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AS PRÁTICAS SOCIAIS DE LEITURA E ESCRITA E SUA RELEVÂNCIA NO LETRAMENTO ESCOLAR. 

 

                                  Adélia Gonçalves Cardoso
Edirléia Márcia da Silva
Elaine Aparecida Ferreira dos Santos
Joeusa Barbosa Cavalcante de Barba
Gilberto Simisen

 

 

RESUMO 

A proposta pedagógica de letramento deve considerar a prática social de leitura e de escrita interagindo com o conhecimento cientifico e a realidade sócio cultural, para a construção de saberes, de competências e de senso crítico. A alfabetização deve seguir uma perspectiva histórica-social atualizada. Destaca e redimensiona o processo de conceptualização da língua escrita e ênfase na importância de sua interação nas práticas sociais, como meio para provocar e motivar esse processo na prática escolar da aprendizagem da língua escrita. Destaca, ainda, que para produzir sentido a respeito do tema letramento, tornasse necessário que professor e aluno partam da natureza social da linguagem e abordem situações reais do uso da língua escrita associadas aos valores sociais que determinam a condução do ensino. 

 

Palavras-chaves: Leitura, escrita, práticas sociais. 

 

 

  • INTRODUÇÃO 

 

 

O papel da escola na sociedade contemporânea é o de direcionar a construção da aprendizagem para que o saber formal possa ser confrontado com a experiência do educando, garantindo um respaldo cientifico para o domínio do conhecimento e integrando-o a sua prática social. 

Quanto mais cedo histórias orais e escritas entram na vida da criança, maiores parecem ser as chances de ela gostar de ler. O convívio desde cedo com a leitura, o livro, a revista, com práticas de leitura chama-se letramento. 

 

¹CARDOSO, Gonçalves Adélia. Aluna do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional UNINTER. Artigo apresentado como trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional UNINTER, 2013/10-2016/12. 

² GREGÓL, Santos dos Paula Andréia, Professor Orientador no Centro Universitário Internacional UNINTER 

A capacidade que o ser humano tem para a linguagem permite à criança adquirir, em poucos anos a linguagem do adulto. O adulto também deve preocupar-se com o seu desenvolvimento como leitor, porque se a pessoa não utilizar e não tiver prazer no convívio com o material escrito, é muito difícil passar isso para a criança. 

Sempre em que a criança interage socialmente com a fala, gesto, brinquedos de faz-de-conta, jogos imitativos, desenhos e sons, ela tende a avançar no processo de escrita, tendo a fala principal instrumento mediador. A importância do ato de ler, para as crianças, parece residir além de aprender escrever, de compreender a realidade e os modos de como a linguagem escrita se organiza. Os aspectos que envolvem a aprendizagem da língua escrita, associados ao letramento, contribuem para contextualizar o processo de alfabetização de modo mais amplo e social. 

Ao que parece, a escrita não é um processo escolar permanente, mas cultural com diversas funções sociais. Escrever e ler com sentido leva à construção de habilidades de leitura e escrita, tornando-se sujeitos letrados. A simultaneidade dos processos de alfabetização e letramento é essencial, um não preside o outro, mas ambos se complementam. 

Pretende-se com isso, refletir sobre o trabalho pedagógico, no processo de aquisição da linguagem, a fim de garantir ao educando as condições que irão possibilitar o uso da leitura e da escrita nas práticas sociais. 

 

 

 

  • A APRENDIZAGEM DO VOCABULÁRIO ATRAVÉS DE PRÁTICA DE LEITURA 

 

 

A leitura compartilhada de histórias é uma das práticas de leitura mais estudada, ela proporciona um bom contexto para aprender a linguagem e que, por sua vez, estimula o desenvolvimento de habilidades linguísticas e cognitivas. 

Tal leitura facilita a aprendizagem de vocabulário, o uso da linguagem expressiva, a compreensão da função da escrita e o conhecimento da linguagem das histórias de ficção. 

O vocabulário mantém uma importante relação com a aprendizagem da linguagem escrita. A exposição ao material impresso, através da leitura, é um mecanismo de ampliação do vocabulário e da mesma forma o conhecimento do vocabulário garante a compreensão da leitura e a produção escrita. 

