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Brincar é Aprender

Laura Beatriz da Silva Borges[1]

Carmelita Alves de Lima[2]

Cristiane da Silva Pinto[3]

 

Resumo

O brincar é uma atividade específica da infância em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. É uma atividade humana, criadora na qual a imaginação, fantasia a realidade, interagem na produção de novas possibilidades para a criança. Possibilitando as relações sociais com outras crianças e também adulto. O presente artigo tem por objetivo a partir de outras bibliografias afirmar a importância do brincar no desenvolvimento infantil em seus aspetos cognitivo, social e afetivo. Rego (2002, p. 80) coloca que se baseando na teoria Vigotskiana percebe-se a importância da brincadeira como fonte de promoção do desenvolvimento infantil. A autora ainda afirma que, apesar do brinquedo não ser o aspecto predominante da infância, ele exerce uma enorme influência onde a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivações internas.

Palavras- chave: Criança; Brincadeira; Conhecimento.

 

Abstract

The play is a specific activity of childhood in which the child recreates reality using symbolic systems. It is a human activity, in which the creative imagination, fantasy, reality, interact in the production of new possibilities for the child. Enabling social relationships with other children and also adults. This article aims from other bibliographies affirm the importance of play in child development in their cognitive, social and affective aspects. Rego (2002, p. 80) states that based on Vygotskian theory realizes the importance of playing as a source of promotion of child development. The author further states that despite the toy not be the predominant feature of childhood, he wields enormous influence which the child learns to act in a cognitive sphere that depends on internal motivations.

Key word: Child; joke; Knowledge.

 

INTRODUÇÃO

Este artigo trata do tema brincar é aprender, para o desenvolvimento desse tema levantamos a seguinte problemática.  Será que o brincar é entendido e valorizado, pelas pessoas que cuidam e educam as crianças? De que forma essas pessoas dão espaço, oferecendo tempo e oportunizando o brincar?. Vamos procurar entender estas questões, diante das novas perspectivas educacionais a fim de compreender melhor as possíveis relações entre o brincar, o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças, pretende-se tecer uma discussão sobre as brincadeiras no âmbito escolar, pois é através de brincadeiras que as crianças interagem com mais intensidade no ambiente em que está inserida. O aluno quando chega à escola traz em sua bagagem conhecimentos adquiridos no cotidiano e que vem cheio de atividades lúdicas. Quando o educador faz uma atividade lúdica não importa apenas a realização da atividade e sim o momento que o aluno vive, o ato pedagógico a ação causada pela utilização do lúdico, em que é possível passar por momentos de fantasias estando dentro da realidade, promovendo momentos satisfatórios, conduzindo a educação, permitindo com que a criança tenha maior prazer em aprender. Pretende-se neste trabalho, estabelecer subsídios que permitam saber de que forma as brincadeiras realizadas na Educação infantil podem contribuir para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Assim, temos como enfoque situar o ato de brincar, tendo como fundamentação que o brinquedo não pode ser visto como algo não importante e aleia a atividade do dia-a-dia da criança. Os métodos utilizados para a realização da mesma serão leituras de alguns livros, artigos de revistas, textos e sites disponíveis sobre a temática buscando assim identificar, descrever e analisar a importância da utilização das brincadeiras no desenvolvimento das crianças, na Educação Infantil. Qual a contribuição das brincadeiras e do brinquedo para o desenvolvimento da aprendizagem das crianças da Educação Infantil?. Adquirir conhecimentos sobre as questões relacionadas ao ato de brincar e das brincadeiras na Educação Infantil. Detectar os principais aspectos que as atividades lúdicas auxiliam no aprendizado da criança da Educação Infantil. Apontar alternativas metodológicas como a brincadeira pode contribuir no processo de ensino-aprendizagem da criança inserida na Educação Infantil. O trabalho pretende por meio de a pesquisa bibliográfica contemplar de forma sucinta, o tema abordado, considerando que esta abordagem proporciona resultados significativos na área educacional, no sentido de oportunizar ao pesquisador uma visão mais ampla no cotidiano escolar, além de produzir conhecimentos e contribuir para a transformação da realidade de cada estudante no processo educativo. O instrumento da pesquisa que utilizaremos trata-se de uma pesquisa bibliográfica elaborada através de uma revisão de literatura a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros e artigos disponibilizados na Internet para levantamento da situação em questão, fundamentação teórica e justificar os limites e contribuições da própria pesquisa.

