O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Elizabete Aparecida Siquieri Kovaleski
Ediane Correia Gomes
RESUMO- Por muito tempo a criança foi vista como uma espécie de adulto em miniatura possuía deveres de adulto. Com o passar dos tempos, a criança passou a ser vista como ser pensante que necessitava viver cada fase no seu tempo, passou a ter direito a infância, ao brincar desta forma o lúdico começou a ser percebido como ferramenta de suporte ao ensino de crianças no contexto escolar. O lúdico constitui-se um meio para a realização dos objetivos educacionais e a criança ao praticá-lo não fica somente descobre o prazer de brincar, e sim se envolve ativamente do processo de construção do conhecimento. Não há dúvidas de que a utilização correta do lúdico enquanto ferramenta de aprendizagem pode ser muito eficiente, pois, realiza um papel muito importante no cognitivo da criança, auxiliando no desenvolvimento do raciocínio, habilidades e competências, criatividade, melhora a autoestima, e autonomia e desperta a curiosidade impulsionando o aluno na busca por novo conhecimento. Por meio de pesquisas bibliográficas a estudos e concepções de autores de renome na área, o presente trabalho aborda uma reflexão sobre o emprego do lúdico, bem como seus benefícios para a prática pedagógica. É fundamental aperfeiçoar as metodologias aplicadas no dia a dia da educação infantil, pois o brincar é indispensável para formação do caráter, identidade e funções mentais e motoras, tendo que ser planejado para atender a crianças de acordo com a sua faixa etária, respeitando os limites, essenciais de cada um.
PALAVRAS-CHAVE Educação Infantil. Lúdico. Desenvolvimento. Aprendizagem.
1 INTRODUÇÃO
Durante muito tempo a criança foi vista como um adulto em miniatura, onde eram lhe passados deveres como de um adulto, tirando muitas vezes o direito da criança de viver talvez a fase mais importante da vida de um ser humano, a infância.
Com o passar dos tempos isso foi mudando, a criança passou a ser vista como ser pensante, mas que necessitava viver cada fase no seu tempo, ou seja, a criança passou a ter direito a infância, ao brincar e o lúdico começou a ser percebido como ferramenta de suporte ao ensino de crianças.
Não há dúvidas de que a utilização correta do lúdico enquanto ferramenta de aprendizagem pode ser muito eficiente e proveitosa, pois realiza um papel muito importante no cognitivo da criança, auxiliando no desenvolvimento do raciocínio, habilidades e competências, criatividade, melhora a autoestima, e autonomia e desperta a curiosidade impulsionando o aluno na busca por novo conhecimento. No que diz respeito à socialização o lúdico promove interação da criança com os grupos e possibilita que os sujeitos desenvolvam o convívio social, compreendendo normas e regras que estão presentes na sociedade, durante a brincadeira e jogos a criança consegue se compreender num determinado contexto social e respeitar hierarquias nele existentes.
Os benefícios que o lúdico pode trazer para o aprendizado das crianças, Compreender qual e a importância do lúdico no estágio pré-operatório, evidenciar a importância o lúdico como meio educacional,
O presente artigo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, em livros, artigos científicos e sites da internet com concepções de vários autores renomados na área, em especial os teóricos Jean Piaget e Lev Semenovich Vygotsky e procurou obter maiores informações e esclarecimentos, acerca da importância do lúdico na educação infantil e os aspectos teóricos que tem relação com o tema.
A questão empreendida nesse estudo está relacionada a uma pesquisa, cuja base de análise voltou-se para a importância do lúdico, mais especificamente para as práticas educativas lúdicas na educação infantil. A questão da importância do brincar na educação parece de antemão tema óbvio, de fácil conclusão. Pois, assumir a atividade lúdica como instrumento norteador do trabalho docente, requer mais que um discurso bem estruturado, pois é um compromisso que todo professor de educação infantil deve assumir.
