2007:4) propõe um fluxograma para as etapas de avaliação de um passivo ambiental, conforme se o reproduz na Figura 01.

Há de se registrar que a mencionada norma define avaliação preliminar nesses termos:

 

etapa inicial da avaliação de passivo ambiental em solo e água subterrânea, que objetiva encontrar indícios de uma possível contaminação nestes meios, realizada com base nas informações disponíveis, como levantamento histórico, entrevistas, imagens e fotos, e inspeções em campo, visando fundamentar a suspeita de contaminação de uma área (NBR 15.515-1, 2007:2).

 

A Figura 2 apresenta um fluxograma das etapas desse procedimento, ou melhor, dessa etapa da avaliação ambiental, registrando-se esse destaque, porquanto a avaliação preliminar tratar-se de objeto deste estudo de caso.

 

Figura 1. Fluxograma das etapas da avaliação de um passivo ambiental. Fonte: ABNT (2007).

Figura 2: Fluxograma das etapas da Avaliação Preliminar. Fonte: ABNT (2007).

A pesquisa, para ser desenvolvida, contou com o apoio técnico da Analítica, Ciência & Tecnologia, situada na Rua Quatro, casa n° 14 – Bairro São José I, Cuiabá – MT. A empresa é a responsável pelas análises e fornecedora dos equipamentos e laboratórios fundamentais para o pesquisador obter os dados para realização do trabalho.

O levantamento observa as normas técnicas e regulamentos, especialmente, o especificado pelos documentos do SISTEMA DE LICENCIAMENTO DE POSTOS, 02 de fevereiro de 2007 (S701V01): Procedimento para remoção de tanques e desmobilização de sistemas de armazenamento e abastecimento de combustíveis[5]; Procedimento para identificação de passivos ambientais em estabelecimentos com sistema de armazenamento subterrâneo de combustíveis (SASC) [6], ambos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB. Os resultados foram comparados com a tabela da Resolução no Conama 420/09, de 28/12/2009. Também observa-se a Norma NBR 15515-1:2007, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Os vazamentos de derivados de petróleo e de outros combustíveis podem causar contaminação dos corpos d’água subterrâneos e superficiais, dos solos e do ar. Os riscos de incêndio e explosões, pelo fato de que partes dos estabelecimentos se localizam em áreas densamente povoadas, são enormes. A Ocorrência de vazamentos, em função da manutenção inadequada ou insuficiente, da obsolescência do sistema e equipamentos e da falta de treinamento de pessoal, vem aumentando significativamente nos últimos anos. Insuficiência e ineficácia de capacidade de resposta e, em alguns casos, dificuldade de programar ações necessárias, são elementos preocupantes para enfrentar essas ocorrências.

Desse modo, o trabalho procura levantar dados e elementos que podem comprovar a existência (ou não) de vazamentos e demais situações de contaminação e riscos ao meio ambiente da área pesquisada.

O trabalho vale-se de monitoramentos específicos, tais como: sondagem e amostragens de efluentes de gases contidos na área investigada, análises químicas de laboratório, feitas a partir de amostras de solo e água (além de observações do aspecto visual); e entrevistas visando levantar a condição atual da presente área (estudo de caso).

O presente estudo segue, como base, os aspectos de investigação frente às instalações, ou seja, área onde se situam os tanques de combustíveis e ilha de bombas já detectadas. Chama-se de ilha de bombas à delimitação de uma determinada área onde se encontram as bombas de combustível de um posto revendedor.

No presente estudo de caso, a campanha de avaliação de VOC[7] e a amostragem de solo e água, para obtenção dos dados, ocorrem no seguinte contexto:

 

 

Área total do terreno

2.300 m²

 

 

Área construída

1.500 m²

 

 

Cobertura de bombas (área investigada)

2.300 m²

 

 

Quadro 1 – Dados da área de coleta de dados

 

Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2014)

