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O PEDAGOGO DIANTE DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

 

Rosa Ferreira Nobre

Vera Lúcia Teixeira Rodrigues

 

RESUMO

Observando o nosso mundo atual podemos perceber que tem ocorrido varias mudanças e com certeza a educação tem feito diferença. A luta pela construção de uma sociedade justa e que ofereça oportunidades iguais a todos tem se tornado uma realidade mesmo que esta trajetória venha sendo percorrido em passos pequenos, ainda assim a esperança permanece viva. A proposta da educação de jovens e adultos tem buscado minimizar as barreiras que se contrapõem esta meta. Portanto este trabalho visa refletir sobre as praticas pedagógicas com a finalidade de tornar um processo ensino aprendizagem mais prazerosos para o educando do EJA, assim como adequar novas metodologias de ensino, como também compreender a postura do profissional que ira atendê-la. Quando buscamos investigar sobre o verdadeiro sentindo de uma educação de jovens e adultos estamos redimensionando novas perspectivas para acolher a diversidade de aprendiz e seu direito á equidade. Ao oportunizar novas praticas pedagógica a este educando estamos propiciando um contexto escolar prazeroso, participativo e propício a nova aprendizagem.

 

Palavra chave: Sociedade. Pratica Pedagógica. Diversidades.

 

INTRODUÇÃO

 

Diante do quadro educacional dessa nossa atualidade, este projeto que tem como o tema O pedagogo diante das praticas pedagógicas na educação de jovens e adulto visa buscar novas alternativas a fim de pelo menos minimizar esses índices de analfabetismo de nosso país.

Acreditamos que conhecer cada um dos alunos como sujeito histórico, na medida em que fazem história é de suma importância. É preciso conhecer cada um, seu mundo, sua história de vida, suas lutas, seus fracassos, vitórias e aspirações, é necessário que o profissional da área da educação conheça esta realidade para poder desenvolver um bom trabalho, pois sabemos que mesmo tomando esses cuidados especiais o professor ainda encontra varias dificuldades como: o atraso, as faltas e a pior de todas, as desistências desses alunos.

Mediante a esta modalidade da Educação de Jovens e Adultos temos um grande desafio a enfrentar, a erradicação, tendo como principio a inclusão e facilitação do acesso àqueles que não tiveram oportunidade de aprendizagem na idade própria, supõe a organização de espaço e tempos diferenciados. O desenvolvimento da Educação de Jovens e Adultos no período noturno tem sido o mais comum, pois, podem ser organizadas turmas no final de um turno de trabalho. Levando em consideração também das aulas que devem ser dimensionadas e organizadas considerando que se trata de estudantes trabalhadores que vem ou vão enfrentar uma dura jornada de trabalho, a esta ainda se associa nas grandes cidades, o desgaste natural relativo ao deslocamento de casa para o trabalho, portanto, não faz sentido uma carga horária de aula elevada.

Mediante todas essas dificuldades devemos também pensar em atividades dinâmicas e significativas para esses alunos, sendo esta dificuldade o que mais nos desafia por isso a escolha desse tema, pois sabemos que por ser uma clientela defasada, se torna primordialmente necessária à busca de novas estratégias nas praticas pedagógicas a fim de oportunizar aos mesmos um ensino-aprendizagem bem prazeroso.

Ao refletirmos sobre os quatro pilares da educação, onde segundo um relatório enviado a UNESCO pela Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI coordenada por Jacques Delors (1999) percebemos que podemos desenvolver nesses jovens e adultas competências cognitivas básicas, assim como recuperar e ampliar seus conhecimentos (aprender a conhecer) e as possibilidades para a resolução de problemas na escola e na vida(aprender a fazer), melhorar o relacionamento na escola, na família e na sociedade(aprender a conviver) e realizar suas riquezas pessoais (aprender a ser).

Este Projeto teve como objetivo geral: Refletir sobre novas praticas pedagógicas com a finalidade de tornar o processo ensino aprendizagem dos alunos da educação de jovens e adultos mais prazerosos.

E seus objetivos específicos foram:

Conhecer o verdadeiro significado da modalidade de educação de jovens e adultos.

Averiguar os benefícios e malefícios que esta modalidade de ensino pode trazer aos seus alunos.

