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LEITURA E SUAS POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Valdelucia Daniel de Resende

 

RESUMO

Ler significa apropriação de conhecimentos, é encontrar na leitura um mundo diferente e estar ligada a novas percepções de realidades. É encontrar em cada texto, diferentes formas de expressão, ver como cada um pode ajudar no crescimento, ou seja, na vida de cada pessoa, e em que momento o mesmo constrói na busca de objetivos e formação, pois a cada minuto tudo se transforma e surgem mudanças e informações diferentes. O presente trabalho vem abordando a leitura e suas possibilidades em um contexto que se insere visando o papel da família, escola, professores e sociedade, pois todos estão envolvidos na formação dos educandos, ao se introduzirem na vida social, surgirão cobranças e para responder a essas expectativas sociais, o ser humano deve estar preparado para o surgimento desses desafios. O intuito da realização do trabalho foi ver como a leitura está sendo inserida na vida do indivíduo, se é um hábito cotidiano e como é vista. O trabalho em si foi realizado através de pesquisas bibliográficas, e como base para a conclusão e término do mesmo, teve a autora SOLÉ 1998, ZILBERMAN.  A conclusão obtida através da realização do mesmo sobre a leitura é que está presente no cotidiano e é essencial para uma boa formação, reconhecer que o hábito de ler é primordial ao desenvolvimento, e que é através da mesma que se amplia o conhecimento de mundo e o cognitivo.

Palavras-chave: Conhecimento. Desenvolvimento. Participação.

 

1 INTRODUÇÃO

           

Ler é a busca de novos conhecimentos e novas possibilidades de ver o mundo e seu redor com olhar crítico e investigador, através da mesma aprende-se outras culturas, valores, histórias, compreende-se a realidade e as ideias existentes nas mais diversas formas de aprender, conviver e vivenciar as diferenças.

Saber ler nos dias atuais, nesse mundo moderno cheio de transformações é primordial para facilitar a interação com os demais. A mesma está associada às atividades relacionada no dia a dia, quem nunca parou para ler um anúncio na rua, procurou um endereço, ler uma bula de remédio, uma simples receita ou um livro de literatura? É por isso que a leitura é uma das fontes de conhecimento do indivíduo e associada ao interesse em crescer faz com as pessoas se tornam descobridoras de novas expectativas relacionadas ao mundo.  Junto a essas descobertas vem à necessidade da busca de novas informações, pois a mesma está sempre inovando e isso afeta diretamente e indiretamente no comportamento e na necessidade de cada indivíduo, pois, no mundo competitivo e na disputa de mercados faz com que o homem se torne um conhecedor assíduo e inovador.

Ler, também significa obter sentido através do que se está lendo, ou seja, saber enxergar nas entrelinhas, interpretar o que está escrito, isso é a confirmação dos efeitos que a leitura traz de benefício, saber lidar com as diferentes fontes de conhecimento.

A presente monografia tem o intuito de abordar a leitura e sua importância tanto na vida escolar quando no convívio social, pois a mesma não é apenas uma base para o aluno, mas também está envolvendo a pratica docente, ajudando o discente na linguagem oral e escrita. A pesquisa feita foi realizada através de cunho bibliográfico e campo para abordar como o aluno está envolvido com o habito de ler e se ele o pratica e qual as possibilidades encontradas nela.

O conteúdo vem mostrar ao leitor o que pode ser encontrado dentro de um livro, as possiblidades existente dentro dele, o papel da família nesse contexto porque ela é a base, o professor como mediador do descobrimento dessa maravilha que é ler, ou seja, quando o aluno aprendeu a ver através da leitura. Os tipos existentes, sendo que muitas das vezes ainda é desconhecida por várias pessoas, e por fim o papel da escola para que aluno possa construir uma relação próxima com a leitura demonstrando interação de prazer e aprendizado com ela.

 

DESENVOLVIMENTO

           

O que é a leitura?  Para muitos é onde se aprende sobre as pessoas em si e sobre as outras que as rodeiam. Onde podem ser encontradas essas respostas? “Lendo”, livros em casa, na escola ou até mesmo nas bibliotecas. O livro é um transporte, que leva as pessoas por diferentes lugares e por diferentes realidades.

