O Estudo dos Fundamentos da Educação e Sua influência na Relação Entre Comunidade e Escola
Virgínia Caetano do Nascimento [1]
Josiane Fátima Zamignan[2]
Resumo
A educação tem sido preocupação de muitos estudiosos nas diferentes áreas do conhecimento ao longo da história, em virtude das grandes transformações decorrentes do processo informativo que tem atingido todo o contexto social, mudando a forma de pensar e as próprias relações entre os sujeitos, tanto no ambiente familiar como no ambiente social. A busca por uma educação de qualidade, que tenha como intuito formar cidadãos críticos e preparados para adentrarem em um contexto cada vez mais instável, a partir da realidade e anseios dos alunos, levantou a necessidade da democratização escolar.
Palavras-chave: Fundamentos da Educação. Comunidade. Escola.
Abstract
Education has been a concern of many scholars in different fields throughout history, because of the major changes resulting from the information process that has hit the entire social context, changing the way they think about themselves and relationships among individuals, both in family environment and the social environment. The search for a quality education, which has the intention to form critical and prepared to step into an increasingly unstable environment, from the reality and aspirations of students, citizens raised the need of school democratization.
Keywords: Foundations of Education. Community. School.
INTRODUÇÃO
Em um contexto em que a escola tornasse resultado das construções sociais, verificasse a necessidade de repensar a prática pedagógica desenvolvida na escola, que apesar de possuir papel principal no processo educativo formal, precisa da participação de outros atores da comunidade escolar para auxiliar na construção de um ensino que atenda as aspirações da sociedade em geral. Desta forma professor e escola devem oportunizar meios para promover uma gestão participativa, rompendo com os preceitos de uma educação autoritária e centralizadora.
Em conformidade a isso, a presente produção de aprendizagem tem o intuito de apresentar um estudo acerca dos Fundamentos da Educação e a sua influência na relação entre comunidade e escola, destacando as contribuições das concepções psicológicas, sócio antropológicas e filosóficas para a prática docente, apontando os princípios, teorias e correntes dos seus principais autores, bem como analisar a contribuição da prática docente na promoção da parceria democrática entre escola e comunidade, considerando os preceitos de uma educação inter e multicultural. A realização deste estudo contribuirá para a formação das suas executoras como futuras profissionais da educação, servindo de norteador para o desenvolvimento da sua prática pedagógica, haja visto, que vem tratar de um assunto atual e de extrema importância no âmbito escolar.
Para tanto a realização deste estudo será embasado em uma pesquisa teórica em livros e artigos da Internet acerca do assunto, bem como dos conhecimentos adquiridos no decorrer das aulas das disciplinas cursadas sobre os Fundamentos Psicológicos da Educação, Fundamentos Sócio Antropológicos da Educação, Pesquisa e Prática Profissional – Relação Escola/Comunidade e Fundamentos Filosóficos da Educação.
Em suma, no presente trabalho serão abordados assuntos pertinentes aos Fundamentos da Educação e a sua contribuição para a relação entre escola e comunidade, considerando a influência de importantes estudiosos nas áreas da Psicologia, Sociologia e Filosofia, que vem tratar especialmente dos estudos acerca da compreensão do existencialismo humano e dos fatores ligados a aquisição do conhecimento, com vistas ao processo educativo. Será apresentada ainda uma análise do papel do educador e da importância da prática docente na promoção da participação da comunidade nas atividades da escola, especialmente da família, ponderando ainda o desenvolvimento de práticas voltadas à pluralidade cultural.
2. O ESTUDO DOS FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NA RELAÇÃO ENTRE COMUNIDADE E ESCOLA
Os desafios da sociedade contemporânea têm nos levado a pensar de forma mais crítica o nosso presente. As transformações sociais têm afetado a todos os setores, inclusive o educacional, que tende a criar políticas de reorganização e democratização da ação docente a partir dos fundamentos que norteiam o ato de educar. O estudo acerca dos Fundamentos da Educação tem servido de apoio a estrutura humana em seu convívio social, contribuindo para a prática diária dos profissionais da educação, uma vez que engloba todos os aspectos formadores do ser humano. Os fatores psicológicos, sociológicos e filosóficos fazem parte do desenvolvimento dos sujeitos, principalmente da aprendizagem, onde à aquisição da leitura e da escrita desencadeiam na formação de alunos críticos, pois permite a estes interpretar e refletir sobre os acontecimentos da sua realidade no contexto social, e assim, “garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos, necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos” (PCNs).