Não se trata, pois, do reconhecimento de palavras impressas, mas de seu componente semântico e léxico, isto é, do significado das palavras desde sua apreensão pelo contexto, até a definição explicita e o conhecimento de conceitos           De acordo com Teberoski / Colomer: 

 “[...] crianças pequenas têm uma grande facilidade em apender novas palavras. Estima-se que, durante os primeiros seis anos de vida, elas podem adquirir até oito mil palavras[...] de que maneira as crianças aprendem palavras novas? Antes dos dois anos, elas aprendem palavras de fontes diretas, através da interação social com os adultos e com referência ao contexto extralinguístico. ” (TEBEROSKI / COLOMER, 2003 pg 56). 

 Em contrapartida, as crianças maiores de três anos podem aprender palavras novas de fontes indiretas tais como a televisão, leitura de livros em voz alta pelos adultos. 

A ampliação do vocabulário continua durante a escolaridade, ainda que o ritmo não seja tão intenso. E para que essa ampliação aconteça existem diversas formas de aumentar o conhecimento uma delas é a prática de contação de histórias. Quando os adultos incluem as crianças ativamente em torno da atividade de leitura e escrita, colaboram para o aumento do vocabulário e para a compreensão das funções do texto escrito. Ambos os aspectos estão relacionados ao desenvolvimento das capacidades de leitura e escrita. 

Por muito tempo a alfabetização não passava de simples aquisição de códigos de fonemas e grafemas. A sociedade era constituída na maioria por pessoas analfabetas ou semianalfabetas, nesta época parecia que a simples consciência fonológica era suficiente para distinguir o analfabeto do alfabetizado. 

No final do século XX, a língua escrita passou a ser vista como não mais como uma condição necessária para a sobrevivência e conquista da cidadania. Foram no contexto das grandes transformações culturais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas que o termo “letramento” surgiu, ampliando o sentido do que tradicionalmente se conhecia por alfabetização. 

 

A partir daí surgem formas diferentes de uso da língua escrita, através da superação do analfabetismo em massa e das novas formas e comportamentos e necessidades da sociedade atual. O mundo atual traz um desafio que faz com que as pessoas já não sintam ser suficiente desenhar letras e decifrar o código da leitura. 

De acordo com Soares, (1999), tornar-se alfabetizado significa adquirir uma nova tecnologia, como a de codificar em língua escrita (escrever) e de decodificar a língua escrita (ler). Porém, não é o suficiente adquirir esta tecnologia, e sim, apropriar-se da escrita articulando-a ou dissociando-a das práticas de interações oral, conforme as situações. Não basta a alfabetização, é preciso atingir o letramento, que pode ser assim definido: “[...] letramento é o estado ou condição de quem não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as com as práticas sociais de interação orais. ” (SOARES, 1999 pg62). 

O nosso ensino de língua deveria ter como objetivo levar o aluno a adquirir um grau de letramento cada vez mais elevado, isto é, desenvolver nele um conjunto de habilidades e comportamentos de leitura e escrita que lhe permitam fazer o maior eficiente uso possível das capacidades técnicas de ler e escrever. 

De nada adianta ensinar uma pessoa usar o garfo e a faca, se ela jamais tiver comida em seu prato para a aplicação dessa habilidade. De nada adianta, também, ensinar alguém a ler e a escrever sem lhe oferecer ocasiões para o uso efetivo dessas habilidades de leitura e escrita. 

Atualmente o termo letramento vem sendo objeto de estudos, debates e congressos, e sob forma de diretrizes curriculares e pedagógicas vem chegando as escolas, afim de que se concretize de fato nas salas de aulas como pratica de alfabetização. O presente termo também pode ser compreendido como a aquisição e desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita no convívio e contexto social, pretendendo que seja feita a inserção dos sujeitos nas práticas sociais que necessitam de tais habilidades. 

No momento atual, conceito letramento oferece uma oportunidade extremamente favorável para refiná-lo e torná-lo mais claro e preciso, pois, estamos vivendo, hoje, na sociedade, a introdução de novas modalidades de práticas sociais de leitura e escrita, propiciadas pelas recentes tecnologias de comunicação eletrônica.  