Através da ludicidade a criança entra em seu próprio universo, ou seja, ela aprende de forma ampla, mas tudo de acordo com a sua idade, conforme sua forma de pensar e agir.
A escola foi e continua sendo uma das principais instituições formais indispensáveis na vida do ser humano, onde o ser humano socializa-se, cria vínculos, adapta-se a diferentes culturas, aprende não somente formulas, mas também valores.
O lúdico estimula a criatividade da criança, exploração de objetos, imaginação, a criança pode experimentar diferentes sensações através do lúdico e satisfazer desejos.
Para termos uma melhor clareza a respeito do lúdico, podemos constatar diferentes adultos que quando ao interagir com as crianças acabam entrando nesse universo infantil, brincando como se fossem crianças. Isso mostra como as brincadeiras tem grande importância na vida do ser humano, uma fase que precisa ser vivida pelas crianças e respeitada e compreendida pelos adultos.
2- O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
A infância é considerada por muitos como a melhor fase da vida, o começo de tudo, sendo muito comum o ato do brincar, como algo espontâneo, característico das crianças. Sendo assim esse ato tão simples e ao mesmo tempo tão privilegiado precisa ser levado em consideração em todos os seus aspectos.
Quando tratamos da brincadeira, dos jogos nessa fase, num sentido pedagógico, ou seja, a ludicidade com uma finalidade, a de ensinar por meio dos jogos e brincadeiras, o professor precisaria dar importância e ter um olhar mais apurado em relação a essa fase.
O lúdico na escola simboliza o valor social que a escola tem por meio de suas atividades que chegam até elas. Vim apresentar os benefícios que o lúdico trouxe para a educação infantil, ou seja, proporcionar o papel importante que os jogos, as brincadeiras e os brinquedos exercem no desenvolvimento da criança.
A implantação do lúdico na educação infantil aconteceram a partir de um recurso pedagógico, que utilizando jogos educativos, brinquedos e brincadeiras se tornou um papel facilitador na aprendizagem da criança.
O conhecimento sobre ludicidade e sua importância e contribuições na educação infantil, tornou-se indispensável para o professor que atuará com crianças nessa fase, levando em consideração as características individuais de cada aluno, sua realidade, cultura, costumes e valores, levando em conta o contexto em que se encontra inserido, promovendo a autonomia do aluno, a criatividade, o pensamento crítico.
Para Piaget (1978), a criança em idade dos três aos seis anos, período pré-operatório, a função lúdica se dá a partir do jogo simbólico e se trabalhar com os jogos concretos, estes recursos servem como auxilio pedagógico que busca resultados em relação à aprendizagem e através da interação e da imaginação amadurecem também a capacidade de socialização.
Os resultados do brincar começaram a ser estudados pelos pesquisadores que consideraram a ação lúdica como metacomunicação, ou seja, a possibilidade da criança compreender o pensamento e a linguagem do outro. Pois, o brincar implica uma relação cognitiva e representa a capacidade para interferir no desenvolvimento infantil, além de ser um instrumento para a construção da inteligência do aluno.
A Educação Infantil é uma etapa do contexto educacional cuja especificidade e complexidade torna necessário que haja profissionais preparados, capacitados para conduzir e orientar as mais diversas situações de ensino de acordo com sua relevância para a formação integral do indivíduo.
Maluf (2007) afirma que:
Nunca devemos esquecer que o brincar é altamente importante na vida da criança, primeiro, por ser uma atividade na qual ela já se interessa naturalmente e segundo porque desenvolvem suas percepções, sua inteligência, suas tendências à experimentação, seus instintos sociais. (MALUF 2007, p.10).
O professor pode utilizar-se, por exemplo, de jogos e brincadeiras em atividades de leitura ou escrita em matemática e outros conteúdos, precisando, no entanto, saber usar os recursos na hora certa, uma vez que as crianças desenvolvam o seu raciocínio e constroem o seu conhecimento de forma descontraída. O lúdico funciona como uma ferramenta de apoio ao trabalho do professor em prol de uma aprendizagem mais prazerosa e por consequência mais significativa do aluno, que ao ser motivado e estimulado a partir do lúdico encontra-se mais aberto e propenso a receber o conhecimento.
