Buscar artigo ou registro:

 

 

PROCESSOS DE AVALIAÇÃO EM CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO

 

Nivia Emanuelle Campos de oliveira


RESUMO


Este trabalho foi desenvolvido com foco na avaliação do processo ensino e aprendizagem de duas classes de alfabetização da E.M.G.S., localizada no município de Sorriso, MT, buscando através de questionários e entrevistas com duas pedagogas, que atuam no período matutino e vespertino da mesma instituição, e a coordenação pedagógica, conhecer sobre o trabalho que desenvolvem, refletindo principalmente sobre sua função, desempenho dos alunos, metodologia de ensino adotada e auto avaliação profissional. Tendo em vista a disparidade de aprendizagem das turmas, quanto à leitura, interpretação e cálculos matemáticos, interesse dos alunos, assim como o domínio de conteúdos por parte das pedagogas regentes, o que nos remete a repensar também sobre a formação docente atual e as novas exigências do mercado de trabalho. A revolução que a sociedade vem passando com a globalização reflete diretamente na educação, então cabe aos profissionais da educação se adequar, e isso deve iniciar na base, na alfabetização.

Palavras-chave: Avaliação; Alfabetização; Metodologia; Aprendizagem.


INTRODUÇÃO

 

O presente ensaio surgiu do desejo de compreender como se aplica o caráter avaliativo na fase de Alfabetização do Ensino Fundamental, em duas turmas de 1º ano, da E.M.G.S., localizada em Mato Grosso. A partir do momento que surgiu o questionamento, em relação à disparidade dos níveis de desenvolvimento entre as turmas do período matutino e vespertino, da mesma instituição.

Com a realização desse trabalho tem-se o intuito de perceber o papel do professor e do aluno no processo de ensino-aprendizagem e descobrir os caminhos adotados para a avaliação.

Nota-se que quanto mais os alunos são estimulados e inseridos no mundo da leitura e escrita, melhor se sobressairão neste processo, mas o que acontece quando eles não recebem o estímulo necessário, ou o recebem de forma fragmentada, tendo em vista a realidade atual da educação e familiar a que estão sujeitos.

Esse trabalho tem como objetivo perceber as diferentes estratégias adotadas em duas turmas de diferentes períodos e professores, levando-se em conta o ritmo de aprendizagem, o acompanhamento pedagógico e as formas de avaliação adotadas pelos docentes regentes.

Percebe-se a necessidade de investigar a formação dos professores, o tempo de trabalho na educação, a metodologia adotada em sala de aula, a forma de intervenção, os níveis de aprendizagem das turmas, sobre o viés da avaliação e acompanhamento individualizado.

Nos dias atuais, nota-se a dificuldade que a maioria das pessoas, consideradas alfabetizadas, vem apresentando ao ler, escrever e interpretar dados, informações e situações simples em seu cotidiano. Tal fato é considerado uma falha na formação, ou na raiz da questão, a alfabetização, que muitas vezes, é vista como sinal de descaso pelos próprios profissionais da educação e pelo sistema que geri toda a educação.

A educação é à base da sociedade, e um grande desafio a ser vencido, por isso é dever do estado e da família, juntos, garantir que a criança tenha acesso e permanência na escola, tendo seus direitos e deveres respeitados e devidamente assegurados, para garantir uma formação humana, intelectual e moral adequadas ao processo de desenvolvimento e transformação da realidade social inserida.

O único caminho para acabar com a desigualdade social no Brasil e em todo mundo é a educação, portanto percebe-se a necessidade de um olhar diferenciado para a Alfabetização, vista como o ponto fraco de todo o processo, não deve-se colocar a culpa de muitas negligências e incompetências apenas no sistema educacional, cabe a cada um fazer a sua parte, e fazer bem feito.

2 DESENVOLVIMENTO

 

Diante da situação atual de globalização e reestruturação da forma de produção oferecida pela sociedade capitalista, é visto que a educação, considerada um fenômeno social, não ficou de fora dessa revolução. Ao contrário, seu papel e suas funções passaram a ser muito mais questionadas e apontadas como elemento de mudança. Segundo Saviani (1996, p. 170),

 

A crise do processo de modernização vale dizer, crise da sociedade capitalista que, tendo realizado suas possibilidades, se estendeu por todo o globo atingindo também seus limites e deparando-se com contradições a ela inerentes às quais tendem a se agravar, prenunciando o seu colapso.”