A mesma possui valores diferentes para cada leitor, tem o poder de transformação de opinião, dar prazer, fazer crescer cada vez mais o interesse em aprender, aguça a imaginação, conhecedor de um novo vocabulário, traz outras visões de mundo, em alguns casos é a obrigação que exige para a realização da tal. Necessidade de passar em um concurso público, no exame nacional do ensino médio, vestibulares, entre outros.

É poder emprestar toda a experiência de vida de quem escreveu o livro, os sonhos, pensamentos, cultura, as dores e sofrimentos, e com todas essas referências que o autor tem de mundo, deixados através dos registros deixados nos livros, o leitor assíduo poderá usufruir tudo isso a seu favor, e saber utilizar no seu crescimento é muito gratificante. Para Barthes (1973, p. 82 apud Uniasselvi) o texto é:

 

[...] um tecido sempre tomado por um produto, um véu todo acabado, por trás do qual se mantém mais ou menos oculto, o sentido, nós acentuamos agora no tecido, a ideia gerativa de que o texto se faz, se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo; perdido nesse tecido- nessa textura- o sujeito se desfaz nele, qual uma aranha que se dissolvesse ela mesma nas secreções construtivas de sua teia.

                                                          

Segundo o autor, o texto é um emaranhado de significados, que só se pode ter comunicação quando há o envolvimento de ambos na busca do saber, juntos construindo relações que podem se uma ponte que liga o leitor ao resto do mundo.

Ao parar para ler um livro, o leitor deve ter um breve conhecimento de mundo, pois ao ler encontrará a seu domínio um aprendizado muito grande, dentro do mesmo pode ter grandes surpresas a serem descobertas, os poderes contidos em cada palavra, em cada página, e em cada frase poderá transformar seu modo de pensar e agir. Os livros que muitas vezes são ignorados são fontes inesgotáveis de conhecimentos, a busca de novas descobertas e a procura de cada vez mais ampliar sua visão do mundo, é a partir desse pequeno ato, mas tão grandioso na formação, que se pode dizer que a leitura é a única forma encontrada que o homem conseguiu adquirir para viver mais amigavelmente com a sociedade.

 

[...] a leitura deve ser considerada uma atividade de construção dos sentidos do discurso do “eu” com o “outro”, midiatizados pelo mundo [...] A sua compreensão está ligada a significações e a força que elas assumem no uso comunicativo. (SANTOS, 2003, p.3)

 

Segundo Santos, o leitor já tem que ter um certo conhecimento de mundo para que o que se lê faça sentido ou seja, que na hora da leitura haja uma troca de conhecimentos, possibilitando uma comunicação e interação entre leitor/texto.

Falar sobre leitura independente da qual seja, é estar abrindo novas visões das coisas, é permitir e dar um novo sentido a tudo que antes não se via, pois a mesma aproxima cada vez mais o leitor a reconhecer as diferenças que existe entre ele e o resto da sociedade. Ler é um excelente negócio, porque se aprende muito por troca de quase nada, conhecer o que está escrito e saber o que lê é a revelação de um mundo de outra forma.

Não se lê apenas por ler, quando se utiliza desse meio é porque se está à procura de alguma resposta para alguma pergunta. Aprimorar o conhecimento de cada um é mais que evolutivo, é a concretização de mostrar que cada pessoa tem de agir conforme pode, e se diferenciar das demais para conseguir estabelecer seu jeito de vida em relação com a sociedade. A leitura nesse contexto ocupa uma posição favorável, pois é nela que se encontram as respostas de uma realidade complexa e cheia de desafios. Carvalho (2002, p. 121) afirma que:

 

“A leitura de um texto pressupõe objetivos intencionais. [...] O leitor, ao se dirigir ao texto, está preocupado em responder as questões suscitadas pelo seu mundo, através do enfretamento das posições assumidas pelos outros, buscar encontrar pistas que auxiliam no desenvolvimento de uma realidade. E somente nesse encontro histórico, onde experiências diferentes defrontam que é possível a compreensão e a interpretação.”

 

No dizer de Carvalho, o leitor ao ler já tem em mente um intuito para a realização da mesma, que busca através da leitura encontrar respostas para seus conflitos, colocando em contraposição o seu modo de ver a realidade com a visão do autor, e assim poder criar uma visão mais ampla de tudo o que o rodeia.

