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O LÚDICO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Maria Natalina A. P. Lisboa

Francisca Devina D. Almeida Silva

Maria Aparecida dos Reis

Suelen dos Anjos Gomides

Sandra Elizete Lenhardt

 

RESUMO: O trabalho discute a importância do lúdico no processo ensino aprendizagem e o papel do pedagogo como mediador dessa experiência. Diante dessa tarefa desafiadora enfrentada pela escola ao longo dos anos e que merece aqui uma reflexão previa sobre a escola enquanto território singular da experiência de ensinar e aprender. Pretende-se neste estudo demonstrar a eficiência em se usar o lúdico no dia a dia em sala de aula, os jogos, as brincadeiras e brinquedos vem provando e confirmando que a criança consegue assimilar os conteúdos com mais facilidade. O referido trabalho orienta que o lúdico é capaz de desenvolver a capacidade que a criança adquire para perceber sua atitude de cooperação e descobrir seus próprios recursos e ainda testar suas habilidades, além de aprender a conviver com os colegas em sociedade.

 

PALAVRAS-CHAVE: Lúdico. Brincadeira. Brinquedo. Jogo. Aprendizagem. Ensino.

 

 

1 INTRODUÇÃO

A ludicidade é um assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional, por ser o brinquedo a essência da infância e seu uso permitirem um trabalho pedagógico. Não seria possível o lúdico possibilitar a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento? Ou seja, o lúdico seria uma forma de ensinar?

Tornar evidente a importância do lúdico e como ele, os jogos, os brinquedos e as brincadeiras podem ser importantes para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

Descrever como o lúdico pode desenvolver na criança a aprendizagem.

Analisar a importância do lúdico no ensino das crianças com o intuito de ter uma sociedade que se volte para esse trabalho.

Perceber as possibilidades e os limites das crianças, a partir de trabalhos que mobilizem a prática desenvolvida no dia-a-dia de cada uma delas.

A escolha do tema justifica-se pelo fato de que os resultados da educação, apesar de todos seus projetos, continuam insatisfatórios, percebendo-se a necessidade de mudanças no âmbito educacional. Sendo assim o lúdico pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento do ser humano seja ele de qualquer idade, auxiliando não só na aprendizagem, mas também no desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento. Vale ressaltar que o lúdico não é a única alternativa para melhoria do ensino aprendizagem, mas auxilia na melhoria dos resultados por educadores interessados em promover mudanças, visando uma melhor aprendizagem.

 

A pesquisa será importante para todas as pessoas envolvidas com crianças que se encontram no estágio pré-operacional, mas principalmente para professores da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, pois os alunos nessa fase têm necessidade de terem uma boa interação, para que haja um convívio harmonioso, dando suporte a uma vida saudável, evitando dessa forma, dificuldades de aprendizagem.

Educar hoje não se limita a repassar informações, conteúdos ou mostrar apenas o caminho que o professor considera mais correto, mais sim é ajudar a criança a ter consciência de si mesmo.

Para garantir, uma formação flexível, no qual se propõe a educação atual, o professor deverá implantar estratégias diversificadas que promovam o sucesso da construção do conhecimento. Essas estratégias deverão garantir, ao mesmo tempo, a preparação para o ensino aprendizagem e o desenvolvimento das habilidades, uma atuação crítica e consciente na criança. É importante ressaltar que o professor da educação infantil ao desenvolver o lúdico em sala de aula, deve esforçar-se para conduzir uma aprendizagem significativa.

Nesse contexto, as atividades lúdicas podem auxiliar o professor a resgatar nos alunos o interesse, o prazer e o entusiasmo pelo ato de aprender. Acredita-se que o espaço escolar pode e deve transformar-se em um espaço agradável, prazeroso, de forma que as brincadeiras e os jogos permitam ao professor alcançar sucesso em sala de aula.