 

Essa revolução tecnológica e científica passa a requerer certas habilidades intelectuais e de relacionamento social, como análise, síntese, criatividade, comunicação clara e objetiva, capacidade de trabalhar em grupo, enfrentar mudanças, estudar continuamente, bem como outras exigências em decorrência da nova forma de organização do trabalho.

Nesse contexto a educação é convocada a mudar, oferecer principalmente uma melhor qualidade da informação e procurar se adaptar às novas exigências do mercado.

Gonçalves 2008, afirma que, nesse sentido a escola estaria capacitando o sujeito a sair da situação que se encontra e colocando a educação como a resolução dos problemas sociais.

A função da educação seria desenvolver no individuo competências e habilidades como: “aprender a conhecer, aprender a ser e aprender a conviver, como citado nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

A educação atual é vista como um fator delicado e crítico para muitos, porém desafiador, onde cada detalhe faz a diferença ao longo do percurso. Historicamente acompanha-se as lutas e conquistas sociais enfrentadas pelos docentes e profissionais da educação, vê-se o quanto já se avançou e ainda precisa prosseguir, almejando a tão sonhada valorização.

Com vista nesse aspecto, é necessário refletir como o docente se encontra hoje, frente à nova realidade social a que está exposto, onde sua função mostra-se perder o sentido e ou aumentar a complexidade, seja por desmotivação ou por falta de interesse dos alunos, que demonstram não a ver como instrumento de mudança de vida.

 

O professor diante desta realidade sente-se desvalorizado e está encontrando dificuldade para enfrentar o desafio de melhorar os baixos índices de aprendizagem que os alunos vêm obtendo nas estatísticas oficiais e que também podem ser observados no dia-a-dia escolar e nas avaliações sobre o conteúdo trabalhado.” (GONÇALVES, 2008, p. 4)

 

O que se demonstra necessário perceber e discutir é como os alunos aprendem e como o processo de ensinar pode conduzir à aprendizagem. Cabe identificar o papel professor e do aluno, a partir disso poderão voltar a pensar e atribuir sentido a educação.

Todo ato educativo obedece determinados fins e propósitos de desenvolvimento social e econômico e em consequência responde a determinados interesses sociais, sustentam-se em uma filosofia da educação.” (D’AMBRÓSIO, 1999, P.3)

 

A situação atual da prática educativa nas escolas demonstra diversos problemas como: a grande ênfase dada à memorização, pouca preocupação com o desenvolvimento de habilidades para reflexão crítica e auto-crítica dos conhecimento, uma educação ainda mecanizada.

De acordo com D’ambrósio 1999, o processo de ensino-aprendizagem é uma integração dialética entre o instrutivo e o educativo, tendo como propósito essencial, contribuir para a formação integral da personalidade do aluno. Assim, o instrutivo é um processo de formar homens capazes e inteligentes e o educativo torna-se responsável pela formação de valores, sentimentos que identificam o homem como ser social, compreendendo o desenvolvimento das convicções, vontade e outros elementos da esfera afetiva junto a cognitiva, permitem falar de um processo de ensino-aprendizagem, que tem por fim a formação multilateral da personalidade do homem.

Considera-se um fator importante na vida do ser humano o processo de avaliação, pois a partir do momento que se encontra em avaliação tem a chance de crescer e mudar de vida, ou decair e estagnar.

A avaliação é um processo que faz parte de todos os aspectos da vida e principalmente, da vida escolar dos indivíduos, necessitando acontecer durante todo percurso, pois está inserida em cada detalhe, ato, demonstração ou medida a ser adotada no envolvimento do indivíduo na construção do seu conhecimento, ou até mesmo na relação com o outro.

A educação consiste nisso, um avaliar constante de estratégias e medidas a serem adotadas, visando à melhoria e a qualidade no processo de ensino e aprendizagem.

Nota-se que para efetiva construção do conhecimento escolar torna-se necessária ações conjuntas do professor e alunos, onde ambos efetivam, aos poucos, o processo de construção do conhecimento escolar, realizando então diversas operações mentais como analisar, comparar, criticar, levantar hipóteses, julgar, classificar, deduzir, explicar, generalizar, conceituar etc.

