A MAGIA DE CONTAR HISTÓRIAS
Eliene Barros Andrade de Lima 1
Miriele Marques Ferreira Bogo 2
Vanderléia Ferreira Bezerra 3
Resumo:
No mundo de hoje a mídia está substituindo, cada vez mais, o diálogo nas famílias e diminuindo as oportunidades de desenvolvimento da imaginação infantil. O meio mais importante para atingir esse objetivo é a contação de histórias e a leitura, conduzidas num ambiente agradável para a criança. Contar ou ler histórias requer um certo preparo, que vai desde a escolha do texto até a sua apresentação.
Palavras-chave: Imaginação. Conhecimento. Capacidade imaginativa. Lúdico. Afetividade.
Abstract:
In today's world, the media are replacing more and more dialogue in families and reducing the opportunities for the development of children's imagination. The most important means to achieve this goal is the storytelling and reading, conducted in a pleasant environment for the child. Tell or read stories requires a certain preparation, ranging from the choice of text up to your presentation.
Keywords: Imagination. Knowledge. Imaginative capacity. Playful. Affectivity.
1 INTRODUÇÃO
“A imaginação é mais importante que o conhecimento.”
ALBERT EINSTEIN
Vivemos um período muito interessante na história da humanidade. Nunca antes tanta informação e tanta comunicação chegaram aos nossos lares, nossas escolas e aos nossos locais de trabalho e lazer.
Os atuais meios de comunicação e informação como TV, internet, revistas, jornais e vídeos prendem a atenção de grandes e pequenos.
Em princípio isto é bom – o horizonte de conhecimentos é ampliado e está ao alcance de cada vez mais pessoas. No entanto, é preciso ver com muita sobriedade, que esses meios de comunicação e informação podem gerar graves problemas no desenvolvimento integral do ser humano. O perigo que nos ronda, chama-se individualismo. Crianças e adultos buscam e recebem as informações e os divertimentos, que a moderna tecnologia coloca ao alcance de todos, sem que para isso precisem envolver-se com os outros. A agitada vida profissional de nossa época faz com que no fim do dia todos estejam tão cansados que somente querem relaxar.
O diálogo em família corre o risco de desaparecer, porque aquilo que os meios de comunicação oferecem parece mais interessante e não obriga ninguém a tomar posição.
Num passado já mais distante, havia espaço e tempo no seio da família para compartilhar as experiências e as vivências do dia-a-dia. Havia disposição para ouvir, falar e para compartilhar.
Em muitas famílias, após o jantar, todos se agrupavam ao redor do avô ou da avó, do pai ou da mãe, para ouvi-los falar sobre a história da família – e muitos tinham em seu meio um contador de estórias e histórias. Nessas horas um estava perto do outro, sentia o outro, afeto e carinho floresciam.
Os modernos meios de comunicação sabem contar e apresentar as velhas histórias, acompanhadas de som e imagem, de uma maneira tão bonita e fascinante, que os velhos contadores de histórias não se arriscam mais a abrir a boca. A história vem tão completa que não se precisa pedir alguma informação a mais, nem mesmo é necessário usar a imaginação.
Aqui somos confrontados com outro grave problema: a capacidade imaginativa diminui. A história apresentada na TV ou em vídeo vem tão completa que não é necessário criar imagens e usar a fantasia para entende-la. Além disso, nesses programas o diálogo com o interlocutor é reduzido a zero. Ao espectador e ouvinte cabe olhar e escutar em silêncio – e ai se alguém ousa falar ou fazer uma pergunta...
No entender de Caruso (2003), atualmente, há opções de lazer como a televisão e o videogame. Muitas crianças estão sobrecarregadas de atividades como natação, ginástica, inglês, piano, além das obrigações da escola, da lição de casa. O tempo que elas teriam, talvez, para ler um livro está diminuindo. Infelizmente, esse é um comportamento que está ocorrendo não só com as crianças, mas com os adultos também. E, até por um aspecto cultural do Brasil, falta incentivo, o brasileiro não tem a cultura da leitura.
Diante desta realidade cabe perguntar: o que nós pais e educadores estamos fazendo para resgatar o gosto pelo imaginário nas crianças? O que estamos fazendo para ajudar nossas crianças a expressarem seus pensamentos e sentimentos e gostarem de conviver com os colegas e os membros da família? O que estamos fazendo para evitar que as crianças se tornem pessoas “ensimesmadas”, isto é, estejam centradas, quase que exclusivamente, em suas próprias questões?
A dura realidade de nossa época mostra que dia após dia aumenta o número de crianças que veem os pais cada vez menos e passam a maior parte do tempo sozinhas. Razões econômicas e sociais forçam esta realidade.
Por isso, é de suma importância que pais e professores batalhem pelo resgate do lúdico, do gosto pela expressão oral/corporal, do gosto pela leitura, pelo desenvolvimento dos sentidos e sentimentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Redescobrir antigos valores é importante para humanizar o mundo de nossos dias. O sábio rei Salomão de Israel, que viveu há mais de 2.900 anos, escreveu em Eclesiastes 3, 15: “O que é já foi, e o que há de ser também já foi; Deus fará renovar-se o que se passou.”
O tema “A magia de contar histórias” é fascinante e quem se ocupa com ele fica triste ao ver como essa “magia” está desaparecendo aos poucos. Mas ao mesmo tempo, o tema faz nascer a esperança de que o maravilhoso tempo em que a magia de contar histórias preenchia o dia-a-dia em nossos lares está voltando silenciosamente.
Contudo, se a criança não lê é porque não lhe estão apontando caminhos para o desfrute de bons e belos textos... Que existem (tantos) e são fáceis de achar... Literatura é arte, literatura é prazer...
Além do mais, acreditamos que o público infantil nunca vai deixar de se interessar por esses personagens e enredos, desde que os adultos se empenhem em melhorar sua capacidade como bons contadores de histórias
Felizes são aqueles que têm sensibilidade para perceber que o futuro da humanidade depende da maneira como formamos e educamos as crianças que nos são confiadas.
REFERÊNCIAS
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ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil da escola. São Paulo: Global, 1985.