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UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO ESTADO DO MATO GROSSO

 

 

Jheniffer Kely Da Silva

 

 

RESUMO

 

 

O presente artigo apresentar a necessidade de um projeto educacional voltado para a educação do campo uma vez que se nota que os projetos já existentes são inacabados. Para sua elaboração, a metodologia utilizada foi às pesquisas bibliográficas, fundamentadas em estudiosos referenciais como BEZERRA NETO, (2003), BONTEMPI (1995), CALAZANS (1993) e outros. A escolha por este tema justifica-se pela carência de compreender-se mais sobre a Educação do Campo no estado do Mato Grosso. Que ainda não tem a sua política pedagógica definida enquanto educação do campo. Constatou-se que muitos que vivem no Campo necessitam de uma educação em conformidade a sua realidade. E que venha preencher as suas lacunas sem precisarem sair de sua realidade em busca de melhorias ou de uma educação de qualidade.

 

 

Palavras Chaves: História. Educação. Campo.

 

 

 

Introdução

 

A educação do campo tem os seus os projetos referido acerca de décadas, mas um projeto inacabado, pois hoje se percebe que a realidade educacional ainda é volta para os parâmetros curriculares mediante a filosofia aplicada nas escolas urbanas. Mas o projeto educação do campo é uma prioridade e que se deve ser pensando com mais clareza e eficácia para corresponder com necessidade das escolas do campo. Segundo o artigo 28 da LDB 9394/96 nos relata que:

Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridade da vida rural e de casa região, especialmente: I conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II – organização escolar própria, incluindo adequação dos calendários escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III – adequação à natureza do trabalho na zona rural”.

 

Desta forma irá subsidiar e dar respaldo a educação do campo, possibilitando ao homem do campo permanecer em sua área de conforto, ou seja, em sua própria origem sem afetar a sua identidade. Pois se tem notado grande imigração dos campesinos para cidade em busca de melhores condições de vida. Uma vez que não consegue encontrar as oportunidades de sobrevivência e crescimento no campo, seja ela intelectual ou oportunidade de trabalho diferenciado. Por isso almejamos um currículo voltado para a escola do campo, com vasta possibilidade de que homem do campo possa crescer sem sair de sua realidade.

Acontece que como as massas populacionais concentram-se maciçamente nos centros urbanos, são elas que primeiro têm acesso aos serviços que o Estado deve oferecer. Essa política malfadada faz com que as populações cada vez mais inchem os centros urbanos sem as mínimas condições de vida e deixem as populações que moram em áreas rurais abandonadas à própria sorte. (GHEDIN e BORGES, 2007, p. 08)

 

Percebe-se que o individuo do Campo tem uma vasta dificuldade em relação ao ingresso nas atividades urbanas, devido o sofre a exclusão social. Passando a sofrer a exclusão em relação às ofertas de trabalho dos centros urbanos pela falta do conhecimento necessário das propriedades mecânicas, físicas e químicas.

Visto nisso, a proposta deste artigo é de apresentar um breve relato acerca da história da educação do campo salientando as raízes na história do descobrimento do Brasil por volta dos anos de 1950. “Entendendo que a educação não é para o campo e, sim, do campo, tendo como pressuposto os movimentos sociais da sociedade contemporânea. (GUEDIN e BORGES, 2007, p. 11)”.

Para compreender melhor a temática deste tema foi feito uma pesquisa e analise em diversas bibliografias, como também elaborações cientificas de questões fechadas, buscando entender a visão do estado do Mato Grosso e das Escolas do Campo mediante às praticas educacionais dos trabalhadores do campo.

Portanto, almeja-se que perante os apontamentos históricos expostos neste trabalho, alcança-se a entender e conhecer melhor a realidade da educação do campo no Mato Grosso. Diante das políticas e da necessidade com o tempo o direito de se pensar numa educação do campo, voltada para os campesinos no Brasil se fez necessário.

Visto que a educação era voltada somente para uma parte da sociedade e que a partir dos movimentos sociais, dos projetos quilombolas, projetos campesinos se viram a carência de uma educação especifica ao homem do campo. sendo assim em Mato Grosso a educação do campo se deu o primeiro marco nas décadas de 60, como afirma Documento Final da II conferencia Nacional por Uma Educação do Campo:

A nossa caminhada se enraíza nos anos 60, século passado, quando movimentos sociais, sindicais e algumas pastorais passaram a desempenhar papel determinante na formação política de lideranças do campo e na luta pela reivindicação de direitos no acesso à terra, água, crédito diferenciado, saúde, educação e moradia, entre outras. Fomos então construindo novas práticas pedagógicas através da educação popular que motivou o surgimento de diferentes movimentos de educação no campo, nos diversos estados do país. DFCNUEC, 2004.