São observados, neste relatório de avaliação preliminar, os seguintes elementos, com alguns termos (siglas) descrito em rodapé:

a)    caracterização do empreendimento, dos equipamentos e das instalações;

b)    avaliação da circunvizinhança do estabelecimento (raio de 100 metros);

c)    caracterização do uso e ocupação do solo e da água subterrânea;

d)    levantamento do histórico de vazamentos, acidentes, reformas e resultados de sindicâncias na vizinhança;

e)    levantamento geológico e hidrogeológico regional e dos locais expedidos;

f)     sondagens e descrições dos perfis do solo;

g)    coletas de amostras de água e solo para análise de BTEX[8] e PAH[9];

h)   avaliação do subsolo por meio de uma campanha de Gás Survey[10] por toda área do estabelecimento, com medições do teor de VOC no solo, nas profundidades de 0,50 m e 1,00 m;

i)     Identificação das fontes poluidoras potenciais primárias e secundárias entre outros.

A Norma    NBR13786:2005 caracteriza os  empreendimentos (postos)  conforme a Classificação do posto de serviço e seus Critérios de Classificação:

A classe é definida pela análise do ambiente do posto de serviço e do seu entorno, até uma distância de 100 m do seu perímetro. Identificado o fator de agravamento neste ambiente, o posto de serviço deve ser classificado no nível mais alto, mesmo que haja apenas um fator dessa classe. Essa análise permite a seleção dos equipamentos e sistemas a serem utilizados para o SASC. As classes estão divididas em quatro níveis, numerados de 0 a 3. (NBR 13786, 2005:3).

O presente estudo de caso está classificado como Classe1, pois possui residências ao redor da área.

Existem quatro tanques de estocagem de 15.000 litros cada um, totalizando 60.000 litros, limpos e preenchidos com material inerte (areia) e desativados.

 

O presente estudo de caso usa um tanque de 30.000 litros, sendo instalado um tanque novo de 60.000 litros. A área investigada contempla a antiga ilha de bombas e o local dos tanques antigos a serem retirados.

Após o levantamento inicial, passou-se à fase de investigação, propriamente. Foram executados quatro furos no solo; primeiramente utilizando um trado mecânico e coletando amostras metro a metro; as quais foram acondicionadas em sacos plásticos, posteriormente feito a leitura de VOC nas amostras.

A verificação de gases foi realizada com uso de foto-ionizador, teve o objetivo de verificar a presença/ausência de gases voláteis no solo local, o que pode ser indicador de pluma de contaminantes[11], determinante para concluir sobre a necessidade ou não de estudos mais profundos para o local.

A unidade litoestratigráfica presente na área requerida é a formação Cratón Amazônico. Esta unidade está inserida nos litótipos de baixo metamorfismo do grupo Província Amazônia Central, sendo representada por arqueanas e proterozoicas.

O relevo da área requerida insere-se no contexto da Unidade Geomorfológica do Planalto Apiacás-Sucurundi, nas proximidades da Serra dos Apiacás, assim como a Depressão Inter-planáltica da Amazônia Meridional (ver Mapa Hidrogeológico e Geológico do Estudo de Caso - Apêndices).

A área investigada se situa no terço médio de colina de baixa declividade.

 

2. Materiais e métodos

 

Bisquera (1989) [12] define estudo de caso como

 

uma análise profunda de um sujeito considerado individualmente. Às vezes pode-se estudar um grupo reduzido de sujeitos considerado globalmente. Em todo o caso observam-se as características de uma unidade individual, como por exemplo um sujeito, uma classe, uma escola, uma comunidade, etc. O objetivo consiste em estudar profundamente e analisar intensivamente os fenômenos que constituem o ciclo vital da unidade, em vista a estabelecer generalizações sobre a população à qual pertence (apud Mendes, 2003).

 

É, pois, nessa linha, como um estudo de caso, que se considera este trabalho.

Em observação ao preconizado no documento Procedimento para remoção de tanques e desmobilização de sistemas de armazenamento e abastecimento de combustíveis, foram constatadas e certificadas as seguintes orientações e informações: histórico da operação com combustíveis na área investigada; característica e situação do tanque na área investigada; movimentação média mensal de combustíveis do tanque na área investigada; e plantas da construção e layout da área investigada.