Considera-se, pois, que a educação que tem como objetivo principal “transmitir e reelaborar os conhecimentos sistematizados das gerações anteriores” (Borges, 2008) deve perpassar os muros da escola e promover a participação dos diferentes atores da comunidade, considerando os saberes e experiências adquiridos pelos sujeitos. Sendo assim, o trabalho pedagógico deve ser construído de forma a oportunizar a participação democrática de todos no planejamento e no processo decisório, sendo responsabilidade da escola, segundo as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Melo, 2011, pg.170) “articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola” atribuindo ainda como umas das incumbências do professor a colaboração para essa articulação.
Em conformidade a isso, considera-se que os fundamentos que norteiam a educação contribuem para refletir sobre o conhecimento humano e no pensar a educação de forma mais crítica, através das concepções de importantes pensadores, conforme será relatado no decorrer desta produção de aprendizagem.
2.1 FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Como aporte para a compreensão dos processos de desenvolvimento e aprendizagem do ser humano, proveniente da interação social estabelecida por este no contexto vivenciado, no qual assume papel participativo, autores como Piaget com sua teoria construtivista, e Vygotsky com sua teoria sócio interacionista, partindo do conceito de que o conhecimento é entendido como adaptação e como construção individual e que a aprendizagem e o desenvolvimento são autorregulados (Sayegh, 2006), ambos desenvolveram teorias distintas especialmente no que diz respeito à construção deste conhecimento, as quais ao longo do tempo têm contribuído e servido de norteadoras para práticas educativas em diferentes contextos de ensino.
Ao considerar que “o ser humano possui capacidade genética de adquirir conhecimentos (Gomes, 2007, pg. 31), Piaget estabelece que o desenvolvimento cognitivo do sujeito ocorre pelas ações e interações deste com o meio físico e social, a partir da construção individual, sendo este, resultado do avanço de novos saberes oriundos do processo de assimilação e acomodação, provenientes da desequilibração individual, onde a ocorrência de erros influência na construção de novos conhecimentos. Partindo do conceito de que “o desenvolvimento explica a aprendizagem” (Stoltz, 2011, pg. 24) a teoria piagetiana considera que o sujeito passa por distintos estágios de desenvolvimento ao longo da sua vida (sensório-motor, pré-operatórias, operatório-concretas e operatório-formais) construindo o seu conhecimento da ação, na relação com o objeto, em que a compreensão e incorporação de novas informações possibilita a passagem de um estágio inferior para um nível superior (Stoltz, 2011, pg. 105), em que constrói as suas primeiras percepções até a compreensão dos fatos ocorridos, onde desenvolve o raciocínio, de maneira que, “ao mesmo tempo que o sujeito constrói o objeto, constrói a si mesmo como sujeito” (Stoltz, 2011, pg. 17). Sendo assim, considera-se que para Piaget, o desenvolvimento cognitivo ocorre em virtude dos fatores de maturação orgânica, experiência com objetos, interação e transmissão social e equilibração (Stoltz, 2011, pg. 22).
Com uma concepção um tanto quanto distinta, Vygotsky avalia que o desenvolvimento intelectual do homem, ocorre pela interação deste com o meio social e cultural, onde a internalização de novos significados repassados pelo grupo social a qual pertence, e a linguagem, tornam-se fundamentais para o desenvolvimento psicológico superior, que segundo o autor, é o que distingue o homem dos outros animais (Stoltz, 2011, pg.55) e que lhe permite por meio de sistemas de símbolos, controlar e regular o seu comportamento individual a partir da regulamentação social. Ao considerar que o “aprendizado gera o desenvolvimento” (Stoltz, 2011, pg. 70) Vygotsky estabelece que a aprendizagem deva ser mediada pela representação do nível de conhecimento do sujeito estabelecido pela Zona de Desenvolvimento Potencial ou Proximal, em que é identificado o espaço entre o conhecimento adquirido daquele que ainda não se detém e precisa do auxílio de outra pessoa para que ocorra.