Percebemos que existe entre os docentes, certo equivoco relacionado ao conceito da avaliação, sendo vista apenas como provas ou exames, que visam transmitem medo e insegurança aos alunos, obrigando-os a ficar mais atentos as aulas, facilitando o trabalho, a partir de ameaças. Deixando de ser uma ferramenta eficaz no processo de aprendizagem.

De acordo com Luckesi 2000, a avaliação da aprendizagem, por ser avaliação, deve demonstrar-se amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, diferente das provas e exames, que não são amorosos, ao contrário, são excludentes, não são construtivos, mas classificatórios. A avaliação inclui, traz para dentro, para perto; os exames selecionam, excluem, marginalizam e ignoram todo o processo e a construção da aprendizagem.

Entende-se que o processo de avaliação deve ocorrer no dia-a-dia, através das práticas pedagógicas de sala de aula, no entendimento de professor e aluno, na observância do desenvolvimento de ambos, no desempenho das atividades propostas e acima de tudo na construção da independência e da criticidade, levando o aluno a intervir na sua realidade social e transforma-la.

 

Temos de opostamente, colocar a avaliação escolar a serviço de uma pedagogia que esteja preocupada com a educação como mecanismo de transformação social.” (LUCKESI, 2001, p. 28)

 

 

A avaliação deve proceder de forma tranquila e recíproca, onde aconteça a doação e entrega do avaliador e do avaliado, considera-se de extrema importância que haja a disposição para acolher o outro e suas vivências, afinal como pode ser possível avaliar o que não se conhece, o que jamais foi visto ou vivenciado.

 

O ato de avaliar implica dois processos articulados e indissociáveis: diagnosticar e decidir. Não é possível uma decisão sem um diagnóstico, e um diagnóstico, sem uma decisão é um processo abortado.” (LUCKESI, 2000)

 

 

A alfabetização é uma fase de descoberta e espera, onde aos poucos o aluno vai demonstrando vestígios de sua compreensão a cerca do contexto inserido e da importância do ato de ler, escrever e interpretar as diferentes realidades. Cabe ao professor o acompanhamento desse processo, de forma suave e discreta, anotando diariamente, de acordo com as circunstâncias, os pequenos e grandes avanços do seu aluno.

Percebe-se que a avaliação diagnóstica é certamente uma das que melhor se enquadram nesse contexto, pois consiste exatamente nisto, ter uma visão panorâmica da situação e da evolução do seu trabalho, consequentemente do processo de aprendizagem do aluno, transformando em um diagnóstico individualizado e muito útil para a formação.

 

2.1 CAMINHOS METODOLÓGICOS

 

A metodologia de pesquisa adotada durante esse trabalho será dialética, que visa entender a totalidade, levando em conta durante o trabalho, o contexto político, econômico, social, seguindo a análise qualitativa.

Realizou-se além das leituras e reflexões sobre a educação atual, um questionário contendo diversas perguntas destinadas a duas Pedagogas, regentes de turmas de 1º ano de Alfabetização da E.M.G.S., do estado de Mato Grosso, visando conhecer suas opiniões sobre a educação, ser professor, a sala de aula, do processo de alfabetização e avaliação dos alunos.

O questionário foi entregue no dia 02 de novembro de 2018, e recolhido no dia 04 de novembro de 2018, sendo visto pelas professoras como objeto de análise e reflexão do ano letivo escolar e de sua visão enquanto profissionais da educação.

Durante um breve período de observação, conversas e contatos com os alunos da instituição, notou-se alguns traços do contexto em que estão inseridos. Percebeu-se que muitos provem de famílias humildes, onde os pais são a grande maioria analfabetos, porém trabalham o dia todo para sustentar as famílias, em serviços simples, de pouco ganho.

Tal qual acontece na maioria das famílias, os pais se projetam nos filhos, na esperança de dias melhores, nesse caso não é diferente, os pais veem nos filhos a possibilidade de uma mudança de vida, ou que a história não se repita novamente. Fica claro nesse contexto, o papel da educação na vida dessas pessoas, a responsável por uma mudança familiar e social.

Ao analisar o retorno dos questionários, foi possível verificar diferentes respostas, que contribuíram para montar o esqueleto das turmas, contento as principais características.