Registre-se que todas as etapas descritas na ABNT NBR 15515-1:2007 foram rigorosamente executadas e o diagnóstico in loco, mediante coleta de dados existentes e a realização de inspeção de reconhecimento da área, potencial de contaminação nas áreas investigadas.

Os materiais e métodos adotados no empreendimento para leitura de gases foram os seguintes: delimitação do terreno (considerada uma área de 7.200 m²), abrangendo a área de tanques e bombas em desuso.

O equipamento utilizado no levantamento primário in loco foi um analisador (eletrônico/digital) Detector de VOC, modelo PhoCheck Tiger, marca Ion Science Ltd, The Way, Fowlmere, Cambridge, UK. SG8 7UJ, com esses recursos:

a)    sensor para detector em nível de partes por milhão; bilhão – PPM; PPB;

b)    bomba interna integrada de velocidade regulável com sensor de falha;

c)    monitor com proteção contra intrusão;

d)    alarme para valores em STEL[13], TWA[14], baixo e alto nível de valores de picos;

e)    modo de seleção de higiene e inspeção;

f)     protegido contra raios.

Como parte da execução da análise, são feitas perfurações na área do empreendimento de 0,50 m a 1,00 m de profundidade. No ponto P-1, se tem a maior leitura de VOC. Uma sondagem, que atingiu a profundidade final de 3,00 metros, encontra o lençol freático.

Na área, estabeleceu-se uma malha para sondagem com foto-ionizador, em que a menor distancia entre uma sondagem e outra foi determinada após uma triangulação dos furos executados. Os pontos de medição foram locados a um metro de qualquer utilidade identificada durante o reconhecimento da área, de forma a permitir uma perfuração segura, dada à incerteza inerente ao processo de reconhecimento e a variabilidade das instalações.

Após a retirada do trado e das amostras, foi introduzida a sonda e realizada a medição por meio de analisador, detector de VOC, adaptado à mangueira. Isso oferece uma gama dinâmica de detecção de 1 parte por bilhão (ppb) a 20.000 partes por milhão (ppm). Em pontos onde a leitura de gases a meio metro seria superior a 200 ppm, caberia uma segunda perfuração ao lado, com sonda de um metro, e novamente feita leitura com o foto-ionizador, porém não foram detectados registros.

O analisador de gases foi mantido em operação de acordo com as recomendações do fabricante, contidas no manual do equipamento. Em caso de medição inicial diferente de zero, a mangueira e o filtro da sonda são trocados, visando garantir a integridade, a imparcialidade e a fidedignidade dos resultados.

Os pontos de sondagem e coleta de amostras foram executados ao longo do terreno, e escavados dois furos em duas profundidades: 0,50 m e 1,00 m em regiões com maior probabilidade de ocorrência de acidentes e vazamentos de combustíveis.

Os pontos de sondagem e coleta de amostras de solo são definidos a partir de leituras com o foto-ionizador. Caso os resultados ultrapassassem 200 ppm, seriam necessárias ouras amostras, porém não houve tais registros. Mesmo assim, foi feita coleta de material para determinação de outros ensaios físico-químicos.

Quatro perfurações foram feitas. As concentrações resultantes estão nos Apêndices. Durante as sondagens, foram realizadas leituras de VOC a cada metro, sendo 1,93 mg/kg-1o maior valor encontrado na sondagem S-01.

Os dados e parâmetros analisados encontram-se nos laudos técnicos (Apêndices). O equipamento utilizado foi o Detector de Sensores Catalíticos de Compensação.

Foram obtidas amostras de água subterrânea, coletadas no poço semi-artesiano do empreendimento; material enviado ao laboratório para análise de Hidrocarbonetos Totais de Petróleo, bastante divulgada como, TPH[15], sua sigla inglesa.

Cabe mencionar a preocupação de Nascimento et al. (2008) quanto à analise realizada de TPH aqui considerada. Os autores chamam a atenção para a definição sugerida para TPH, de conformidade com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA) [16], que assim utiliza dois conceitos:

 

Um deles é o uso do fracionamento como uma alternativa para medir os constituintes da mistura de petróleo, dessa forma, tudo que for medido é somado e daí se tem o dado TPH. O outro conceito sugere que TPH são todos os hidrocarbonetos que foram extraídos de uma amostra e detectados por uma técnica particular.