Em decorrência das concepções apresentadas, notasse que os fundamentos inerentes a Psicologia contribuem e estão intrinsecamente ligados a prática pedagógica, haja visto que vem auxiliar na compreensão do ser humano e explicar os fenômenos ligados ao seu desenvolvimento, bem como na explicação dos fatos educativos, conforme afirma Mello (2010):
Contribuí para compreender os fenômenos educativos desencadeados no interior da sala de aula, apontando indicações para diferentes intervenções no contexto escolar, a partir das necessidades de cada aluno ou aluna, provocando, assim, transformações na prática pedagógica do professor.
Sendo assim, na ação do docente, os fundamentos Psicológicos auxiliam o educador a compreender os fatores ligados ao desenvolvimento e aprendizado humano, as dificuldades de aprendizagem e os distúrbios de comportamento, as necessidades educativas especiais, os fatores socioambientais no processo de aprendizagem, que podem desencadear em problemas de adaptação social, rebeldia, conflitos em sala, baixo desempenho, entre outros. Da mesma forma, vem auxiliar no desenvolvimento de práticas educativas que auxiliem na promoção do conhecimento e inserção do aluno, com a reorganização dos conteúdos a serem abordados, os quais devem estar relacionados à realidade vivenciada pelos alunos, e o emprego de atividades que promovam a participação nas aulas, possíveis especialmente através do lúdico.
2.2 FUNDAMENTOS SÓCIO-ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Ao considerarmos o ser humano como “construtor de sua própria vida social e de sua própria história, sendo que essa construção se dá em sociedade com outros indivíduos” (Mello, 2011, pg. 24) especialmente quando na transmissão de conhecimentos históricos, culturais, sociais, dentre outros, a Sociologia da Educação, aqui entendida como sendo uma “vertente da SociologiaSociologia que estuda a realidade socio educacional e os processos educacionais de socialização” (Wikipédia – Similares, 2011) vem relacionar o fenômeno educativo aos processos de humanização, cultura e socialização (Mello, 2011, pg. 23) em determinado período da história, contribuindo para a compreensão deste fenômeno a partir das características do ser humano, em um contexto social e de formação e transformação humana, perceptível em todas as instâncias da vida no decorrer das gerações, evidenciando o objetivo da educação que é o de transmitir os conhecimentos, saberes, tradições, etc. para as novas gerações (Mello, 2011, pg. 40).
Em conformidade a isso, ao longo da história, em diferentes contextos, importantes foram às contribuições proferidas à Sociologia da Educação por sociólogos como Émile Durkhein, ao considerar a “educação como um fato social” (Mello, 2011, pg. 25), em que os sujeitos têm que se adaptarem aos valores, culturas e regras da sociedade, objetivando uma educação diferente ás distintas funções sociais existentes. Em consonância com os preceitos de uma economia capitalista, autores como Max Weber, com sua teoria burocrática e de ação social profere uma educação voltada à dominação hierárquica no que tange a relação e ao processo de gestão no contexto escolar, considerando a importância da aquisição de diplomas para a aquisição de status social (Mello, 2011, pg. 212); Karl Marx e Friedrich que articula a educação como representação da classe dominante, considerando-se o fator de qualificação e desqualificação dos sujeitos, e Antônio Gramsci ao vincular produção e educação a partir do princípio educativo (Mello, 2011, pg. 194).
Neste contexto, notasse que os fundamentos proferidos pela Sociologia intervêm na prática docente, uma vez que esta, fundamentada no estudo da ação social, contribui para que o educador, considerado como “agente social significativo no processo de socialização das novas gerações” (Mello, 2011, pg.75) possa analisar e compreender a realidade e a educação, em todos os aspectos, seja econômico, social e cultural, para assim vir a contribuir no planejamento de uma prática educativa e filosofia de trabalho críticas e participativas, que devem estar pautadas especialmente nos fatores inerentes a existência humana, consideradas ações de desenvolvimento e comportamento, abordando temas humanísticos, direcionados a práticas de multiculturalismo e a interculturalidade, diante do respeito à convivência das diferenças e desigualdades oriundas da pluralidade cultural do ambiente escolar, com vistas a formar cidadãos críticos.