A metodologia a ser adotada consistirá na pesquisa bibliográfica fundamentada nas obras de Macedo, Kishimoto, Rizzo, Gil, Almeida, Feijó, Piaget, Vygotsky, Cunha, Santos, Marcelino entre outros.

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituindo principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. (GIL, 1999, p.65).

A metodologia caracteriza-se por ordenação de conjunto de etapas a serem cumpridas durante o estudo de uma determinada ciência na busca de uma verdade, almejando chegar a um fim determinado que seja através do lúdico a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e autoestima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.

Conseguiremos as informações e dados necessários para alcançar os objetivos da pesquisa utilizando consulta bibliográficas e pesquisas através do site www.google.com.br, pois precisamos obter embasamento teórico.

 

 

2 O LÚDICO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

 

O lúdico é muito importante para o desenvolvimento humano, assim quando a criança cresce envolvida de alguma forma, seja por brinquedo, brincadeira e jogos além dela desenvolver suas habilidades, físicas, motoras, psicológicas irá crescer uma pessoa feliz, pois ajuda na melhoria da educação, no decorrer das aulas, onde a aprendizagem seja significativa e de forma natural, sendo um bom aliado para os professores na caminhada para bons resultados.


A palavra ludicidade tem sua origem na palavra latina “ludus” que quer dizer “jogo”. Se achasse confinada a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogo, ao brincar, ao movimento espontâneo, mas passou a ser reconhecido como traço essencialmente psicofisiológico, ou seja, uma necessidade básica da personalidade do corpo e da mente no comportamento humano, as implicações das necessidades lúdicas extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo de modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana, trabalhando com a cultura corporal, movimento e expressão (ALMEIDA, 1995, p. 56).


Constatamos com isso que as crianças aprendem mais brincando, que sentados enfileirados ouvindo, pois, os brinquedos estimulam a criatividade e desenvolvem o psicomotor. E é brincando que a criança inventa, descobre, experimenta, viaja em suas fantasias, tornando-a mais sociável e um ser humano mais criativo. O ato de brincar desenvolve a capacidade de pensar e estimular o uso da memória, pois a criança começa a organizar a brincadeira, a exercitar sua memória, organizando internamente suas ações do dia seguinte, ou lembrando algo que aconteceu no seu dia.

Brincando a criança consegue ter um aprendizado com maior facilidade, por isso professores da educação infantil tem que investir na ideia de que brincadeiras, brinquedos e jogos são excelentes recursos pedagógicos para se trabalhar em sala de aula. Toda criança precisa brincar, brincando ela entra em um mundo de magia. “No mundo lúdico a criança encontra equilíbrio entre o real e o imaginário, alimenta sua vida interior, descobre o mundo e torna-se operativo. ” (SANTOS, 1997, p.56).

Até mesmo uma criança tímida que tem dificuldade em se expressar, consegue fazer isso naturalmente por meio de brincadeiras em grupos, e atividades descontraídas. Deixando um pouco a timidez de lado.

O lúdico possibilita o estudo da relação da criança com o mundo externo, integrando estudos específicos sobre a importância do lúdico na formação da personalidade. Através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o crescimento físico e desenvolvimento e, o que é mais importante, vai se socializando.

 

 

3 BRINCADEIRAS, BRINQUEDOS E JOGOS.

 

Psicólogos como Vygotsky e Piaget discutiram a importância dos brinquedos, brincadeiras e jogos no desenvolvimento infantil. Segundo VYGOTSKY (1989, p.84) “As crianças formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A brincadeira, a criação de situações imaginárias surge da tensão do indivíduo e a sociedade. O lúdico liberta a criança das amarras da realidade”.

Contudo podemos observar que as atividades lúdicas propiciam às crianças um contato com seu eu interior, proporcionando a elas demonstrar por meio das brincadeiras como vê e constrói o mundo à sua volta, suas dificuldades e anseios.

É brincando que a criança conhece a si própria e aos outros, e compreende seus limites e dificuldades. Brincando ela adquire hábitos e normas sociais, repassados pela sociedade em geral. Piaget (1973) mostra claramente em suas obras que os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.

Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras são fundamentais para estimular a aprendizagem na educação infantil e nas séries iniciais, e é uma das formas mais espontâneas e prazerosas para atingir tal objetivo.

Os pais e educadores devem estar cientes que brincar faz bem para a criança, pois ela aprende, amadurece e desenvolve ao mesmo tempo. Brincando ela se sente livre para criar e recriar o mundo à sua volta.

Segundo Piaget (1973), existe no jogo algo mais importante do que a simples diversão e interação, ele revela uma lógica diferente da racional. O jogo revela uma lógica da subjetividade tão necessária para a estruturação da personalidade humana, quantitativa a lógica das estruturas cognitivas.


Atualmente estamos vivendo a era das tecnologias, de jogos supermodernos, de filmes e jogos apresentados em 3D, e os jogos e brincadeiras que estimulam a aprendizagem estão sendo substituídos por essas novas tecnologias, que crescem aceleradamente até mesmo no espaço escolar, e é nesse espaço que devem ser incentivados para que não percam sua essência, além de serem atraentes e despertarem a atenção das crianças.

Os brinquedos podem incorporar, também, um imaginário preexistente criando pelos desenhos animados, seriados televisivos, mundo da ficção cientifica com motores e robôs, mundo encantado dos contos de fada, estórias de piratas, índios e bandidos. (KISHIMOTO, 1999, p.18).

 

 

Logo um mesmo brinquedo pode ter diversos significados, não é um simples objeto pronto e acabado, depende da imaginação de cada um. A esse respeito comenta Vygotsky (1989, p. 109):


O brinquedo entendido como objeto, suporte da brincadeira, supõe relação íntima com a criança, seu nível de desenvolvimento, e indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras, que organize sua utilização. (SANTOS, 1997, p.23)

 

 

É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos.

Geralmente os jogos e brincadeiras presentes nas salas de aula da educação infantil são: brincadeiras de roda, massinha de modelar, histórias, brincadeiras livres com brinquedos e momentos no parquinho.

É na atividade de jogo que a criança desenvolve o seu conhecimento do mundo adulto e é também nela que surgem os primeiros sinais de uma capacidade especificamente humana, a capacidade de imaginar (…). Brincando a criança cria situações fictícias, transformando com algumas ações o significado de alguns objetos”. (VYGOTSKY, 1989, p.122).


Por meio dos jogos, a criança adquire habilidades, que refletirá no seu futuro, é na infância que a criança se desenvolve para certas áreas do conhecimento, desde cedo demonstra seu interesse pelas áreas de exatas ou humanas, e já faz uma pré-seleção para o que quer no seu futuro, o que tem mais facilidade.

O jogo não pode ser visto somente como instrumento de competição, e sim como uma forma de divertimento, uma atividade física ou mental organizada, com regras, que contribui para o desenvolvimento intelectual da criança.

 

Na criança a imaginação criadora, surge em forma de jogo, instrumento primeiro de pensamento no enfrentamento da realidade. Jogo sensório-motor que se transforma em jogo simbólico, ampliando as possibilidades de ação e compreensão do mundo. O conhecimento deixa de estar preso ao aqui e agora, aos limites da mão, da boca e do olho e o mundo inteiro pode estar presente dentro do pensamento, uma vez que é possível “imagina-lo”, representá-lo com o gesto no ar, no papel, nos materiais, com sons, com palavras. (KISHIMOTO, 2001, p. 52).

 

O jogo motiva e por isso é um instrumento muito poderoso na estimulação da construção de esquemas de raciocínio, através de sua ativação”. (Rizzo, 1996, p.40).

