A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Vanessa Ramos
Marli Rodrigues de Almeida
Zilmeire Macedo de Oliveira
RESUMO:
O presente trabalho é resultado de um estudo bibliográfico a cerca da importância da música no processo de ensino aprendizagem, sua aplicação e seus benefícios no desenvolvimento do indivíduo. A música com maior ou menor intensidade está na vida do ser humano, ela desperta emoções e sentimentos de acordo com a capacidade de percepção que ele possui para assimilar a mesma. O objetivo do artigo é mostrar que a música não é somente uma associação de sons e palavras, mas sim, um rico instrumento que pode fazer a diferença nas instituições de ensino, pois ela desperta o indivíduo para um mundo prazeroso e satisfatório para a mente e para o corpo que facilita a aprendizagem e também a socialização do mesmo.
Palavras-chave: aprendizagem, socialização e desenvolvimento.
JUSTIFICATIVA
É importante perceber que o ensino de música não está somente ligado ao aprendizado de instrumentos ou de repetição de canções e cantigas decoradas e descontextualizadas, práticas muito frequentes no ambiente educacional.
Loureiro (2008) explica que o aprendizado de música deve ser um ato de desprendimento prazeroso, que comungue com as experiências da criança sem ser uma imposição ou que busque a qualquer custo que a criança domine um instrumento, o qual pode minar sua sensibilidade e criatividade.
A música está presente na vida e na cultura dos povos. Na sua trajetória, proporcionou transformações, determinou condutas e construiu conceitos, servindo como forma de expressão da sensibilidade, da criatividade, dos valores éticos e estéticos. Os estudos históricos permitem afirmar que a música foi à fonte de inspiração de grandes filósofos, que já a apontavam como o caminho para uma educação de qualidade, na qual seus valores colocariam a humanidade na trilha da sabedoria e da produção harmônica de conhecimentos. É uma forma de expressão que permite ao ser humano manifestar suas alegrias e tristezas, suas dúvidas e sentimentos, suas ideias e sensações.
Para Borges (2003, p.115)
Música é arte [...] seu papel na Educação Infantil é o de proporcionar um momento de prazer ao ouvir, cantar, tocar e inventar sons e ritmos. Por este caminho, envolve o sujeito como um todo, influindo, beneficamente, nos diferentes aspectos de sua personalidade: suscitando variadas emoções, liberando tensões, inspirando ideias e imagens, estimulando percepções, acionando movimentos corporais e favorecendo as relações interindividuais.
De acordo com Faria (2001, p. 24), “A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação”
Diante do exposto, entende-se que o grande desafio é que a música na educação infantil venha a colaborar com o desenvolvimento da criança, almejando que essa não seja apenas uma prática descontextualizada, mas um complemento, um meio para o melhor entendimento e trabalho das muitas atividades realizadas na educação infantil, que além de desenvolver a sensibilidade musical pode ainda ajudar no desenvolvimento de outras potencialidades da criança.
Assim, o texto foi organizado buscando apresentar as possibilidades da música como ferramenta pedagógica. Sendo utilizado pesquisa bibliográfica que permite acesso ao conhecimento sobre o tema, , com foco na importância da música para o desenvolvimento infantil, com base nos teóricos que estudam e pesquisam o assunto investigado (SOUZA,2008) em sua obra, (Linguagens na Educação Infantil V Linguagens artísticas), (BRASIL,1998) (Conhecimento de Mundo.) ,(BRASIL,1997) ( Parâmetros Curriculares Nacionais) Dentre outros teóricos da área.
DESENVOLVIMENTO
De acordo com Melo (1985) citado por Monteiro (1999), revelam que a música é uma linguagem que, se compreendida desde cedo, ajuda o ser humano a expressar com mais facilidade suas emoções, sentimentos e principalmente ser criativo. O objetivo da música na educação é contribuir na formação e desenvolvimento da personalidade da criança, pela ampliação cultural, enriquecimento da inteligência e pela evolução da sensibilidade musical. Trabalhar com a música no cotidiano educativo significa ampliar a variedade de linguagens que pode permitir a descoberta de novos caminhos de aprendizagem.
Do ponto de vista pedagógico, as músicas são consideradas completas: brincando com músicas as crianças exercitam naturalmente o seu corpo, desenvolvem o raciocínio e a memória, estimulam o gosto pelo canto. Em todas as culturas as crianças brincam com a música através de jogos e brincadeiras que são transmitidas de uma geração para outra. As diferentes situações contidas nas brincadeiras que envolvam música fazem a criança crescer através da procura de soluções e de alternativas. O desempenho psicomotor da criança enquanto brinca alcança níveis que só mesmo com a motivação ela consegue. Ao mesmo tempo favorece a concentração, a atenção, o engajamento e a imaginação. Como consequência a criança fica mais calma relaxada e aprende a pensar, estimulando sua inteligência. (p. 35).
A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de importante meio de interação social (BRASIL, 1998, p. 49). Portanto, a música no contexto educacional, vem ao longo de sua história, atendendo a vários objetivos, alguns dos quais alheios às questões próprias dessa linguagem tem sido em certos casos, suportes para atender a várias finalidades, como a formação de hábitos, atitudes e comportamentos.
