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Dislexia

Vanessa Ramos

Marli Rodrigues de Almeida

Zilmeire Macedo de Oliveira


RESUMO:

O campo de estudos das dificuldades de aprendizagem é uma pesquisa vasta, entretanto, dentre os transtornos de aprendizagem existentes (dislalia, discalculia, disgrafia, disfasias, memória, transtorno de défit de atenção e hiperatividade entre outras) gostaríamos de destacar a dislexia, dada sua singularidade e importância de seu conhecimento para a aplicação de ações eficazes para auxiliar na avaliação e tratamento de pessoas disléxicas.

Palavras – chaves: dislexia, métodos, dificuldades de aprendizagem.

Origem

A palavras dislexia é derivada do grego “dis” ( dificuldade) e “lexia” ( linguagem) sendo definida como uma falta de habilidade na linguagem que se reflete na leitura ( Associação nacional de dislexia, 2005; lanhez 2002) . Entretanto, ela não é causada por uma baixa de inteligência. O que ocorre é uma lacuna inesperada entre a habilidades de aprendizagem e o sucesso escolar, sendo que o problema não e comportamental, psicológico, de motivação ou social (Associação Nacional de Dislexia,2005),

Ou seja, a dislexia não é uma doença , é um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem. De fato, pesquisas atuais, obtidas através de exames por imagens do cérebro , sugerem que os disléxicos processam as informações de um modo diferente, tornando-as pessoas únicas; cada uma com suas características, habilidades e inabilidades próprias ( Associação Nacional de Dislexia,2005)

A dislexia trona- se evidente na época da alfabetização, embora alguns sintomas já estejam presentes em fases anteriores. Apesar de instrução convencional, adequada inteligência e oportunidade sociocultural e sem distúrbios cognitivos fundamentais, a criança falha no processo da aquisição da linguagem. Isto é, ela independe de causas intelectuais,emocionais ou culturais. Ela e hereditária e a incidência é maior em meninos, numa proporção emocionais ou culturais. Ela é hereditária e a incidência é maior em meninos, numa proporção de 3/1, sendo que a ocorrência é de cerca de 10% da população mundial ( Nico,2005), embora freqüências altas de 20% a 30% tenham sido relatadas ( Hallahan & kauffman),2000).

Apesar dessa alta incidência, considerada por alguns a autores como uma das mais comuns deficiências de aprendizado ( Gorman, 2003) o diagnostico ainda não é facilmente realizado, o que faz com que os portadores de dislexia sejam erroneamente por pais e professores de preguiçosos,pouco inteligentes ou mal- comportados ( Gorman, 2003), visto que essa crianças com inteligência , geralmente, acima da média, enxerga e ouve bem, expressa- se com fluência orlamente, no entanto, seu desempenho escolar não combina com seu padrão geral de atuação, apresentando dificuldades na leitura e na escrita, letra ruim, troca de letras e lentidão e (Gonçãlves 2005)

Embora os disléxicos tenham grandes dificuldades para aprender a ler e escrever e soletrar, suas dificuldades não implicam em falta de sucesso no futuro, haja visto o grande número de pessoas disléxicas que obtiveram sucesso, entre elas, Thomas Edison ( inventor),Tom Cruise (ator), Walt Disney ( fundador dos personagens e estúdios Disney ) e Agatha Christie( autora) ( Estill, 2005 Gorman, 2003). De fato, alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior probabilidade de serem bem sucedidas, acredita –se que a batalha inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com stress ( Gorman, 2003).

 

Etiologias

As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas ( Gormna,2003,Pernnington, 1997), sendo também encontrados que descrevem fatores ambientais como causa da dislexia ( Pennington, 1997). As evidências atuais apóiam a perspectiva de que a dislexia é familial 9 cerca de 35 % a 40 % dos parentes de primeiro grau são afetados), herdada ( com uma hereditariedade de cerca de 50%), heterogênea em seu modo de transmissão ( como evidencia tanto a forma poligênica como a de gene predominante responsável pelo distúrbio) e ligada em algumas famílias a marcadores genéticos no cromossomo 15 e possivelmente para outras famílias a marcadores genéticos do cromossomos 6 ( pennington, 1997).