É através desse gesto rico e tão importante para crescer que tornará os desafios mais fáceis, além de intervir quando for preciso, saber pensar a respeito sobre algo sem ser alienado, sem deixar que a influência de terceiros interfira no seu modo de ver as coisas. Para Bock (2003, p.23), [...] a subjetividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um [“...], ou seja, cada qual é o que é: sua singularidade.”

Bock, ao se referir sobre a subjetividade, se refe ao interior de cada um, o mundo que cada pessoa constrói, aquele que cada um é capaz de entender e a si mesmo. É a partir dessa individualidade que se pode dizer que fica mais fácil à relação social, porque cada um mostra sua diferença, e assim tornará o contexto diferente um do outro, pois cada ser é único, e a partir desse fator é que a sociedade é ampla em valores, crenças, cultura, ou seja, a partir da coletividade pode existir o individualismo.

 

[...] maturidade de que se fala aqui não é aquela garantida constitucionalmente aos maiores de idade. É a maturidade de leitor, constituída ao longo da intimidade com muitos e muitos textos. Leitor maduro é aquele para quem cada nova leitura desloca e altera o significado de tudo o que ele já leu, tornando mais profunda sua compreensão dos livros, das gentes e da vida. (LAJOLO, M 1989. ab,p.53)

 

Lajolo dá ênfase aqui no conhecimento através das leituras de diferentes textos que se pode obter durante o processo de crescimento, onde a idade não conta, mas sim o interesse de buscar novos saberes que poderão contribuir para a compreensão de outros textos, e do conhecimento em várias áreas, principalmente no que se refere ao de mundo.

O papel do professor nesse processo de leitura é de mediador, e tem que ser compartilhada com os alunos em sala, outros professores, o grupo escolar em si, não é uma tarefa tão simples assim, pois não é interessante ao aluno ficar talvez até horas lendo um livro, assim, começar pela apresentação dos livros é uma sugestão. Em sala o professor apresenta a leitura não só como uma forma de introduzir o conteúdo ou codificação de símbolos, o docente deve mostrar ao discente que a mesma faz parte da interação social dos indivíduos.

 

O texto não é pretexto para nada. Ou melhor, não deve ser. Um texto existe apenas na medida em que se constitui ponto de encontro entre dois sujeitos: o que escreve e o que lê; escritor e leitor, reunidos pelo ato radicalmente solidário da leitura, contrapartida o igualmente solitário ato da escritura. No entanto, sua presença na escola cumpre funções várias e nem sempre confessáveis, frequentemente discutíveis, só às vezes interessante. (LAJOLO 1982, p.52).

 

Segundo Lajolo, o professor não pode esquecer que continua a ser um leitor, e que o mesmo necessita dela para pôr em prática sua docência e ajudar na perspectiva dos alunos em relação sobre seu conhecimento e a leitura imatura dos discentes. Portanto o professor deve estabelecer relação diária com os livros, porque a cada tipo de textos encontram-se outros significados pelo que foi dito e isso influencia nas descobertas e interações entre leitor-autor-texto. Ou seja, “se a relação do professor com o texto não tiver significado, se ele não for um bom leitor, são grandes as chances de que ele seja um mau professor”. (LAJOLO, 1982, p.52).

Os livros devem ser interessantes aos alunos, ser apresentados vários gêneros e tipos de textos, e deixar a escolha de quem vai ler dando uma sugestão para o tipo de livro, não é que o professor vai impor, ele apenas ajudará dando opinião. Apresentar o novo sempre aguça o despertar da busca de outros tipos de conhecimento e os livros fornecem o possível para que essa se concretize, a curiosidade dos alunos é ótima para que o professor busque conciliar a leitura a outros componentes da aula.

 

[...] ninguém resiste à tentação de saber o que se encontra dentro de algo fechado seja a sabedoria do bem e do mal no fruto proibido, seja na caixa de Pandora, seja o quarto do Barba Azul. Mas, para isso, é preciso saber que existe algo lá dentro. Se ninguém jamais comenta sobre as maravilhas encerradas, a possível abertura deixa de ser uma porta ou uma tampa e o possível tesouro fica sendo apenas um bloco compacto ou uma barreira intransponível. (MACHADO, 2001, p.149).

 

O ambiente escolar é onde a maior parte dos alunos encontra uma oferta grande de livros, muitas das vezes não encontradas em casa, pois muito deles não tem condição de comprar, já outros não leem por falta de interesse.