Descobrir as pratica pedagógicas que contribuam de forma positiva e prazerosa no ensino aprendizagem do aluno da educação de jovens e adultos.

Durante o desenvolvimento deste trabalho foi utilizada a técnica de pesquisa, onde se investigou todo referencial teórico que pudesse estar nos auxiliando, tendo como suporte para coleta de dados os questionários e observações. Na aplicação dos questionários, tivemos como o universo amostral uma escola que trabalha com a modalidade de educação de jovens e adultos, onde pudemos aplicar os questionamentos a direção, coordenação e professores, assim como também observar os alunos a fim de investigar alguns aspectos necessários a nossa pesquisa. Acreditamos que este trabalho de pesquisa será de grande enriquecimento didático para nós acadêmicos e futuro professores.

 

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA ESCOLA

Hoje é notável a expansão do ensino na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, na verdade este ensino é derivado do antigo ensino supletivo caracterizando uma proposta pedagógica flexível que leva em consideração as diferenças individuais e os conhecimentos informais de cada aluno.

Sabemos que estes conhecimentos são adquiridos a partir de suas vivencias diárias e no mundo do trabalho em que cada um deles exerce. Sendo este ensino diferente do realizado no ensino regular, diferenciando-se em sua estrutura, duração, regime e metodologia.

São seus princípios fundamentais: Flexibilizar a organização de seus currículos; Centrar no aluno o processo de ensino-aprendizagem; Reconhecer que a construção do conhecimento ocorre de maneira diferenciada para cada educando e somente é significativa se considera seus saberes e vivencia. Portanto a resposta ao que determina ser o EJA pode encontrar na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), em seu artigo 37º § 1º diz:

Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

Diante deste contexto, a escola passa a ser um espaço importantíssimo, sendo o único transmissor de informações, ou seja, o único lugar onde o aluno pertencente a modalidade de Educação de Jovens e Adultos busca o saber, já que muitos devido a sua jornada de trabalho não possuem disponibilidade de pesquisas e leituras em casa. Porém, infelizmente o que percebemos é que a Escola ainda se encontra sonolenta e com sérias dificuldades em atender a contento essa nova realidade. Segundo Kenski apud Veiga (1996, p.128):

É como se, em todos os tempos da história da humanidade, a escola, o currículo, a divisão disciplinar, a distribuição dos alunos em turmas, a carga horária, o conteúdo... Enfim, todas as coisas que fazem parte da “cultura” escolar estivessem sempre presentes e, praticamente, da mesma forma como são hoje.

Infelizmente a sociedade tradicional nos deixou a escola que temos hoje, é claro que existem algumas exceções, porém de um modo geral o modelo é o mesmo, pelo fato até de que, a maioria de nossos professores terem sido educados em escolas tradicionais, por isso observamos cenas em sala de aula, em que quase sempre os professores usam a comunicação oral para apresentar os conteúdos, escreve alguns apontamentos na lousa e o aluno de preferência deve estar sempre calado, pelo menos a maior parte do tempo, copiam o que está escrito e fazem algumas leituras de texto, mas o silêncio é o recurso primordial para que esses professores sintam-se satisfeito com sua aula. Este modelo de escola nos dias de hoje dificilmente atenderá a realidade do nosso alunado atual, principalmente diante de uma turma de Educação de Jovens e Adultos, onde o educador deverá estar dando maior assistência, buscando materiais e objetos relacionados a vida profissional e diária do mesmo afim de lhe proporcionar uma boa aprendizagem.

Em um mundo diverso, torna-se inadmissível que a Escola ainda sobreviva a um modelo ultrapassado, que ainda não perceba juntamente com seu professorado que sua clientela não é mais a mesma.

O profissional cuja formação é a Pedagogia, no Brasil é uma graduação da categoria Licenciatura ou Gestão Escolar (administração escolar, orientação pedagógica e coordenação educacional). Devido a sua abrangência, a Pedagogia engloba diversas disciplinas, que podem ser reunidas em três grupos básicos: Disciplinas filosóficas, Disciplinas científicas e Disciplinas técnico-pedagógicas.