Os fatores ambientais são poucos conhecidos das causas da dislexia. As complicações perinatais apresentam uma associação fraca, não específica, com problemas posteriores de leitura (Accordo, 1980 apud Pennington,1997 ). Alguns autores postulam que insultos ambientais infecciosos ou tóxicos também poderão ter aqui um papel ( Schulman & Leviton, 1978 apud Pennington, 1997). Além disso, considera-se o tamanho da família e o nivel socioeconômico das mesmas. Algumas famílias com nível socioeconômico baixo lêem menos para seus filhos e fazem poucos jogos de linguagem com eles, a falta dessas experiências pré-escolares parece retardar o desenvolvimento de habilidades posteriores de leitura ( Pennington,1997).

 

Curso de desenvolvimento

A dislexia vai emergir, normalmente, nos momentos iniciais da aprendizagem da leitura e da escrita, usualmente não antes do final da primeira ou segunda série. Contudo, está se tornando progressivamente claro que precursores da dislexia estão presentes antes da idade escolar ( Estill, 2005; Pennington, 1997. Clinicamente , as historias pré- escolares de alguns disléxicos, mas não todos, contém informações sobre retardo leve no falar, dificuldades de articulação, problemas para aprender os nomes da letras ou nomes das cores, problemas para encontras palavras, sequência errada das sílabas (“ amanais” por “ animais” , “donimós” por dominós” ) e problemas para lembrar endereços, números de telefones e outras seqüências verbais, incluindo ordens complexas ( Pennington, 1997).

Felizmente, existem tratamento que ciram a dislexia. Estes tratamento buscam estimular a capacidade do cérebro de relacionar letras aos sons que as representante, posteriormente, ao significado das palavras que elas formam. Alguns pesquisadores acreditam que quanto mais cedo é tratado a dislexia, maior a chance de corrigir as falhas nas conexões cerebrais da crianças ( Gorman, 2003), contudo só podemos considerar que alguém é disléxico,após dois anos de vivências leitoras. Antes deste período podemos detectar “dificuldades ou transtornos de leitura” que já necessitam de cuidados especiais, numa postura.

Segundo Estill(2005) existem diversos sinais visíveis nos comportamentos e nos cadernos das crianças, que podem auxiliar aos pais e educadores a identificar precocemente alguns aspectos preditivos de dislexia, entre eles.

  • Demora nas aquisições e desenvolvimento da linguagem oral;

  • Dificuldades de expressão e compreensão;

  • Alterações persistentes na fala;

  • Copiar e escrever números e letras inadequadamente;

  • Dificuldade para organizar – se no tempo, reconhecer as horas , dia da semana e meses do ano ;

  • Dificuldades para organizar seqüências especiais e temporais, ordenar as letras do alfabeto ,sílabas em palavras longas, seqüências de fatos;

  • Pouca tempo de atenção nas atividades, ainda que sejam muito interessantes;

  • Dificuldade em memorizar fatos recentes- números de telefones e recados ,por exemplo;

  • Severas dificuldades para organizar a agenda escolar ou da rotina diária;

  • Dificuldade em participar de brincadeiras coletivas;

  • Pouco interesse em livros impressos e escutar histórias;

  • Demora nas aquisições e desenvolvimento da linguagem oral;

  • Dificuldade para organizar- se no tempo, reconhecer as horas, dias da semana e meses do ano.


Para Estill ( 2005) salienta que é preciso ter uma especial atenção com as crianças que gostam de conversar, são curiosas, entendem e falam bem aparentam desinteresse em ler e escrever segundo ela, seria interessante, no caso de crianças leitoras, oferecer um mesmo problema matemático, escrito e oral, e comparara as respostas, pois freqüentemente encontramos respostas diferentes, corretas na questão oral e incorreta na mesma questão escrita. Isto é , a mesma criança que parece não saber resolver um problema matemático por escrito, poderá ter um desempenho surpreendente quando o mesmo lhe é apresentado oralmente. Esta situação exemplifica como podemos confundir os Sinai- a dificuldade não é na aprendizagem da matemática, mas na leitura.

Outro ponto a ser considerado quando se fala em dislexia é de que existem crianças que apesar de todas estas dificuldades, conseguem aprender a ler, mas vão carregando a sua dislexia camuflada .Em geral, estas crianças, incompreendidas em suas dificuldades, muitas vezes são vistas como desinteressadas, e cobradas com quantias que não têm como pagar. É quando podem surgir as reações de apatia ou revolta. Portanto , Estill (2005)destaca alguns sinais que ajudam os profissionais a compreender o que estar ocorrendo com os aprendizes.