 

Desenvolvimento.

 

No Mato Grosso, o contexto da história da educação no campo ainda passa por grandes transformações e dificuldades, constantemente as escolas rurais sofrem com as arbitrarias políticas educacionais, sem nenhum desfecho próprio com a identidade campesina. Segundo Reck e outros (2007,pág. 15)

Em Mato Grosso, e em certo sentido ocorre com mais intensidade em outros estados do Brasil, existe um amplo consenso sobre a situação e os problemas da educação do campo, e que no caso de Mato Grosso, a oferta dessa modalidade educativa constitui-se uma das atribuições das empresas colonizadoras, como parte da estratégia de “povoamento das vazios demográficos”, uma vez que a escolarização já aparecia como reivindicação das classes populares.

 

O modelo de Escola do Campo no Estado do Mato Grosso segue o modelo urbano de educação, ou seja, não tem uma política definida, se tem projetos, mas na prática não há coerência com a realidade do meio rural. Vimos claramente no Plano Estadual de Educação onde relata que:

parte da população do campo é atendida em escolas da zona urbana, utilizando transporte escolar. Este fato é prejudicial ao processo de ensino-aprendizagem tendo em vista a dificuldade na oferta de efetivo transporte, transporte de qualidade e a grande distância percorrida pelo estudante ensejando seu desgaste físico e mental. Outro fator a ser considerado é que a existência de transporte escolar de alunos do campo para a cidade transcorre ao avesso das políticas de fomentação da cultura campesina do país.

 

Segundo a estatística levantada, 80% dos profissionais de educação são residentes da cidade, e que, desempenham suas atividades acadêmicas nas escolas rurais. Desta forma, com a falta de conhecimento especifico as realidades do meio rural, muitas vezes, não tem alcançado um desempenho qualitativo com que se almeja em uma escola do campo.

Para entendermos um pouco do contexto de uma escola do campo analisamos como se deu a educação no Brasil com descobrimento do Brasil. Com a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, em 1500, século XVI, nota que, o objetivo dos portugueses não era primeiramente de “educar” os povos que aqui já existiam, mas sim de explorar as riquezas que a nova terra no momento oferecia no primeiro momento o pau-brasil, isso se dava através da catequização, ou seja, alienação por meio “fé”. Segundo Oliveira, 2010, p. 253, a catequização dos índios esteve, dessa forma, sob a responsabilidade dos inacianos até o século XVIII [...].

Com as capturas e exploração dos nativos exigia-se mão-de-obra, que por sua vez, não demandaria princípios culturais científicos para concretização da execução da extração de madeira e outros produtos. Os índicos recebiam como forma de pagamentos enfeites, qualquer objeto sem grande valia, diferente de hoje que maior parte dos índios já tem conhecimento do que vale os seus direitos. Como também já estão alguns inseridos em centros educacionais para aprender novas línguas, e conhecimentos científicos.

Entretanto, o processo inicial demandou-se até por volta dos anos1534, quando o rei de Portugal teve outra iniciativa, adotando um novo processo de capitanias hereditárias.

 

Após a invasão, inicia-se o processo de concentração de terras, em 1534, quando o Rei de Portugal divide o Brasil em capitanias hereditárias, distribuindo-as a amigos de Portugal. A ação distributiva foi o início da concentração de terra por particulares através da compra legal e ilegal, da grilagem, da posse pela violência para-militar, ou das negociações diretas com os poderes públicos. (BRANDÃO, 2003, p. 24)

 

Ao decorrer do tempo, as ganâncias dos portugueses começaram a aumentar, começou-se então, o processo de dominação de expulsão e extermínio dos nativos (índios), com a finalidade de que o governo português pudesse oprimir a terra e tudo o que havia nela. “O efeito mediato da conquista foi à dominação e o extermínio, pela guerra, pela escravização, pela doença de milhões de indígenas... (CARVALHO, 2008, p.18)”

Após o extermínio e expulsão dos índios de suas terras, a falta de “mão-de-obra” os portugueses passaram a pensar em alternativa, passou-se então a pensar no processo de exploração dos negros africanos e de alguns outros imigrantes pobres vindos da Europa e de regiões do Oriente.