A responsável pela turma do período matutino, professora E., tem 24 anos de idade, formou-se em 2014, na Universidade de Cuiabá (UNIC), é o seu primeiro ano como regente. Referente à sua profissão diz:

É bom ser professora e ensinar as crianças”.

 

A responsável pela turma do período vespertino, professora N., tem 28 anos de idade, formou-se em 2008, na Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT), já atua na educação a 7 anos, tendo experiência em todos os níveis de ensino, desde a Alfabetização à Educação de Jovens e Adultos. É pós-graduada em Psicopedagogia Institucional pela Universidade Católica de Cuiabá. Referente à sua profissão diz:

 

A educação é o melhor remédio contra a desigualdade social.”

 

A partir da análise dos perfis das Pedagogas, buscou-se questionar as estratégias didáticas adotadas por ambas, como acontece o processo de alfabetização e a avaliação dos alunos.

Referente a esses questionamentos, a Pedagoga do período matutino diz:

Utilizo muitos jogos e brincadeiras em minhas aulas...

Participo a todo instante e auxílio à interação dos alunos...

Meus alunos são preguiçosos e precisam se esforçar mais...

Acredito que não há necessidade de registro se estou participando”.

 

É necessário ressaltar que em conversa com a coordenação da escola, a mesma deixou claro que a turma vinha de várias trocas de professores, devido a atestados médicos, afastamentos e desvio de função, porém bons profissionais, mas isso levou a turma a não construir uma rotina constante de incentivos e manifestação de leitura, pois cada profissional possui a sua metodologia de ensino. A coordenadora relata em conversa:

 

Muitas vezes nem sei o que fazer com essa turma,

eles não avançam, não aprendem.”

 

Quando questionada sobre seu trabalho, como acontece o processo de alfabetização e a avaliação em sua turma, a professora do período vespertino diz:

Trabalho com diferentes gêneros textuais e estimulo sempre meus alunos...

Acompanho o desenvolvimento individual dos meus alunos e registro em meu caderno...

Avalio cada passo dos alunos, tudo é crescimento...

Através do desenvolvimento deles, posso ver como está o meu trabalho e me auto avaliar também...”

 

A reflexão das professoras e da coordenadora pedagógica nos questionários e conversas, foi muito favorável a pesquisa, pois possibilitou perceber os pontos fortes e fracos da educação, não somente num contexto micro, mas no macro, pois essa é a realidade da educação nacional em diferentes localidades.

Durante o trabalho percebeu-se traços fortes de persistência para ensinar os alunos, visando uma melhor qualidade de vida, levando-se em conta o contexto social e econômico que os alunos vivenciam, um esforço para que compreendam a importância do conhecimento para as mudanças sociais.

 

Os professores mais conscientes da importância de sua função para a vida dos alunos, querem mudar essa situação, porque sabem que a escola pública é o único espaço para que os alunos da classe trabalhadora adquiram o saber sistematizado, necessário à sua emancipação social.” (GONÇALVES, 2008, p. 4)

 

Verificou-se também que a formação de professores mostra-se fragilizada, faltando o preparo para lidar com as mais diversas situações em sala de aula e o comprometimento dos profissionais com o processo de ensino e aprendizagem.

Com relação à metodologia de ensino, nas diversas disciplinas, a situação mostra-se ainda mais precária, percebeu-se certo equívoco quanto à maneira de ensinar, que poderiam ser mais eficazes e voltadas à realidade social dos alunos.

De acordo com Gonçalves (2008), é na licenciatura que os alunos, que serão os futuros professores, devem desenvolver os conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que possibilitarão ir construindo seus saberes docentes. O que vemos na realidade é que cabe ao professor buscar por contra própria este saber, o que nem sempre ocorre devido a inúmeros fatores.

 

2.2 A ALFABETIZAÇÃO


O processo de inserção do aluno na escola acontece no período pré-escolar, com intuito de estimular a socialização com os demais alunos e adultos, formando vínculos, assim como desenvolver suas noções de lateralidade, coordenação motora, movimento, tempo e espaço.

Em torno dos 6 anos de idade, o aluno está inserido no ensino dos 9 anos, onde inicia a construção do sentido e atribuição de significados ao contexto a sua volta, estando apta a ser inserida no mundo da leitura e escrita, conhecido como processo de alfabetização.