Vê-se como positiva a presença do jogo, do brinquedo, das atividades lúdicas nas escolas nos horários de aula, como técnicas educativas e como processo pedagógico na apresentação dos conteúdos. As vivências cotidianas, aliadas ao pensamento de alguns teóricos, como Marcel Lino, Sneyders, Piaget e Vygotsky, permitem-nos aprofundar as reflexões e fazer alguns questionamentos: O conhecimento construído por meio da ludicidade implica uma escola mais autônoma e democrática? Das condições para ocorrência da alegria, da festa, dentro dos limites da escola, e até mesmo nos horários de aula, e propiciar assim a evasão do real, não seria contribuir para alienação.

 

O lúdico é uma das necessidades básicas de personalidade, do corpo e da mente. O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana. A atividade lúdica caracteriza-se por ser espontânea funcional e satisfatória. Sendo o lúdico uma atividade espontânea, ele se coloca no mesmo grupo de todas as necessidades da pessoa, fazendo do lúdico algo tão essencial quanto o respirar e o receber afeto. (FEIJO, 1992, p. 60)

 

 

É necessário que o professor seja um mediador, um organizador do tempo, do espaço, das atividades, dos limites, das certezas e até das incertezas do dia-a-dia da criança em seu processo de construção de conhecimentos. É ele quem cria e recria sua proposta político-pedagógico e para que ela seja concreta, critica e dialética, este professor deve ter competência para fazê-la, levando-os a desenvolver nas crianças a alegria de entender a escola como um espaço acima de tudo, prazeroso.

 

As participações do professor nas brincadeiras com as crianças elevam o nível de interesse pelo enriquecimento que proporciona, podendo também contribuir para o esclarecimento de dúvidas referentes às regras das brincadeiras. A criança sente-se, ao mesmo tempo, prestigiada e desafiada quando o parceiro da brincadeira é um adulto. Este, por sua vez, pode levar a criança a fazer descobertas e a viver experiências que torna o brincar mais estimulante e mais rico em aprendizado. (MARCELLINO, 1996, p.30)

 

A brincadeira quando não direcionada tem caráter exploratório, onde a criança descobrirá sobre diferentes situações do cotidiano e sobre as pessoas. Quando essa mesma atividade é realizada de forma direcionada pode-se perceber uma variedade de possibilidades dentro da atividade proposta.

 

 

4 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO ENSINO DA CRIANÇA

 

Quando uma criança é inserida na escola ela vem com uma bagagem muito grande de brincadeiras e ludicidade.

Através do lúdico podem ser trabalhados várias áreas e objetivos ao mesmo tempo. Com simples tampinhas de refrigerantes podemos trabalhar as cores, sequência, alfabeto, números, quantidade, ordem crescente, decrescente, mais e menos, antecessor e sucessor. Com isto podemos observar que não é só um simples brincar, mas sim várias áreas são trabalhadas.

Através do lúdico pode ser trabalhado o raciocínio, a necessidade de se tomar decisões, além disso, os jogos, brinquedos e brincadeiras podem ajudar no desenvolvimento motor da criança e estimular sua criatividade.

Quando uma criança é inserida na escola nem sempre tem uma boa aceitação, ela pode ficar algumas vezes, angustiada, ansiosa, insegura e com isto o professor tenta propiciar um ambiente de acolhimento, familiar de comunicação infantil entre as crianças. Com isto percebemos que a brincadeira é uma linguagem utilizada pelas crianças. Através das atividades lúdicas podemos auxiliar na inclusão desse novo contexto, de modo que fornecendo este ambiente com sua linguagem de comunicação tem como facilitar o processo de permanência em um ambiente onde se sentirá acolhido e respeitado.

As brincadeiras, os jogos, os brinquedos podem e devem ser objetos de crescimento, possibilitando à criança a exploração do mundo, descobrir-se, entender-se e posicionar-se em relação a si e a sociedade de forma lúdica e natural exercitando habilidades importantes na socialização e na conduta psicomotora.

A reflexão do brincar começa a ultrapassar o espaço da escola, pois ela passa a agregar o contexto familiar, passando para as relações sociais, possibilitando uma experiência única, ela é considerada uma realização particular da criança. Nesta reflexão o papel do professor nesse mundo chamado “brincar”, vem promovendo interações entre colegas, investigando, e observando o que ensina.