Segundo Gill (1999, p. p.65),

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituindo principalmente de livros e artigos científicos. Embora e quase todos os estudos sejam exigidos algum tipo de trabalho, desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

Sendo assim, o estudo bibliográfico subsidiara e favorecera todo o percurso da pesquisa.

 

DESENVOLVIMENTO

O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (Brasil, 1998, p.13), especifica os vários aspectos a serem contemplados, dentre eles o brincar. Temos várias razões para brincar, pois sabemos que é extremamente importante para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da criança. É brincando que a criança expressa vontades e desejos construídos ao longo de sua vida, e quanto mais oportunidades a criança tiver de brincar mais fácil será o seu desenvolvimento. Segundo Carneiro e Dodge (2007, p. 59),

O movimento é, sobretudo para criança pequena, uma forma de expressão e mostra a relação existente entre ação, pensamento e linguagem. A criança consegue lidar com situações novas e inesperadas, e age de maneira independente, e consegue enxergar e entender o mundo fora do seu cotidiano.

A partir deste contexto surge o interesse em compreender como as brincadeiras e jogos auxiliam na aprendizagem e desenvolvimento cognitivo de crianças da Educação Infantil, pois o brincar é comunicação e expressão, é agir, entreter-se, elaborar teorias, criar, fantasiar, inventar, explorar, construir, sentir, ser e viver; é uma ligação entre pensamento e ação que auxilia as crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social.

Segundo Maluf (2003, p.9),

Brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos, desenvolve habilidade de forma natural e agradável. Ele é uma das necessidades básicas da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo.

Entendemos que o brincar tem a função de socialização e integração. A sociedade moderna cada vez mais tem sofrido transformações em relação ao brincar e ao espaço que se tem para brincar, os pais e os filhos têm pouco tempo para ficarem juntos e brincar. A escola acaba sendo a mais importante fonte transmissora de cultura, onde ainda existem espaços para as crianças brincarem, tendo os profissionais de educação à incumbência de ensinar e resgatar as brincadeiras no cotidiano infantil.

O hábito das brincadeiras na escola promove aspectos diversos nas crianças que serão de suma importância para o seu desenvolvimento biopsicossocial, sendo de suma importância para uma formação sólida e completa.

Rego (2002, p. 80) coloca que se baseando na teoria Vigotskiana percebe-se a importância da brincadeira como fonte de promoção do desenvolvimento infantil. A autora ainda afirma que, apesar do brinquedo não ser o aspecto predominante da infância, ele exerce uma enorme influência onde a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivações internas.

Segundo Rego (2002, p. 62) Vygotsky valoriza o fator social, mostrando que no jogo de papéis a criança cria uma situação imaginária, incorporando elementos do contexto cultural adquirido por meio da interação e comunicação.

Pesquisas realizadas por Wayskop (1997), a constatação da existência de brincadeira na criança era interpretada a partir de uma visão de natureza infantil, biologicamente determinada para a qual a mesma cumpre requisitos de desenvolvimento básico e predeterminado. A autora afirma que a brincadeira encontra papel educativo importante na escolaridade das crianças que estão se desenvolvendo e conhecendo o mundo numa instituição que se constrói a partir dos intercâmbios sociais que nela vão surgindo. Ou seja, a partir das diferentes histórias de vida das crianças, dos pais e dos professores que compõem o corpo de usuários da instituição e que nela interagem cotidianamente.

De acordo com Wayskop (1997, p.25), estudiosa das ideias de Vygotsky,

A criança desenvolve-se pela experiência social, nas interações que estabelece, desde cedo, com a experiência sócio histórica dos adultos e do mundo por eles criado. Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a experiência sociocultural dos adultos.

Concordamos com Wajskop (1997, p.31) quando afirma: “a garantia do espaço do brincar na pré-escola ou creches, é a garantia de uma possibilidade de educação da criança numa perspectiva criadora, voluntária e consciente”.

O referencial curricular nacional da educação infantil diz que os jogos e as brincadeiras propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por meio de atividades lúdicas, por isso é de fundamental importância que a escola e os educadores vejam as brincadeiras como algo sério, que deve ser utilizado por todo currículo escolar.