 

“Considero que o problema do ensino da leitura na escola não se situa no nível do método, mas na própria conceitualização do que é a leitura, da forma em que é avaliativa pelas equipes de professores, do papel que ocupa no Projeto Curricular da Escola, dos meios que se arbitram para favorecê-la e, naturalmente, das propostas metodológicas que se adotam para ensiná-la. Estas propostas não representam o único nem o primeiro aspecto, considerá-los de forma exclusiva equivaleria, na minha opinião, a começar a construção de uma casa pelo telhado”. (SOLÉ, 1998 p.33)

 

No dizer da autora, a leitura faz apenas um papel de aumento do currículo escolar, não é visto pelos docentes como parte do crescimento dos alunos, e nesta perspectiva deverá ser exposta de forma simples, mas que possa atribuir conhecimento e prazer na hora da prática. Rever como inseri-la no cotidiano dos discentes, ou seja, se adequar as necessidades e condições de cada aluno.

Hoje se vive em uma sociedade em constantes transformações, onde as camadas sociais estão em mudanças diárias e paralelamente a esse fator está à tecnologia. É um item de extrema decisão no desenvolvimento do cidadão, por isso cada pessoa tem que se adequar aos conceitos de conhecimentos que vem surgindo. E junto a isso, o leitor deve levar em consideração todo conhecimento prévio que ele obtém do mundo, e com as relações do seu cotidiano. Segundo, Kleiman (2000, p. 13):

 

[...] o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longa de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento lingüístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que integram entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão.

 

O sistema educacional tem de crescer no mesmo patamar, usufruindo o máximo possível dessa mudança que para a maioria está sendo benéfica, pois surgem novas informações a todo o momento, de todo o tipo, com várias qualidades, e de diferentes áreas de conhecimento. A partir disso, ocorre a necessidade da leitura, pois esta ajuda nas descobertas e nas novas informações a serem lidas, independente em que forma o texto será transmitido ao leitor, pois a mesma representa o modo de cada um entender a realidade ao seu redor.

 

[...] A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto [...]. Não se trata simplesmente de extrair informação da escrita decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão, na qual os sentidos começam a ser construídos antes da leitura propriamente dita.  (Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa 2001, p. 53).

 

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (2001, p. 53) fazem a seguinte afirmação sobre a prática de leitura e os benefícios sobre o leitor assíduo:

 

O trabalho com a leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e, consequentemente, a formação de escritores, pois a possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade e fonte de referencias modelizadoras. A leitura, por um lado, nos fornece a matéria-prima para a escrita: o que escrever. Por outro, contribui para a constituição de modelos: como escrever.

 

A leitura nessa perspectiva de conhecimento, cultural, social, educacional, assume um grande papel na vida de cada indivíduo, desde a sua formação como cidadão individual e social. A sociedade em si está se tornando muito exigente e competitiva. Uma das formas que mais favorece a igualdade é a educação, e como o tema deste trabalho, a leitura faz um papel crucial na formação, pois é por ela que cada pessoa encontra sua história, o que necessita para crescer, em vários aspectos desde a vida pessoal até a profissional, o leitor quando lê vários textos se torna um conhecedor, e por isso sua comunicação é mais clara, como no falar no agir, no opinar perante as outras pessoas e se torna mais crítico.

 

[...] ser leitor é querer saber o que se passa na cabeça do outro, para compreender melhor o que se passa na nossa. [...] Ao mesmo tempo, implica o sentimento de pertencer a uma comunidade de preocupações que, mais que um destinatário, nos faz interlocutor daquilo que o autor produziu. JEAN FOUCAMBERT (1994, p. 30).

 

Foucambert ao dizer isso, passa a informação de que o leitor busca a compreensão através de outros conhecimentos que existem para ampliar o que ele tem, não só apenas como leitor, mas como personagem, ou seja, cria e recria sua própria história através do que leu e produziu.

 

TIPOS DE LEITURA

Como já citado acima, a leitura é a ampliação das informações e conhecimentos. Partindo desse pressuposto, ler é algo que integra o raciocínio, porque modifica o processo de aprendizagem construído ao longo da história de cada um.

Quando se analisa as formas de leitura pode-se ver que são imensas. Segundo a definição dada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (2001, p.53), (...) A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto (...). Não se trata simplesmente de extrair informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão, na qual os sentidos começam a ser construídos antes da leitura propriamente dita.