O brincar é o ato de movimentar-se e é de grande importância biológica, psicológica, social e cultural, pois é através da execução dos movimentos que as pessoas interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os outros, aprendendo sobre si, seus limites de capacidade e solucionando problemas. (Criar Revista da Educação Infantil (Revista). Ano 1 número 02 março-abril /05).

As atividades lúdicas são de fundamental importância para a formação da criança, em todas as etapas de seu desenvolvimento, pois é aí que ela adquire experiências no brincar, no jogar e no interagir com o meio em que está inserida.

Para Piaget, o desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilibração com o mundo. (Santos, 1998). As atividades lúdicas levam a criança a um impulso natural satisfazendo uma necessidade interior, pois o ser humano apresenta uma tendência lúdica.

O grande desafio na educação é conhecer o jeito particular de cada criança, pois a criança é antes de tudo um ser que por natureza deseja brincar. O jogo é um dos artifícios que alguns pesquisadores perceberam que levaria as crianças a desenvolverem uma atividade em seu meio físico e mental, no entanto o brincar é uma atividade fundamental para o desenvolvimento da identidade e autonomia, a criança se comunica desde cedo com gestos, sons e mais tarde representando um determinado papel dentro de uma brincadeira utilizando-se da imaginação.

O lúdico se torna muito importante na escola, porque pelo lúdico a criança faz ciência, pois trabalha com a imaginação e produz uma forma complexa de compreensão e reformulação de sua experiência cotidiana. Ao combinar informações e percepções da realidade problematizada, torna-se criadora e construtora de novos conhecimentos.

O brincar é uma atividade simples da vida da criança, é simples, mas se analisarmos suas contribuições podemos perceber que está no centro do desenvolvimento social, emocional, intelectual e psicológico do ser humano.

O ensino usando o lúdico cria ambiente atraente e gratificante, contribuindo para o desenvolvimento da criança de forma leve e espontânea. Além do mais através de jogos, brinquedos e brincadeiras podemos despertar na criança o hábito de pensar, sem desviá-la do seu cotidiano.

O lúdico é como um parceiro que amplia o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, é estimulada, adquire iniciativa e a autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.

Há uma diferença no sentido de brincar entre o adulto e a criança. Isto é muito visível quando é focado sob o aspecto de diversão. O adulto vê o brinquedo como um divertimento que o distrai, que o tira da realidade por alguns instantes como se fosse uma fuga, para poder encontrar prazer. Com a criança é diferente porque acontece o contrário, quando brinca, ela se coloca diante do mundo exterior, procurando adentrar o mundo adulto, por isso é tão forte a imitação de gestos adultos nas brincadeiras das crianças, ela tenta penetrar nesse mundo expressando-se de modo simbólico as suas fantasias, desejos e experiências ao mesmo tempo em que “entende valores éticos da sociedade que pertence”.

 

A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo.” (ALMEIDA, 1995, p.11)

 

Constatamos que o lúdico está relacionado a tudo o que possa nos dar alegria e prazer, desenvolvendo a criatividade, a imaginação e a curiosidade, desafiando a criança a buscar solução para problemas com renovada motivação. Brincando a criança vai construindo e compreendendo o mundo ao seu redor.


5 O EDUCADOR NA EDUCAÇÃO LÚDICA

 

Vivemos em uma sociedade fortemente marcada pelo acúmulo de informações e pelos avanços tecnológicos. Cabe à escola a tarefa específica da formação científica, ética e cultural da criança, constituindo-se o educador em principal gestor do processo educativo. O importante não é o ensino, mas o processo de aprendizagem. Ser professor não significa apenas ensinar, mas criar métodos e ideias prazerosas para as crianças estarem em contato com diferentes formas de representação para a interação social, e sendo desafiadas a fazer uso delas, a criança vai descobrindo e, progressivamente, aprendendo a usar as múltiplas linguagens: gestual, corporal, plástica, oral, escrita, musical e, sobretudo, aquela que lhe é mais peculiar e especifica a linguagem lúdica, ou seja, do brincar. Isso dá ao educador uma perspectiva muito valiosa, que é olhar para frente: Uma visão prospectiva e não retrospectiva. Para Vygotsky o saber é construído socialmente, e essa interação social uma das maiores responsáveis pelo desenvolvimento da criança.