Assim, tendo como base as informações obtidas nas referências, torna-se possível elaborar uma proposta que inicia uma nova prática pedagógica. Uma prática onde a brincadeira infantil não é apenas valorizada como um aspecto natural da criança, mas como um excelente meio de promover a aprendizagem.

 A infância é um período de aprendizagem necessário à idade adulta. É um laboratório de aprendizagem, permitindo o aprender. De acordo com Chateau (1987, p.14): “É pelo brinquedo que crescem a alma e a inteligência (...) uma criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto, que não sabe pensar”.

O brincar é uma atividade predominantemente da infância e procura-se, com este trabalho, identificar suas relações com o desenvolvimento da aprendizagem na criança, influenciada pelo contexto histórico, social e cultural em que está inserida. Com estas experiências adquiridas, estabelecem-se vínculos entre aluno, professor e escola, favorecendo sua aprendizagem e formação.

 

Conclusão

Diante de tudo que fora mencionado, pode-se dizer sem sombra de dúvida que o lúdico é importante sim para uma melhoria na educação e no andamento das aulas, provocando uma aprendizagem significativa que ocorre gradativamente e inconscientemente de forma natural, tornando-se um grande aliado aos professores na caminhada para bons resultados. E que é dever do professor mudar os padrões de conduta em relação aos alunos, deixando de lado os métodos e técnicas tradicionais acreditando que o lúdico é eficaz como estratégia do desenvolvimento na sala de aula. Espera-se que esta proposta de abordagem vá de encontro com o que foi proposto realizar, e essencialmente, que seja de suporte para professores que já atuam no ambiente escolar, e aos futuros professores a tornar suas aulas mais dinâmicas fazendo com que a sala de aula se transforme num lugar prazeroso, construindo a integração entre todos que a frequentam.

A educação tem por objetivo principal formar cidadãos críticos e criativos com condições para inventar e ser capazes de construir cada vez mais novos conhecimentos. O processo de Ensino/Aprendizagem está constantemente aprimorando seus métodos de ensino para a melhoria da educação. O lúdico é um desses métodos que está sendo trabalhado na prática pedagógica, contribuindo para o aprendizado do aluno possibilitando ao educador o preparo de aulas dinâmicas fazendo com que o aluno interaja mais em sala de aula. Pois cresce a vontade de aprender, seu interesse ao conteúdo aumenta dessa maneira ele realmente aprende o que foi proposto a ser ensinado, estimulando-o a ser pensador, questionador e não um repetidor de informações. É preciso ressaltar que o termo lúdico etimologicamente é derivado do Latim "ludus" que significa jogo, divertir-se e que se refere à função de brincar de forma livre e individual, de jogar utilizando regras referindo-se a uma conduta social, da recreação, sendo ainda maior a sua abrangência. Assim, pode-se dizer que o lúdico é como se fosse uma parte inerente do ser humano, utilizado como recurso pedagógico em várias áreas de estudo oportunizando a aprendizagem do indivíduo. Dessa forma, percebem-se as diversas razões que levam os educadores a trabalharem no âmbito escolar as atividades lúdicas. “O brinquedo cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal na criança”. (OLIVEIRA, 1977, p. 67), lembrando que ele afirma que a aquisição do conhecimento se dá através das zonas de desenvolvimento: a real e a proximal. A zona de desenvolvimento real é a do conhecimento já adquirido, é o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é atingida, de início, com o auxílio de outras pessoas mais “capazes”, que já tenham adquirido esse conhecimento. As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade (Vygotsky, 1998). Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança sendo por isso, indispensável à prática educativa (AGUIAR, 1977, p. 58). Na visão sócia histórica de Vygotsky, a brincadeira, o jogo, é uma atividade específica da infância, em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Essa é uma atividade social, com contexto cultural e social.

 

Referências

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_______, MEC – Secretaria De Educação Fundamental. Referencias Curriculares Nacionais da Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF/SEESP, 1998.

 

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[1] Pedagoga, atuante na rede Municipal de Educação.

[2] Pedagoga, atuante na rede Municipal de Educação.

[3] Pedagoga, atuante na rede Municipal de Educação.