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O PAPEL DO INTÉRPRETE NO DESENVOLVIMENTO DO SURDO


Rosimeire Pereira de Oliveira1

 

Quanto mais se reflete sobre a presença do intérprete de Libras, mais se compreende a complexidade de seu papel, as dimensões e a profundidade de sua atuação [...]” (PERLIN, 2006, p. 02).


RESUMO:

A pesquisa apresenta um estudo significativo sobre a atuação do TILS – Tradutor e Intérprete da Língua de Sinais, através de uma abordagem significativa do papel do intérprete no desenvolvimento do surdo. O objetivo geral compõe-se de analisar como se dá o processo de inclusão e desenvolvimento educacional do aluno surdo e as ações vivenciadas pelo TILS no âmbito escolar. Já os específicos, tratam-se de analisar o processo educacional destinado aos alunos surdos e considerações sobre do TILS e o exercício de sua profissão. Tal pesquisa intui chegar a resultados sólidos e fundamentados, afim de demonstrar como ocorre a inclusão de surdos e se os profissionais estão devidamente habilitados para atuarem nessa área. A pesquisa desenvolveu-se através de obras de autores renomados, evidenciando as principais características do papel do TILS e da escolarização dos surdos. A partir de fundamentos teóricos obteve-se como resultado, informações importantes sobre a essencialidade de técnicas gestuais e metodologias bem elaboradas para a utilização da Libras e da Língua Portuguesa em sala de aula.

 

Palavras-chave: aluno surdo, intérprete, língua de sinais, inclusão.


1. INTRODUÇÃO

O objetivo geral deste trabalho consiste em refletir sobre a inclusão do aluno surdo e seu desenvolvimento escolar e a atuação ativa do intérprete. Para alcançar os resultados esperados, objetivos específicos foram delimitados e postos em práticas, tais como: escolarização do surdo, considerações sobre o profissional de TILS – Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais e inclusão escolar.

O estudo foi realizado, sob a justificativa de conhecer melhor todo o círculo escolar que engloba a vida do aluno surdo. Pondo em primeiro plano sua relação com o intérprete. Objetiva também, entender a essencialidade da relação existente entre o a pessoa surda, o TILS, o professor, os alunos ouvintes, gestores e demais funcionários da escola, sempre levando em conta que a inclusão escolar para ter resultados positivos, deve ser bem desenvolvida e estruturada.

Para tal, foi realizado um estudo minucioso sobre o assunto em questão. Para chegar aos resultados, pesquisas bibliográficas foram desenvolvidas, objetivando embasar teoricamente o trabalho.

Com intuito de estruturar a pesquisa, tópicos foram organizados. O primeiro trata-se da Escolarização dos Surdos e expõe sobre como acontece esse processo e os pormenores existentes. Já o segundo momento, Considerações sobre o TILS - Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais, traz abordagens sobre esse profissional e os pontos críticos dessa profissão.

O terceiro tópico, O Profissional Intérprete de Língua de Sinais e sua Atuação na Escolarização de Surdos, expõe sobre a essencialidade desse profissional no âmbito escolar para acompanhar e auxiliar no desenvolvimento do aluno surdo. O quarto tópico, Inclusão dos Surdos, expõe como acontece o processo de inclusão e esclarece os pontos positivos e negativos existentes. Para concluir o trabalho, as considerações finais, expõem de forma clara e objetiva o resultado final de todo o estudo.

Enfim, no decorrer da pesquisa são expostas informações contundentes sobre os fatores na atuação do intérprete, o processo educacional de alunos surdos, o contato com o ambiente escolar, a aplicação de metodologias bem estruturadas, técnicas gestuais - Libras e o processo de interação escolar. Tais elementos somados construíram tanto a parte referencial quanto a reflexiva do trabalho.

 

ESCOLARIZAÇÃO DOS SURDOS

De acordo com estudos literários, observa-se que durante a Idade Moderna não havia informações sobre estudos realizados com crianças surdas. De acordo com Lacerda (1998), o surdo era visto como um ser irracional, primitivo, não educável, sem capacidade de ser instruído. O autor ainda aponta que perante a lei, devido sua condição, o surdo não tinha direitos.

No entanto, entre 1712-1789 foi instaurada na França a primeira escola para surdos. Ato que abriu portas para o surgimento e utilização da língua de sinais. Sacks (1999), descreve a língua de sinais utilizada naquele momento, como uma combinação de sinais utilizados pela comunidade surda local com a gramática francesa, intuindo ensinar a escrever, ler, transmitir cultura e dar acesso à educação.

Em decorrência do processo educacional desenvolvido para os surdos, foram realizados congressos, sendo em especial, o Congresso de Milão, em 1980. Em tal evento, como a maioria dos interessados eram oralistas opositores a utilização da língua de sinais, ficou definido a não utilização da linguagem gestual, conforme aponta Lacerda (1998, p. 01), a língua de sinais foi “[...] praticamente banida como forma de comunicação a ser utilizada por pessoas surdas no trabalho educacional”. Dessa forma, mais uma vez, foi suspendido o processo educacional para as pessoas surdas.


Posterior a tal período, houve um novo avanço referente à linguagem gestual. Em 1960, segundo Lacerda (1998), iniciou-se a divulgação de novos estudos sobre as línguas de sinais utilizadas pela comunidade surda. Após isso, houve significativas mudanças no processo de ensino/aprendizagem de pessoas com deficiência auditiva, já que novas pesquisas foram realizadas e novos meios educacionais implantados.

Com o desenvolvimento contínuo das línguas de sinais, Lacerda (2006) expõe que a proposta de educação para surdos, deve ir além da implantação da Libras – Linguagem Brasileira de Sinais. Torna-se essencial condições específicas necessárias para o desenvolvimento linguístico, social e cultural de todos os envolvidos no processo.

Pereira (2009), conceitua que para que haja o desenvolvimento efetivo da criança surda, é de grande importância que ela seja bilíngue, aprenda duas línguas: “[...] a primeira deve ser a língua de sinais, que dará o arcabouço para a aprendizagem de uma segunda língua, que pode ser escrita ou oral, dependendo do modelo seguido (p.45). Seguindo tal conceito, a pessoa surda se encontrará em um ambiente linguístico, no qual os sujeitos se comunicam da mesma forma natural.

Conforme aponta Uiara Vaz Jordão, em sua dissertação de mestrado intitulada “O que dizem os intérpretes de libras do sudeste Goiano sobre formação e atuação” (2013):

 

[...] uma escola inclusiva deve agir não apenas no sentido de colocar o surdo entre os ouvintes, mas no sentido de garantir o exercício da cidadania do surdo como brasileiro, garantindo assim, que o surdo tenha acesso a Libras a utilize com seus pares garantindo, ainda, acesso ao ensino em sua língua; acesso ao ensino do português como segunda língua e acesso aos conhecimentos curriculares. Desse modo, sendo a condição linguística do surdo respeitada, crescem as chances de ele se desenvolver e construir novos conhecimentos [...] (JORDÃO, 2013, p. 14)


Diante disso, analisa-se então, que é essencial que ao ser inserido no ambiente educacional, a pessoa surda tenha todas as suas necessidades supridas, para que assim possa construir seu conhecimento. O ato de inclusão não deve simplesmente proporcionar a entrada da pessoa com deficiência auditiva no âmbito escolar, mas sim proporcionar a ela tudo que for necessário para seu bom desenvolvimento.


PROFISSÃO: Tradutor e Intérprete de Linguagem de Sinais

 

Como forma de respeito ao aluno com deficiência auditiva, é essencial que haja um TILS – Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – no Brasil tal profissão foi reconhecida dia 12 de setembro de 2010 - em todos os ambientes sociais, possibilitando assim, que a pessoa surda possa se comunicar e ter supridas as necessidades que a levaram ao determinado ambiente. O CNE - Conselho Nacional de Educação, 2001, ressalta que:


[...] deve ser assegurada, no processo educativo de alunos que apresentam dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais educandos, a acessibilidade dos conteúdos curriculares, mediante a utilização de linguagens a códigos aplicáveis, como os sistema braile e a língua de sinais. (CNE, 2001, p. 08)


Tal exigência tem sido aplicada, dessa forma escolas e outros órgãos já contam com a presença do TILS, para auxiliar a pessoa surda no processo de compreensão. De acordo com Famularo (1999) apud Jordão (2013), o ato de interpretar corresponde ao desenvolvimento cognitivo, pelo qual se transmite ideias, informações, discursos, diálogos, sejam eles orais ou sinalizados. Assim sendo, analisa-se que a interpretação não pode ser dada simplesmente como uma troca de mensagens, mas sim como um processo de comunicação efetivo e eficaz.