A vivência e a dinâmica da vida dos escravos negros eram subordinadas com muito rigor pelos senhores de engenho, que impunham poderes rigorosos aos seus empregados de confiança para fiscalizar, açoitar, punir aqueles que desobedeciam as ordens “superiores”, esse processo durou aproximadamente cerca de 300 anos no Brasil.

 

O passado humano não é um agregado de histórias separadas, mas uma soma unitária do comportamento humano, cada aspecto do qual se relaciona com outros de determinadas maneiras, tal como os atores individuais se relacionavam de certas maneiras (pelo mercado, pelas relações de poder e subordinação, etc.). (THOMPSON, 1978, p. 50)

 

 

Desta forma com a promulgação da Lei 601 de 18 de setembro de 1850 com o fim das leis das terras, que determinava que as terras devolutas (terras que foram doadas pelo monarca português no período das capitanias hereditárias), do estado só poderiam ter novos donos mediante comercialização. Deu-se o fim da escravidão no Brasil teve em maio de 1880.

Mediante a pesquisa e conhecimento do contexto histórico da educação do campo no Brasil, notou-se que a história do Brasil foi/é marcada pela exclusão social, essa exclusão se expandiu para todas as províncias campesinas no Brasil. Umas das escolas estudadas são as escolas campesinas do estado do Mato grosso. Que até hoje não tem uma Política Públicas voltada para realidade da educação do Campo. Como afirma o próprio MEC:

Constata-se, portanto, que não houve historicamente empenho do Poder Público para implantar um sistema educacional adequado às necessidades das populações do campo. O Estado brasileiro omitiu-se: (1) na formulação de diretrizes políticas e pedagógicas específicas para as escolas do campo; (2) na dotação financeira que possibilitasse a institucionalização e manutenção de uma escola com qualidade; (3) na implementação de uma política efetiva de formação inicial e continuada e de valorização da carreira docente no campo (MEC, SECAD, 2005).

 

[...] a educação do campo tem se caracterizado como um espaço de precariedade por descasos, especialmente pela ausência de políticas públicas para as populações que lá residem. Essa situação tem se repercutido nesta realidade social, na ausência de estradas apropriadas para o escoamento da produção, na falta de atendimento adequado a saúde, faltam de assistência técnica, na falta de acesso a educação básica e superiores de qualidade. (PINHEIRO, 2011, p.36).

 

Portanto se faz necessário pensar em um projeto político pedagógico que venha sanar com essa carência no meio rural. Visando parâmetro curricular capaz de indagar e subsidiar a necessidade educacional de cada escola. Tem se visto que, a escola do campo não tem um material especifico com a sua realidade. Mas sim, se adequando com a realidade educacional de uma política voltada ao meio urbano.

As políticas, as estratégias e os programas educacionais, os mais diversos processos educativos, em diferentes âmbitos, públicos e privados, passam a constituir o foco do esforço teórico-prático realizado no interior do campo para compreender o fenômeno educativo e produzir subsídios para a formulação de novas propostas educativas (SANTOS, 2003, p. 31)

 

Nas escolas do campo do Estado do Mato Grosso as grades curriculares de cada curso têm seu esboço na educação urbana. Somente algumas escolas técnicas do meio rural que têm cursos voltados para gestão ambiental. Porém há uma série de dificuldade para se trabalhar, pois o curso não tem o material pedagógico especifico das ementas deixando a desejar na qualidade e formação de cada individuo campesino.

 

Efetivamente, as políticas curriculares são decididas e construídas em espaços e vertentes que envolvem lutas e alianças e que de forma alguma se restringem ao conceito racional e operativo da linearidade política: o papel da administração na prescrição curricular, tanto por meio de uma estratégia top down quanto de uma estratégia de negociação com vistas à recentralização. (PACHECO 2003, p. 16).

 

Por outro lado, as escolas campesinas não têm o apoio necessário da Secretaria de Educação do Estado do Mato Groso. Em relação o acompanhamento pedagógico e, sobretudo materiais pedagógicos voltado para a realidade do meio se aplica. Muitas vezes, a teoria não se aplica com a prática. Muito menos a qualificação dos profissionais de educação1 para trabalhar com a diversidade do meio rural.

Sendo que a proposta de estudo continuada, às vezes, deixa desejar, uma má formação, não corresponde com a filosofia proposto. Deveriam ter uma formação diferenciada em relação aos profissionais de escola urbanas, ou seja, cada estudo conforme a realidade. Se for escola do campo, estudo voltado para educação do campo, caso escola urbana, estudo referido à necessidade da classe urbana.