Todo o cidadão, independentemente de sua posição social ou grau de escolaridade está inserido na cultural letrada. Convive e depende de certa forma, da escrita e da leitura, como por exemplo, para fazer documentos, pagar contas, ir e vir de um lugar para outro, etc. Por isso, promover o hábito de ler é um dos papéis fundamentais da escola. “A atividade desenvolvida pela escola para a formação dos alunos é uma leitura. É muito mais importante saber ler do que saber escrever. ” (CAGLIARI, 1991 pg27). 

Dessa forma, a escola tem a função de mostrar ao educando a importância desses saberes, para que ela compreenda, desde o início do processo de alfabetização, a necessidade de saber ler e escrever para seus benefícios nas práticas sociais. 

O processo de aquisição da linguagem materna é natural, porém muito complexo. É através da fala, dos gestos ou outras estratégias de comunicação que a criança pequena interage socialmente, mesmo que em um pequeno grupo social. Neste sentido, a necessidade de comunicação é natural e irá mediar a apropriação da linguagem escrita. Porém, a condição básica para o uso da linguagem escrita e o conhecimento do sistema alfabético. Assim, é de grande importância, a prática pedagógica, o trabalho do professor que traz consigo a capacidade de instruir o alfabetizando na realização desse processo. 

Para toda a forma escrita usam-se vogais e as consoantes, que juntas poderão representar a língua falada, seguindo regras padronizadas. No entanto, deve-se ao uso da função social, isto é, a criança, ao conhecer as letras, saberá que reunidas formam palavras, as quais estão inseridas em seu cotidiano, na sua cultura, de acordo com sua realidade. 

Quando a criança tem contato com as diferentes manifestações escritas, tais como placas, rótulos, revistas, livros, etc.  Sentirá a necessidade de saber ler, podendo muitas vezes fazer uso da leitura figurativa, quando reconhece a marca, este poderá ser o começo das práticas de leitura e de escrita, que darão significado a aprendizagem escolar. 

Desenvolver tais competências é criar situações para que os educandos possam ler, refletir, fazer experiências, comparar, discutir, formar opiniões, analisar, sintetizar, informar-se ou mesmo divertir-se; utilizando texto contextualizados que tragam para dentro da sala de aula assuntos que possam aguçar a curiosidade dos mesmos. 

A boa leitura formará escritores competentes, os que saberão escolher a forma de discurso no seu interlocutor, ou seja, saberá levar em conta os objetivos de sua produção, usando recursos linguísticos que irão mantes a coerência e coesão do texto conforme a necessidade. A aquisição da escrita e da leitura não deve somente servir para a permanência na escola e, sim, completar saberes que serão utilizados sempre. 

 

 

2.1. A LEITURA E A ESCRITA EM RELAÇÃO À LINGUAGEM E SEUS CONTEXTOS 

 

Ao definirmos que saber ler e escrever implica em exercer o domínio da linguagem, temos que nos questionar se este domínio é diferente do que se exerce ao falar e compreender a linguagem falada. 

Todas as crianças independentes da organização ou do tipo de sociedade aprendem a falar e usar a linguagem falada; mas para aprender a ler e escrever é preciso que as mesmas estejam inseridas em uma sociedade letrada. Isso nos mostra como o domínio da linguagem escrita está associado a fatores de ordem social. 

Toda a criança descobre a fala no início de sua vida, através do seu meio, mas para aprender a ler e escrever ela precisa de instrução de alguém que seja letrado. O fato de saber ler e escrever implica várias consequências. A primeira talvez seja do domínio da leitura é que o campo de sentidos que o ser humano pode ter acesso se expande infinitamente, além da simples decodificação, a ação de ler nos remete a outras áreas desse processo. 

Percebemos que o conhecimento que uma pessoa tem das palavras é muito mais complexo que apenas guardar na memória uma lista de formas ortográficas. Dentre outras facetas das palavras, é fundamental a do significado. O significado das palavras não se constitui isoladamente, mas através de uma rede das associações. Compreender uma palavra isolada já se invoca por si só a ativação de uma rede semântica. Na compreensão da frase ou discurso, é preciso conhecer o papel das palavras no contexto da mesma e assim estabelecer relações entre os elementos. Num âmbito mais geral, para compreender um conjunto de frases ou discurso, é preciso estabelecer os laços que unem ou diferenciam as ideias ou proposições e, assim, fazer inferências, comparar, sintetizar, interpretar no sentido próprio do termo. 