O TILS que atua na área educacional, além de possibilitar a compreensão e a interpretação dos conteúdos curriculares, deve também possibilitar a interação do aluno surdo, com os demais colegas de classe e com os professores.


[...] a presença do intérprete na escola se deu a partir da constatação que apenas inserir o surdo em sala de aula não garante acesso aos conhecimentos sistematizados em razão da falta de língua comum entre ouvinte e surdo ou pela ausência do domínio efetivo de Libras, uma vez que está é fundamental no processo de escolarização e inclusão sob uma perspectiva bilíngue. LACERDA (2006) apud JORDÂO (2013, p. 19)




Além das características citadas acima, sobre o exercício das atividades realizadas pelos TILS, ainda há outros fatores que influem de forma positiva na capacitação para uma efetiva atuação deste profissional. Tais elementos, somados ao conhecimento amplo e profundo tanto da língua de sinais, como da comunidade surda, o intérprete será capaz de atuar com segurança.


[...] conhecer as características de cada faixa etária dos alunos; refletir sobre as características da Libras usada por criança, jovens e adultos, conhecer como se organizam os conteúdos curriculares a serem trabalhados com os alunos nos diferentes níveis e as metodologias mais utilizadas para ensinar cada um deles. A tarefa do TILS educacional é atuar em ambientes complexos, multideterminados, que envolvem diversos interlocutores (alunos surdos, alunos ouvintes, professores, gestores e demais funcionários entre outros) com uma série de variações implicadas, que precisam ser apresentadas e refletidas no decorrer de sua formação. (LACERDA, 2009, p. 149)


A partir do que foi exposto, averígua-se que o profissional TILS, deve ser muito bem preparado para realizar sua função, pois ao contrário, poderá exercer de forma errônea suas atividades e em vez de auxiliar a pessoa surda, fará ao contrário, irá confundi-la. Sendo assim, é de essencial importância que o profissional tenha pleno conhecimento de Libras e da Língua Portuguesa nos mais diferentes contextos e com diferentes interlocutores.

Faz-se necessário também, que o profissional tenha domínio de técnicas de interpretação, pois “[...] a passagem de uma língua viso-gestual para uma língua auditiva-oral e vice-versa implica estratégias linguísticas próprias que precisam ser debatidas, refletidas e construídas” (Lacerda, 2009, p. 32). Para tal, é primordial que o TILS tenha conhecimentos de aspectos culturais e sociolinguísticos, pois de acordo com Jordão (2013, p. 20), “[...] a fala do outro, sua expressão corporal e facial, seus trejeitos, podem determinar que diferentes falantes estejam comunicando-se entre si e que o que dizem está repleto de ecos e lembranças de outros enunciados.

Gurgel (2010) aponta, que nesse contexto, a função do intérprete, além de traduzir, requer cuidados com a escolha dos sinais para descrever determinadas situações. A autora relata que a fidelidade ao original deve ser sempre, se possível, mantida, desta forma a construção de sentido dos discursos são mais compreensíveis. Tal fidelidade também, não permite que o texto seja interpretado de forma ambígua, assim encontrando o melhor sentido e significado para qualquer tradução.

Deve-se ter bastante cuidado e conhecimento ao utilizar a Libras, pois tal língua “[...] adquire seu sentido no momento em que está sendo utilizada, num movimento ativo e não pode ser considerada como algo estático, como um sistema de regras [...] (GURGEL, 2010, p. 44). Devido a isso, é de grande valia que o intérprete conheça melhor as pessoas surdas com quem trabalha diretamente, para que assim ele possa entender com mais propriedade as formas de elaboração e expressão dos mesmos e, assim, ampliando suas formas de interação.

 

Muitos acreditam que a fluência em Libras seja suficiente, outros argumentam que além da fluência é necessário o conhecimento gramatical da Libras; outros confundem a formação de intérprete com a do professor de Libras. Para ser intérprete é necessário amplo domínio de pelo menos duas línguas: a língua de origem e a língua alvo – Libras e Português, mas esse domínio não se refere apenas a fluência, refere-se fortemente a um conhecimento da polissemia da língua, da diversidade de sentidos e possibilidades, de temáticas e aspectos da cultura que perpassam cada uma das línguas, já que a tarefa de interpretar implica não apenas verter palavras/signos de uma língua para outra, mas verter sentidos/significados estruturados linguisticamente na língua alvo (LACERDA, 2009, p. 31).



Enfim, como já citado anteriormente, para que o profissional tradutor e intérprete da língua de sinais tenha uma boa atuação, se faz necessário ter uma boa relação com a comunidade surda, ser conhecedor profundo de Libras, ter domínio da Língua Portuguesa e sobretudo, ter amplo desenvolvimento gestual, capaz de estabelecer relações constritivas entre signos e significantes, possibilitando assim, que a pessoa surda se comunique naturalmente.


O PROFISSIONAL INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS E SUA ATUAÇÃO NA ESCOLARIZAÇÃO DE SURDOS


Dentre os espaços de atuação dos intérpretes de Língua de Sinais, o mais suscitado é na área educacional, pois conforme aponta Quadros (2004), é o espaço onde tal profissional é mais requisitado atualmente. Pois com o surgimento das escolas inclusivas, para que haja de fato a inclusão de alunos surdos, faz-se necessário a presença de um intérprete.

A presença desse profissional em sala de aula, não é um processo simples, pois existem muitos obstáculos a serem vencidos, como o fato do intérprete não deixar sua atuação ser confundida com a do professor. Uma questão fundamental a ser analisada como problematização, diz respeito ao nível educacional do intérprete, conforme afirma Quadros (2004, p. 62):


Outro aspecto a ser considerado na atuação do intérprete em sala de aula é o nível educacional. O intérprete de Língua de Sinais poderá estar atuando na educação infantil, na educação fundamental, no ensino médio, no nível universitário e no nível de pós-graduação. Obviamente que em cada nível deve-se considerar diferentes fatores. Nos níveis mais iniciais, o intérprete estará diante de crianças. Há uma série de implicações geradas a partir disso. Crianças têm dificuldades em compreender a funções do intérprete puramente como uma pessoa mediadora da relação entre o professor e o aluno. A criança surda tende a estabelecer o vínculo com quem lhe dirige o olhar. No caso, o intérprete é aquele que estabelece essa relação. Além disso, o intérprete deve ter afinidade para trabalhar com crianças. Por outro lado o adolescente e o adulto lidam melhor com a presença do intérprete. Nos níveis posteriores, o intérprete passa a necessitar de conhecimentos cada vez mais específicos e mais aprofundados para poder realizar a interpretação compatíveis com o grau de exigência dos níveis cada vez mais adiantados da escolarização.


Diante da citação, observa-se que não é somente a presença do intérprete que vai garantir a efetiva inclusão dos surdos no âmbito escolar. Para tal é necessário uma metodologia bem delineada, disposição e contínuo aperfeiçoamento. Segundo Jordão (2013, p. 20), “O TILS trabalha transitando entre línguas vivas, que têm diversos sentidos e enunciados [...]”, por isso é essencial que ele desenvolva técnicas gestuais, para ser capaz de passar a mensagem correta e completa ao aluno surdo, expondo-a de forma clara, objetiva e o mais natural possível.

A fidelidade da enunciação deve ser sempre razão de atenção, pois durante uma conversação, “[...] há sempre variações de sentido que podem favorecer que algum mal-entendido ocorra no momento da interpretação” (JORDÃO, 2013, p. 20). Tais fatores negativos, são sanados por profissionais bem qualificados, com profundo conhecimento da área e com disposição para se integrar ao processo de ensino/aprendizagem do aluno surdo.