Quanto à especificidade e função do pedagogo se define pela intervenção em processos pedagógicos intencionais e sistematizados, transformando o conhecimento social e historicamente produzidos em saber escolar selecionando e organizando conteúdos a serem trabalhados com formas metodológicas adequadas, construindo formas de organização e gestão dos sistemas de ensino nos vários níveis e modalidades e participando do esforço coletivo para construir projetos educativos, escolares ou não, que expressem os desejos do grupo social com o qual está comprometido” (KUENZER, 1998b).

O pedagogo deve ter requintadas posturas diante das necessidades do dia a dia escolar. É preciso focar o trabalhar no sentido de modificar o estereótipo que se tem do pedagogo mágico, que usa varinha de condão, capaz de mudar comportamentos injustos de alunos, e definir questões de extensões familiares, mudarem solitariamente o jogo difícil das relações discentes e docentes da escola.

Esse profissional deve atuar articuladamente com todos os envolvidos no procedimento pedagógico, não privilegiando somente ocorrências burocráticas, sob pena de uma atuação pedagógica faltante.

O professor pedagogo deve ser visto como intermediário na interação com professores e alunos, precisa observar e perceber os problemas e dificuldades para que, no coletivo, possam ser pensadas as ações que acarretem aos caminhos para equacionar tais problemas, que dizem respeito à escola.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) ainda é vista por muitos como uma forma de alfabetizar quem não teve oportunidade de estudar na infância ou aqueles que por algum motivo tiveram de abandonar a escola. Felizmente, o conceito vem mudando e, entre os grandes desafios desse tipo de ensino, agora se inclui também a preparação dos alunos para o mercado de trabalho e que tem ganhado destaque nestes tempos de crise econômica.

Tendo em base a concepção de pedagogo é importante que seja trabalhado também além da alfabetização o resgate a historia de vida de cada um; seu nome; as experiências vivenciadas sejam estas na infância, adolescência ou vida adulta.

O desafio que se apresenta ao professor é o de estabelecer conexão entre esses dois universos de conhecimento permitindo que o aluno amplie suas possibilidades de atuação fortalecendo sua autoconfiança.

Enfim, o autoconhecimento é o alicerce sobre o qual se constrói a cidadania percebendo o mundo de forma global, promovendo mudança e ação, que possibilitará ao educando uma melhora na qualidade de vida em todos os aspectos. Aprendendo a discutir e a participar democraticamente, desenvolvendo a responsabilidade pessoal pelo bem estar comum, objetivando:

- Enfrentar os desafios do mundo do trabalho com melhores condições de desempenho e participação da distribuição da riqueza produzida;

- Valorizar a democracia, desenvolvendo atitudes participativas, conhecer direitos e deveres de cidadania;

- Conhecer e valorizar a diversidade cultural brasileira, respeitar diferencia de gênero, geração, raça, credo, fomentando atitudes de não discriminação;

- Fortalecer a autoestima, a confiança na sua capacidade de aprendizagem, valorizar a educação como meio de desenvolvimento pessoal e social;

- Exercitar sua autonomia pessoal com responsabilidade, aperfeiçoando a convivência em diferentes espaços sociais;

- Ter acesso a outros graus de modalidade de ensino básico e profissionalizante, assim como as outras oportunidades de desenvolvimento cultural.

O papel docente é de fundamental importância no processo de reingresso do aluno as turmas de EJA. Por isso, o professor de EJA deve também ser especial, capaz de identificar o potencial de cada aluno.

O perfil do professor de EJA é muito importante para o sucesso da aprendizagem do aluno que vê nele um modelo a seguir. A EJA é uma educação possível e capaz de mudar significativamente a vida das pessoas, permitindo-lhes reescrever sua história de vida. Um

Professor que assume uma turma de alfabetização de jovens e adultos não tem uma tarefa fácil pela frente, ele precisa estar em constante aperfeiçoamento, ampliar seus conhecimentos a cada planejamento desenvolvido. Reconhecer o compromisso que se estabelece entre ele e seus alunos, compromisso este que se orienta no sentido de transformar a situação a qual o indivíduo está inserido, formular estratégias específicas e reformulá-las sempre que necessário.

Mas o professor de EJA não faz tudo sozinho, seus alunos são as figuras principais para o bom desenvolvimento de suas aulas, é através deles que os conteúdos a serem trabalhados serão definidos, por isso antes do professor fazer seu planejamento , sugere-se que conheça seus alunos . Para que isso aconteça os estudantes precisam atuar ativamente no processo porque todo o conhecimento adquirido no decorrer de suas vidas servirá de base para a sustentação de um novo processo de educação.