 

Ao ingressar na escola, a criança deve receber orientação para analisar e generalizar os elementos da realidade rumo à formação de conceitos, imprescindíveis ao desenvolvimento de suas funções psíquicas. Ultrapassando, assim, suas impressões imediatas rumo à apropriação dos conceitos científicos, pela mediação pedagógica.” (GONÇALVES, 2008, p. 14)

 

O processo de alfabetização inicia-se com a identificação das letras, junção das sílabas, percebendo então o sentido da palavra, já inserida em seu contexto social. A partir desse momento o aluno passa a descobrir os diferentes gêneros textuais existentes, no intuito de reforçar ou confirmar seu domínio de leitura e escrita.

A partir da receptividade de diferentes fontes de leitura, o aluno passa a realizar a interpretação textual, captando o contexto histórico, as principais informações apresentadas e a sua função social.

Durante esse período também é apresentado ao aluno os numerais e suas respectivas quantidades, através de exemplos concretos, músicas, elementos que atraiam a sua atenção e facilitem a compreensão, esclarecendo qualquer tipo de dúvida que venha a surgir. Nisso, também é transmitida a ideia de adição e subtração de elementos, para qualificar sua experiência social de compra, venda ou troca.

Ao interagir com esses conhecimentos, o aluno se transforma, pois aprende a ler e a escrever, obter o domínio de formas simples e complexas de cálculos, constrói significados a partir das informações descontextualizadas, amplia seus conhecimentos, lida com conceitos científicos hierarquicamente relacionados, fazendo-o se desenvolver cada vez mais e ser crítico.

A alfabetização e o letramento caminham juntos em todo processo, pois o principal objetivo é atribuir sentido ao que a criança está aprendendo, visando uma formação pessoal e social, visto que esse pode transformar a realidade em que o aluno está inserido, função primordial da educação.

É de extrema importância que o processo de alfabetização seja voltado ou adaptado ao nível de compreensão do aluno, porém mediante a essa mesma compreensão, é possível aumentar o grau de dificuldade e incentivo, para que o aluno perceba que pode ir além e se desenvolver ainda mais.

Com vista nisso, cabe ao professor estar atento a cada fase do processo, e realizar o acompanhamento individualizado de cada aluno, sempre que possível registrando os avanços, mudanças de comportamento, dificuldades apresentadas, dentre outros detalhes que irão compor a avaliação do aluno.

Diante dos estágios de desenvolvimento da escrita, o acompanhamento do aluno possibilita ao professor uma auto avaliação, fazendo-se perceber os pontos fortes e sensíveis de seu trabalho, possibilitando sempre mudanças e melhorias em sua metodologia, didática abordada em sala de aula e até mesmo a avaliação utilizada.

Considera-se importante salientar que desde o 1º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino fundamental, acontece o processo de alfabetização, considerando que o aluno ainda está em fase de desenvolvimento de sua leitura, escrita e interpretação.

A busca pela melhor estratégia de avaliação depende do compromisso com o processo de ensinar, em vista disso, a primeira fase, que é o 1º ano do ensino fundamental, não tem por obrigatoriedade o uso de provas escritas, com o objetivo de alcançar notas, para promoção, esse processo acontece por meio de relatórios específicos de acompanhamento do aluno, utilizando como principal recurso o portfólio, sendo apenas a partir do 2º e 3º ano do ensino fundamental, a realização de provas mensais, bimestrais ou semestrais, de acordo com os objetivos do professor e plano de ensino da instituição.


2.3 O CONTEXTO DA SALA DE AULA E O PAPEL DO PROFESSOR

 

A sala de aula é considerada por todo aluno um lugar mágico, onde se aprende coisas novas e se visualiza diferentes realidades. Formada de diferentes cores, cheiros, texturas e formatos, a sala de aula é uma incrível caixa a ser aberta e descoberta aos poucos, com detalhes.

Para muitos alunos é um desafio a ser vencido, principalmente no período de alfabetização, onde serão introduzidos no mundo da leitura e escrita, possibilitando-lhes interpretar e viajar através de diferentes gêneros textuais.

O espaço da sala de aula deve servir de incentivo constante a aprendizagem, aguçando a curiosidade e a sede de conhecimento, por parte dos alunos, por isso é necessário ter sempre exposto elementos que irão contribuir no processo ensino e aprendizagem, como as letras do alfabeto, diferentes gêneros textuais, livros de história, números relacionados a sua respectiva quantidade, imagens, dentre outros, que possam inclusive tirar as dúvidas dos alunos ao longo da aula.