Acrescentando o que foi exposto, o leitor deve considerar a relação dele com que vai tirar do texto. Segundo Marisa Lajolo (1982 ab, p. 59).

 

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou revelar-se contra ela, propondo outra não prevista.

 

No dizer de Lajolo, o leitor deve ler nas entrelinhas e buscar no texto o que o autor quis passar e no que o mesmo poderá lhe ser útil. Para cada tipo de leitura elaborada existe a complexidade da busca, o leitor perante a isso, deverá saber qual é o tipo do referente que utilizará para suprir suas dúvidas.

Leitura de informação é aquela realizada para saber de algo, ou seja, uma informação, que servirá para a realização nos trabalhos, projetos, ou mesmo por apenas ter as novas notícias em dia. Esse tipo de leitura encontra-se nos jornais, livros científicos, didáticos, propagandas, revistas entre outros.

A leitura emocional é a obtida quando se lê com prazer, a que faz o leitor se sentir viajando junto com o texto. Esse tipo é considerada por muitos um tipo superficial, pois é muito fictício, o autor usa sua imaginação nos textos que fazem com que o leitor viaje além da realidade, tem o poder de nos levar para outro lugar, sentir sensações e emoções diferentes, provocam lembranças, aquelas guardadas no subconsciente.

A leitura sensorial é aquela que envolve os cincos sentidos: tato, olfato, paladar e visão. É a primeira das leituras que se faz, e essa se realiza a todo o momento da vida humana. Ler não se restringi apenas a leitura escrita, mas o que se toca, vê, sente, ouve, ou seja, tudo que faz parte das relações diárias, o convívio com outras pessoas e objetos, e outros vários tipos de texto.

Leitura de imagem é aquela obtida através da observação, ou seja, quando se vê quadros, placas de trânsitos ou de outros tipos, fotos, obras de artes, entre outros, e a partir daí tirar as próprias conclusões pelo ato de ver, interpretar de sua maneira. Isso é leitura de imagem, poder através dos objetos que as pessoas encontram no dia a dia, saber diferenciar e entender. [...] é objetivo materializado na palavra artística e nas qualidades estéticas de natureza plástica, reunidas no projeto gráfico, no jogo de cores e formas expressivas. (RAMOS; PANOZZO, 2005, p.37).

Portanto esse tipo de leitura é muito sugerido para as crianças, mas nada impede que o adulto não possa fazer o uso desta leitura, muito pelo contrário, a autora Nelly Novais Coelho diz que:

 

(...) Literatura infantil oferece também ao adulto excelente meios de leitura crítica do mundo, a partir das ilustrações, desenhos e imagens que dinamizamos referidos livros infantis. “Os adultos têm muito que aprender com eles, a fim de verem as coisas por diferentes perspectivas e poderem se situar, conscientemente, em face do mundo de imagens caóticas e de automação que é o nosso”. (COELHO, 2000, p.197)

 

Leitura intelectual é aquela que o leitor obtém informações lógicas, encontradas em jornais, livros técnicos, didáticos e científicos, é mais ligada à teoria. O autor escreve o texto com o propósito de transmitir respostas. É uma leitura que é feita sempre por necessidade de busca de novas formas de aprendizado, mas não deixa de ser melhor do que os outros tipos de leitura, essa é extremamente essencial para a formação de qualquer pessoa.

 

LEITURA E INTERPRETAÇÃO.

Ao ler, o leitor deve considerar a sua bagagem de experiências com os vários tipos de leitura. O mesmo, nesse processo, tem que saber compreender e interpretar a cada novo contato com textos diferentes. Um dos melhores exercícios para se ter uma boa relação social e um bom argumento quando se está em situações inusitadas é o hábito da leitura, porque é através dela que há várias informações em relação aos acontecimentos atuais.

 

Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o escreveu. É perceber o condicionamento histórico-sociológico do conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever-tarefa do sujeito e não do objeto. Dessa maneira, não é possível a quem estuda, numa perspectiva, alienar-se ao texto, renunciando assim à Sua atitude crítica em face dele. FREIRE (1982, P. 10)

 

Freire quis dizer que um texto não tem limite, é inacabável, pois oferece as buscas de novas compreensões e diferentes aspectos de vida, como na história, hoje no mundo globalizado e tecnológico, sempre se lê para procurar respostas para as perguntas, quando se acha que já sabe todas as respostas, vem os acontecimentos do cotidiano e muda as perguntas.