KISHIMOTO (2000), afirma que, “enquanto brinca, o ser humano vai garantindo a integração social além de exercitar seu equilíbrio emocional e atividade intelectual”.
A apreensão em trabalhar a formação da criança através de atividades lúdicas não é recente. A história da antiguidade mostra relatos que revelam o interesse pelo uso dos meios lúdicos no processo de ensino aprendizagem.
Para Fontana (1997) o lúdico promove a formação através do uso e dedução à própria criatividade, do prazer em aprender brincando. Com a ludicidade a criança se expressa no seu mais íntimo, não saindo da realidade.
O papel do educador nesse contexto será orientar as crianças, proporcionando-lhes instrumentos para a busca do conhecimento de forma dialógica. Para Freire (1989. p. 96) “(...) o educador deve ser aquele que observa, colhe os dados, trabalha com eles.” Os lugares dentro das instituições infantis devem ser acolhedores, desafiadores e planejados segundo uma intencionalidade pedagógica.
A infância é um período de inquietudes e descobertas que acontece a partir das brincadeiras, e o lúdico, proporcionam afinidades significativas ao desenvolvimento psicomotor, cognitivo, afetivo e social da criança, contribuindo para o crescimento desta como um todo.
A partir desta relação de cumplicidade entre o lúdico e o universo infantil, foi essencial compreender como se processam estas relações, uma vez que estas acontecem de forma integrada, onde uma depende da outra, pois a criança necessita desenvolver-se de forma integral para se tornar um indivíduo completo.
Considerando que a ludicidade foi e será de suma importância para o desenvolvimento das habilidades motoras em crianças, pois através dos jogos e brincadeiras a criança se sente estimulada. Assim também a experiência da aprendizagem tende a se constituir um processo vivenciado prazerosamente. A escola, valorizando as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um bom conceito positivo de mundo, ajudando no seu crescimento e contribuindo para um bom desenvolvimento de suas habilidades motoras.
A brincadeira pode ser entendida como um diálogo simbólico entre as crianças, e o real em que está inscrita. Para Benjamin (1985, p. 9), sinaliza “a criança quer puxar alguma coisa e torna-se cavalo, quer brincar de areia e torna-se pedreiro, quer esconder-se e torna-se ladrão ou guarda”.
O lúdico faz parte do processo educativo na mesma medida em que alia ao conhecimento a criatividade, o cotidiano a fruição.
De acordo com Marcellino (1990).
[...] o brinquedo, o jogo [...] através do prazer, o brincar possibilita a criança a vivência de sua faixa etária e ainda contribui de modo significativo para a sua formação como ser realmente humano, participante da cultura, da sociedade em que vive [...] a vivência do lúdico é imprescindível em termos de participação cultural e, principalmente, criativa. (MARCELLINO, 1990, p. 72)
Assim, o brincar de faz de conta é essencial no desenvolvimento da criança, pois é pelo brincar que as crianças se expressam e se comunicam. O lúdico como meio de criatividade é um instrumento fundamental no desenvolvimento da criança, pode e deve estar inserido no processo de aprendizagem.
De acordo com Weiss (1993, p.26) “a criança aprende brincando continuamente”. Sendo assim, será através do brincar que se começa o processo de socialização da criança, aprendendo a relacionar-se com outros, além de compreender o mundo que o cerca e aumentar suas capacidades cognitivas e motoras.
O trabalho com artes na educação infantil e nos anos iniciais é tão importante, porque as crianças sentem prazer em desenhar, pintar, rabiscar, recortar, colorir e criar, é desta maneira que elas se expressam, e é de extrema importância valorizar este momento da criança, oportunizando-a elas momentos de imaginação, criação e adaptação.
