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A LITERATURA INFANTIL COMO FACILITADORA DA ALFABETIZAÇÂO

Literatura infantil nas séries iniciais

 

 

Franciele Aparecida Furlan de Andrade
Jislaine do Nascimento Bubula Congui
Neiva Brun
Vianey Itajana Schwann
Rosemeire Aparecida dos Santos

 

 

A Literatura Infantil como Facilitadora da Alfabetização; apresenta-se como linha de pesquisa à docência com a intenção de que a criança explore e aprecie a leitura, proporcionando a mesma o interesse de ler contos que encantam, pois um dos desafios do mediador é fazer com que as crianças se interessem pela leitura, fazendo com que os professores usem a criatividade e coloquem em prática métodos que cativem as crianças, tendo como objetivo desenvolver a linguagem oral e a escrita, aguçar o prazer pela leitura, exercitando a fantasia e a imaginação, abordando a contação de história, a leitura, a autonomia e a linguagem. Para o desenvolvimento desse projeto é previsto organizar um cantinho da leitura ou uma biblioteca na sala de aula, tendo como método de avaliação a observação da interação dos alunos em discussão e atividades voltadas de acordo com o desenvolvimento do projeto. Essa busca de uma efetivação da alfabetização através da literatura foi fundamentada em vários autores, dentre eles, Bruno Bettelheim, que tem como visão o fato de a criança vive em busca de respostas e com a literatura ela aprende, porque o aprender é carregado de significados, e para as crianças é a melhor maneira, onde a fantasia se mistura com a realidade.

 

 

Palavras-chave: Leitura, Escrita, Aprendizagem, Imaginação Criadora.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

Ler é muito importante para as crianças. Hoje em dia essa ideia é um consenso no meio educacional. Não há dúvidas que uma criança que tem contato com a literatura desde cedo, desenvolve habilidades para leitura e interpretação. Mas nem sempre, essa foi uma preocupação da sociedade.

No início a literatura era dirigida pelos interesses sociais e políticos da sociedade brasileira, apenas no final de século XIX iniciou a distribuição dos livros no Brasil. No intuito de destacar o Brasil como país letrado se preocupou em traduzir e adaptar as histórias infantis europeias para as crianças brasileiras. Nas últimas décadas, o mercado literário brasileiro cresceu fortemente e hoje podemos contar com autores consagrados.

A discussão que diz respeito a boa utilização do amplo repertorio literário para a alfabetização e construção do indivíduo é o assunto que permeia esse projeto na intenção de desenvolver metodologias adequadas e que atendam a demanda, baseadas na em experiências reais de estudiosos que discorrem sobre o tema.

A literatura infantil é uma forma de aprendizagem durante o processo de alfabetização. Ouvir e ler histórias são exercícios pelos quais as crianças podem reconhecer diferentes formas de falar, viver, pensar e agir, além de que estimula sua imaginação e aguça o seu prazer pela leitura. Para Oliveira, “As histórias infantis podem ser consideradas o ‘rito de passagem’ da criança para o mundo da leitura.” (OLIVEIRA. 2005. p. 13)

Através desse projeto pretende-se mostrar como a literatura pode ser aliada na escola, apresentado uma reflexão sobre a rotina escolar, o planejamento das atividades e a avaliação das mesmas, buscando uma interação com a comunidade escolar e utilizando as diversas tecnologias presentes.

Pretende-se ainda abordar a literatura como arte e assim, ampliar seu conceito a respeito do uso em sala de aula. Não deve ser resumida a apenas obras que atendam a conveniência social, ou que a simplifique para atender exigências culturais, a literatura pode ser utilizada na beleza de sua essência.

Mesmo em sua complexidade, as mentes infantis podem abstrair informações, personagens, paisagens, localizar-se temporalmente. A partir da individualidade

das experiências vividas, podem concretizar o abstrato adequando a sua maneira de conceber o mundo.

 

 

DESENVOLVIMENTO:

 

A literatura pode ser grande aliada no processo de alfabetização, pois permite a criação e recriação de produções escritas e orais, ainda imerge o leitor no mundo letrado colaborando para a autonomia do mesmo. Ler é como entender o mundo através dos olhos dos escritores e é uma necessidade básica do ser racional.

O presente projeto tem aplicabilidade na docência do ensino fundamental, principalmente nas séries iniciais onde os alunos estão em processo de alfabetização. Tem como tema e linha de pesquisa o auxílio da literatura infantil na alfabetização das crianças. Traz ainda o foco em a criatividade e inovação na aprendizagem e nas ações pedagógicas, alfabetização e letramento no ensino fundamental.

É necessário desenvolver projetos de estudos teóricos sobre a inter-relação entre literatura e educação no contexto histórico brasileiro, livros, leitura e leitores e ainda práticas escolares, desenvolvendo questões teóricas por meio de análise de materiais bibliográficos e documentais, visando propor uma metodologia de trabalho criativa e dinâmica buscando enriquecer a prática pedagógica, tornando-a mais estimulante para ambos os lados, docente e discente. A partir disso pode-se fazer uma auto avaliação buscando a melhoria dos métodos e caminhos perpassados pela alfabetização.