  • Dificuldades nas aquisições lingüísticas: dificuldades em reconhecer rimas e alterações vocabulário reduzido; construções gramaticais inadequadas, severa dificuldade para entender as palavras pelo seu significado.

  • Dificuldade em fazer cópias, trabalhos e agendas incompletas;

  • Dificuldade na leitura, lê mas não entende o que leu;

  • Importantes dificuldades de organização seqüencial tempo- espacial, seqüências e rotinas diárias;

  • Dificuldades em matemática, cálculos e desenhos geométricos;

  • Grande dificuldades para organizar- se em suas tarefas de vida daria,

  • Especial dificuldade para aprender uma segunda língua;

  • Confusões de orientação, trabalhar com dicionários e mapas é mais um computador.

  • Alterações de comportamento- agressividade, desinteresse, baixa – estima e até mesmo condutas opositivas- desafiadoras.


Diagnóstico e tratamento da dislexia


É importante para o clinico ser sensível a respeito de como tal distúrbio se manifestam em termos de comportamento da crianças, sintomatologia, historia e resultados em testes ( Pennington, 1997), Nico ( 2005) recomenda que o diagnostico seja feito por uma equipe multidisciplinar ( psicólogo, um psicopedagogo e um neurologista) não somente para se obter o dianóstico de dislexia, mas para se determinarem, ou eliminarem,fatores coexistentes de importância para o tratamento. Além disso, o diagnóstico deve ser significativo para os pais e educadores, assim como para a criança. Ou seja, simplesmente encontrar um rótulo não deve ser o objetivo da avaliação, mas tentar estabelecer um prognóstico e encontrar elementos significativos para o programa de reeducação. É de grande importância que sejam obtidas informações sobre o potencial da criança, bem como sobre suas características psiconeurológicas, sua performance e o adquirido. Informações sobre métodos de ensino pelos quais a crianças foi submetida também são de grande significação .

 

Tratamento psicopedagógico


De acordo com Gonçalves (2005), grande parte da intervenção psicopedagógica e estará em buscar os talentos do disléxico, afinal os fracassos, sem dúvida, ele já os conhece bem. Outra tarefa da clinica psicopedagógica é ajudar essa pessoa a descobrir modos compensatórios de aprender. Jogos , leituras compartilhadas especificas para desenvolver a escrita e habilidades de memória e atenção fazem parte do processo de intervenção. A medida que o disléxico se percebe capaz de produzir poderá avançar no seu processo de aprendizagem e iniciar o resgate de sua auto- estima.

Além disso, cabe destacar a importância dos professores compreenderem o problema da criança dislexia para que não seja taxada de “preguiçosa” ou “estúpidas” e da participação dos pais como defensores, facilitadores de intervenções apropriadas e fonte de apoio emocional. É importante que os pais forneçam experiências de êxito a seus filhos e monitorem os problemas psicológicos secundários (Pennington, 1997).


Referências bibliográficas

Associação nacional de Dislexia. Em HTTP://www.andislexia. Org.br/ hd16-12asp. Acesso realizado em 13/09/2005.

Correia,L.M. & Martins,A.P. Dificuldade de Aprendizagem: que são como entende-las?

Bblioteca Digital Coleção Educação.Porto Editora.

http:/WWW.educare.ptBibliotecaDigitalPE/Dificuldades de aprendizagem.pdf.Acesso realizado em 12/06/2003

Estil, C,A Dislexia, as muitas faces de um problema de linguagem, em http:// WWW.andislexia.org.br/hdl12-1asp. acesso realizado me 13/09/2005.

Gonçalves AM.S. A criança dislexia e a clinica psicopedagógica. Em: http://www.andislexia.org.br/hdl12-1asp. Acesso realizado em 13/09/2005.

Gorman, C. The New Science of Dislexia Time-july 20,2003 in http/WWW.interdys.org/índex.jsp traduzido e adaptado em htt:/ www.10em tudo.com.br/artigos-1asp acesso realizado em : 13/09/2005.

Hallahan, D.P.E Kaufman,J.M.Exceptional learners: Introduction to Special Education Needham Heights,MA:Allyn e Bacon,2000.

Sabrina Mazo D´Affonseca- psicóloga, mestranda em educação especial- UFScar, aluna de Especialização em psicopedagogia- unicep.