 

Ainda argumentam os autores:

 

Devido à existência de muitas substâncias químicas presentes no petróleo e seus derivados, não é prático medir cada uma dessas substâncias separadamente para efeito de monitoramento do progresso da remediação de uma área contaminada. Torna-se de maior utilidade medir a concentração total de hidrocarbonetos nessa área utilizando para efeitos de avaliação e monitoração o parâmetro TPH (ibidem).

 

3. Resultados e discussão

 

Os trabalhos de campo detectaram evidenciais de uso antrópico do local, que foram quantificadas e qualificadas, de forma que o reconhecimento histórico de fatos ocorridos na área está há de ser registrado neste relatório.

Em visita ao local, e em depoimentos de colaboradores e administração do empreendimento (atividades passadas) não houve relatos de derramamentos de combustíveis pelo local, exceto o observado durante abastecimentos, em pequenas quantidades, em função do escoamento que fica no bico da bomba.

Também no local, e em consulta aos vizinhos, não se ouviu nenhuma reclamação ou depoimentos quanto a emanações gasosas nas adjacências da área do presente estudo de caso. Segundo o operador do empreendimento, o mesmo não tem nenhum registro de reclamação oriunda das vizinhanças relacionado a odor característico de combustíveis.

Não existem quaisquer informações de que na área do presente estudo, em data passada tenha servido como deposito de produtos químicos, ou como deposito de lixo de qualquer natureza.

 

Na amostra de solo coletada, conforme laudos apresentados no relatório (v. Apêndices), os resultados indicam que não ocorreu contaminação na área.

Em toda a campanha de VOC estabelecida, os gases detectados pelo equipamento foto-ionizador, que indicou a concentração de gases orgânicos voláteis na área, demonstra que existe uma insignificante pluma superficial próxima de onde está instalado o filtro de óleo.

Devido a sua praticidade, os monitores portáteis são comumente utilizados nessas atividades de detectação. No entanto, esses instrumentos dispõem de vários métodos para detecção e análise de gases.

A escolha do método de detecção deve ser feita em função das características de cada processo e das condições especificas de aplicação. Deste modo, é necessário conhecer os métodos e suas diferenças para a escolha correta do equipamento de detecção.

De acordo com os boletins de análises, a área apresenta valores abaixo daqueles de referencia para VOC. A leitura de gases no solo demonstra a inexistência de uma pluma de gases orgânicos voláteis para VOC.

A etapa de avaliação da exposição tem como objetivo determinar a magnitude dos níveis de exposição humana real e potenciais (presente e futura) associados à frequência, à duração da exposição e às vias de exposição. Essa etapa visa à caracterização da área com respeito às características físicas (meio físico) assim como aquelas associadas aos receptores potenciais presentes na área ou nas suas vizinhanças.

Para a USEPA (1989), as prioridades relevantes do meio físico incluem características relacionadas ao clima e meteorologia, à pedologia, à hidrogeologia, à hidrologia e à vegetação.

Por sua vez, para a população potencialmente exposta, devem ser considerados aspectos como:

a)    localização em relação à área (interna e nas vizinhanças);

b)    uso do solo (residencial, industrial ou agrícola) atual e futuro;

c)    identificação de sub-grupos sensíveis (crianças, idosos, mulheres gestantes);

d)    tipos de atividades desenvolvidas pelos receptores potenciais.


Como resultado dessa etapa, devem-se identificar todas as atividades humanas na área permitindo que a avaliação seja feita considerando o cenário real da exposição. Essa etapa de definição do modelo conceitual de exposição é primordial.

Um estudo com dados insuficientes pode conduzir a uma definição imprecisa da população alvo, resultando em uma má definição das vias de exposição.

Neste cenário, deve-se levar em consideração que o local do empreendimento está totalmente impermeabilizado; da mesma forma, em todo o entorno do empreendimento o solo mantém protegido, seja pelas vias pavimentadas, que circundam o empreendimento, seja por não existirem moradores no entorno.