Assim, o domínio da linguagem, da leitura e da escrita é um instrumento da interação com o mundo e com o conhecimento. Sem aprendizagens e sem contexto adequado, a desejada competência de leitura não tem campo da aplicação. A valorização das práticas de escrita, nas suas várias modalidades, é certamente um componente importante para a criação de uma linguagem que incentive o uso autônomo e criativo da leitura. 

A sala de aula é o espaço privilegiado para a troca de experiências e de conhecimentos entre os indivíduos que ali se encontram. Este espaço é a expressão manifestada através de suas rotinas, relações interpessoais, etc. O que deve nortear a prática pedagógica. Assim, pode-se dizer que os conhecimentos que os alunos possuem suas histórias e culturas, suas diferenças são contempladas nas mais diversas situações de aprendizagem. O planejamento do professor deve permitir as vivências dessas experiências, estimular a criatividade e a imaginação, desenvolvendo as diversas linguagens. 

Trazer para dentro da sala de aula situações reais do uso da leitura e da escrita na sociedade amplia a possibilidade de acesso ao mundo letrado, o que promove a busca da igualdade de oportunidades e a inclusão social. Todos nós, e também a criança, vivemos rodeados e inseridos nas transformações que nos chegam através da linguagem oral e escrita, através dos meios de comunicação. 

Nesta inserção, as crianças constroem várias ideias sobre a leitura e a escrita. 

A prática de leitura deve ser concebida não como uma habilidade linguística, mas como um processo de descoberta e de atribuição de sentidos que possibilite a interação leitor-mundo pelas relações estabelecidas com outras leituras e reflexões. “Tão importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita é poder se engajar em práticas sociais letradas, respondendo aos inevitáveis apelos de uma cultura grafocêntrica” (SOARES, 1999, P. 57). 

Assim, ler é entender, compreender e produzir sentidos. O professor precisa estar preparado a ter conhecimentos suficientes para provocar, a partir de leitura de textos, discussões que conduzem ao estabelecimento de conexões com outros textos e permitam a efetivação de interferência que imprimam sentido àquilo que está sendo lido. 

A produção de textos assume o centro das atenções e ocorre tanto na forma escrita quanto oral. Como prática, deve estar sempre vinculada à leitura, pois as duas atividades estão interligadas, num processo continuo e inesgotável de interlocução. Toda a produção, oral ou escrita, significa uma produção de sentidos, o que supõe o estabelecimento de relações e a elaboração de conceitos, que por sua vez estão relacionados ao conhecimento do mundo que o aluno possui. 

A produção escrita supõe exigências mais fortes com relação à norma, as relações intra e intertextuais, à permanência das informações, à forma de organização e outros elementos que são utilizados no texto e que contribuem para o sentido que este irá alcançar. 

Vivemos uma sociedade baseada na informação. A era da tecnologia e da informação rápida praticamente nos atropelam. Temos, então, a necessidade cada vez maior de interagir com essas informações. Isto se dá em grande parte, por meio ao acesso à leitura. 

Diante deste universo, rodeado de informações das mais diversas espécies, deparamo-nos com uma indagação: o que é ler? Para Cagliari, “[...] a atividade fundamental desenvolvida pela escola para a formação dos alunos é a leitura”. (2006, p.148). 

Com base nessas afirmações, inferimos que, se o aluno não se sair bem nas outras disciplinas, mas tornar-se um bom leitor, já terá a escola cumprido em grande parte a sua tarefa. Ainda fazendo eco a Cagliari, “[...] a leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma. ” (2006, p. 148). 

Ler é uma atividade bastante complexa, que envolve problemas de natureza semântica, cultural, ideológica, filosófica e, até fonética. 

Por outro lado, afirma ainda Cagliari que “[...] a leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido. O objetivo da escrita 

[...] é a leitura. ” (2006 p. 148). 

Mas, então, o que de fato significa ler? Podemos definir o ato de ler da seguinte maneira: 

“A leitura é, pois, uma decifração e decodificação. O leitor deverá em primeiro lugar decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, em seguida decodificar todas as informações que o texto tem e finalmente, refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do que leu”. (CAGLIARI, 2006, P.150). 