Sabe-se que a escolarização do surdo, não ocorre somente com a atuação do intérprete, mas sim com a interação entre todos os envolvidos no processo. De acordo com Jordão (2013, p. 29), “Para que o desenvolvimento do surdo seja o mais pleno possível é necessário que tenha interlocutores capazes de interagir com eles [...]”. Promovendo assim, fatores que agucem a compreensão, trocas de conhecimentos e acima de tudo, novos saberes.

Como dito no parágrafo acima, a relação da pessoa surda com o meio social, é imprescindível para sua socialização e para o processo educacional. Os espaços compartilhados por pessoas surdas e ouvintes favorece o diálogo entre os que usam a língua oral e os que usam a língua de sinais e, favorece também o momento de ensino/aprendizagem, já que evidencia a diversidade e pluralidade de sentidos expressos no discurso de ambas.

No entanto, Quadros (2004) afirma que o intérprete especialista para atuar na área educacional deve ter um perfil intermediar as relações entre professores, aluno surdo e alunos ouvintes, mas as competências e responsabilidades destes profissionais não são claramente determinadas, muitas vezes causando conflitos.

 

[...] Há vários problemas de ordem ética que acabam surgindo em função do tipo de intermediação que acaba acontecendo em sala de aula. Muitas vezes, o papel do intérprete em sala de aula acaba sendo confundido com o papel do professor. Os alunos dirigem questões direto ao intérprete, comentam e travam discussões sobre os tópicos abordados com o intérprete e não com o professor. O próprio professor delega ao intérprete a responsabilidade de assumir o ensino dos conteúdos desenvolvidos em aula ao intérprete [...]. (QUADROS, 2004, p. 53)

 

Tais atitudes não permitem o crescimento escolar do aluno surdo, pois ele se torna totalmente dependente do intérprete e não consegue estabelecer suas próprias relações sem que o profissional esteja lá para intermediar. O TILS deve ser a ponte entre o aluno surdo, o professor e os colegas ouvintes, porém, não deve trazer para si e nem permitir que se estabeleça a responsabilidade de ensinar os conteúdos curriculares abordados, uma vez que tal responsabilidade cabe ao professor.

 

[...] Muitas vezes, o professor consulta o intérprete a respeito do desenvolvimento do aluno surdo, como sendo ele o mais indicado para dar um parecer a respeito. O intérprete, por sua vez, se assumir todos os papéis delegados por parte dos professores e alunos, acaba sobrecarregado e, também acaba por confundir o seu papel dentro do processo educacional, um papel que está sendo constituído [...]. (QUADROS, 2004, p. 53).

 

Diante da conceituação da autora, é possível analisar que quando o intérprete passa a ser também o professor, existe uma grande chance do aluno surdo fazer confusão, já que ele não estabelecerá mais contato direto com o professor, mas somente com o profissional de TILS. Dessa forma não conseguindo averiguar qual função é atribuída a cada profissional que divide o mesmo espaço.

O papel do educador/professor não pode recair sobre o intérprete, já que seu papel é interpretar. O intérprete não pode ser responsabilizado pela aquisição de conhecimento do aluno. É preciso que a atuação do intérprete se constitua em parceria com o professor, propiciando que cada um cumpre efetivamente o seu papel, em uma atitude colaborativa, em que cada um possa sugerir coisas ao outro, promovendo a melhor condição possível de aprendizagem para a criança surda. (LACERDA, 2000, p. 125)


Diante da complexidade da competência de um TILS, entende-se que para realizar suas funções diárias com êxito, o intérprete deve estar sempre motivado, causando assim boa impressão ao aluno surdo e motivando-o também. Gómez (1999) apud Jordão (20013) aponta três fatores fundamentais para o desenvolvimento da pessoa surda no âmbito educacional:

  • Interesse: é fator positivo que aguça a curiosidade e desperta o aluno para o processo de ensino/aprendizagem. No entanto, não é só o aluno que deve demonstrar interesse, é primordial que o intérprete também demonstre se interessar pelo assunto em foco.

  • Relevância: é o pré-requisito para uma motivação contínua. Demonstra ao aluno que o que é apresentado é importante para suas necessidades pessoais; e

  • Expectativa: oportuniza ao aluno o desejo de realizar suas atividades dentro dos padrões, para obter resultados positivos.

 

Se bem aplicados, os fatores acima permitem a todos os envolvidos no processo educacional da criança surda, um desenvolvimento contínuo e não mecanizado, proporcionando assim a construção de novos saberes. A partir disso, analisa-se que para ter um resultado significativo, a aprendizagem deve ser contextualizada.

Jordão (2013, p. 32) afirma que “É necessário considerar não só os aspectos motivacionais que permeiam o processo de aprendizagem de uma língua, mas também as metodologias aplicadas [...]”. As metodologias são essenciais para despertar o interesse do aluno surdo e propiciar satisfatoriamente sua compreensão. Uma metodologia bem delineada é um importante instrumento para a escolarização dos surdos.

No processo de escolarização, o uso de Libras não é um instrumento simples. Silva (2001, p. 37) expõe que “[...] não podemos ser ingênuos em relação ao aluno surdo, considerando a Língua de Sinais como solução para todos os problemas em sala de aula [...]”. A complexidade da Libras, entre outros motivos, está em ser bastante difícil propiciar de forma natural todas as diferenças linguísticas presentes em sala de aula, assim dificultando a interação entre os alunos surdos e os ouvintes.

Nessa mesma linha de raciocínio, observa-se que os problemas comunicativos e cognitivos das crianças surdas não estão relacionados somente à sua deficiência auditiva. A problemática está relacionada ao “[...] meio social em que ela está inserida, que frequentemente não é adequado, ou seja, não utiliza uma língua que essa criança tenha condições de adquirir de forma espontânea, a língua de sinais”. (GOLDFELD 1997, p.25). Assim sendo, é de essencial que a criança surda mantenha desde cedo o contato com a Libras, intensificando seu meio de comunicação e, também é importante manter interação com outras pessoas, outros ambientes, promovendo a construção contínua de conhecimentos.

Diante de tudo que foi exposto, observa-se que o profissional intérprete de língua de sinais deve estar bem preparado para exercer sua função. Sua atuação na escolarização de surdos deve ir bem além da mera tradução e interpretação, tem que ter vida, passar mensagens claras de forma natural. Para que o resultado colhido seja satisfatório, é necessário que o aluno surdo tenha entendimento do papel do intérprete, para não confundir com o papel do professor. A relação entre intérprete e o aluno surdo deve ser dinâmica e bem estruturada, possibilitando um processo educacional de qualidade.


INCLUSÃO DO ALUNO SURDO

 

Em seu artigo intitulado O papel do intérprete de Libras no contexto da educação inclusiva: Problematizando a política e a prática (2011), Joelma Remígio de Araújo, expõe que “Os intérpretes de Língua de Sinais da área educacional, como participantes ativos nesse contexto tão complexo e diverso, têm vivido diariamente experiências ímpares quando se trata de inclusão social de surdos [...]” (p. 75). Por não ser um processo simples, a inclusão de surdos, deve ter uma estrutura sólida e profissionais bem preparados.

Durante o processo de inclusão, por mais que haja dificuldades e obstáculos, “[...] é primordial que que a escola seja um ambiente linguístico onde a comunicação aconteça de forma natural e fluente, através da Língua de Sinais entre outros participantes do processo educacional [...]” (DORZIAT, 2009 apud ARAÚJO, 2011, p. 78). Analisa-se então, que a escola tem que se configurar para sanar todos os percalços existentes e construir um ambiente propício para a construção do conhecimento.

Tratando-se da inclusão, é primordial que se reflita sobre “[...] os estudantes surdos que num espaço que se diz inclusivo e precisa possibilitar reais oportunidades de participação dos alunos surdos [...]” (ARAÚJO, 2011, p. 81), para que esses possam realmente se sentir à vontade no âmbito escolar. Para que isso ocorra, há “[...] a necessidade de se criar estratégias educacionais a partir do respeito a forma visual de apreensão que os alunos surdos tem, possibilitando maiores oportunidades de desenvolvimento [...]” (ARAÚJO, 2011, p. 81), estabelecendo assim, relações significativas e profundas no espaço escolar.