Oferecer materiais como, massa de modelar, tintas, pincéis, papel, isopor, sucatas, isto possibilita a criança a várias descobertas, se empenhando no teatro, na dança, na música. Além disso, sabe-se que é na medida em que a criança vai fazendo novas descobertas e tendo contato com novos materiais, ela vai estruturando sua percepção visual e motora.
A literatura é outro recurso a ser utilizado de forma lúdica nas aulas. Através da literatura pode-se desenvolver a leitura de diversas formas, não somente o recurso do livro, mas utilizando outros recursos, como, fantoches feitos de sucatas, brinquedos, bonecos, filmes e etc.
A brincadeira tem uma função muito importante, pois também faz parte da ludicidade, sendo um ato espontâneo vindo da criança, como dito antes, manifesta a sua imaginação, sendo em grupo ou sozinha.
Ao brincar com o faz de conta à criança está manifestando através dessa fantasia o mundo que gostaria de expressá-lo, sendo possível que o professor observe através dessas manifestações seu jeito de ser, ou algum conflito interno, podendo assim ajudá-lo a solucionar. A brincadeira no sentido educativo pode desenvolver muitas áreas cognitivas, possibilitando a aprendizagem da criança, sendo importantes futuramente.
O lúdico é estudado por vários autores e para a maioria deles é uma atividade que está aliada ao prazer e a vida. Olivier (2003) comenta que o lúdico tem como objetivo a vivência prazerosa, é realizado sem motivo, é espontâneo; privilegia a criatividade devido à sua ligação com o prazer, não tem regras pré-estabelecidas e seu local de manifestação é o lazer, e o lazer “tem no prazer uma das suas características fundamentais” (OLIVIER, 2003, p.21). Sendo assim, a relação do lúdico com o lazer é estabelecida porque ambos possuem uma atitude voluntária (MARCELLINO, 1989).
Sendo assim o que poderia diferenciar o jogo da brincadeira é que o jogo tem como uma de suas características as regras, mas sendo sujeita a modificações de acordo com as necessidades de quem estiver jogando.
A brincadeira ao contrário do jogo tem como características seu iniciar pela imaginação, ou seja, levando para a realidade tudo que está presente no seu mundo de fantasias.
Ambas se concretizam como atividades lúdicas, com objetivos a serem atingidos, ainda que tenha regras ou que use apenas a imaginação, é possível possibilitar o conhecimento através da mesma, em função da aprendizagem da criança.
Os benefícios que o brincar desenvolve nas crianças da educação infantil e anos iniciais, através das pesquisas realizadas feitas pelos teóricos, Piaget, Vygotsky, entre outros foi possível perceber que o brincar não significa apenas recrear, é muito mais, o brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e autonomia da criança.
Mas se nos perguntarmos por que brincar é tão importante e não tivermos uma resposta objetiva ficará difícil compreender a importância do brincar e desenvolver um bom trabalho.
Maluf (2003) afirma que:
Brincar é tão importante quanto estudar, ajuda a esquecer momentos difíceis. Quando brincamos, conseguimos – sem esforço – encontrar respostas a várias indagações, podemos sanar dificuldades de aprendizagem, bem como interagirmos com nossos semelhantes. Não posso deixar de acrescentar que brincar, além de muitas importâncias, desenvolve os músculos, a mente, a sociabilidade, a coordenação motora e além de tudo deixa qualquer criança feliz. (MALUF 2003, p.19)
A brincadeira traz benefícios importantes para o aprendizado da criança, como a imitação, a atenção, a memorização, a imaginação e amadurecem a capacidade de socialização. As crianças ao brincarem em grupo ou mesmo sozinhas, elas fazem de suas brincadeiras um verdadeiro exercício social e assim, aprendem grandes capacidades, como jogar, contar, distinguir e organizar suas ideias e suas vidas.