O professor depois de conhecer seus alunos promove o aprendizado através das experiências, assim seus alunos são motivados a aprender à medida que vão experimentando a realização de suas necessidades e interesses.

O educador da EJA tem se tornado cada vez mais nuclear tanto nas práticas educativas como nos fóruns de debates. Com base na ação do voluntariado, a primeira Campanha Nacional de Educação de Adultos no Brasil, lançada em 1947, passou a ser sistematicamente criticada por não preparar adequadamente professores para trabalhar com essa população. No I Congresso Nacional de Educação de Adultos, realizado no Rio de Janeiro, ainda em 1947, já se ressaltavam as especificidades das ações educativas em diferentes níveis e se recomendava uma preparação adequada para se trabalhar com adultos.

Passados mais de dez anos, no II Congresso Nacional de Educação de Adultos, realizado em 1981, as críticas à ausência de uma formação específica para o professorado, assim como à falta de métodos e conteúdos pensados particularmente para a educação de adultos, tornaram-se ainda mais discutido a necessidade de pensar na formação do profissional da EJA.

Ainda assim, somente nas últimas décadas que o problema da formação de educadores para a EJA ganha uma dimensão mais ampla. Esse novo patamar em que a discussão se coloca relaciona-se à própria configuração do campo da Educação de Jovens e Adultos. Nesse sentido, a formação dos educadores tem esse novo patamar em que a discussão relaciona-se à própria configuração do campo da Educação de Jovens e Adultos. Nesse sentido, a formação dos educadores tem se inserido na problemática mais ampla da instituição da EJA como um campo pedagógico.

A educação de adultos engloba todo o processo de aprendizagem, formal ou informal, onde pessoas consideradas “adultas” pela sociedade desenvolvem suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas e profissionais, direcionando-as para a satisfação de suas necessidades e as de sua sociedade. A educação de adultos inclui a educação formal, a educação não-formal e o espectro da aprendizagem informal e incidental disponível numa sociedade multicultural, onde os estudos baseados na teoria e na prática devem ser reconhecidos. (VCONFINTEA, UNESCO, 1997, p.42).

 

A princípio pode-se considerar a experiência de vida dos professores, e conhecimento prévio, tornando suporte a sua pratica na área da Educação de Jovens e Adultos. É preciso que esse profissional mergulhe no mundo da leitura e da escrita, ampliando seu universo letrado para que goze dos direitos e desempenhe os deveres que lhe são confiados, para torná-lo cidadão com melhores condições de interferir no mundo com consciência de seus atos. Essa forma de aprender das experiências cotidianas é o que chamamos de aprendizagem significativa.

Algumas das qualidades essencial desse profissional de jovens e adultos são as capacidades de solidarizar-se com os alunos a disposição de encarar os desafios estimulantes, a confiança na capacidade de todos de aprender e ensinar. E respondendo a essas necessidades, esse professor terá de buscar diariamente ampliar seus conhecimentos, visto que os conteúdos a serem ensinados, atualizam-se constantemente. Como todo educador deverá também refletir permanentemente sobre sua prática pedagógica avaliando-se buscando meios de aprimorá-la. Ele deve ter condições de definir, para cada caso especifico as melhores estratégias para poder prestar uma ajuda eficaz aos alunos em seu processo de ensino-aprendizagem, é especialmente importante que tenha sensibilidade para trabalhar com diversidade cultural, já que em uma mesma turma poderá encontrar alunos com diferentes bagagens culturais, que inclui o conhecimento cientifico. E frisando que também é extremamente necessário favorecer a autonomia dos alunos, estimulando-os a fazer autoavaliação constante de seus progressos suas carências.

A complexidade da vida moderna, e exercício da cidadania plena impõem o domínio de certos conhecimentos sobre o mundo e jovens e adultos devem ter acesso desde primeira etapa do ensino fundamental até o ensino médio.

A pesquisa e a pratica mostrou que o educando se interessa mais pelas questões relativas à sua sobrevivência cotidiana, e não por temas aparentemente distante como a origem do universo por exemplo. Por isso os temas de estudos devem ser delimitados baseando mais na necessidade do público alvo.