A criança não entende que tudo é para o seu bem, ela vive pelo princípio do prazer, só come o que é prazeroso”. (Marly, 2003, p.96).

Para a criança, brincar é um ato espontâneo, faz parte de sua natureza brincar com brinquedos, usando apenas o próprio corpo, com animais, sozinha ou em grupo.

Brincar é um direito assegurado a toda criança, mesmo aquelas que se encontram num hospital”. (Marly, 2003, p.96). De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), brincar é fundamental para o pleno desenvolvimento da autonomia e identidade da criança. Brincando a criança desenvolve importantes capacidades, torna-se criativa e atenciosa, imita, memoriza, imagina e amadurece também algumas capacidades de socialização por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papeis sociais.

Cada criança tem o seu ritmo, que deve ser respeitado, e cabe ao educador criar um ambiente estimulador, criativo, que concilie o ato brincar e aprender, porém sem exagerar na dose desses estímulos. O educador deve ser consciente de que aprendemos sempre, em todas as idades, da infância à velhice, o processo de aprendizagem é contínuo e ininterrupto, portanto o espaço lúdico pode e deve ser um aliado do educador na educação.

 

É fundamental que se assegure a criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, como se fosse brincadeira de roda... (MARCELINO, 1996, p.38).

 

 

 

O lúdico associado à prática pedagógica possibilita não apenas a aprendizagem da criança, mas também ao educador para tornar suas aulas mais dinâmicas e prazerosas, o educador deve entender como sua responsabilidade a promoção das atividades lúdicas não apenas para o prazer e diversão das crianças, mas como uma ação inerente, como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, portanto quando o educador intencionalmente cria as situações lúdicas, visando estimular a aprendizagem, revela-se então à dimensão educativa e melhora a qualidade do processo de ensino.

Os professores estão mais preocupados com o conteúdo, com o silêncio e a organização na sala de aula. Eles devem ter em mente que o jogo não é simplesmente um passatempo para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra. Estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que se vive. Através do jogo o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. O jogo é essencial para que a criança manifeste sua criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral.

Educar ludicamente não significa lançar lições para os alunos consumirem. Exigem empenho e planejamento por parte do professor para que o aluno descubra o prazer de aprender. Depende, portanto, do professor fazer com que a educação se torne prazerosa, e a escola passe a ser um espaço de satisfação e desenvolvimento intelectual.

Para atingir tal objetivo, os professores devem repensar sua prática, transformando a rigidez do ensino num espaço de prazer e alegria. A esse respeito comenta Almeida (1995, p.41)

 

A educação lúdica contribui e influencia na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integrando-se ao mais alto espírito democrático enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio. (ALMEIDA 1995, p.41)

 

 

A escola deve repensar as metodologias aplicadas em seu espaço, tornando possível uma produção séria do conhecimento, mas com meios mais dinâmicos e prazerosos para se ensinar. Pois além dos brinquedos temos ainda outros meios para incentivar o aprendizado como: parlendas que estimulam a expressão oral da criança, brincadeiras que envolvem músicas, danças, expressão gráfica, motora e simbólica.

Portanto quando são criadas oportunidades lúdicas pelo adulto com a pretensão de estimular algum tipo de aprendizagem, surgem então novas dimensões educativas. Porem deve ser mantido as condições para que a criança interaja/brinque de forma espontânea, assim o adulto estará apresentando novas situações de aprendizado.