Observam-se edifícios com garagem, escolas, hospitais num raio de três mil metros do empreendimento. Assim, os cenários presentes não oferecem riscos potenciais, mesmo que alguma contaminação fosse detectada. Um aspecto a ser considerado é a água subterrânea, que tem o lençol freático a uma profundidade aproximada de seis metros variando para mais profundo no período sazonal seco, e o abastecimento de água do presente estudo de caso efetuado por meio da rede de saneamento da cidade (CAB), embora a água esteja isenta de contaminantes, conforme laudo, não existe risco potencial.

A avaliação de exposição humana, a emissão, as vias e taxas de liberação do contaminante são determinadas para estimar a concentração e a dose às quais a população humana está ou pode estar exposta.

Segundo Lijzen e Rikken (2004), essas vias podem ser diretas e ou indiretas. A via de exposição é direta quando não há etapas intermediarias entre a fonte e o ponto de exposição. Um exemplo de exposição direta é a inalação de vapores tóxicos a partir da volatilização da substancia presente na fonte de contaminação.

A exposição é indireta quando a substancia ou contaminante passa através de meios diferentes, no qual tem, pelo menos, uma etapa intermediária de liberação ou bio-transformação, entre a fonte e o ponto de exposição. Um exemplo de exposição indireta é a ingestão de alimentos que foram produzidos em uma área contaminada ou a ingestão de água subterrânea devido a infiltração do contaminante através da zona não saturada. Segundo a USEPA (1989), as vias de exposição podem ser caracterizadas por quatro pontos principais:

a)    fonte;

b)    mecanismo de transporte do contaminante no meio afetado (solo, ar, água);

c)    ponto de exposição;

 

d)    via de ingresso ao ponto de exposição (ingestão de água e alimentos, inalação e contato).

Neste caso, para existir uma via de exposição, seria necessário que ocorresse o contato de um vetor com a fonte, que seria uma pluma de combustíveis, detectada superficialmente próxima à área das bombas de gasolina, confinadas na área do empreendimento, e apresenta níveis de derivados de combustíveis que não requer o aprofundamento dos estudos, a não ser que as amostras de solo e água coletadas indiquem alguma contaminação no local.


 

Conclusão

 

Como considerações finais, da presente pesquisa, há de se registrar os tópicos elencados a seguir.

A pesquisa permite concluir que a detecção de fotoionização (PIB) utiliza recursos avançados da tecnologia patenteada de eletrodo Fence, um formato de três eletrodos com maior resistência à umidade e contaminação.

O robusto de VOC, PhoCheck Tiger, oferece uma gama dinâmica de detecção de 1 por bilhão (ppb) a 20.00 partes por milhão (ppm), maior gama de medição de qualquer outro detector de VOC no mercado.

Sánches (2001:20)[16], no seu livro Desengenharia (O passivo ambiental na desativação de empreendimentos industriais) afirma:

 

Solo contaminado é entendido como aquele que contém substancia químicas em concentrações tais que passam ser consideradas danosas ao homem, ou aos demais seres vivos (apud CALZA, 2007:28).

 

Assim, cabe avaliar se a quantidade de produtos ali derramados ao longo do tempo poderá provocar danos, e se o produto ali detectado na forma de gases orgânicos, pode provocar danos a saúde publica, cabendo aos responsáveis pelo empreendimento observarem as recomendações que segue:

a)    estabelecer procedimentos de carga, descarga de forma a evitar derramamentos de combustíveis na área;

 

b)    fazer manutenção preditiva e preventiva visando evitar derramamentos de combustíveis ao local;

c)    fazer uma limpeza no local, removendo pontos com manchas superficiais de derivados de petróleo, de sorte a eliminar a exalação de gases com odor de combustíveis.

O trabalho possibilita concluir também que a área investigada, mesmo com características de ação antrópica, não apresenta manchas superficiais de derivados de petróleo, uma vez que em levantamento físico não foi constatada a presença de resíduos sob forma de óleos e graxas. Também não apresenta indícios de contaminação no solo, nem tampouco nas leituras do foto-ionizador.