 

RELAÇÃO PROFESSOR - ALUNO E O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Sabemos que a Escola se divide em vários setores, todos eles representados nas pessoas que os compõe contribuem para o bom andamento e desenvolvimento de sua clientela, entretanto a sala de aula é um espaço reservado e íntimo da escola, pois é nesse ambiente que se dá a transmissão e assimilação de novas informações para a construção de novos conhecimentos, assim como hábitos e habilidades, sendo necessária uma boa relação entre professores e alunos.

A organização do trabalho docente depende de várias condições e esta interação é um fator fundamental, onde a didática tende a ser uma ação ativa e atraente pela maneira em que os professores a executam.

Para que ocorra esta interação é indispensável que o educador compreenda a existência de dois aspectos, o cognoscitivo e o sócio emocional, os quais Libâneo (1994), descreve como condições a serem observadas mediante o ato de ensinar e aprender.

O aspecto cognoscitivo está ligado à ação de transmissão e assimilação dos conhecimentos, onde o professor traça seus objetivos e do aluno, apresentando os conteúdos e desenvolvendo tarefas que deverão ser cumpridas pelo aluno.

O educador deve ter o cuidado de ministrar os conteúdos usando uma linguagem clara e acessível à compreensão do aluno, criando situações em que o mesmo expresse suas ideias sem nenhum constrangimento, oportunizando diálogos, questionamentos e trocas de experiências, pois segundo Libâneo (1994 p.251) “O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos”.

Através de ouvir o outro é que passamos a conhecer sua visão de mundo, por isso é necessário escutar seu aluno, para que seja elaborado um plano de aula que atenda realidade do mesmo, partindo dos conhecimentos já adquiridos por ele. Em uma Educação de Jovens e Adultos toda a diversidade deve ser também considerada e respeitada, tornando mais do que nunca primordial, que o professor a conheça e a aceite, prontificando-se a buscar recursos metodológicos adequados que visem o desenvolvimento educacional de cada um de seus alunos.

Quando o educador apresenta tal atitude, enriquece seu trabalho, pois reconhece que não é apenas o transmissor, mas também assimilador, ficando visível seu papel de mediador, que aprende também com o aluno.

O segundo aspecto denominado como sócio emocional, diz respeito aos vínculos afetivos entre professor e aluno, neste fator a postura do educador deve ser mais cautelosa, ainda mais ao se tratar de alunos que frequentam uma turma onde geralmente todos já assumem uma postura de adultos e responsáveis, muitos trabalham o dia todo, outros já são pais e mães de família, portanto é natural que o professor conhecendo esta realidade acabe se envolvendo e tenha algumas tolerâncias, mas afinal é claro que o amor deve permear esta relação, porém o papel do professor deve estar claro, porque embora ele seja o mediador do processo ensino-aprendizagem, isso não quer dizer que não deva assumir sua autoridade perante o aluno, que por sua vez deve ter sua autonomia assegurada. Para Libâneo (1994, p.251) “O aluno traz consigo a sua individualidade e liberdade.” cabe ao professor estabelecer os objetivos sociais e pedagógicos, selecionar e organizar os conteúdos e escolher os métodos, orientando o aluno a respondê-los como sujeito ativo e independente.

Portanto, a autoridade exercida pelo professor deve ser aplicada de maneira flexível, apenas como forma de organização da classe, onde o aluno reconheça as normas e exigências objetivas que regem sua conduta, pois afinal segundo Libâneo (1994, p. 251) o professor exerce o “[...] papel de mediação entre o indivíduo e a sociedade.”

AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Estabelecer objetivos sociais e pedagógicos, selecionar conteúdos e escolher métodos, não é uma tarefa muito fácil, necessitando que o professor elabore um bom planejamento.

Planejar é uma ação muito conhecida e praticada. Em se tratando da área docente é prática constante e indispensável, porém existem alguns atropelos em sua elaboração, principalmente quando recebemos a grade curricular, sabendo da obrigação de cumpri-la, sem que haja nenhuma omissão dos conteúdos ali estabelecidos, conteúdos estes que muitas vezes não dizem respeito à realidade e tampouco à necessidade de nosso alunado.

A necessidade de se repensar continuamente o planejar é importante, quanto mais se aprofundar o conceito de planejamento, maior será a eficácia em sua execução.