Para Kishimoto, a utilização do jogo na educação infantil significa levar para a pratica pedagógica (ensino-aprendizagem) condições que elevem ao máximo a construção do conhecimento, mostrando as várias dimensões do lúdico. Assim em sua função lúdica o brinquedo propicia diversão, prazer e até o desprazer. Portanto quando utilizamos a forma lúdica para estimularmos a construção de conhecimentos, estamos incentivando nossos alunos a se interessarem pelo aprendizado. Logo, podemos perceber que o brinquedo conquistou um espaço definitivo na educação infantil.

O professor é um mediador que deve proporcionar momentos para que a aprendizagem aconteça e permitir que as crianças explorem o espaço por onde vivem, a sua proposta educacional deve abranger metas de cooperação, socialização, autonomia e a autoestima, utilizando estratégias para promover uma educação significativa e de qualidade para as crianças. Para isto, é preciso uma formação profissional dos educadores que atuam com esta etapa educacional.

 

CONCLUSÃO

 

Com base nos objetivos do projeto, a pesquisa possibilitou verificar a distância entre o discurso e a prática concreta em sala de aula, valendo se de que parte do trabalho sobre as contribuições dos jogos, brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento da criança. Pode-se observar e descobrir a relevância para que a criança construa seu conhecimento. A construção de um saber pode ser considerada produto de um “ócio digno”, ou seja, de um espaço para pensar, no contexto do jogo, a criança pode encontrar esse “ócio digno”, por isso a importância do lúdico para seu desenvolvimento.

Espero que este trabalho possa servir de fundamentação para que o professor que queira inovar sua prática, tenha nos jogos, brinquedos e brincadeiras aliados permanentes, possibilitando uma forma de desenvolver as suas habilidades intelectuais, sociais e físicas, de forma prazerosa e participativa, uma vez que os jogos, brinquedos e brincadeiras são de grande contribuição para o processo de ensino e aprendizagem. O nosso ponto vista e de todos os autores que buscamos para nos dar suporte, cada criança deve viver seu tempo sem privações, sem aflições, sem pressões, sem conclusões. Pois, a criança que não tem oportunidade de brincar não consegue conquistar o domínio sobre o mundo exterior.

Nesse trabalho é imperceptível também que na atividade lúdica, a criança tenha a oportunidade não apenas de vivenciar as regras impostas, mas de transformá-las, recriá-las de acordo com suas necessidades, interesses e ainda entende-las reportando tais aquisições no contato com o mundo, e com o próximo, de forma confiante e segura. Por fim, conclui-se que o papel do pedagogo e do professor é, aliás, de fundamental importância para a difusão e de recursos lúdicos. O professor ao se conscientizar das vantagens do lúdico, adequará a determinadas situações de ensino, utilizando-as de acordo com suas necessidades. O pedagogo, como pesquisador, estará em busca de ações educativas e eficazes.

O estudo permitiu compreender que quando se trabalha com jogos e brincadeiras a criança compreende e constrói seus conhecimentos de uma forma prazerosa, sendo capaz de exercer seu papel na sociedade com autonomia e competência. Pode-se entender na pesquisa que a criança precisa vivenciar experiências que lhe permita crescer fisicamente e psicologicamente, em que o brincar é um veículo de internalização na pratica de atividades educacionais para o crescimento da criança na vida e na escola.

Constatou-se que as atividades lúdicas se tornam peças fundamentais da construção do conhecimento do professor e do conhecimento da própria proposta pedagógica da escola. Também deve se repensar a forma de trabalhar com o processo de ensino-aprendizagem onde deve se permitir que o estudante possa desenvolver integralmente, respeitando individualmente o contexto histórico, o ritmo de aprendizagem e as dificuldades. O professor deve estar comprometido com a profissão e ciente de que é preciso aprender a aprender sempre. Assim, o aprendizado se daria em um ambiente mais agradável, pontuado pela coragem de professores e pedagogos, que não tem medo de sonhar.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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