Sendo assim, crianças que recebem estímulos musicais adequados, aprendem a escrever mais facilmente, tem maior equilíbrio emocional, pois se sabe que a música esta inserida no cotidiano da criança desde o ventre materno.
A música tem se mostrado um dos instrumentos eficazes para o desenvolvimento infantil, por trazer conhecimentos de forma lúdica e prazerosa para as crianças. As canções infantis são utilizadas como atividade intelectual, artística e socializadora, presentes nas práticas de musicalização, canto, coral ou inserida nos jogos, brincadeiras, festas, rituais e comemorações.
O hábito de cantar e dançar com bebês e crianças, presente em praticamente todas as culturas do mundo, auxilia no aprendizado musical, no desenvolvimento da afetividade e socialização, e também no processo da aquisição da linguagem. Quando a criança está em idade escolar, o aprendizado musical, além de ter valor em si mesmo, também exerce uma segunda função, que é o ensino e o aprendizado de conceitos, ideias, formas de socialização e cultura, sempre através das atividades musicais (ILARI, 2003, p.14).
Nesse sentido, as cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo tipo de jogo musical têm grande importância, pois é por meio das interações que se estabelecem que os bebês desenvolvem um repertório que lhes permitirá comunicar-se pelos sons; os momentos de troca e comunicação sonoro-musicais favorecem o desenvolvimento afetivo e cognitivo, bem como a criação de vínculos fortes tanto com os adultos quanto com a música (MATOS & SANTOS, 2005, p.187)
Para Souza (2008, p.47) as crianças chegam á escola cheias de curiosidades, de energia, de vontade. Elas adoram explorar os sons, fazer ritmos e dançar, cantar e jogar. Cabe ao educador fazer este potencial se desenvolver, com som, com música, criando, inovando, fazendo, refazendo, sempre observando como a aprendizagem está se desenvolvendo, cuidando para não propor atividades passageiras, sem significância para o conhecimento musical das crianças.
Desde pequenas, as crianças se interessam muito pelos sons, exploram objetos verificando suas potencialidades sonoras, imitam os sons de máquinas e de animais, adoram fazer panelas, latas ou qualquer outra coisa, de instrumento. Por isso, é importante aproveitar a pouca idade da criança para explorar o máximo de suas possibilidades auditiva, expressivas e criativa, sem, no entanto, estabelecer o cansaço de um ensino acima das possibilidades de atenção, compreensão e motivação. Durante os primeiros anos, deve-se promover o desenvolvimento da criança por meio de muita ação musical.
Ainda de acordo com a autora a criatividade deve ser estimulada de diversas formas e não apresentada como uma coisa imposta, seguindo a ideia da autora alguns teóricos ressaltam que a aprendizagem da música não deve passar de um divertimento nessa fase.
Tanto a música quanto a dança permitem a expressão pelo gesto e pelo movimento, que traz satisfação e alegria, assim, a criança aprende e se desenvolver através dela. (ESTEVÃO, 2002, apud, SILVA& MARTINS, 2012, p.87)
Conforme Souza e Vivaldo (2010) citado por Silva & Martins, (2012, p.89) na aprendizagem a música é muito importante devido ao fato de o aluno conhece-la desde cedo, se for bem trabalhada ela amplia o raciocínio, a criatividade e outros dons e habilidades, por isso se torna um relevante recurso didático, devendo estar presente cada vez mais nas salas de aula. Nesse sentido ao mesmo tempo em que a música possibilita essa diversidade de estímulos, ela, por seu caráter lúdico e relaxante, pode estimular a absorção de informações, sendo isto uma aprendizagem.
Para Stabile (1988, p.122) “a expressão musical é importante na vida recreativa da criança, pois desenvolve sua criatividade, promove a autodisciplina e desperta à consciência rítmica e estética”. Através da música ela assimila conceitos e ideias do mundo concreto e abstrato.
A música se destaca como uma das linguagens a ser ensinada na escola, ao lado das artes visuais, da dança e do teatro, nos Parâmetros Curriculares Nacionais editados pelo Ministério da Educação (MEC), a partir de 1997.
Em 1998, foi elaborado o Referencial Curricular de educação Infantil (RCNEI), onde o mesmo em seu terceiro volume denominado Conhecimento do mundo inclui a música em um dos seis eixos de trabalho. Em suas finalidades específicas a música visa:
- Ao desenvolvimento da sensibilidade musical, determinando o sentimento do som e do ritmo.
-Ao aperfeiçoamento da execução de música já conhecida;
-Despertar o interesse por músicas novas de repertório selecionadas;
-Ao desenvolvimento da sensibilidade auditiva, levando a criança a aprender e a ouvir;
-Despertar o amor pela música e pelas realizações artísticas;
-A descoberta de vocações musicais. (SECRETARIA GERAL DE EDUCAÇAÕ E CULTURA, 1960, p.88)
Ainda segundo o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (1998) ressalta a importância de se trabalhar na pré-escola, com atividades que envolvam música, por ser este um excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio e da auto-estima das crianças.
Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mão, são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem às necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva. (BRASIL, 1998).
Com base em pesquisas o uso ou o trabalho com a música tem como enfoque o desenvolvimento global da criança na educação infantil, respeitando sua individualidade, seu contexto social, econômico, cultural, étnico e religioso, entendendo a criança como um ser único com características próprias, que interage nesse meio com outras crianças e também explora diversas características em todos os aspectos, ressaltando ainda que o ensino de música não tem o objetivo de formar músicos, a ela cabe incentivar a criatividade,
Ao trabalhar a música na escola, não podemos deixar de considerar os conhecimentos prévios da criança sobre a música e o professor deve tomar isso como ponto de partida, incentivando a criança a mostrar o que ela já entende ou conhece sobre esse assunto, deve ter uma postura de aceitação em relação à cultura que a criança traz, podendo identificar que a música quando trabalhada desde cedo no contexto escolar das crianças auxilia de maneira lúdica e prazerosa o aprendizado e o trabalho em equipe, pois as crianças aprendem a ser mais sociáveis.
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E O ENSINO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O educador da educação infantil deve usar a linguagem musical não somente para recreação, mas quando bem planejada contribui muito para o desenvolvimento das crianças, possibilitando um convívio com o ritmo, equilíbrio, lateralidade, concentração, distinção de barulhos, som das palavras. O educador deve estar atento ao que tem de novo, e sempre procurar objetivos que tenham a ver com a realidade de seus alunos.
Segundo Borges (1994, p. 100 – 101):
O professor não precisa ser um especialista ou em música, ou saber tocar, necessariamente algum instrumento. Porém deverá estar consciente de que, em contato com a música, a criança poderá: manter em harmonia a relação entre o sentir e o pensar; proteger a sua audição, para que não se atrofie diante do aumento de ruídos e da desqualificação sonora do mundo moderno; habituar-se a isolar um ruído ou som para dar-lhe sentido, especificidade ou beleza que lhes são próprios.
Como descreve Rosa (1990, p. 21): “a simples atividade de cantar uma música proporciona à criança o treinamento de uma série de aptidões importantes”. E, além disso, pode se alcançar vários objetivos; como por exemplo;
a canoa virou,
foi pro fundo do mar
foi por causa do Lucas
que não soube remar
se eu fosse um peixinho
e soubesse nadar eu tirava o Lucas
lá do fundo do mar.
Objetivos:
-Promover a socialização;
-Identificar o próprio nome, dos colegas de sala de aula e das professoras;
-Desenvolver a expressão oral e corporal; etc.
E assim são tantas outras músicas infantis cada uma com seu objetivo, lembrando que através da música e das brincadeiras a criança também aprende.
Nesse contexto o professor de educação infantil deve sempre buscar adequações para as atividades proposta aos alunos e para obter um resultado satisfatório ele deve conhecer as fases do desenvolvimento das crianças e saber de seus potenciais criativos.
De acordo com o Ministério da Educação, é de competência do professor:
[...] planejar pedagogicamente a educação infantil, elegendo conteúdos a ensinar e suas didáticas, gerenciando o espaço escolar na educação infantil, levando em conta o desenvolvimento e aprendizagem específicos nas faixas etárias de 0 a 3 anos e de 4 a 6 anos (MEC/SEMTEC,2000, p.73)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, entende-se que o grande desafio é que a música na educação infantil venha a colaborar com o desenvolvimento da criança, almejando que essa não seja apenas uma prática descontextualizada, mas um complemento, um meio para o melhor entendimento e trabalho das muitas atividades realizadas na educação infantil, que além de desenvolver a sensibilidade musical pode ainda ajudar no desenvolvimento de outras potencialidades da criança.
É imprescindível que a música faça parte do currículo, não como um passatempo, más como parte do processo ensino e aprendizagem, oferecendo oportunidades para as crianças escutarem, aprenderem e entenderem os seus elementos, reproduzirem cantando e tocando instrumentos e articulando movimentos, sem esquecer das ações que envolvem o fazer, o perceber e o contextualizar para que aquisição da linguagem musical se concretize. Na educação infantil existem inúmeras possibilidades de se trabalhar a música e os benefícios que ela pode oferecer. Os materiais podem ser diversos, não necessariamente é preciso dispor de materiais caros. Isso evidencia que um trabalho criativo e competente colaborará com a criança para desenvolver sua criatividade, socialização, expressão e também serve como estímulo para o aluno da educação infantil aprender mais e de forma contextualizada.
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REVISTA IMPACTOS- instituto mato-grossense de pós graduação Serviços educacionais- LTDA- vol. 01 (nov)2012- Cuiabá-
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SOUZA, Cássia Virgínia coelho de Linguagens na Educação Infantil V Linguagens artísticas - - - Cuiabá: EdUFMT, 2008
STABILE, RM. A. A expressão artística na pré-escola: São Paulo; FTD, 1988.