Se buscarmos o significado de planejar, teremos vários conceitos dicionarizados, o que não retrata o verdadeiro ato, pois planejamento faz elo entre elaborar e executar, para Vasconcellos (2001, p. 62) “[...] planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto.”

Quando planejamos devemos conhecer a realidade do nosso aluno, para realizar ações que a transforme e supra suas necessidades.

Os conteúdos que serão desenvolvidos em uma sala de aula devem seguir alguns critérios como: validade, flexibilidade, significação, possibilidade de elaboração pessoal e utilidade do conteúdo, esses aspectos devem ser considerados para não ocorrer a aplicação de um assunto que fuja ao interesse e necessidade dos alunos, impossibilitando uma aprendizagem significativa. A significação do tema que será aplicado é de grande relevância, o professor deve estar certo do benefício que aquele tema trará ao seu aluno, e para quê, qual será a colaboração do tema para a sua vida prática. Deverá levar em conta todo o conhecimento já adquirido do aluno, buscando que esses conhecimentos façam elos com as novas informações.

A seleção e organização de conteúdos é papel do professor, que deve inter-relacioná-los de maneira orgânica e dinâmica, pois os conteúdos só são importantes quando conseguem auxiliar os alunos à resolverem os problemas de seu cotidiano, pois a aprendizagem provoca ação sobre a realidade, ou seja, ocorre uma transformação. Segundo Martins (2002, p. 36) ”O conteúdo, a teoria só adquirem significado se, vinculados à realidade existencial dos alunos, [...]” para se trabalhar com toda essa diversidade encontrada em uma sala de aula de alunos do EJA, um bom caminho é a interdisciplinaridade, embora esta didática ainda seja uma ação nova para muitos professores, pois o professor não deve ser o dono do saber e sim o facilitador do processo de aprendizagem. “[...] é fundamental que o professor seja mestre, aquele que sabe aprender com os mais novos” (FAZENDA, 1995, p. 46). Apresentando uma nova atitude educacional, disposto a aprender com o próprio aluno, ter atitude de troca, estimular a construção de novos conhecimentos, tendo uma atitude de conhecer e pesquisar, neste aspecto podemos citar os quatro pilares básicos em que se deve centrar a Educação ao longo da vida de uma pessoa: Aprender a conhecer, isto supõe aprender a aprender, pois o processo de aquisição do conhecimento está sempre aberto e pode nutrir-se de novas experiências; Aprender a fazer, este princípio pretende que o aluno tenha a possibilidade de desenvolver sua capacidade de comunicar-se e trabalhar com os demais, afrontando e solucionando os conflitos que possam ser apresentados a ele; Aprender a viver juntos, diz respeito ao desenvolvimento da compreensão ante o outro, e a percepção de formas de interdependência, respeitando os valores do pluralismo, a compreensão mútua e a paz; Aprender a ser, conferir a cada ser humano, liberdade de pensamento, de juízo, de sentimentos e de imaginação para desenvolver-se em plenitude estética, artística, desportiva, científica, cultural e social e a trabalhar com responsabilidade individual.

Nós professores, devemos conhecer nossas práticas em sala de aula, pois é nela que vários fatores aparecem, porém o mais evidente e necessário é a parceria, a troca, ficando evidenciada, também a predominância do respeito ao modo de ser de cada um e ao caminho que cada um empreende em busca de sua autonomia. E isso, está fundamentado em cada disciplina, portanto na interdisciplinaridade essa ação é mais concreta. Geralmente aplicamos as disciplinas em sala de aula, como se elas fossem completamente independentes, quando existem muitos temas que costumam estarem inter-relacionados. Usamos a interdisciplinaridade quando aplicamos um tema e podemos explorá-lo em várias disciplinas, tornando este tema mais significativo, proporcionando ao aluno elos de ligação de seus conhecimentos já adquiridos com as novas informações, oportunizando maior expansão na construção de novos conhecimentos e possibilitando uma aula mais interessante e estimuladora.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para desenvolver esta pesquisa foi a Pesquisa Descritiva com a busca de materiais teóricos, questionários e observações, levando em consideração a construção dos questionários segundo PÁDUA (apud. Trabalho de Conclusão de Curso em Pedagogia. 2005. p. 95), que atendesse de forma simples, mais satisfatória as nossas necessidades. Tivemos como o universo amostral uma escola que atende a modalidade de Educação de Jovens e Adultos, onde aplicamos os questionários a direção, coordenação e professores, assim como também a realização de observações aos alunos que frequentam a turma de Educação de Jovens e Adultos, baseadas nas orientações de LUDKE; ANDRE (apud. Trabalho de Conclusão de Curso em Pedagogia.2005. p.116 ), “A observação direta permite também que o observador chegue mais perto da perspectiva dos sujeitos, um importante alvo nas abordagens qualitativas” a fim de investigar alguns aspectos necessários a nossa pesquisa. Acreditamos que este trabalho de pesquisa venha a ser de grande importância pedagógica para nos futuros educadores.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Podemos perceber e através de todo estudo feito a cerca do tema que nos propusemos a investigar, que Educação de Jovens e Adultos sempre esteve de mãos dadas ao trabalho, pois sua clientela são geralmente pessoas trabalhadoras e que buscam melhorias em sua vida profissional mediante um mercado de trabalho bem exigente.