Vygotsky (1998) ressalta que:
Brincadeira fornece, pois, ampla estrutura básica para mudanças da necessidade da consciência, criando um novo tipo de atitude em relação ao real. Nela aparece a ação na esfera imaginativa numa situação de faz de conta, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e das motivações volitivas, constituindo-se, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. (VYGOTSKY 1998, p. 135)
Sendo assim, entende-se que seja significativo, dentro do contexto educacional utilizar o jogo simbólico como recurso pedagógico, adequado para utilizar durante as atividades lúdicas e entender como as crianças lidam com as situações do seu cotidiano.
Dos 3 a 6, anos, o crescimento da criança é mais ou menos rápido, tanto físico como em coordenação, a habilidade manual da criança está em aumento, e contribui para aquisição de conhecimentos. Nesta fase sua imaginação é viva e frequente a confusão entre fantasia e realidade.
Neste período a criança já pode falar com linguagem correta e desembaraçada. Elas gostam muito de ouvir histórias, pode ser trabalhadas histórias com músicas, as cantigas ouvidas e repetidas constituem prazer para esta idade.
O jogo simbólico é classificado como um dos conteúdos mais significante, ao utilizar com crianças desta faixa etária, pois, neste período a criança brinca espontaneamente.
Leontiev (1978) afirma a importância do jogo na atividade de brincar:
[...] A idade pré-escolar é o período de vida que se abre, pouco a pouco, à criança o mundo da atividade humana que a rodeia. Pela sua atividade e, sobretudo pelos seus jogos, que ultrapassam o quadro estreito da manipulação dos objetos circundantes e da comunicação com os pais, a criança penetra no mundo mais vasto de que se apropria de forma ativa. Toma posse do mundo concreto enquanto mundo de objetos humanos com o qual reproduz ações humanas. (LEONTIEV 1978, p.287)
Para Vital (2003) a brincadeira é um “recurso que ensina, desenvolve e educa de forma prazerosa; o brinquedo educativo encontra-se exemplificado no quebra-cabeça, nos brinquedos de tabuleiro” (p. 41).
Maria Montessori (1879-1952) apesar de médica, também se dedicou ao magistério e ressaltou de forma ampla e significativa a utilização do brinquedo como instrumento de aprendizagem. Segundo Oliveira (2002, p. 74), está educadora também construiu recursos pedagógicos como: “letras móveis, letras recortadas em cartões lixa, contadores e diversos outros instrumentos para levar a criança a aprender de forma lúdica e prazerosa.” Sua proposta levava em conta a valorização da criança e a adaptação da escola conforme a faixa etária do educando.
Oliveira (2002) também faz a relação do brincar com o desenvolvimento. Ela fala que ao brincar a criança se desenvolve, pois seus processos psicológicos são acionados e desenvolvidos. Segundo ela a “brincadeira infantil beneficia-se de suportes externos para sua realização: rituais interativos, objetos e brinquedos” (p.231). Outra visão de brincadeira é a trazida por Vygotsky (apud Reis, 2010), na qual o faz-de-conta auxilia na experimentação do mundo pela criança e também contribui para o seu desenvolvimento.
As atividades lúdicas são muito importantes na aprendizagem; no entanto fazer a relação da escola, que é um local de aprendizagem tradicional, com a atividade lúdica que realmente leva a aprendizagem parece confuso, uma vez que na escola parece que o aprender deve ser feito por meio de repetições e seguir regras bem rígidas. Mas segundo Rosa (2002), a escola também é um local de criação e por ser um local de criação deveria utilizar o lúdico. Entretanto ele acaba sendo excluído por ser entendido como uma atividade que não ajuda na aprendizagem devendo ser realizado somente em momentos de recreação, que implica na escolha voluntária do jogo e a educativa, sendo que o jogo é colocado.