O ato de interpretar é dar sentido ao que se está lendo, formar novos conceitos a partir do texto a nas ideias nele obtidas. Cada leitor vai utilizar uma forma diferente de estudar uma leitura, porque o contato dele com o texto vão misturar ideias, opiniões, experiência de vida, valores e conflitos. E tentar descobrir as principais ideias que o autor passou, é viajar no mundo existente apenas na mente dele, por isso começar explorando todos os métodos possíveis de investigação expostos ao olhar de um leitor atento é primordial para uma boa interpretação.

 

“Interpretar em sentido restrito é tomar uma posição própria a respeito das idéias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é forçar o autor a um diálogo e explorar todas as possibilidades das idéias expostas.” PRÓ-LETRAMENTO (2007, p.100).

 

Interpretar é saber tomar posição sobre quais as ideias que podem ser identificadas através dos textos, como perceber o gênero textual que se está lendo e como foi utilizada, além de estabelecer relações entre o que se lê e as experiências cotidianas e tirar do mesmo uma boa conclusão.

 

[...] o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento lingüístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem engajamento de conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão. KLEIMAN (2000, p. 13)

 

Para o autor esse conhecimento já pertence ao leitor, e contribuirá para o desenvolvimento do texto, o conhecimento que é adquirido ao longo da vida. É isso a contribuição virá de ambas as partes, juntos leitor, texto e autor dialogam com propósito de trocar informações.

 

LEITURA NO CONTEXTO ESCOLAR

A leitura na escola tem que ser vista como um ato de cidadania e de socialização, entre os alunos e professores e os demais profissionais que trabalham no ambiente escolar. Inserida na escola como primordial fará com que o aluno tenha contato com outros tipos de pensamentos e ideias, o intuito que busca através disso é fazer com que cada um, veja que existem diferenças entre eles, e saber respeitar essas diferenças é essencial para uma boa convivência, e assim saber reconhecer a individualidade, tornando-se um ser mais crítico, capaz de pensar, agir por si próprio, pois assim não fará com que ele seja apenas mais um mero produto influenciado pelo meio.

Nesse intermédio da aprendizagem, a escola é como um fio condutor que fornece material as demandas que vem surgindo, mas o tempo é curto, não basta que a escola seja o único meio para que a leitura possa ser realizada, nesse meio lê-se apenas para que a escrita seja mais próxima possível das normas ortográficas, não como uma forma de conhecimento.

        

“[...] ler (e escrever) não é apenas uma questão de domínio do sistema da língua, mas de participação no processo dialógico, interlocutivo, que permite a recuperação, atualização e realização de textos marcados pelas várias experiências culturais que nos circundam”. CITELLI (1999, p. 49).

 

No dizer da autora não basta apenas ler e escrever, isso não significa que a língua é dominada pelo leitor, o diálogo que contribui para esse desenvolvimento se transforma a cada momento com as transformações que vem ocorrendo, e isso interfere direta e indiretamente no conceito estabelecido através do processo de desenvolvimento e aprendizagem.

 

“Um dos objetivos mais importantes das escolas é fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente. Essa aquisição da leitura é indispensável para agir com autonomia nas sociedades letradas. Pesquisas realizadas apontam que a leitura não é utilizada tanto quanto deveria, isto é, não lemos o bastante. Uma questão que se coloca é a seguinte: será que os professores e as escolas têm clareza do que ler? A leitura, como um objeto de conhecimento?” (ISABEL SOLÉ: ESTRATÉGIAS de LEITURA) Fonte: www.aparecida-paulo.sites.uol.com.br/ISABELSOLÉ.html

 

Segunda a autora, a leitura tem que estar presente no ambiente escolar para que o aluno possa ter novas formas de conhecimento, mas não é bem o que acontecem, muitos ignoram o fato de que o mundo em si esta cada vez mais exigente e competitivo, e para se desenvolver junto a esse crescimento nada melhor que buscar novas oportunidades de abranger as informações que a todo o momento.