No processo de inclusão, além da presença do TILS bem preparado, também é importante que haja a possibilidade de trabalhar a partir da cultura surda, práticas pedagógicas adequadas e direcionadas às reais possibilidades do aluno surdo. Dorziat (2009, p. 72) apud Araújo (2013, p. 84) afirma que “[...] o ato de interpretar o processo educativo é complexo porque transcende a simples transmissão de informações, sendo o espaço educacional essencialmente lugar de negociação de sentido, de prática de significação”. Assim sendo, é imprescindível que todos os envolvidos no processo de inclusão educacional de surdos, tenham conhecimentos fundamentados e esteja sempre se atualizando sobre a história dos surdos.

A comunicação encontra-se no centro das discussões voltadas à inclusão de surdos, devido a surdez implicar em uma diferença linguística. A comunicação é uma questão bastante delicada, pois caso haja sua ausência efetiva, todo o processo educacional será prejudicado. Causará comprometimento desde a assimilação dos conteúdos transmitidos até a criação de um vínculo afetivo entre aluno surdo, alunos ouvintes, professor e intérprete.

Segundo Martins (2010) apud Jordão (2013), aproveitar as experiências visuais na e dá língua de sinais pode produzir estratégias de ensino eficientes, já que esta língua inscreve-se no lugar da visualidade e encontra na imagem uma grande aliada junto às propostas educacionais e às práticas sociais. Metodologias bem definidas, constituem práticas pedagógicas e o gerenciamento escolar dos saberes e das necessidades do aluno surdo, influindo assim, positivamente em sua vida escolar.

Enfim, analise-se que a inclusão do aluno surdo não é um processo simples, pois requer muita dedicação de todos os envolvidos e uma estrutura pedagógica bem elaborada. O intérprete é parte essencial deste processo, mas não é o único que deve manter-se ativo. É de grande importância, para garantir o sucesso da inclusão, que os alunos surdos sintam-se inseridos realmente no seio escolar, mantenha contato direto com alunos ouvintes, professores e demais funcionários da escola. Para ter resultados satisfatórios metodologias, técnicas gestuais, conhecimento da cultura surda e sobretudo, boa vontade e profissionalismo de todos que fazem parte do âmbito educacional.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O presente estudo buscou analisar o papel do TILS no desenvolvimento educacional do aluno surdo. Pôde-se analisar então, que a atuação do intérprete faz toda diferença no processo de ensino/aprendizagem, mas tal profissional não deve ser o único envolvido, pois para que a inclusão seja efetiva e ativa, todos pertencentes ao núcleo escolar devem fazer-se presentes.

A responsabilidade pelo desenvolvimento do aluno surdo, se direcionada somente ao intérprete não surtira efeitos positivos, pois além de necessitar de um acompanhante que seja bilíngue e saiba interpretar e fazer-se compreender, o aluno surdo também necessita ter uma relação estreita com os alunos ouvintes e com o professor, para que assim, sinta-se à vontade no âmbito escolar e tenha resultados satisfatórios.

A falta de estrutura escolar é considerada um dos piores fatores que influem-no desenvolvimento da pessoa surda, pois se não houver profissionais preparados e qualificados para exercer determinadas funções, a inclusão escolar passa a não existir. A escolarização do aluno surdo, além da atuação do TILS precisa ser bem estruturada, com metodologias e técnicas bem elaboradas. Tais fatores contribuem para que a comunicação, de forma natural, seja estabelecida e o conhecimento construído.

Como já dito anteriormente, a inclusão de alunos surdos é um fator delicado, por isso deve ser bem definida, para não gerar efeito contrário e influir negativamente na vida dos envolvidos. Conforme citado no decorrer do trabalho, é de grande importância que as ações do intérprete, tenham atendimentos bem delineados, de acordo com o perfil e o histórico de vida do aluno surdo, pois só assim é possível conseguir resultados positivos.

Enfim, o estudo demonstrou através da revisão bibliográfica e do senso crítico dos autores aqui citados, que o aluno surdo pode ser incluso no ambiente escolar através de projetos bem desenvolvidos, estímulo pedagógico e apoio do intérprete e dos demais funcionários da escola. A inclusão não é algo simples, mas pode ser alcançada com sucesso, desde que haja interesse do aluno e da equipe escolar especializada em atendê-lo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ARAÚJO. J. R. de. O Papel do Intérprete de Libras no Contexto da Educação Inclusiva: Problematizando a política e a prática. Paraíba: UFPB, 2011.

 

BRASIL. Resolução CNE/CB Nº. 2, de 2001. Diretrizes Educacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, 2001.

 

GOLDFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio- interacionista. São Paulo: Plexus, 1997.

GURGEL. T. M. A. Prática e Formação de Tradutores Intérpretes da Língua Brasileira de Sinais no Ensino Superior. 2010, 168p. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Metodista de Piracicaba/SP. Orientadora: Dra. Cristina B. F. de Lacerda.

 

JORDÃO, U. V. O que dizem os intérpretes de Libras do Sudeste Goiano sobre formação e atuação. São Carlos: UFSCar, 2013.

 

LACERDA, C. B. F. de. Um pouco da história das diferentes abordagens na Educação dos Surdos. Cadernos Cedes, nº 46. Campinas: 1998.

 

___________________. A prática pedagógica mediada (também) pela língua de sinais: trabalhando com sujeitos surdos. Cad. CEDES. Vol. 20, nº 50, p. 70-83, 2000.

 

___________________. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem os alunos, professores e intérpretes sobre essa experiência. Cad. CEDES, vol. 26, nº 69, p. 163-184, 2006.

 

___________________. Intérprete de Libras: em atuação na educação infantil e no ensino fundamental. Porto Alegre: Mediação/FAPESP, 2009.

 

PEREIRA, M. C. da. C. Bilinguismo e a aquisição da (língua)gem por crianças surdas. IN: MENDES, E. G.; ALMEIDA, M. A.; WILLIANS, L. C. de A. Temas em Educação Especial: avanços recentes. São Paulo: UFSCar, 2009.

 

QUADROS, R. M. O tradutor e intérprete da língua brasileira de sinais e a língua portuguesa. Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos. Brasília: MEC; SEESP, 2004.

 

SACKS, O. Vento vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Companhia das Letras: 1999.

 

SILVA, M. P. M. A construção de sentidos da escrita do aluno surdo. São Paulo: Plexus, 2001.

1 Especialista em Planejamento e Docência do Ensino Superior, e Tradução e Interpretação da LIBRAS, graduada em Licenciatura Plena em Letras/Literatura, professora da Seduc/MT.

 

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONHECER PARA PRATICAR

 

Rosimeire Pereira de Oliveira1

 

 

RESUMO

 

 

Por meio deste trabalho atualizaremos o conceito de Educação Inclusiva que é o processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais ou de distúrbios de aprendizagem na rede regular de ensino. Vivemos em uma sociedade que busca essa inclusão não apenas no ambiente escolar, mas também em ambientes não escolares mas de aprendizado, mas percebe-se que as dificuldades encontradas na realidade escolar e não escolar são inúmeras o que torna o processo lento. Mantoan (2003) apresenta a importância do espaço escolar na construção de personalidades humanas autônomas. E Gil (2005) encoraja a busca de formas adequadas para transmitir conhecimento e avaliar cada aluno incluído nos ambientes educativos, e Ainscow& César, 2003 ressalta a importância da família no processo de inclusão e nos instiga a refletir em busca da construção de uma sociedade mais inclusiva.

 

Palavras-chave: Educação inclusiva. Aprendizagem. Ambiente escolar.

 

 

Introdução

 

O presente trabalho pretende apresentar a Inclusão como uma prática social na educação,mas devemos lembrar que a mesma se aplica em variadas áreas, seja no trabalho, na arquitetura, no lazer, na educação, na cultura, mas, principalmente, na atitude e no perceber das coisas, de si e do outrem, e acordo com Sassaki, “é um processo que contribui para um novo tipo de sociedade através de transformações, nos ambientes físicos (...) e na mentalidade de todas as pessoas” (2010, p. 40).

Segundo Aranha (2002) a Inclusão é: afiliação, combinação, circunvizinhança, continência, envolvimento e compreensão, ou seja, o ato de incluir e acrescentar seriamum chamado a todos que têm aguardado participar de novos sistemas que animem a se envolver e tomar parte todas as pessoas juntamente com suas capacidades, assim incluindo e exercendo seus direitos.