O professor é o grande protagonista desse espaço, ele é o responsável por organizar todo o percurso do processo ensino-aprendizagem, entrelaçando teoria e prática constantemente no dia-a-dia da criança, para que esta a perceba e se deixe conduzir.

 

Acreditamos que a teoria deva ser testada na prática, se isso não ocorre, não será possível avaliar se vai ao encontro dos princípios que acreditamos serem necessários na formação do sujeito nesta etapa da humanidade.” (GONÇALVES, 2008, p. 7)

 

Considera-se de fundamental importância ressaltar que o plano de ensino do professor é sua principal ferramenta, nele deve-se constar toda a trajetória de conteúdos, vivências e experiências do professor com seus alunos, para garantir a continuidade do trabalho, fazendo com que este não se perca pelo caminho, ou não tenha um norte a ser seguido, deixando o aluno confuso e desorientado.

No processo de mediação do conhecimento, o professor busca tornar-se um unificador das relações cotidianas e científicas de seus alunos, assumindo assim, uma responsabilidade social na construção e reconstrução do conhecimento científico das novas gerações, em função da transformação da presente realidade.

Diante do contexto vivenciado no ‘chão da sala de aula’, das diversas realidades que o envolvem, consideramos que o professor possui diferentes papeis a ser exercido, ele é o acolhedor, observador, mediador e avaliador das situações cotidianas, envolvendo o aluno, sua conduta e aprendizagem.

O professor deve estar aberto a compreender a realidade social que o aluno está inserido, a situação familiar, a dificuldades financeiras, as situações de discriminação, medo, abusos, considerando que tudo isso irá influenciar no processo ensino e aprendizagem.

Compreende-se o quanto é difícil lidar com essas situações, ou até mesmo estar apto a avaliar um aluno que sofre com tais realidades, devido a isso, se faz necessário o acompanhamento frequente do desempenho do aluno em sala de aula, frente às atividades propostas.

 

A prática pedagógica como processo de formação humana institucional, coletiva e relacional. A prática pedagógica docente, por sua vez, é um dos núcleos constitutivos do processo de ensino e aprendizagem.” (SOUZA, 2007, p. 2)

 

Considera-se evidente que a relação professor – aluno deva ser delicada, pois como já foi citado, o professor exerce diversos papeis na vida do aluno, havendo momentos que deverá ser firme, cobrar, exigir que o aluno faça sua parte, em outros o professor terá que compreender o aluno e sua fragilidade, portanto deve-se estar sempre atento ao momento e acima de tudo a acolhida, para continuar seu compromisso de levar a todos um ensino de qualidade.

Saber que não resolveremos todos os problemas sociais, mas sem a educação, sem que os trabalhadores

se apropriem dos conhecimentos socialmente elaborados não terão condição de lutar por condições mínimas de sobrevivência na sociedade.” (FERNANDES, 2016, p. 9)

Nessa perspectiva, exige-se do professor uma postura diferente ao ensinar, tendo clara a intensão de formar um cidadão de consciência crítica para a vivência na sociedade, que consiga ler, compreender e discutir, argumentando sua opinião, compreender a realidade e não simplesmente memorizar informações.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante do contexto apresentado ao longo desse trabalho, podemos notar que as turmas de 1º ano de alfabetização, acompanhadas na E.M.G.S., embora tivessem tido o mesmo acompanhamento pedagógico, a mesma base na pré-escola, mostram-se vítimas da realidade familiar desestruturada a que estão expostas, da falta de conscientização sobre o ato e a importância de alfabetizar e avaliar o processo de ensino.

Ao longo desse ano letivo, a primeira turma passou por uma série de trocas de professores, alguns com anos de caminhada na alfabetização e comprometimento, outros iniciantes e ainda aqueles que consideram que essa fase seja uma simples extensão da Educação Infantil, tendo em seu ponto de vista que ‘a criança deve brincar a todo instante, sem objetivo ou meta a ser atingida, pelo simples fato de brincar’.

A segunda turma, manteve-se com a mesma professora ao longo do ano letivo, construíram uma rotina de estudo e regras a serem seguidas, passaram por todos os níveis de alfabetização, sempre com muita dinamicidade e comprometimento, direcionando atividades que levassem o aluno a se desenvolver e torna-se críticos e independentes.