As crianças em fase de alfabetização ou mesmo já cursando o ensino fundamental tem um encanto pelo mundo do faz de conta que os livros oferecem. A literatura infantil com sua arte estimula o interesse e a imaginação das crianças e desperta nelas a criatividade, as ideias, e o mais importante o prazer pela leitura e escrita. A descoberta das letras e o método de alfabetização interagem no processo de construção do conhecimento, permitindo o desenvolvimento da criança e colaborando com a compreensão do mundo real.

A literatura infantil na escola tem sido usada como material de ensino. Como se trata de uma atividade social, para transformar a literatura infantil em material de ensino a escola deve disponibilizar livros de qualidade, é necessário oferecer

vários textos. Um bom leitor não é formado apenas lendo livros didáticos a diversidade da leitura é muito importante para o desenvolvimento do leitor.

Portanto a literatura infantil tem que fazer parte do cotidiano da criança, seja em casa, seja na escola, a criança precisa ser incentivada a ler, porque através da leitura a criança passa a olhar o mundo diferente. Desse modo, tem como objetivo conhecer e apresentar o quanto a literatura infantil é importante para estimular o exercício da leitura e da escrita dos alunos.

A literatura deve fazer parte da rotina da criança, tanto na escola, quanto em casa, mas para muitas crianças esse contato com o livro só acontece através da escola, portanto [...] “ a escola é hoje, o espaço privilegiado, onde deverão ser lançadas as bases para a formação do indivíduo”. (COELHO. 1997. p.15). Em outras palavras, [...] “cabe a escola mais que alfabetizar e possibilitar seus alunos o domínio de um código e, através desse, a convivência com a tradição literária: dela se espera a formação do leitor.” (SARAIVA. 2001 p. 23).

Cabe ao professor a tarefa de selecionar textos e histórias que atendam a necessidade da criança. O ambiente da sala de aula e visitas a biblioteca são também muito importantes para estimular o interesse do aluno sobre o assunto, por meio de materiais diversos. Silva afirma que, “a literatura infantil ocupa no acervo das bibliotecas um espaço privilegiado, constituindo-se num elemento desencadeador de atividades criativas.” (SILVA. 1999 p. 35).

Para que as crianças aprendam a apreciar o momento da leitura o professor precisa servir de exemplo para seus alunos, demonstrando seu gosto pela leitura, lendo com interesse, pois, [...] “ o ato de ler exige uma certa experiência textual, isto é, o contato e a familiarização com diferentes formas e estruturas de texto. [...] (FILHO. 1995 p.42)

O professor também pode utilizar atividades depois da leitura da história, dando as crianças liberdade de inventar finais diferentes, construindo suas próprias dramatizações através do brincar. A criança precisa ser incentivada, é necessário despertar o desejo de ler, o envolvimento na hora da leitura permite que ela vá criando seu próprio modelo de história concedendo que cada criança encontre seu jeito de imaginar.

Assim, buscando expor a necessidade do contato com o livro para a formação de um cidadão alfabetizado, portador de suas próprias ideias e conceitos que possa atuar em meios aos conflitos, sendo a escola um local importantíssimo e

imprescindível para essa formação e o professor o mediador eficiente e produtivo.

A literatura infantil é um meio para desenvolver a alfabetização e o letramento das crianças. Através dos livros ela aprende a ouvir, contar e produzir.

Avaliar a legitimidade da proposta e a eficiência durante a aplicação, acompanhando a participação dos alfabetizando por meio do depoimento dos professores e da análise das produções textuais.

Sugerir metodologias na utilização de obras literárias na sala de aula com rotina e local diferenciado para esse trabalho, explorando as histórias, sempre com a participação e a crítica da criança, com questionamentos, sugestões e argumentos sobre cada história.

Desenvolver o aprendizado de diversos conteúdos por meio das obras literárias, conhecida inicialmente pela criança, como: Chapeuzinho Vermelho, Menina Bonita do Laço de fita, A corrida dos sapinhos, A Arca de Noé, Ou Isto Ou Aquilo, A cigarra e a formiga, O pequeno Polegar, Reportagens, etc.

Organizar com os alunos o local na sala de aula onde poderá ser organizada a biblioteca na sala ou cantinho de leitura. Utilizar as obras e estabelecer os combinados para o uso do espaço.

Diante do exposto, espera-se com esse projeto levar os profissionais de educação a valorizarem o uso da literatura nas suas aulas, tornando-as instrumentos enriquecedores na construção de um aprendizado holístico de seus alunos, tornando-os seres pensantes e capazes de ter suas próprias iniciativas nas produções escritas e durante toda sua vida social.

 

CONCLUSÃO:

 

Durante os primeiros anos do ensino fundamental, ao apropriar-se da língua escrita que é prestigiada pela escola e a sociedade, o aluno precisa ter contato com novas estratégias de processamento da linguagem. Esse aprendizado não ocorre no vazio, é importante que parta de contatos com usos da língua escrita que sejam significativos para ele.