 

[...] usando a linguagem de modo a impressionar o ouvinte e a imaginação do leitor, [...] a literatura garante o prazer da leitura e um conhecimento não do mundo-que pertence às ciências-mas dos modos como o homem pode agir em relação ao mundo e aos outros homens. (BORDINI, 1989, p.13).

 

Para Bordini, o leitor através dos livros passa a conhecer melhor a si mesmo e aos outros que o rodeia, e é através dessa nova forma de ver a leitura, que o homem está cada vez mais se descobrindo, indo atrás de novas possibilidades de crescer, pois o mundo e a leitura de seu conhecimento fazem-se essencial para que o mesmo possa encontrar seu lugar ao sol.

 

A LEITURA NA EDUCAÇÃO INTANTIL

Dizer que na Educação Infantil quem decodifica a mensagem da escrita é aquele que já sabe ler, já conhece as letras, tanto quanto, juntá-las para dar significado, parece ser desnecessário. No entanto, é necessário frisar que a leitura pode ser realizada em conjunto, onde a criança acompanha o leitor na leitura. Seja por meio do tato, com livros emborrachados, com relevos, com ilustrações atrativas, ou simplesmente pelo ouvir da história.

No entanto, é importante utilizar as informações corretas e acompanhar as crianças no contato com os livros. Kato (1999, p. 14) destaca que “[...] os primeiros contatos da criança com textos ilustrados, a criança ainda não diferencia da função do texto a da figura, achando que esta última também é lida”.

Muitos são os estudos relativos à importância da leitura no desenvolvimento humano. Nos Estados Unidos da América (EUA), por exemplo:

 

A Academia Americana de Pediatria recomenda aos médicos que orientem os pais a lerem para os seus filhos. Desde o nascimento, a superestimulação tem se tornado uma constante em casa e invadido o espaço escolar. Livros no banho e e-books são elementos cuja proposta é desencadear o gosto pela leitura logo cedo. O equilíbrio entre inseri-los na cultura letrada e "forçar" funções para as quais ainda não estão preparados, defendem os especialistas, depende de bom senso. (RUBIM; JORDÃO, 2015, p. 01).

 

O estímulo é de suma importância desde a mais tenra idade, não podendo confundir com mecanização da leitura. A aprendizagem, como destaca Lerner (2002) começa a partir do momento em que o indivíduo passa a ter contato com o objeto, em questão. A instrumentalização das atividades de ensino, quanto à leitura é o livro. O importante mesmo é que a criança esteja em contato com todo tipo de obra da literatura e façam, quando passarem a tomar ciência do conteúdo, as suas próprias opções de gênero literário.

Lajolo (2004) faz uma abordagem da leitura de uma forma em que se compreende que:

 

“[...] lê-se para entender o mundo, para viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mais intensamente se lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas, não pode (nem costuma) encerrar-se nela”. A autora apresenta uma ideia descomplicada do complexo mundo da decodificação da escrita e das imagens.

 

Para aprender a ler, enfim, é preciso estar envolvido pelos escritos os mais variados, encontrá-los, ser testemunha de e associar-se à utilização que os outros fazem deles — quer se trate dos textos da escola, do ambiente, da imprensa, dos documentários, das obras de ficção. Ou seja, é impossível tornar-se leitor sem essa contínua inteiração com um lugar onde as razões para ler são intensamente vividas — mas é possível ser alfabetizado sem isso... (FOUCAMBERT, 1994, p. 31).

 

Todo o trabalho com leitura necessita de conhecimento e habilidades do professor. Alguns conhecimentos, também, são necessários. Os principais mecanismos engajados no processamento de um texto competem ao conhecimento psicológico quanto a intervenção física. Segundo Kleiman (2004, p. 32), a forma que se dá o processo de leitura segue uma estrutura, em que vai desde o material escrito ao olhar.

Neste contexto, Silva (2003, p.74), “Colocando-se a serviço de professores ou de bibliotecários, aqui tomados agentes de mediação das práticas educativas, os conhecimentos pedagógicos podem orientar mais objetiva e racionalmente as ações voltadas á educação dos leitores”. Com isso, percebe-se o professor como agente ativo de estimulo em relação ao aluno no papel de despertar o interesse e o gosto pela leitura. De acordo Silva (2003, p.109),

 

Mais especificamente, para que ocorra um bom ensino da leitura é necessário que o professor seja ele mesmo, um bom leitor. No âmbito das escolas, de nada vale o velho ditado “faça como eu digo (ou ordeno!), não faça como eu faço (porque eu mesmo não sei fazer)” isto porque os nossos alunos necessitam do testemunho vivo dos professores no que tange á valorização e encaminhamento de suas praticas de leitura. (SILVA, 2003, p. 109).