Desta maneira, vimos que a cultura rural é tomada às vezes como a cultura da cidade. Deixando os alunos a desenvolver uma identidade própria. Passando a ficar dupla identidade, nisso a defasagem educacional se amplia cada vezes mais na comunidade escolar. Outro ponto que nos chama atenção, para evitarmos choque com a realidade. O docente que leciona em escolas urbanas e escolas rurais devem entender essa diferença entre as duas realidades. Uma vez que o nível de cultura é totalmente diferente.

Claro que, não se deve de deixar de ensinar a cultura Urbana, mas sim, trazer para sua própria realidade o contexto e o meio que lhe cerca. Visto que muitos alunos das escolas do campo têm preconceito de se dizer aos colegas em qual instituição que estudam. Essa é uma visão que se deve trabalhar, tanto com os alunos campesinos como com os alunos urbanos. De que a realidade vivida é a maior riqueza da originalidade de própria vida em questão, a sua identidade no desenvolver de sua própria cultura. Quando o individuo campesino desenvolve a sua cultura em meio que vive, ele se sente protegido pela sua própria existência sem ser abalada e transformada, ou seja, o não perde as suas raízes e sua cultura.

Desta maneira se voltamos para meados de 1930 veremos o decorrer de alguns programas de fato para as comunidades rurais, esses projetos visavam como objetivo, evitar o êxodo rural por meio de uma educação voltada para as necessidades campesinas, ou seja, [...] os pedagogos ruralistas entendiam como sendo fundamental que se produzisse um currículo escolar que estivesse voltado para dar respostas às necessidades do meio rural (NETO, 2003, p. 11) sendo assim, seria possível garantir a permanecia do homem do campo na zona rural.

Contudo, vale ressaltar que a educação por si só, não é capaz de garantir a permanência do individuo em seu lugar de origem, sem a existência de outros programas que gerem emprego, lazer, saúde e etc. visto nisso o parâmetro curricular deve trabalhar com subsídios a que venha preparar o individuo a desenvolver atividades no meio rural. Sabe se que hoje a monocultura exige avanço de tecnologia, como também no meio do agronegócio a cobrança de conhecimento de tecnologia, pois o avanço tecnológico requer do campesino a qualificação capaz de responder as mudanças tecnológicas.

Hoje a pedagogia educacional requer mudança em conformidade a mudanças, tanto no meio rural, como no meio urbano. Mas cada uma com a sua meta e direção pedagógica a ser trabalhada no seu contexto original. Portanto notamos que o programa do governo do estado do Mato Grosso não se difere entre educação do campo com a educação urbana. O sistema avaliativo segue o mesmo padrão, o tratamento, o investimento tanto pedagógico como administrativo não se distingue em relação uma escola urbana com uma escola do campo.

Para observamos se tivemos avanço, enquanto, educacional acompanhamos a historia educacional dos anos 1940, cuja era mantida com alguns programas como, ruralistas pedagógicos, pois nos grandes centros urbanos não possuíam capacidade de absorver tanta mão-de-obra. Com isso muitos eram levados ou seduzidos pelas ofertas que os grandes centros urbanos ofertavam. Mas por volta da mesma década, o Ministério da Agricultura e pelo Ministério da Educação e Saúde e por Organizações Americanas, passaram a planejar programas que pudessem dar ao homem do campo a permanência seu seio habitar-te. Porém Somente em 1947, se veio à melhoria para as pequenas comunidades rurais.

Segundo o contexto histórico, vimos e concordamos com o pensamento de Toledo, 1995, p. 63, quando destaca que:

A elite política relegando a educação à esfera local contribuiu também para o descompasso entre as transformações que ocorriam na economia e a tradição não modificada da cultura. A falta de recursos para implantar a educação no âmbito local e a falta de uma política centralizada que dessas novas diretrizes a educação, mantinham a crise causada pelo descompasso economia/cultura.

 

Porém logo o resultado que se esperava era divergente com a que era apresentado, ou seja, um grande déficit de aprendizagem e evasão.