A inclusão é um paradigma que se aplica aos mais variados espaços físicos e simbólicossegundo Camargo (2017, p.1). Os grupos de pessoas, nos contextos inclusivos, têm suas características idiossincráticas reconhecidas e valorizadas. Por isto, participam efetivamente. E ainda de acordo com Camargo (2017) o referido paradigma, identidade, diferença e diversidade representam vantagens sociais que favorecem o surgimento e o estabelecimento de relações de solidariedade e de colaboração, e esses grupos de pessoas não são passivos, eles respondem as mudanças e agem sobre as mesmas, poistransformam e são transformados por ele.

De acordo com Mantoan (2005, p.6): “Estar junto é se aglomerar com pessoas que não conhecemos. Inclusão é estar com, é interagir com o outro.”

 

Segundo Mantoan todas as pessoas são acolhidas sem exceções pela educação inclusiva e complementa,“inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoasdiferentes de nós”.

 

Histórico

 

No século XVI inicializou os debates a respeito da educação especial, onde a principio a educação dos portadores de necessidades especiais era fundamentada em discriminação, pois eram vistos como incapazes e na grande maioria eram abandonadas. De acordo com Mazzotta (2005), no Brasil no início do século XIX as pessoas com necessidades especiais não recebiam tratamento nenhum; somente nos meados de XIX que as Santas Casas de Misericórdia brasileiras iniciaram alguns cuidados específicos.

Segundo afirma Sassaki (1997)a educação especial no Brasil foi marcada pelas fases deexclusão, segregação institucional, integração e inclusão.

Na fase da exclusão Sassaki (1997)relata que houve rejeição, exploração e perseguição para as pessoas com deficiências, assim surgiram alguns estudos que tinham em vista a educação especial. Ainda século XIX o surgimento de serviços voltados para o atendimento de deficientes mentais e físicos, surdos e cegos, inicia-se a ideia de que seria possível deficientes na educação.

No período da segregação institucional inicia inquietação a respeito do desenvolvimento educacional, fazendo surgir às escolas especiais, assim foi criado por Dom Pedro II no Rio de Janeiro em 12 de outubro de 1854 o Imperial Instituto de Meninos Cegos. (Mazzota, p.28, 2005).

Segundo Strobel (2008), o professor surdo francês Ernest Huet chega ao Brasil no ano de 1855, a convite de Dom Pedro II para criar a primeira escola para surdos, a qual foi oficializadaem setembro de 1857 com nome de Imperial Instituto de Surdos-Mudos, que no inicio contava com a presença de dois alunos e que no ano de 1957 teve seu nome alterado para INES- Instituto Nacional de Educação de Surdos, o qual permanece até os dias de hoje.

Diante desses avanços,Sassaki (1997) relata queiniciaram as discussões sobre educação especial onde se visava o currículo e formação docente, e foram destinados recursos financeiros para que os portadores de necessidades especiais tivessematendimento pedagógico e medico-pedagógico.

A fase de integração de acordo com Sassaki (1997) acontece diante do desenvolvimento nas escolas de ensino regular das classes especiais, onde os alunos com deficiência (excepcionais) ficavam em salas à parte dos demais alunos.O inicio do processo de mudança ocorre quando a Constituição Federal de 1988, aliada a educação inclusiva passa a garantir que quando possível o aluno com deficiência tivesse direito a educação em sala regular de ensino.

A educação inclusiva teve avanços significativos ao longo dos anos 90 do século XX, por dois movimentos importantes, a saber: a Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtiem,Tailândia, em 1990 e a Conferência Mundial de Educação Especial, realizada em 1994, emSalamanca, Espanha, de onde se originou o documento “Declaração de Salamanca”.Sendo assim como está proposto na Declaração de Salamanca, cabe à escolaem si resolver as desigualdades.

Segundo Sassaki (1997), a fase de inclusão é apresentada diante da precisão de adaptação dentre a sociedade e das pessoas com deficiência mutuamente. Assim compreendemos que:

 

A inclusão do aluno deficiente sensorial no ensino regular, é muito mais do que a simples socialização, representa o combate à separação, o respeito e a consideração da existência das diferenças humanas. A prática da exclusão é uma grande colaboração à constatação de que uma escola da forma como está, quer padronizar pessoas, em critérios dominantes. (FERREIRA, 2005, p. 21).

 

 

Escola Inclusiva

 

A escola é a primeira oportunidade que a criança tem para aprender a conviver com outras crianças fora do ambiente familiar, fase importante que deve ser proporcionada a todas as crianças. As escolas são espaços educativos de construção de personalidades humanas autônomas, buscando constituir seres pensantes, críticos, questionadores, criativos, desenvolvendo seus talentos e preparando-os paraserem melhores cidadãos (MANTOAN, 2003).

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial (MEC-SEESP, 1998), o conceito de escola inclusiva implica em uma escola regular propor no projeto político- pedagógico, no currículo, na metodologia, na avaliação e nas estratégias de ensino, ações que favoreçam a inclusão social e práticas educativas diferenciadas que atendem todos os alunos.

Assim a escola buscar atingir quatro objetivos muito importantes:

 

Transmitir conhecimentos;

Formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres;

Preparar para o trabalho;

Promover o desenvolvimento pessoal.

 

A Escola Inclusiva respeita e valoriza todos os alunos, cada um com a sua característica individual e é à base da Sociedade para Todos, que acolhe todos os cidadãos e se modifica, para garantir que os direitos de todos sejam respeitados. A Educação Inclusiva vem para substituir a escola tradicional, na qual todos os alunos precisavam se adaptar ao mesmo método pedagógico e eram avaliados da mesma forma. Quem não se enquadrasse, estava fora dos padrões considerados aceitáveis e era encaminhado para a classe especial, para a escola especial ou, simplesmente, acabava desistindo de estudar.

Para Mantoan&Prieto, (2006) um dos grandes obstáculos ainda se encontra na “distorção conceitual” da inclusão escolar, enfatiza que a inclusão propulsa a qualidade de aprendizagem a todos os alunos e que é no enfrentamento desse processo que devemos nos atentar às possíveis barreiras impostas para a busca coletiva de soluções. Num discurso objetivo e bem fundamentado, as autoras, referências na área da educação inclusiva, contribuem ao debate em prol de uma escola mais justa e acolhedora frente às diferenças de seus alunos. É responsabilidade de toda a sociedade civil brasileira, como representação do poder público, assim como dos sistemas de ensino, o engajamento por uma escola para todos, para que superemos os obstáculos que mantêm a exclusão. Assim, como nos afirma Prieto,(2006, p. 69)“... fazer que os direitos ultrapassem o plano do meramente instituído legalmente e construir respostas educacionais que atendam às necessidades dos alunos.”.

De acordo com Gil (2005) é base da Educação Inclusiva: considerar a deficiência de uma criança ou de um jovem como mais uma das muitas características diferentes que os alunos podem ter. E, sendo assim, respeitar essa diferença e encontrar formas adequadas para transmitir o conhecimento e avaliar o aproveitamento de cada aluno.

A Educação Inclusiva implica que TODAS as crianças tenham a mesma oportunidade de acesso, de permanência e de aproveitamento na escola, independentemente de qualquer característica peculiar que apresentem ou não, que todos os alunos com ou sem deficiência participem ativamente de todas as atividades na escola e na comunidade, Cada aluno é diferente no que se refere ao estilo e ao ritmo da aprendizagem e essa diferença é respeitada numa classe inclusiva.

Segundo Minetto, (2008) o real objetivo da inclusão

...é buscar entender o processo de inclusão de crianças com deficiência nas escolas regulares de ensino. A partir dessa busca, perceber quais são os facilitadores e as barreiras desse processo, se a família da criança está pronta para incluir ela no meio social, que é a escola, e se esta se encontra preparada para receber esses alunos com necessidades especiais.”

Conclusão

Temos no nosso país um grande índice de pessoas com algum tipo de necessidade especial, assim a escola e a família desempenham um papel fundamental na inclusão dessas pessoas, sendo fundamental a busca por uma reflexão de como poderemos construir um caminho para uma sociedade mais inclusiva.

Nos dias atuais, encontramos um grande desafio na educação que é alcançar a meta de que todos os alunos tenham ingresso à educação básica de qualidade através da inclusão escolar, com suas diferenças culturais, sociais e individuais. Vemos então a importância da capacitação de profissionais, infraestrutura das escolas e ambientes educacionais e o material didático adequado às variadas necessidades.