Não obstante a isso, os estudos acerca da Sociologia da Educação tem contribuído ainda para a compreensão e promoção da parceria e integração entre a família e a escola, em virtude das mudanças ocorridas nestes dois agentes sociais nos últimos tempos, levando-se em conta os diversos fatores que permeiam esta relação e que ocorrem antes, no caso da escola, e fora do contexto destes agentes, possibilitando a investigação da relação das duas partes, especialmente no que tange as práticas e estratégias de socialização por estas empregadas na formação dos sujeitos, e ainda como recurso para estudar meios para que esta aproximação ocorra e analisar a importância que detém no desempenho escolar e na formação enquanto cidadãos.
2.3 FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
A busca pela compreensão da questão que envolve a existência humana e a sua relação com o mundo constitui-se como campo principal de toda a reflexão filosófica, que se ocupa dos saberes pertinentes ao estudo do pensamento humano e da busca pela verdade, que teve diferentes concepções ao longo do tempo, fundamentais para compreensão da realidade do homem e dos fatores ligados a esta, inclusive o educacional, que tem o objetivo de “trazer a reflexão filosófica para o âmbito das teorias e práticas pedagógicas” (Vasconcelos, 2011, pg. 10). Em conformidade a isso, a Filosofia da Educação, um dos campos da Filosofia, se ocupa “justamente de pensar a educação, os seus fundamentos, as suas finalidades, os seus valores, os seus processos”, tendo como intuito principal “auxiliar nas decisões da política educativa” (Rorty, 2008).
Para tanto, a Filosofia da Educação caracterizasse pelo estudo das ideias de grandes filósofos como Platão, Rousseau, Kant, Decartes, Max, Hegel, Voltaire, entre outros, que foram propulsores de correntes e obras filosóficas em períodos históricos distintos, e que possibilitaram uma maior compreensão acerca da educação e dos fatores ligados a esta, sendo verificadas no contexto atual. Dentre estas, consideram-se como sendo de grande importância para a educação as correntes do Empirismo e Racionalismo pautadas na definição da origem do conhecimento, podendo este derivar da razão (empirismo) ou da experiência (racionalismo); do Naturalismo e Iluminismo que criticava a educação adotada pela nobreza em detrimento aos demais, visando um aprendizado prático e vinculado as experiências da vida dos sujeitos, sendo esta fundamentada nas obras de O Candido (Voltaire) e Emilio ou da Educação (Rousseau); o Positivismo que considerava a necessidade de uma educação diferenciada para os distintos estágios de desenvolvimento do sujeito, pautadas no ensino de disciplinas que contribuíam para o desenvolvimento da humanidade e integração do sujeito ao ambiente social, criticando os métodos tradicionais de ensino voltados a memorização de conteúdos prontos; o Materialismo Dialético que tratava do papel da escola, como reprodutora da ideologia burguesa (Critico-reprodutivista) ou como formadora de uma consciência crítica (Histórico - critica); a Fenomenologia na qual o aluno tomava consciência de si e o aprendizado tornava-se reflexão de condições – problemas, pautado na obra Ser e Tempo (Heidegger); o Existencialismo voltado a um ensino autoritário; o Estruturalismo ao considerar a questão disciplinar e classificadora no ambiente escolar; o Pragmatismo com a preocupação com a linguagem e o uso adequado do pensamento orientado para a solução de problemas; e a Filosofia Analítica voltada à concepção de linguagem no que tange ao pensamento científico ou cotidiano, e a relação entre verdade e liberdade referenciadas nas obras Tractatus Lógico-Philosophicus e Investigações Filosóficas (Wittgenstein).
Como resultado, a Filosofia da Educação permite o estudo das ideias acerca da educação de importantes filósofos ao longo da história, e contribui para algumas questões educacionais servindo de norteadora para a prática docente, especialmente por levar os educadores a “refletir criticamente os pressupostos mais básicos do pensar e do fazer do pedagógico” (Vasconcellos, 2011, pg. 172) o qual ainda considera que a Filosofia da Educação “aguça o pensamento e ajuda, assim, a nortear a ação pedagógica de maneira mais lógica, criativa, segura e eficiente” (pg. 18), auxiliando na definição dos conteúdos a serem ensinados, bem como na forma que serão apresentados aos alunos. Sendo assim, esta, fundamenta-se na reflexão da realidade educacional, auxiliando na definição das diretrizes educacionais que devem condizer com a realidade e a cultura social com vistas a um ensino democrático contribuindo para o educador tornar a sua prática “coerente e eficaz” (Saviani, 1990).