As famílias são de classe média baixa, muitas analfabetas, onde os pais trabalham o dia inteiro e não tem tempo ou interesse em auxiliar seus filhos nas atividades escolares, porém vem à esperança de dias melhores nos filhos, que demonstram não ver sentido no que a escola lhes propõe.

Nota-se que as trocas de professores vieram a agregar tais prejuízos no processo ensino aprendizagem dos alunos, e consideramos algo a ser revisto pelas autoridades competentes, a fim de que não tenhamos mais prejuízos no desenvolvimento e na organização curricular da alfabetização, considerando-a a base do ensino, e cheguemos ao principal objetivo.

A partir das entrevistas, observações, depoimentos e leituras, que a primeira turma se desenvolve de maneira lenta, causando-nos a impressão de que permanecem sempre no início do processo, se sobressaindo em poucas atividades e situações propostas. Enquanto a segunda, segue num processo regular, dentro ou até mesmo além do esperado, para essa etapa de ensino, considerando que alguns alunos realizam leituras de palavras simples, outras complexas, textos simples e outros ainda, textos complexos muito além do nível de ensino esperado.

A dedicação do professor, comprometimento e responsabilidade da família fazem toda diferença na vida das crianças, formando-as cidadãs críticas, seguras e capazes de fazer a diferença na sociedade, agindo e atuando sobre ela, na esperança de dias melhores.

4 REFERÊNCIAS

 

 

BASSO, I. S. Tese de doutorado. As Condições Subjetivas e Objetivas do Trabalho Docente: um estudo a partir do ensino de história. Unicamp, 1994.

 

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação para uma sociedade em transição. Campinas, SP: Papirus, 1999.

 

 

FERNANDES, Luciana Marçal Ferreira; ROCHA, Verônica da Silva; SCHWINGEL, Paulo Adriano. A dificuldade na leitura e na escrita durante o processo de alfabetização. Congresso Nacional de Educação, Petrolina, PE, 2016.

 

 

GONÇALVES, Silvia Aparecida dos Anjos. A função docente e o conhecimento numa perspectiva histórico-crítica. Maringá, 2008.

 

 

LUCKESI, Cipriano Carlos. O QUE É MESMO O ATO DE AVALIAR A APRENDIZAGEM?. Pátio. Porto alegre: ARTMED. Ano 3, n. 12 fev./abr. 2000.

 

 

SAVIANI, D. Filosofia de Educação: Crise da Modernidade e o Futuro da Filosofia da Práxis. In: Freitas, M. A reinvenção do Futuro: Trabalho, Educação,

Política na Globalização do Capitalismo. São Paulo: Cortez & UNIFRAN, 1996.

 

SOUZA, J. F. E a educação popular: Quê? Uma Pedagogia para fundamentar a educação, inclusive escolar, necessária ao povo brasileiro. Recife: Bagaço, 2007.

 

 

5 APÊNDICE

 

Questionário

1. Nome: _______________________________________________________

2. Idade: ________________________________________________________

3. Em que instituição se formou e o ano? _______________________________________________________________

4. Tem outro curso ou especialização? Qual? _______________________________________________________________

5. Com quais turmas você atua neste ano? ____________________________

6. Com que outras turmas você já atuou? _______________________________________________________________

7. Há quanto tempo atua nesta instituição? _____________________________

8. Qual sua situação cadastral na instituição:

( ) Contratado ( ) Efetivo ( ) Prestador de serviço ( ) Substituto

9. Por que você escolheu essa profissão? Explique.

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. Você segue uma rotina de trabalho com seus alunos? Explique como funciona.

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. Como é elaborado seu plano de trabalho?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. Quais são as estratégias que mais utiliza em suas aulas?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

13. Você observa o desenvolvimento dos alunos a partir dessas estratégias? Modificaria ou acrescentaria algo a mais?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

14. Você faz os registros do desenvolvimento dos alunos? De que forma?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

15. Como acontece o processo de avaliação em sua turma?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

16. Como você acompanha as atividades e brincadeiras de seus alunos? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

17. Como você avalia o nível de aprendizagem da sua turma, de maneira geral? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

18. Qual é o seu papel na educação?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________