É necessário que essa inclusão ultrapasse o ambiente escolar e que outros espaços sejam pensados e preparados para receber pessoas com necessidades educativas especiais. Assim a educação inclusiva é incorporar o diverso, proporcionar uma educação com excelência.

 


REFERÊNCIAS


ARANHA, M. S. F. Integração social do deficiente: análise conceitual e metodológica. Temas em Psicologias, v. 2, p. 63-70, 2002.

 

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria do Ensino Fundamental. Secretaria de Educação Especial. Parâmetros curriculares nacionais. Adaptações curriculares. Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília: MEC/SEF/SEESP, 1998.

 

CAMARGO, Eder Pires de. Inclusão social, educação inclusiva e educação especial: enlaces e desenlaces. Ciênc. educ. (Bauru), Bauru, v. 23, n. 1, p. 1-6, Mar. 2018. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132017000100001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 08 de Jan de 2018.

 

FERREIRA J. R. Reformas educacionais pós LDB: a inclusão do aluno com necessidades especiais no contexto da municipalização. IN: SOUZA, D. B; FARIA, L. C. M. (Orgs) Descentralização, municipalização e financiamento da Educação no Brasil pós LDB. Rio de Janeiro, DP&A, p. 372-390, 2003.

 

GIL, Marta. Educação Inclusiva – O que o Professor Tem a Ver com Isso.São Paulo, 2005. Ed TEC 4. Bibliografia ART

 

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão é o Privilégio de Conviver com as

Diferenças.In Nova Escola, maio, 2005.

 

MANTOAN. E. Tereza. Inclusão escolar. Disponível:<http://www.cee.rr.gov.br/dmdocuments/educ_inclusiva.pdf>. Acesso 10 junho 2013

 

MANTOAN, Teresa E.; PRIETO, Rosângela G. In: ARANTES, Valéria A. (Org.). Inclusão Escolar: pontos e contrapontos. São Paulo: Ed. Summus, 2006. 103p.

 

MAZZOTTA, Marcos José Silveira. Educação Especial no Brasil: História e Políticas Públicas. São Paulo: Ed. Cortez, 2005.

 

MINETTO, Maria de Fátima.Currículo na Educação Inclusiva: Entendendo esse Desafio. São Paulo. Ibpex, 2008.

 

SANTOS, P. Mônica. O papel do ensino superior na proposta de uma educaçãoinclusiva. Disponível:http://www.lapeade.com.br/publicacoes/artigos/Paper%20UFF.pdf . Acesso: 9 abril 2013.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 8ª ed. Rio de Janeiro: WVA, 2010.

 

STROBEL, Karin L. Surdos: Vestígios Culturais não Registrados na História. 2008. 176 f. Tese. (Doutoradoem Educação) – Faculdade de Educação. UFSC, Florianópolis.



1Especialista em Planejamento e Docência do Ensino Superior, e Tradução e Interpretação da LIBRAS, graduada em Licenciatura Plena em Letras/Literatura, professora da Seduc/MT.

 

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Keli Cristina de Lima1

RESUMO

 

 

A preocupação básica desse estudo é refletir sobre a inclusão social de alunos com Necessidades Educativas Especiais em sala de aula, bem como a relação estabelecida entre educador e educando no processo ensino-aprendizagem. Este artigo tem por objetivo entender o processo de inclusão de crianças com deficiências nas escolas regulares de ensino, iniciando assim um estudo baseado no pensamento de MIRANDA (2012), FACION (2008), SANTOS (2007), GALVÃO (2012), CORREIA (2008) entre outros, enfatizando a importância de incluir o educando em sua totalidade, destacando ainda o papel de todos os envolvidos nesse processo, seja a família, a escola ou qualquer outro profissional que diretamente ou indiretamente fazem parte do meio social a que a criança especial está inserida. O ato de incluir é assegurado por lei, porém algumas vezes não é isso que acontece, são inúmeras as desculpas apresentadas para que sua efetivação não seja cumprida, seja no sentido físico ou pedagógico. No entanto a família é responsável pelo início da inclusão, é ela que deve procurar por instituições de ensino qualificadas para inserir a criança no processo educacional, caso sua matrícula seja negada é dever dela denunciar às autoridades competentes a recusa para que esta se faça valer da Lei.

 

Palavras-chave: Educação inclusiva. Aprendizagem. Educando Especial.

 

 

Introdução

O presente trabalho tem como tema principal mostrar para comunidade em geral, a importância da Educação Inclusiva na vida de crianças com necessidades especiais, oferecendo uma educação de qualidade, compreendendo que o Estado não está fazendo favor algum ao educando e sim que esta está amparada por lei, devendo então ser tratado com respeito e dignidade.

Nesta perspectiva, construiu-se questões que nortearam este trabalho:

  • Quais medidas a escola pode adotar para que o preconceito e a discriminação não aconteça no espaço escolar?

  • O que é necessário para criar uma sala de aula verdadeiramente inclusiva?

  • Como propor práticas diferenciadas, de forma a fazer com que a criança especial aprenda e progrida de forma significativa e eficaz?

  • Qual a importância da educação inclusiva para comunidade escolar num todo?

  • Quais leis asseguram que a inclusão aconteça de fato?

  • Como proporcionar uma educação de qualidade ao educando com necessidade especial?

 

A inclusão social escolar vem sendo muito comentada, debatida e difundida pelas mídias, não é concebível aos dias de hoje um educador negar-se a oferecer seu conhecimento ao educando especial. Essas crianças que antes eram excluídas vêm dia pós dia, ocupando seu lugar na sociedade escolar. Trabalhar este tema com os colegas de sala facilita a aceitação e diminui o preconceito que algumas crianças trazem de casa ou da rua, assim aprendem a respeitar e tratar todos igualmente sem distinção de qualquer natureza.

O tema em questão, Educação Inclusiva, ainda encontra uma resistência da sociedade e dos profissionais da educação no sentido de buscar novos caminhos pedagógicos para alcançar objetivos traçados na construção do conhecimento em especial para com estas crianças portadoras de necessidades especiais. É um processo que está em constante evolução e não devem ser limitadas exclusivamente as salas de aulas.

Segundo Minetto, (2008) o real objetivo da inclusão

...é buscar entender o processo de inclusão de crianças com deficiência nas escolas regulares de ensino. A partir dessa busca, perceber quais são os facilitadores e as barreiras desse processo, se a família da criança está pronta para incluir ela no meio social, que é a escola, e se esta se encontra preparada para receber esses alunos com necessidades especiais.(MINETTO, 2008, p. 120)

As barreiras encontradas ao longo do processo ainda são maiores que os facilitadores. As dificuldades apresentadas iniciam na própria família, esta é insegura quanto ao ato de socialização, nesse caso é preciso desenvolver um trabalho de conscientização com apresentação dos benefícios que a criança terá ao iniciar seu caminho escolar. O espaço escolar também apresenta suas barreiras, muitas escolas não estão preparadas fisicamente dentro das normas estabelecidas em lei para receber cadeirantes, ou cegos, por exemplo, nesses casos cabe às famílias e comunidade em geral, reivindicar ou denunciar se for o caso, a negligência visualizada.

A escola inclusiva é um desafio árduo e lento de ser executada, as mudanças que ocorreram ao longo desses anos e as que virão encontrarão muitas dificuldades pelo caminho. O que se vê de fato é “uma posição de resistência e tolerância ao que é diferente no interior das escolas” (BUENO, 2001, p. 27). Essa se depara com um sistema político em que não beneficia a educação especial, aliás, não beneficia a educação de forma alguma. É preciso criar mais leis e efetivá-las, não basta as ter no papel, é preciso colocá-las em prática para que as mudanças exigidas e necessárias realmente aconteçam.

 

Desenvolvimento

Todos sabem o quão a educação é importante nos dias de hoje, aliás, sempre foi e sempre será. Uma pessoa sem educação/formação é como um peixe em águas rasas sob o sol de verão, um dia a água evapora e a necessidade de buscar novas águas, novos conhecimentos virá.