Neste trabalho, foi procurado demonstrar que a literatura infantil pode ser um instrumento pedagógico extremamente relevante durante o período da

alfabetização. O processo de aquisição da língua escrita desenvolve-se através da multiplicidade de experiências de comunicação que é vivenciada pela criança na vida em sociedade, da qual a escola exerce grande parte dessa influência.

Em muitos casos, a escola oferece a língua escrita para a criança como um código descontextualizado, assim a criança precisa primeiramente conhecer esse código, para em seguida, utilizá-lo. Esse descontextualização pode deixar o aluno desmotivado, sem saber do que se trata a escrita ou compreendê-la como apenas uma exigência escolar.

Nesse momento entra em cena a literatura infantil como uma aliada no processo de alfabetização, a literatura é arte e como tal, nem sempre segue normas e convenções, o que permite a criança fluir seu imaginário, identificar-se com personagens e enredos e assim, interessar-se pelo processo complexo da alfabetização.

É através da literatura que o alfabetizador pode despertar o interesse de seus educandos, oferecendo veículos diferentes das formas convencionais básicas, ele amplia o domínio das habilidades de codificação e decodificação.

Os livros didáticos e sua função utilitária pedagógica são importantes, porém, eles têm seu momento, o que se torna inadmissível é reduzir o amplo leque literário afim de atender apenas a exigências culturais e ou pedagógicas. Se assim, agirmos a aprendizagem da leitura e escrita se tornará algo enfadonho e mecânico que tem muito pouco a ver com as necessidades reais de comunicação.

É preciso ir além do código, e aprofundar-se na arte, quão proveitoso será um trabalho em que desenvolva a criatividade, imaginação, sensibilidade. Um trabalho com a literatura infantil em sua essência sanará dificuldades tanto na compreensão do texto como nas futuras produções textuais, pois a criança terá grande quantidade de informações da composição de um texto escrito através de sua experiência prática.

Uma criança que tem vivência com a literatura em casa e na escola destaca-se nas produções orais e escritas, pois ela é capaz de acrescentar fatos novos e compatíveis. Aos poucos vai apropriando-se da linguagem e vocabulários enriquecidos, construindo assim textos bem elaborados.

Portanto, é muito importante de além do educador trabalhar a literatura na sua aula, estimular as famílias a fazê-lo em casa também. As famílias modernas têm

pouco tempo hoje em dia e, possuem em casa muitos recursos atrativos para as crianças, no entanto eles não oferecem a oportunidade de viajar na imaginação, como um bom livro.

Alguns jogos eletrônicos ou desenhos animados diminuem até a capacidade criativa da criança por oferecer tudo pronto. A criança não precisa produzir nada, apenas receber o estereotipo que já foi antes construído por outra pessoa.

Embora a literatura tenha vindo para o Brasil a fim de atender necessidades políticas, e atualmente existam diversas fontes que perderam sua essência artística e assumiram um modelo para atender exigências sociais, precisamos como educadores fazer boa seleção do material literário se quisermos atingir os objetivos propostos.

Assim, como futuros profissionais, é preciso manter nossa visão crítica a analisar as diferentes situações com uso de textos na sala de aula. Precisamos de um constante aperfeiçoamento em busca de tornar os momentos de alfabetização interessantes e prazerosos para nossos alunos e consequentemente mais produtivos também.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

ABRAMOVICH, Fanny. O estranho mundo que se mostra ás crianças. São Paulo, Summus, 1983.

 

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978

 

BETTELHEIM, Bruno & ZELAN, Karen. Psicanálise da alfabetização: um estudo psicanalítico do ler e do aprender. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984

 

COELHO, Nelly Novaes. Dicionário crítico da literatura infantil e juvenil brasileira (1882-1982). São Paulo, Quirón, 1983.

 

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil, Teoria, Análise, Didática. 6. Ed. Editora ática.1997.

 

FERREIRO, TEBEROSKY, A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

 

FILHO, Paulo Bragatto. Pela leitura literária na escola de 1º grau. Série Educando.

 

FREIRE, P. A importância do ato de ler; em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1982.

 

JOLIBERT, Josette et al. Formando crianças produtoras de textos. Trad. Walkiria M. F. Settineri e Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

 

LAJOLO, Marisa & Zilberman, Regina. Literatura infantil brasileira- história & histórias. São Paulo, Ática, 1984.

PALO, Maria José & OLIVEIRA, D. Maria Rosa. Literatura infantil, Voz de Criança. 3.º Ed. Editora ática, 1998.

 

REGO, Lúcia Lins Browne. Literatura infantil: uma nova perspectiva da alfabetização na pré-escola/ Lúcia Lins Browne Rego. -2. ed.- São Paulo: FTD, 1995.-( Por onde começar?)

 

SARAIVA. Juracy Assmann. Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano de ação. Porto Alegre: Artmed, 2001.

 

SILVA, M.B.C. Contar histórias uma arte sem idade. Editora ática. 1999.

 

ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo, Global, 1982