2.4 PESQUISA E PRÁTICA PROFISSIONAL – RELAÇÃO ESCOLA-COMUNIDADE
A busca por uma educação diferenciada, que atenda às necessidades dos sujeitos no contexto social, tem movido a escola a desenvolver meios que interliguem e possibilitem a participação dos diferentes atores da comunidade na prática educativa, trazendo para a sala de aula um pouco das experiências e conhecimentos adquiridos pelos alunos fora do ambiente escolar. Notasse, pois, que a relação estabelecida entre comunidade e escola é resultado da busca por objetivos comuns, uma vez que visa promover, da melhor forma possível, um ensino satisfatório que forme cidadãos preparados para um mercado cada vez mais seleto.
A comunidade, pois, tornasse um importante aliado neste processo de interação. Composta por um grupo integrado de pessoas com interesses e valores em comum, a comunidade influência e ancora os preceitos que fundamentam a comunidade escolar, que é assim composta pelos agentes responsáveis pelo processo educativo, diretores, professores, pais, alunos, dentre outros, os quais devem funcionar, segundo Melo (2011), como um grupo coeso que compartilha de projetos comuns ou semelhantes e que trabalha em conjunto para alcançar estes fins, estabelecendo relações democráticas entre os seus membros, estando abertos a participação, garantindo assim a sua intencionalidade, a partir do desenvolvimento de uma consciência social coletiva e transformadora.
Em decorrência disso, a relação estabelecida entre comunidade e escola é influenciada pelas ações pertinentes á pratica docente, que deve assumir e exigir uma postura democrática da escola e dos seus dirigentes (Melo, 2011) que venha a contribuir para incentivar a participação das atividades entre escola e comunidade, proporcionando diálogo e integração, possíveis especialmente pelo contato dos docentes com o ambiente no qual os alunos estão inseridos, dos quais tornasse possível retirar assuntos da sua vida em comunidade, conforme defende o autor Paulo Freire, para o qual, a ação educativa deve partir da realidade dos alunos, tendo como intuito principal possibilitar que seja dada continuidade da educação familiar na escola. Para tanto, os professores, principais agentes responsáveis em colaborar para a relação, devem criar meios para que a comunidade tenha uma visão positiva da escola, conforme afirma Paro (Melo, 2011, pg.136), para o qual, a prática docente, juntamente com os demais agentes, deve promover meios para a discussão de pais e educadores acerca da educação ofertada, valorizar e intervir o cotidiano da comunidade, integrando a comunidade por meio de atividades recreativas, culturais e esportivas nas escolas, podendo ocorrer por meio da participação e efetivação de conselhos escolares, associação de pais e mestres, grêmios estudantis, voluntariado e empresariado.
No entanto, esta busca em promover uma educação que leve em consideração à realidade dos alunos, interligada aos fatores que fazem parte da sua vida social e dos fatores que integram a sua herança familiar, vem sendo tema de estudo de importantes estudiosos na área da educação, e servindo de base para a prática educativa no decorrer dos anos. Tais estudos têm contribuído para pensar as relações entre escola e comunidade e os entraves decorrentes dos diferentes contextos nos quais estão ancorados, possibilitando meios para que a escola, agente responsável pela articulação, possa conhecer o comportamento dos alunos, da família e da comunidade de forma geral, e estar preparada para desenvolver atividades que possibilitem uma aproximação e integração com a comunidade.
Conclusão
A sociedade atual tem sido reflexo das inúmeras transformações sociais, provenientes principalmente do avanço científico e tecnológico que tem afetado a todos os setores sociais, inclusive o educacional. Em meio à revolução da informação, a busca por uma educação que considere os saberes e valores intrínsecos a vida dos alunos em sociedade, requer que as práticas educativas sejam reformuladas, de modo a tornar a sala de aula um ambiente de ensino pautado na pluralidade cultural, fundamentado na relação democrática entre escola e comunidade, deixando para traz uma educação seletiva e autoritária que inibe a ação docente.