A outra forma de estudar o tema educação popular, que inclui o Estado e suas iniciativas dentro da acepção de educação popular, ora desconsidera a discussão em torno do conceito e procura igualmente “resgatar” campanhas e reformas geradas e geridas pelo Estado, ora se apresenta mais voltada à construção de teorias explicativas de educação brasileira e menos limitada a recortes estreitos de fenômenos episódicos. (BONTEMPI, 1995, p. 68)

 

 

Portanto a maneira como se pensava a educação, nas décadas passadas limitava-se ao idealismo e as possíveis possibilidades existenciais. Com isso a educação do campo nada mais é do que uma educação popular que precisa ser pensada para um público especializado. Buscando enquadrar a verdadeira realidade no programa educacional que se pretende desenvolver. Mas para isso os programas educacionais devem se alinhar cada um para sua própria realidade. Sem afetar a identidade do individuo seja ele campesino, quanto urbano.

Por muitos anos, o projeto de educação do campo, foi uma imitação do modelo urbano de escolarização, ou seja, um conjunto de saberes que não fazia correlação com a realidade do homem do campo, pois os padrões pedagógicos eram voltados à sociedade elitizada. Porém este projeto nunca mudou, até hoje temos dificuldade para trabalhar a realidade das escolas do campo. Pois os PCNs, trás uma filosofia totalmente diferente, mas na pratica é aplicada com a realidade das que nos é ofertada. A formação, os materiais didáticos e as estruturas escolares são voltados para uma educação urbana.

 

De fato, a classe dominante não tem interesse na transformação histórica da escola. Ao contrário, estando ela empenhada na preservação de seu domínio, apenas acionará mecanismos de adaptação que evitem a transformação. (LOMBARDI, 2008, p. 254).

 

Por outro lado, a educação do campo encontrava-se marcada por uma ideologia excludente, ou seja, para a sociedade burguesa, onde o acesso ao conhecimento deveria existir apenas para um pequeno grupo que detinha o controle do capital, pois, o filho do trabalhador do campo não podia ter acesso ao conhecimento porque ele poderia rebelar-se contra a realidade que lhe era imposta. Hoje temos grandes facilidades dos filhos do campesinos a ingressarem numa cadeia acadêmica, o que falta é uma política voltada para o verdadeiro sentido e o contexto diante de sua realidade ocupacional. Portanto nos tempos atuais deparamos de grandes movimentos como quilombolas, indígenas, caiçaras, comunidade de pecadores, pequenos agricultores, entre outros, estão cada vez mais se integrando a luta pela educação em suas comunidades.

Diante dos avanços percebe-se que a uma orientação sobre a implantação de um projeto voltado para educação do campo, porém, o que impede de alcança essa meta é a falta de comprometimento dos setores públicos, o despreparo acadêmico e a ausência de uma estrutura educativa que justifique a necessidade de um modelo de educação que valorize o sujeito do campo em sua essência, tudo isso é resultado de nosso processo histórico formativo da sociedade como um todo. Deixando uma decadência no ensino cada vez mais, a crise existencial, enquanto educação abrange todo o setor, por isso se faz necessário repensar em uma política educacional com mais comprometimento e que venha responder e sanar as dificuldades no seio acadêmico.

 

Durante séculos não houve a preocupação, por parte dos responsáveis pelo sistema do ensino publico com o currículo escolar do campo, principalmente nos municípios afastados dos grandes centros urbanos, onde não havia escola, fato que inviabilizava a possibilidade de se poder pensar uma escola do campo como um espaço de educação próprio para aqueles que vivem no campo. ( BORGES, GHEDIN, 2007, 138 )

Desta forma o currículo educacional para uma escola do campo deve ser resultado de uma construção de valores históricos, culturais e as necessidades com o meio em que o individuo circula e vive. Segundo Saviani, 1998.

O currículo deve pôr o homem no nível de sua época e que isto corresponde a desenvolver uma educação para o futuro, que tome para si a orientação de forças que estão e busque preparar os jovens gerações para as que os esperam.

 

O currículo da escola do campo deve ser o oposto dos currículos que era formal e construído a partir dos interesses da sociedade dominante com o objetivo de manter o controle político pedagógico, econômico e sociocultural da sociedade. Uma vez que se formalize um currículo conforme a historicidade, valores e princípios de cada realidade e contexto contribuem para mudança intelectual e trocas de saberem adquiridos entre sociedade. Pistrak, 2000, defende que a educação é mais que ensino, para ele é preciso superar a visão de que escola é lugar apenas de ensino, ou de estudo de conteúdos, por mais revolucionários que eles sejam (p. 37).