Segundo Kishimoto (1998) o jogo educativo apresenta duas funções: a lúdica, como algo que auxilia na aprendizagem e na compreensão do mundo. O jogo educativo ocorre pela união das características da educação e do jogo, sendo necessário o equilíbrio entre a liberdade característica do jogo e o objetivo de ensinar conteúdo da educação. Quando ocorre o desequilíbrio entre essas características o brinquedo utilizado no jogo deixa de ser brinquedo para se tornar um material pedagógico ou didático e isso acaba interferindo na aprendizagem, uma vez que as características principais se perdem. É de fundamental importância o jogo na vida da criança, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade e satisfação pelo que faz, dando, portanto, real valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante.
A criança que inicia sua educação através do lúdico tende-se a desenvolver melhor em todos seus aspectos, pois o lúdico tem o poder de melhorar e aprimorar sua compreensão. O brincar vem ampliando sua importância, deixando de ser um simples divertimento e tornando-se elo entre a infância e a vida adulta.
Seu uso é favorecido pelo contexto lúdico, oferecendo à criança a oportunidade de utilizar a criatividade, o domínio de si, a formação da personalidade e o imprevisível. Entender que a importância do brincar envolve o entendimento sobre o porquê a criança brinca e quais as necessidades e aspectos que envolvem essa atividade lúdica.
Alguns estudiosos defendem que a criança brinca simplesmente por gostar outros atribuem ao brincar uma necessidade que a criança desenvolve para dominar conflitos da vida diária.
O brincar precisa ser uma pratica reconhecida por pais e professores, pois o reconhecimento e o valor do brincar na vida da criança é condição essencial para o seu desenvolvimento e de sua autoestima positiva, e da criança segura e equilibrada.
O professor em consonância com a instituição de ensino deve buscar suporte nas leis que regem a educação, para que consiga traçar metas de ensino adequadas às crianças, procurando pautar o trabalho educacional em um currículo coerente e que atenda às necessidades das mesmas.
As medidas são simples, basta que o professor assuma um compromisso com o desenvolvimento integral do aluno dentro de seu processo de aprendizagem. A atividade lúdica é uma medida que renova e inova o trabalho na educação e que trabalhar a partir do lúdico requer entender o que a criança necessita para se desenvolver. A atividade lúdica provoca ao ambiente escolar uma harmonia entre o fazer pedagógico e a aprendizagem, pois organiza o método de ensino e aprendizagem em uma rotina mais prazerosa, proveitosa e significante para a criança.
O professor deve fazer da aula uma boa hora de convivência. A escola deve favorecer o desenvolvimento de várias atividades criadoras, desenvolvendo na criança sua habilidade de se expressar, tais como: música, artes manuais, educação física, clubes literários, de teatro, dança e outros. As instituições devem funcionar fora dos horários escolares, como um verdadeiro centro recreativo.
O professor também precisa buscar metodologias que possibilitem a aprendizagem do aluno, para que não fique na mera reprodução, ainda que os jogos possuam regras, é preciso também pensar na possibilidade de serem mudadas, que a criatividade do aluno em fazer precisa ser levada em conta. Também é preciso levar em conta as crianças de hoje, pois não são as mesmas de antes, porém é preciso ter um cuidado muito grande na escolha principalmente dos jogos, pois a maioria se interessa desde cedo pelos jogos digitais, que muitas vezes não tem finalidade pedagógica.
Lidar com projetos em sala de aula não significa apenas planejar as atividades em propostas lúdicas e dinâmicas, mas sim ordenar os conhecimentos a serem trabalhados de modo que as crianças consigam explorar e aprimorar seus conceitos sobre determinados temas, sem que o trabalho educacional caia no supérfluo.
A ideia do lúdico é promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o conhecimento por meio das características do conhecimento do mundo. O lúdico promove o rendimento escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e o sentido.
Segundo Vygotsky (1998), “o educador pode fazer uso de jogos, brincadeiras, histórias e outros, para que através da ludicidade a criança seja desafiada a pensar e resolver situações problemáticas, para que imite e recrie regras utilizadas pelo adulto”.