A Educação, num todo, vem se aprimorando ao longo dos anos, o ser humano aprendeu que o melhor caminho a seguir é buscar conhecimento, a própria Constituição Federal prevê em lei a igualdade de acesso à escolarização. No seu artigo 5º encontramos o texto que exprime tal ato: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. No entanto em muitas cidades brasileiras não é possível visualizar o cumprimento da lei maior, trata-se de locais sem mínima estrutura básica de vida, locais estes em que a educação e a saúde não são privilegiadas. A Constituição argumenta sobre a Educação geral e não deixa de mencionar sobre a Educação Inclusiva, menção esta muito discutida.

Incluir uma criança, ou melhor, uma pessoa com necessidades especiais é um processo amplo e precisa da participação de todos da comunidade escolar. É preciso não distinguir condições físicas, mentais, sociais, de raça, de cor ou credo. Esse trabalho exige uma reestruturação cultural, da prática e das políticas vividas nas escolas de modo que corresponda à diversidade ou mesmo à necessidade do aluno.

Meirieu (2012) afirma que:

Abrir a Escola para todos não é uma escolha entre outras: é a própria vocação dessa instituição, uma exigência consubstancial de sua existência plenamente coerente com seu princípio fundamental. Uma escola que inclui não é uma escola [...] A Escola, propriamente, é uma instituição aberta a todas as crianças, uma instituição que tem a preocupação de não descartar ninguém, de fazer com que se compartilhem os saberes que ela deve ensinar a todos. Sem nenhuma reserva”. (MEIRIEU in MIRANDA, 2012, p.19)

 

Nessa perspectiva cabe à escola num todo, proporcionar de fato a inclusão social. A estrutura física da escola deve atentar-se à acessibilidade num todo, objetivando a locomoção livre para todos que circundam nesse espaço. Quanto à parte didática, no que se refere ao processo ensino-aprendizagem é preciso desenvolver políticas coletivas concretas dos profissionais presentes nessa instituição de ensino, de modo a garantir a aprendizagem de todos os alunos, assegurando o acesso ao currículo escolar “por meio de práticas pedagógicas diferenciadas que atendam aos recursos de aprendizagem de cada estudante”. (GALVÃO, 2012)

A troca de experiência entre a classe docente tem papel fundamental nessa busca pela melhor prática pedagógica. SANTOS (2007) argumenta que:

Para a ação docente no contexto da diversidade, necessário se faz trabalhar com redes de encontros. Encontros de saberes, fazeres, reflexões, metodologias, estratégias de ensino, recursos, perspectivas avaliativas, pois, dessa forma, estaremos nos constituindo sujeitos coletivos. Vivemos o tempo de tradução, isto é, o momento de criar diálogos entre diferentes conhecimentos e experiências disponíveis neste mundo tão plural e heterogêneo”.(SANTOS, 2007, p.76)

 

Correia (2008) complementa afirmando que:

...os educadores, os professores e os auxiliares da ação educativa necessitam de formação específica que lhes permita perceber minimamente as problemáticas que seus alunos apresentam, que tipo de estratégias devem ser consideradas para lhes dar respostas”.(CORREIA, 2008, p.28)

 

Nesta visão, não cabe apenas ao professor essa adequação da educação inclusiva, todos os profissionais que ali atuam devem ter conhecimento sobre cada educando e ajudar oferecendo-o um ambiente acolhedor em que o mesmo goste de estar e queira permanecer.

A Educação Inclusiva desenvolve um importante papel na sociedade, atende as crescentes exigências no processo de renovação e na busca pela tão sonhada democracia. Registram-se vários avanços na conquista pela igualdade e efetivos direitos, algumas leis foram formuladas para que esses pudessem ser realmente assegurados:

A Lei número 4024/61 aponta que a educação dos excepcionais deve se enquadrar no sistema geral de ensino, onde o aluno é submetido a uma educação separada da educação regular, este desenvolve atividades em oficinas que mais tarde o leva a postos de trabalho.

Com a Lei 5692/71 oficializou a criação do Centro Nacional de Educação Especial, no entanto por atender um elevado número de especiais que muitas vezes não necessitavam estar ali, seu trabalho foi seletivo, pois algumas jovens/adultos já poderiam frequentar o ensino regular por apresentar um baixo nível de deficiência. Assim, esta lei começou a esvaziar este centro e abriu debate sobre a importância da inclusão de fato do especial no ensino regular.

Como citado no início do artigo, a Constituição Federal de 1988, assegura que a República Federativa do Brasil objetiva o princípio de igualdade de tratamento a qualquer cidadão sem distinção de qualquer natureza. Ainda ressalta a responsabilidade da família e do Estado a cerca do Atendimento Educacional Especializado no ensino regular público para qualquer aluno não podendo a instituição, sob hipótese alguma, negar ou discriminá-lo, considerando crime a recusa de matrícula.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional (LDBEN), sob a Lei 9394/96 estabelece que a educação de pessoas com deficiência deve dar-se preferencialmente na rede regular, sendo dever do Estado ofertá-la e da Família assegurar que seu ente frequente regularmente e tenha uma educação qualificada. Em seu artigo 59, é assegurado currículo, técnicas, métodos, recursos educativos e organização específica que atenda todas as necessidades do educando, prevendo um trabalho inovador no que tange as limitações em decorrência de determinadas deficiências ou um aceleramento para os casos de alunos superdotados.

Várias convenções também aconteceram, entre uma lei e outra, promovendo debates e discussões para traçar metas no que se refere à Educação Especial. Não há um estudo definitivo pronto e acabado sobre a temática, sempre haverá algo a inovar, pesquisar e aprender, pois a Educação Inclusiva abrange todos os níveis de ensino (Educação Básica e Superior). Essa Educação em suas atribuições promove discussões sobre o papel da escola na inserção do indivíduo especial no meio social, Facion (2008) defende que

A busca por uma sociedade igualitária, por um mundo em que os homens gozem de liberdade de expressão e de crenças e possam desfrutar da condição de viverem a salvo do temor e da necessidade, por um mundo em que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os seres humanos e da igualdade de seus direitos inalienáveis é o fundamento da autonomia, da justiça e da paz mundial, originou a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que representa um movimento internacional do qual o Brasil é signatário”.(FACION, 2008, P.55)

 

O Brasil está entre os países em que o preconceito e a discriminação são evidente, muitos não escondem seus olhares frente às pessoas com quaisquer deficiências, seja física ou mental, atualmente, o alto número de pessoas com necessidades especiais levou o Poder Público a repensar suas Políticas Públicas, no que se refere à oferta de escolas com espaços qualificados para tender a demanda e também ao investimento na qualificação profissional do educador que atenderá ao aluno especial. A atuação do educador no processo de ensino-aprendizagem é muito importante, é ele que conduzirá todo aprendizado do educando especial, visa que a família pouco ou nunca está preparada para desenvolver e estimular seu filho nesse processo. Logo a formação continuada é uma forma de reciclar os conhecimentos do educador ao longo de sua trajetória escolar, assim esse poderá desenvolver um trabalho mais qualificado fazendo a diferença na vida dessas crianças com necessidades especiais, estimulando-os de forma eficaz e correta, acompanhado de atenção, carinho, amor, compreensão só assim acontecerá à efetivação de seu desenvolvimento, mesmo que lento, potencializando suas habilidades, desafiando-os a querer sempre mais.

Ser professor é dar condições e oportunidades ao outro de construir os seus próprios sentidos e criar as suas próprias condições para viver em sociedade, (…) o professor é um agente de encantamento (…) é aquele que apresenta os limites e faz florescer as possibilidades criativas e inclusivas” (Candeias).

 

Conclusão

Diante da pesquisa realizada, concluiu-se que Incluir crianças com necessidades especiais vai além de matriculá-las em um ensino regular, seja público ou privado. A Educação Inclusiva requer uma reforma no sistema de ensino e uma melhor adequação do espaço físico e no desenvolvimento de um trabalho pedagógico diferenciado que atenda as necessidades individuais de cada aluno de sua instituição.

Muitas são as leis criadas e sancionadas para assegurar o direito de igualdade a todo cidadão especial no que se referem à educação. No entanto é visível o não cumprimento dessas. O poder público ainda não colocou a educação como prioridade no Brasil, assim sendo é difícil desenvolver um trabalho de qualidade, porém não impossível. Cabe ao educador e coordenação pedagógica escolar desenvolver e criar metodologias e estratégias diferenciadas para assegurar o progresso dessas crianças especiais.