 

 

Conclusão

Conclui-se que mediante aos apontamentos destacados nesta pesquisa, a educação do campo no estado do Mato Grosso é parte de um processo inacabado e pouco estudado, ou melhor, assunto que ainda se deve ser discutido para desenvolvimento de projetos qualitativos e preciso para responder a necessidade de cada realidade escolar. Percebe-se também que a formação dos profissionais de educação do campo deve ser diferenciada com relação aos demais profissionais de educação da zona urbana.

A práxis educacional, muitas vezes, não alcança os objetivos esperado nos programas pedagógicos de uma boa educação estrutura. Com isso a defasagem educacional cada vez se aumenta, o diagnostico nos mostra o índice e nos deixa preocupante de como trabalhar, muitas vezes sem subsídios que norteia para um marco educacional de qualidade e coerente com a realidade ambiental. Portanto vale ressaltar que a educação do campo foi e sempre será uma conquista dos movimentos sociais e por isso, deve ser pensada para tal.

Entretanto notou-se que há carência de uma estrutura de currículo voltado diretamente para a educação do campo, sem deixar perder os valores e princípios de uma realidade campesina, ou seja, trabalhar com o homem do campo a sua própria identidade sem alterar a sua imagem.

 

 

REFERENCIAS

 

BEZERRA NETO, Luiz. Avanços e retrocessos na educação rural no Brasil. 2003. 221 f. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação – Campinas, 2003.

 

BONTEMPI Junior, Bruno. 1995. História da educação brasileira: o terreno do consenso. São Paulo, PUC. Dissertação – Mestrado em Educação).

 

BRANDÃO, Elias Canuto. História Social : da invasão do Brasil ao maxixe e lambari. Maringá: Massoni, 2003.

 

CALAZANS, Maria Julieta Costa. Para compreender a Educação do Estado no meio rural. In: THERRIEN, Jacques e et. al (Org.). Educação e escola no campo. Campinas: Papirus, 1993.

 

CARVALHO, Jose Murilo de. A Cidadania no Brasil: o longo caminho. 10 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

 

GHEDIN, Evandro. BORGES, Heloisa da Silva. Educação do Campo; A epistemologia de um horizonte de formação. Manaus: UEA Edições, 2007.

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LOMBARDI, José Claudinei. SAVIANI, Dermeval (Orgs.). Marxismo e Educação: Debates Contemporâneos. 2º Ed. Campinas, SP: Autores Associados: Histedbr, 2008.

 

LUNAS, Alessandra da Costa. ROCHA, Eliene Novaes. (orgs). Práticas Pedagógicas e Formação de educadores(as) do campo. Brasilia: Dupligrafica, 2009.

 

NASCIMENTO, Jorge Carvalho do. Historiografia educacional sergipana: uma crítica aos estudos de História da Educação. São Cristóvão, UFS, 2002.

 

OLIVEIRA, Luiz Eduardo (Org.). A legislação pombalina sobre o ensino de línguas: suas implicações na Educação brasileira (1757-1827). Maceió: Edufal, 2010.

 

PINHEIRO, Maria do Socorro Dias. A concepção de educação do campo no cenário das políticas públicas da sociedade brasileira. Disponível em: <http://br.monografias. com/ trabalhos915/educacao-campo-politicas/educacao-campo-politicas.shtml>. Acesso em: 02 março 2013.

 

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THOMPSON, E. P. 1981. A Miséria da Teoria. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1981.

 

012.

1 Objetivando propiciar a formação continuada dos profissionais da educação estadual, a SEDUC criou e estruturou os centros de formação e atualização do professor, por meio dos decretos nº 2007/97, 2.319/1998, 53/1999 e 6.824/2005, criando os Cefapros nos municípios de: Rondonópolis, Cuiabá, Diamantino, Sinop, São Félix do Araguaia, Matupá, Juara, Cáceres, Juína, Barra do Garças, Confresa e Tangará da Serra. No ano de 2008 foram instituídos outros dois centros de formação, o de Primavera do Leste e de Pontes e Lacerda. O quadro de profissionais destas instituições é formado por uma equipe gestora (diretor, coordenador de formação continuada e secretário), equipe administrativa (técnicos administrativos educacionais e servidores do cargo de apoio administrativo educacional) e equipe pedagógica (professores efetivos). Os professores formadores atuam nas áreas de Linguagem, Ciências Humanas e Sociais, Ciências da Natureza e Matemática, Alfabetização e modalidades/especificidades da educação básica e, assim como diretores e coordenadores, passam por processos seletivos realizados pela SEDUC. (JESUS e FAREZENA, 2012, pag.8)