 

Há que se lembrar ainda que a leitura sempre tem algum objetivo. Lemos para buscar informações ou para puro deleite. De qualquer maneira, lemos para buscar alguma coisa. Na leitura encontramos coisas novas, alguém falando de realidades que simbolizam aquilo que se vê, que pensa ou sente, encontra o inesperado, o desconhecido. 

E a criança, como pode criar interesse pela leitura? Podemos destacar, primeiramente, que a criança precisa ser educada para o hábito da leitura. Para Alves, “[...] tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. ” (Apud Emmel, 2005 p. 23). A descoberta do prazer contribui para que a criança aprenda que a leitura é uma ferramenta que lhe permite descobrir o mundo. 

Outro modo de iniciar as crianças à leitura é colocá-las em contato com o que é escrito, lendo para eles. Ao ouvir histórias fabulosas, passam a interessar-se pelo ato de elas mesmas lerem o que está escrito. 

A leitura é a essência básica do saber evoluído. É lendo que nos aproximamos dos saberes já produzido e podemos deixar voar bem alto a fantasia. É ela quem nos permite flutuar pelo horizonte em busca de paz, da realização de sonhos, da busca do amor. Quem lê, viaja pelo tempo e pelo espaço. 

Algumas pessoas criam gosto pela leitura pelo exemplo dos familiares, outras, por influência de professor. No entanto, a formação de leitores, via escola só concorrerá se houver uma política de leitura, traduzida na adequada formação de professores-leitores, na instalação de bibliotecas e salas de leitura equipadas. 

Não se ensina gostar de ler por decreto, ou por imposição, nem se forma por meio de exercícios de leitura e gramática. Para formar indivíduos letrados, a escola tem que desenvolver um trabalho gradual e contínuo. Há muitas formas de ler, conforme objetivos do leitor, o tempo disponível, o material a ser lido, etc. 

O gosto pela leitura pode ser cultivado desde a alfabetização, mostrando as crianças que saber ler é fazer acordar as histórias que dormem nos livros. Atividades de leitura bem selecionadas mostram aos alunos que eles se alfabetizam para prender, para divertir-se, e para fins práticos, como ler um cartaz, um aviso. Desde o letramento as diferentes hipóteses de leitura (memorização de textos, adivinhação de texto, adivinhações, invenção de histórias a partir de uma gravura), podem ser introduzidas na vida da criança. 

Para Freire (1983, p.38), “a leitura do mundo procede a leitura da palavra” segundo este renomado pedagogo brasileiro, o conhecimento que a criança traz de sua vida anterior à escola deve ser valorizado para que ela possa obter sucesso em seu aprendizado. 

Mas, o que significa ler o mundo? Na nossa visão, ler o mundo é estar conectado à rede de relacionamentos que nos cerca. É estar apto a interagir com as mais diversas circunstâncias de vida. É ter conhecimentos sobre os fatos que ocorrem pelo mundo a fora. 

A leitura de mundo é aquela que trazemos conosco para os tempos de escolarização. É o nosso passado anterior. São nossas vivências dentro e fora do ambiente escolar. 

É também a vivência do dia a dia com todas as nuances que ele pode apresentar. Não significa apenas ler palavras, decodificar signos escritos, mas ler a conjuntura social, política, econômica, esportiva, etc., que acontece em nossa vida, mas interagir com tudo o que até nos chega, sabendo filtrar os excessos e aproveitar bem tudo o que é útil. Ler o mundo, enfim, é estar conectado com a teia de vida. 

   

2.2.METODOLOGIA 

 

 

O trabalho tem como base metodológica a pesquisa para a ação e transformação da prática, em dois aspectos: de forma previamente planejada, ou seja, estratégica, e de forma colaborativa, buscando-se a interação dos sujeitos no processo de mudança para compreender o contexto da que envolve o letramento escolar. De acordo com Franco (2005). 

A pesquisa-ação tem sido utilizada, nas últimas décadas, de diferentes maneiras, a partir de diversas intencionalidades, passando a compor um vasto mosaico de abordagens teórico-metodológicas, o que nos instiga a refletir sobre sua essencialidade epistemológica, bem como sobre suas possibilidades como práxis investigativa.  (FRANCO 2005, p. 485-486). 