Com base nos resultados, se conclui que o local não requer nenhum tipo de medida de remediação.

Pode o local ter sofrido derramamentos de pequeno porte, provavelmente nos abastecimentos e na recarga dos tanques de estocagem, os quais não foram identificados por meio das leituras de VOC. Isso demonstra que os voláteis presentes nestes pequenos derramamentos anteriores não se encontram mais no solo, não sendo necessário estudo mais avançado com vistas a remediações.

Deve-se observar que qualquer atividade que manipule combustíveis por mais que seja executada com o mais correto princípio ecológico, poderá apresentar problemas relacionados com derramamentos, daí a necessidade de se estabelecer procedimentos rígidos de abastecimento de veículos, de carga dos tanques de estocagem.

Avaliação qualitativa e quantitativa, aqui realizada, vem comprovar a não existência de contaminação na área denominada como potencial de contaminação (AP) [17] ou área suspeita de contaminação (AS) [18].

A água pluvial infiltra-se com dificuldade no solo até atingir o lençol freático. A água apresenta como fluxo subterrâneo o sentido sul, acompanhando o caimento da água em superfície.

O levantamento dos poços existentes em um raio de 200 m do entorno do empreendimento, com base em informações dos moradores e trabalhadores locais, não indicou a existência de poços tubulares profundos ou cisternas.

A profundidade do nível da água no local onde está implantado o empreendimento é superior a 6 m, conforme pode ser constatado por meio da sondagem até a 6 m de profundidade sem ter atingido o lençol freático.

Assim, conclui-se, com base nos laudos apresentados pelos profissionais habilitados e responsáveis tecnicamente por este estudo de caso, que o local não apresenta contaminação.

A detecção de gases e vapores representa uma atividade de grande importância em processos de segurança do trabalho e em projetos de remediação de solos contaminados por compostos voláteis. Os dados obtidos pelos instrumentos de detecção indicam a possibilidade de liberação de uma área para um trabalho seguro, ou mesmo para a interdição e evacuação imediata do local. Deste modo, é essencial poder identificar e analisar a presença de gases ou vapores de maneira rápida e precisa.

Conclui-se ainda que não foram encontrados traços de substâncias químicas ou organismo patogênico às atividades outrora desenvolvidas no presente estudo de caso, nas etapas desenvolvidas na avaliação preliminar, investigação confirmatória[19] e investigação detalhada[20].

Atesta-se a inexistência de contaminação nas áreas com potencial de contaminação (AP) ou área suspeita de contaminação (AS).

As ferramentas utilizadas, em observância da Norma ABNT NBR 15515-1:2007 e da metodologia CETESB para Procedimento para remoção de tanques e desmobilização de sistemas de armazenamento e abastecimento de combustíveis, atestam as condições adequadas e satisfatórias da referida investigação do referente passivo ambiental.

Trata-se o presente trabalho, como se tem afirmado, de um estudo de caso, com viés de avaliação preliminar, o que, como corolário, não se descarta uma investigação mais aprofundada: confirmatória ou detalhada.

 

Referências

 

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Disponível em: <http://www.pbl.nl/sites/default/files/cms/publicaties/601900005.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2014.

 

MENDES, R. Métodos de investigação em ciências sociais: o estudo de caso. Revista Digital - Buenos Aires - Año9 - n° 65 - Octubre de 2003. Disponível em: <http://www.efdeportes. com/efd65/caso.htm>. Acesso em: 11 mar 2014.

 

NASCIMENTO, A. R.; ZIOLLI, R. L.; ARARUN       JR.;, J. T.; PIRES, C.S; SILVA, T.B.

 

Avaliação do desempenho analítico do método de determinação de TPH (Total Petroleum Hydrocarbon) por detecção no infravermelho. Eclética Química. On-line version ISSN 1678-4618,Eclet. Quím., vol.33, no.1, São Paulo, 2008. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0100-46702008000100005>. Acesso em: 11 mar 2014.