 

O docente é o principal responsável pelo trabalho com a leitura em suas atividades diárias com a sala de aula e na busca da influência dos alunos com o mundo da leitura. Para que desde cedo à criança possa levar hábitos de leitura para toda a sua vida, deve ser iniciado na sua infância, mais precisamente na pré-escola.

Silva (2014, p. 83). Diz que “Quando entra na escola, o educando aprende a ler e ao professor fica a incumbência de apresentá-lo à leitura e ao gosto de ler”. Por isso o exemplo do professor é importante na educação infantil como estimulo ao ato ler, para que a criança leve o hábito de leitura até sua fase adulta.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

           

O mesmo vem dando ênfase na leitura, pois é a partir dela que as pessoas aprendem mais sobre seus valores e culturas, atribuem novos conhecimentos e novas possibilidades de crescer, intelectualmente, profissionalmente e estabelecer uma comunicação mais ampla dos contextos em que se inserem.

Para se tornar um leitor assíduo é preciso ter interesse, habilidades, atitude e principalmente a influência da família, pois a mesma é base sólida de qualquer superfície que tende a crescer. A prática da leitura implica todos os esforços que vem de ambas as direções para a apropriação da mesma.

O objetivo e conclusão encontrada são: como saber explorar um texto independentemente de que tipo e gênero ele seja, saber interpretar e questionar sempre quando for preciso, e reconhecer que o habito de ler é primordial ao desenvolvimento, e é através dele que se amplia o conhecimento de mundo.

Deve-se sempre se preocupar com o sentido que o texto constrói, com os procedimentos, as estratégias e as necessidades dentro da sala de aula, e as dificuldades encontradas pelos alunos, pois, ler, um texto requer um conhecimento prévio do aluno com que está escrito.

A família tem que fazer parte do processo da vida escolar das crianças e adolescentes, porque é ao lado de quem se tem mais afinidade e convívio que começa a construção dos valores da vida de qualquer pessoa, e isso além de transformar o lado emocional, intelectual entre outros, é uma bagagem que se carrega para a vida toda, a família presente no crescimento e incentivando, pois um âmbito familiar firme e sólido é a demonstração de interesse por parte de quem mais te valoriza, e não há de deixar de dizer que a família é o reflexo de tudo que pode ser construído durante a vida dos filhos. .

 

REFERÊNCIAS:

 

BRASIL. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: MEC. São Paulo, 1997.

 

DISPONIVEL EM:<http:// pt.wikihow.com/Analisar-Corretamente-um -texto.>Acesso em: 28 de setembro de 2014.

 

RANGHETTI, Dra. Diva Spezia, GESSER, Dra. Verônica; Estruturas Curriculares-Inter e Transdisciplinaridade. Indaial: Ed. Grupo UNIASSELVI, 2009. 

 

SARDAGNA, Célio Antônio, POSSAMAI, Jackeline Maria Beber; Língua Portuguesa: Estratégias de Leitura. Ed. Grupo UNIASSELVI, 2009.

 

ZILBERMAN, Regina (org.). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor – 10ª ed. – Porto Alegre: Mercado Aberto, 1991.

 

BRASIL. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Pedagogia. Brasília: MEC. São Paulo, 1997.

 

SOLÉ, Isabel; Estratégias de Leitura. 6. Ed. Porto Alegre: Artmed 1998.

 

Disponível em: http//portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf. Acesso em: 21 de outubro de 2017.

 

Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br › Home › Artigos › Educação e Pedagogia.

 

BRASIL, Parâmetros curriculares nacionais. Língua Portuguesa: Brasília, 1997.

 

Lobato, Monteiro; A Literatura E O Incentivo à Leitura: Como Ponto de Partida. 2014. Disponível em: <https://books.google.com.br/?hl=pt-BR>. Acesso em: 22 de outubro de 2017.

 

MELLO, Ana Maria. O Dia a dia das Creches e Pré-Escolas. Disponível em: <https://books.google.com.br/?hl=pt-BR>.Acesso em: 18 de julho de 2017.