A educação, pois, constituída pela transmissão dos conhecimentos de geração para geração, tem ao longo da história, norteado os estudos de importantes autores que contribuíram para entender os fundamentos ligados a esta prática, desenvolvendo teorias que até hoje tem auxiliado a atuação docente, pois permitem entender os fatores inerentes ao desenvolvimento e a aprendizagem humana, concedidos a partir do processo de socialização, em que o pensar sobre o ato de educar e a compreensão do sujeito e da realidade vivenciada tem contribuído para a relação entre comunidade e escola. Autores como Piaget e Vygoski e suas teorias acerca da construção do conhecimento tem fundamentado as concepções da Psicologia, área do conhecimento, que priva pela compreensão do ser humano e dos fatos educativos, assim como ocorre com a Sociologia em que o estudo dos processos de socialização e da realidade educacional motivou estudos de autores como Durkhein, Weber, Marx, Friedrich e Gramsci ao longo da história, e, como a Filosofia de Platão, Rousseau, Kant, dentre outros, que por meio de correntes e obras filosóficas tem auxiliado no pensar sobre a educação, bem como autores contemporâneos, como Paulo Freire, que veio conscientizar sobre a importância da relação da escola com a vida dos alunos em comunidade, da onde surgem os temas geradores para a ação docente. O estudo de tais áreas do conhecimento tem servido de apoio para a educação atual auxiliando na promoção de meios para que o ato de educar não seja meramente a transmissão de informações, mas uma troca de conhecimentos entre aluno e professor.
Por tudo isso, é que se torna necessário aprender com antigas teorias e remodelar as novas para que a escola esteja preparada para enfrentar as dificuldades apresentadas pela realidade contemporânea, desenvolvendo meios que possibilitem a participação da comunidade escolar na escola, seja na definição dos rumos, seja no planejamento e reorganização das suas atividades, de forma democrática e integrada. Considerada como importante meio de socialização do sujeito, a escola precisa trabalhar em consonância com os agentes da comunidade, especialmente com a família, principal interessada no aprendizado dos alunos, uma vez que é responsável pela educação materna que deve ser continuada na escola. Em decorrência disso, os educadores, principais agentes responsáveis pela relação entre escola e comunidade, devem desenvolver meios para incentivar e possibilitar esta parceria, proporcionando o diálogo e discussão acerca do ensino prestado, e estimular a criação de conselhos, grêmios estudantis e outras formas de organizações que integrem a comunidade no cotidiano escolar.
Por fim, ao término desta produção de aprendizagem, verifica-se que os objetivos propostos foram alcançados, uma vez que a partir desta tornou-se possível a realização de um estudo acerca dos fundamentos da educação e a sua influência na relação entre escola e comunidade, bem como uma análise da contribuição da prática docente nesta parceria, possíveis a partir da retrospectiva das concepções de importantes estudiosos da área da educação, elucidando os fenômenos que norteiam os fatos educativos. Para tanto, concluímos este trabalho convictas de que, apesar da educação ter passado por profundas transformações ao longo dos anos, é preciso que continuem sendo desenvolvidos programas de incentivos e de apoio a esta, especialmente no que se refere à interação entre escola e comunidade e o desenvolvimento de práticas inter e multiculturais, com o intuito de contribuir para o avanço da educação, e possibilitando a formação de cidadãos críticos. Para tanto, é necessário que a escola e educadores ofereçam uma educação que respeite a diversidade dos alunos.
Referências
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VASCONCELOS, Jose Antônio. Fundamentos Filosóficos da educação. Curitiba:
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WIKIPEDIA. Sociologia da Educação, 2011. Disponível em http://wikipedia.org/wiki. Acesso em 01 de Novembro de 2011, ás 13hs.
[1] Graduada em Pedagogia e Pós Graduanda em Alfabetização e Letramento pela Universidade Candido Mendes.
[2] Graduada em Pedagogia pela UNINTER - Centro Universitário de Curitiba-PR e Pós Graduanda em Alfabetização e Letramento pela Universidade Candido Mendes. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.