 

UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - USEPA. Risk Assessment Guidance for Superfund. Vol. 1: Human. Health Evaluation. Manual (Part A). 89/002. Washington D.C., 1989

 



[1] MBA Engenharia Sanitária e Ambiental Instituto de Pós-Graduação – IPOG Cuiabá - MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[2] Disponível em: <http://www.paranaita.mt.gov.br/Geografia/>. Acesso em 10 abr. 2014.

[3] BISQUERA, R. Métodos de Investigação Educativa: Guia Pratica. Barcelona: Ediciones CEAC, S. A., 1989.

[4] Ver Avaliação Ambiental <http://www.weberambiental.com.br/servicos/name/avaliacao-ambiental>[1] Disponível em: <http://s.ambiente.sp.gov.br/licenciamento/arquivos/S707.pdf>. Acesso em 10 abr. 2014.

[5] Disponível em: <http://s.ambiente.sp.gov.br/licenciamento/arquivos/S707.pdf>. Acesso em 10 abr. 2014.

[6] Volatile Compounds (Compostos Orgânicos Voláteis). É o monitoramento que se faz dos compostos orgânicos voláteis, em nomenclatura da química orgânica, onde são estudados os diversos hidrocarbonetos pertencentes aos combustíveis comercializados no País.

[7] BTEX é um acrônimo que dá nome ao grupo de compostos formado pelos hidrocarbonetos: benzeno, tolueno, etil-benzeno e os xilenos (o-xileno, m-xileno e p-xileno). Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Btex>. Acesso em: 10 abr. 2014.

[8] Polycyclic aromatic hydrocarbons (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos).

[9] Procedimento que se faz de um ponto afastado da área das bombas de combustíveis, para certificar que o equipamento encontra-se aferido e calibrado e que não haverá interferências e/ou contaminação cruzada que possa intervir nos resultados apresentados.

[10] “Emissão contínua de poluentes no subsolo a partir de uma fonte pontual e que tem uma expansão previsível, pois sua expansão é influenciada pelo fluxo da água subterrânea (gradiente hidráulico, velocidade, tipo de recarga), pela permeabilidade do solo e pelos contaminantes que estão sendo despejados”. Disponível em: <http://www.dicionario.pro.br/index.php/Pluma_de_polui%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 10 abr. 2014.

[11] BISQUERA, R. Métodos de Investigação Educativa: Guia Pratica. Barcelona: Ediciones CEAC, S. A., 1989.

[12] Short Term Exposure Limit. Concentração máxima admitida para a exposição ao gás durante 15 minutos consecutivos, sem causar danos à saúde. Disponível em: <http://zellambiental.blogspot.com.br/2011/11/twa-e-stel.html>. Acesso em: 10 abr. 2014.

[13] Time Weighted Average. Concentração média ponderada admitida para a exposição ao gás durante 8 horas consecutivas, sem causar danos à saúde. Disponível em: <http://zellambiental.blogspot.com.br/2011/11/twa-e-stel.html>. Acesso em: 10 abr. 2014.

[14] Total Petroleum Hydrocarbon – TPH

[15] US Environmental Protection Agency.

[16] SÁNCHEZ, Luis Enrique. Desengenharia. O passivo ambiental na desativação de empreendimentos industriais. Edusp/Fapesp, São Paulo, 256 p., 2001.

[17] “área onde estão sendo desenvolvidas ou onde foram desenvolvidas atividades com potencial de contaminação que, por suas características, podem acumular quantidades ou concentrações de contaminantes em condições” (NBR 15.515-1, 2007:1).

[18] “área na qual, após a realização de uma avaliação preliminar, foram observados indícios de contaminação” (ibidem).

[19] “etapa da avaliação de passivo ambiental em solo e água subterrânea em que são feitos estudos e investigações com o intuito de comprovar a existência de contaminação em uma área com potencial de contaminação (AP) ou área suspeita de contaminação (AS)” (NBR 15.515-1, 2007:2)

[20] “etapa da avaliação de passivo ambiental em solo e água subterrânea em que são caracterizados, qualitativa e quantitativamente, a fonte de contaminação, o meio físico e a contaminação)” (ibidem).