Sabemos que esta modalidade foi criada a fim de oportunizar a educação aos que não a tiveram na idade adequada e que se sentem prejudicados perante a sociedade. Sem dúvidas acreditamos que este ensino contribua satisfatoriamente para a atuação desses educando em sociedade, desde que sejam oferecidos conteúdos práticos e voltados para as necessidades do seu dia –a- dia.

As praticas pedagógicas direcionadas a esses educando devem ser proporcionados de forma a dar subsídio para que mesmo vençam suas dificuldades na vida praticas em sociedade, pois sabemos o quando é difícil para muitos o fato de não saberem ler e escrever e o quando esta dificuldade interfere no cotidiano. Uma pratica interessante diz respeito a interdisciplinaridade, o trabalho com essa modalid0ade através de temas geradores é muito prazeroso,pois serão focados temas em que o educando tenha dificuldades em transpor, onde esses temas possam estar sugerindo por eles mesmo.

Conhecer a realidade de seus educando é de primordial importância, saber suas necessidades e em que o ensino pode beneficiá-lo, embora a disponibilidade dos mesmos em estarem pesquisando e realizando leituras, como complemento prazeroso e indispensável seja quase impossível devido a sua jornada de trabalho diário.

Desde 1990 como relata SOUZA (2011) nota-se maior preocupação com o processo de ensino-aprendizagem entre Jovens e Adultos, pois a concepção tradicional mostra-se ainda com grande ênfase em nossos dias atuais. O profissional que irá atender esta clientela deverá ser acima de tudo um pesquisador, aquele que busca, que não teme os desafios, mas que respeita todo conhecimento já adquirido do seu alunado.

Diante de todo referencial teórico investigado, das respostas dos questionamentos e das observações, ficou claro que o EJA é uma modalidade muito importante, pois resgata a auto estima de muitos, dando a oportunidade para que invistam em uma vida com mais oportunidades.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Lei nº 9394. Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, Brasília, 1996.

 

FAZENDA, Ivani C. Arantes. Interdisciplinaridade: História, Teoria e Pesquisa. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). 2º Ed. Campinas, SP. 1995.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Coleção Magistério. São Paulo. Cortez. 1994.

MARTINS, Pura Lúcia Oliver. Didática Teórica/ Didática Pratica: Para Além do Confronto. Edições L OYOLA. 7º ED. São Paulo, SP. 2002.

MELO de Alessandro: URBANETZ Sandra Terezinha.Trabalho de Conclusão de Curso em Pedagogia. (Serie TCC e Estagio em Pedagogia).Editora IBPEX.Curitiba.2009

PACIEVITCH,Thais.InfoEscola Navegando e Aprendendo. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil03/Leis/L9394.htm <http:portal.mec.gov.br/índex.php(publicado em 04/07/2008)

Sousa Mana Antonia. Educação de Jovens e Adultos. 2* Ed.rev.atual e ampl - Curitiba:Ibpex.2011.

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VEIGA, Lima Passos Alencastro. (org.) Didática: O Ensino e suas Relações. Campinas. SP. Papirus. 1996. (Coleção Magistério Formação e Trabalho Pedagógico).