A utilização do lúdico na educação tem também, além do objetivo de desenvolver o aprendizado de forma mais atrativa para o aluno, o objetivo do resgate histórico-cultural dessas atividades. É um ótimo momento para o reconhecimento do seu histórico familiar e de sua cultura regional.
O lúdico é uma dimensão significativa a ser explorada pelos profissionais atuantes na educação infantil. Nesse sentido ouso ainda afirmar que a brincadeira por si só, sempre proporciona algum aprendizado, mesmo aquela que não é feita em sala de aula ou ambiente escolar direcionada por professor, durante uma “simples” brincadeira, quando as crianças a fazem de forma livre somente entre coleguinhas e amigos, também estão recebendo informações e aprendizagens, e as crianças aprendem muito umas com as outras.
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CONCLUSÃO
A partir de pesquisa bibliográfica percebe-se que a criança aprende enquanto brinca. De algum método a brincadeira está presente e soma princípios indispensáveis ao relacionamento com outras pessoas. Assim, a criança demonstra com os jogos e as brincadeiras uma relação natural e consegue demonstrar suas tristezas e alegrias, angústias, entusiasmos, através da brincadeira que a criança envolve-se no jogo e partilha com o outro, se conhece e conhece o outro.
O trabalho na educação infantil são minuciosos e delicados por se tratar do início da vida escolar e também o início da formação de crianças. Na educação infantil se busca muito mais do que apenas aplicação de conteúdo, já que as crianças precisam se preparar para inúmeras situações da vida e a escola é um dos ambientes que proporciona a entrada dessas crianças na jornada da vida.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) afirma que o Lúdico deve ser parte constante na rotina das escolas que atuam com a educação infantil, no entanto a brincadeira precisa ser encarada como um instrumento que contribui para a aprendizagem, deixando de ser utilizada apenas nos intervalos das ações pedagógicas ou como meio de preencher o planejamento diário e completar a carga horária.
Apontar oportunidades para as crianças a partir de uma visão de mundo a que elas estão habituadas, aproximar o conteúdo que se deseja trabalhar com realidade das crianças tornando o ato de aprender prazeroso por estar relacionado com as brincadeiras. Os teóricos Vygotsky e Piaget já traziam em suas pesquisas a importância das atividades lúdicas, sejam elas, Jogos simbólicos, jogos de montar, brincadeiras de faz de conta, jogos de regras ou brincadeiras livres para a infância. Cada um deles proporciona aprendizados que contribui no desenvolvimento cognitivo, social da criança.
Por isso, a introdução de atividades lúdicas no cotidiano escolar é muito importante, devido à influência que os mesmos fazem diante das crianças, pois quando elas estão envolvidas emocionalmente na ação, fica mais fácil e proveitoso o processo de ensino e aprendizagem.
Concluo que o a ludicidade voltado para as crianças auxilia a aprendizagem e o desenvolvimento integral nos aspectos físico, social, cultural, afetivo e cognitivo, desenvolve o indivíduo como um todo, sendo assim, deve considerar o lúdico como parceiro e utilizá-lo extensivamente para atuar no desenvolvimento e na aprendizagem da criança.
O professor deve valorizar o lúdico analisando que o brincar torna fácil a aprendizagem nos mais diversos campos, como a afetividade, a psicomotricidade, a sociabilidade, a solidariedade e a cognição.
O objetivo final da pesquisa foi alcançado ao analisar o papel do lúdico no contexto escolar e observar as atribuições e os princípios pedagógicos que o lúdico fomenta nas metodologias de ensino. Diante o problema proposto tem-se como solução, o reforço da estrutura que visa à ação educativa de maneira diferenciada que consegue criar na mente das crianças associações aproximadas de situações imaginarias em conceito. Ao decorrer do trabalho infere-se como sugestão trabalhar na base do ensino pedagógico das crianças começando pela formação dos professores que precisa ter embasamentos teóricos para intermediar nessa descoberta, eliminando o descaso com o lúdico e principalmente o excesso de atividades técnicas.
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REFERÊNCIAS
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