 

O estudo tem como embasamento a pesquisa teórica bibliográfica, de caráter qualitativo. A fim de alcançar os objetivos desejados para este trabalho de conclusão de curso, e adquirir os conhecimentos e dados necessários para a realização da pesquisa, foi utilizada a abordagem qualitativa descritiva, pois este teve como objetivo conhecer a importância das práticas sociais de leitura e escrita para o letramento escolar. 

A análise dos dados obtidos foi feita segundo autores conhecidos de renome que despertam interesse e preocupação pelas questões primordiais da educação. As Teorias foram estudadas a partir de livros, revistas e sites disponíveis na internet, partindo de reflexões e debates quanto ao desenvolvimento do letramento infantil bem como as práticas sociais. 

De posse das informações obtidas no decorrer da pesquisa: sejam elas do ponto de vista teórico como também prático, far-se-á as considerações finais, buscando responder os objetivos definidos e, a partir daí, construir um novo conceito sobre o letramento escolar. 

O objetivo da pesquisa foi a ampliação da discussão de velhos temas, a partir de perspectivas com enfoque moderno. Espera-se que a reflexão e as sugestões trazidas ao longo desta pesquisa consigam levar a posicionamentos mais críticos e concisos perante o trabalho, a fim de tornar a escola mais eficaz no ensino daqueles que dela dependem para chegar aos conhecimentos sistematizados e desenvolver habilidades almejadas pela sociedade. 

 

 

4.CONSIDERAÇÃO E FINAIS 

 

A linguagem humana é um processo altamente complexo. O aprendizado da língua que falamos é algo tão rápido e natural, do qual não damos conta do tempo, dando a impressão que já nascemos falando. 

Já a escrita, é um processo mais lento. Mas, para obtermos sucesso nas nossas ações pedagógicas, importa unir um amplo conhecimento do sistema linguístico a uma metodologia de ensino inovadora, isto é, exercer as práticas sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade. 

Devemos ensinar a criança desde muito pequena a conviver com a literatura, com as práticas de leitura e escrita. As crianças colocadas em condições favoráveis de leitura geralmente gostam de ler. Ler é um desafio para os menores, vencer o código escrito é uma tarefa gigantesca. Vivemos cercados de oportunidades de práticas de leitura. A era de informação rápida, da facilidade de acesso aos meios de comunicação, à internet, exige qualificação especial, que é o domínio da leitura. Mas não apenas uma leitura como decodificação de sinais e símbolos, e, sim uma capacidade de ver além do que está escrito, de saber ler as entrelinhas, de manter um diálogo, produtivo com informações que recebemos. 

Por outro lado, a prática de leitura é fundamental para que enriquecemos nosso vocabulário, aumentar nosso conhecimento sobre os mais diferentes assuntos, relaxar, flutuar por sobre nuvens, aprender sempre mais e melhor. O saber acumulado está disponível para quem souber acessá-lo. 

Cabe destacar o papel fundamental dos professores no processo de letramento dos alunos, buscando alternativas produtivas que poderão facilitar e melhorar o trabalho para que o aluno possa associar os conhecimentos aprendidos às práticas sociais de escrita e de leitura, acompanhando o momento sócio histórico no qual está inserido. Por isso, defendemos uma maior valorização do professor alfabetizador, pois é ele quem iniciará o aluno na aquisição da habilidade de ler e escrever. 

Conclui-se que os acessos as práticas de letramento (prática sociais) que dependem da leitura e da escrita devem estar centradas no trabalho em sala de aula, para que a criança se aproprie eficientemente da escrita alfabética, assumindo capacidades de exercer práticas letradas de forma independente e prazerosa. 

 

 

REFERÊNCIAS 

 

BATISTA, Antônio Augusto Gomes. Alfabetização, leitura e escrita. Disponível em: http://www.Avebrasil.com.br/salto.html.Acesso  

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Linguística: São Paulo: Scipione, 1991. 

COLOMER, Teresa, TEBEROSKI, Ana. Aprender a ler e Escrever: Uma proposta construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003. 

EMMEL, Ana. Et al. Conteúdos e metodologias do ensino da linguagem 2. Florianópolis: UDESC, 2005. 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 3 ed. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1983. 

SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. 

TIBA, Içami. Ensinar Aprendendo. São Paulo: Gente, 1998.