Dessa forma ficou compreendido que é dever da escola acomodar todas as crianças, independente de sua situação, seja por necessidades físicas, ou intelectuais, ou sociais, ou ainda emocionais. É a partir dela também, que o conceito de necessidades educacionais especiais deve ser difundido aos demais membros da sociedade, ressaltando que este tema se define não apenas em deficiências, mas sim em toda e qualquer dificuldade de aprendizagem apresentada pelo educando.

É importante ainda, destacar que colocar simplesmente uma criança dentro de sala de aula não significa que esta esteja inclusa no processo educacional. Muitas vezes o próprio sistema faz de conta que um aluno sentado dentro da sala de aula está inserido no processo de ensino-aprendizagem, de fato está sendo mais um prejudicado desse sistema, estar incluído é fazer parte ativo do processo, com avanços significativos a cada grau de dificuldade apresentado. Daí a importância da formação continuada do educador, logo é fundamental que este esteja preparado para crescer profissional e emocionalmente, porque ser professor vai além de transmissão de conhecimento nos dias de hoje.

 

 

REFERÊNCIAS


________. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. CNE: Brasília, 2001.

 

BUENO, J.G.S. “A inclusão de alunos deficientes nas classes comuns do ensino regular”. Temas sobre o Desenvolvimento. São Paulo: vol.9, n.8, 2001, p. 21-27.

 

CANDEIAS, A. (n.d.). Educação inclusiva: concepções e práticas. Évora: CIEP

FACION, J. R. Inclusão escolar e suas implicações. 2. ed. Curitiba: IBPEX, 2008.

 

MEIRIEU, P. A pedagogia entre o dizer e o fazer: a coragem de começar. Porto Alegre: Artmed, 2002.

 

MINETTO, Maria de Fátima. Currículo na Educação Inclusiva: Entendendo esse Desafio. São Paulo. Ibpex, 2008.

 

MIRANDA, T. G.; GALVÃO FILHO, T. A. (Org.) O professor e a educação inclusiva: formação, práticas e lugares. Salvador: EDUFBA, 2012.

 

SANTOS, B. de S. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. São Paulo: Boitempo, 2007.

 

CORREIA, L. M. Inclusão e necessidades educativas especiais: um guia para educadores e professores. 2. ed. Porto: Porto Editora, 2008.

 

1 Especialista em Metodologia do Ensino da Matemática e da Física, graduada em Matemática e professora da rede particular de ensino de MT.

A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Keli Cristina de Lima1

RESUMO

 

A preocupação básica desse estudo é refletir sobre o papel do educador diante da relação educando/aprendizagem a fim de buscar novos meios para que a aprendizagem realmente aconteça. Este artigo tem por objetivo conceituar didática e prática pedagógica para entender como o educador deve conduzir suas aulas de forma a atrair o educando e por consequência efetivar a aprendizagem. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como ANTUNES (2002), COMENIUS (1952), FREIRE (1985), LIBÂNEO (1994), TIBA (2006), entre outros, procurando enfatizar a importância de uma boa didática utilizada em sala de aula, bem como, compreendendo quão importante é o educador no processo ensino/aprendizagem. Conclui-se que o educador precisa entender que saber apenas sobre sua disciplina já ficou no passado, cabe a ele a busca de novos conhecimentos, meios e técnicas eficazes para atender as necessidades que o educando apresenta em relação aos conhecimentos adquiridos no contexto escolar.

 

Palavras-chave: Didática. Aprendizagem. Educador.

 

Introdução

As transformações que vem ocorrendo na educação exige cada vez mais da classe docente uma educação de qualidade, pois a sociedade necessita de pessoas qualificadas para atuar em seu meio. Dessa forma a escola torna-se responsável em atender a expectativa do mercado globalizado. Nessa perspectiva, na problemática apresenta-se o seguinte questionamento: em que medida a didática pode ser ressignificada a ponto de tornar a prática pedagógica mais atraente?

Dentre as obras literárias sobre didática, este estudo terá embasamento do conhecimento de J. A. Comênio ao introduzir o conceito de didática ao mundo quando quis revolucionar a educação de sua época, Paulo Freire por compartilhar com a humanidade seus feitos sobre a aprendizagem enfatizando a pedagogia da pergunta que possibilita um maior diálogo entre educando e educador fortalecendo o processo de aprendizagem e J. C. Libâneo por exaltar uma didática sistemática pontuando a importância da relação de teoria com prática.

O presente trabalho tem por objetivo compreender em que medida a didática pode ser ressignificada a ponto de tornar a prática pedagógica mais atraente nos educandos, conceituando ainda o termo didática, pesquisando sobre práticas pedagógicas que podem ser utilizadas em sala de aula para que o mesmo compreenda os conteúdos com maior facilidade.

 

Desenvolvimento

A educação é um tema a ser estudado constantemente e é através desse que a humanidade vive e se organiza em sociedade. A escola não pode estar alheia as necessidades básicas do meio social, pois é nela que a mesma vem se apoiando para desenvolver nos jovens a capacidade do pensamento crítico, a necessidade de aprender como aprender, a tomar decisões, a buscar seus ideais, a trabalhar e sobreviver em grupo, "desde o início da história da humanidade, os indivíduos e grupos travavam relações recíprocas diante da necessidade de trabalharem conjuntamente para garantir sua sobrevivência" (Libâneo, 1994, p.19). Nesse pensamento a função da escola é a formação de cidadão crítico, ativo, reflexível e autônomo, porém, esta, está encontrando algumas dificuldades pelo caminho e uma delas está relacionada à prática docente.

O educador assume papel fundamental nesse confronto de ideias, escola-sociedade, é ele o responsável pela permanência ou abandono dos educandos do banco escolar. Muitas vezes a escola deixa de ser atraente ao educando, facilitando assim a evasão escolar. Sua função é sim manter o educando na escola e oferecer-lhe o conhecimento científico correlacionando com sua vivência prática. Dessa forma se torna importante as habilidades e a criatividade que o ser humano tem, o educador precisa entender que é um agente transformador, que muitos educandos dependem dele para se tornarem adultos críticos e conhecedores do mínimo saber. 

Atrair e oferecer uma educação de qualidade, não é tarefa fácil, o educador precisa estar atento as transformações que ocorrem na sociedade para que suas aulas sejam planejadas de forma atrativas e prazerosas. A partir desse ponto é que a didática a ser utilizada em sala define sua efetiva aprendizagem, esta só acontece se ambas as partes estiverem envolvidas no processo ensino-aprendizagem. O educador como mediador tem a função de conduzir o conhecimento ao educando, orientando-o, questionando o que já sabe e aprimorando seus conhecimentos.

O ser humano é capaz de aprender e ensinar de forma sistêmica e observativa, a história nos conta que a primeira forma de ensino, hoje a didática. O termo didática tem origem grega e significa “a arte de ensinar”, é uma prática dotada de desafios e foi Comênio (1592 – 1970) que deu os primeiros passos na compreensão de seu significado difundindo seus ensinamentos em seu livro intitulado: “Didática Magna”. Comênio percebeu que as crianças passam por estágios de desenvolvimento e como é importante respeitá-los, assim como a construção do conhecimento sendo desenvolvida pela experiência, observação e ação, outro ponto de destaque foi seu entendimento sobre a punição, descrevia-a como não produtiva ao processo de ensino/aprendizagem, destacando assim que somente o diálogo será capaz de produzir o conhecimento necessário. Ele acreditava ainda que o educador deva saber trabalhar interdisciplinaridade com afetividade em um ambiente escolar arejado, bonito, com espaço livre e ecológico. Seus pensamentos estavam além da época em que viveu, por isso nos dias atuais ainda é preciso seus ensinamentos quanto a Didática adotada e sua função social. No período em que Comênio viveu as aulas eram ministradas apenas com o intuito de repassar os conhecimentos encontrados nos livros sem a mínima preocupação de contextualização e aprendizagem significativa.

Nos dias de hoje essa teoria não é mais aceitável, os educandos são mais perceptivos e já sabem diferenciar os educadores com ou sem didática, com ou sem conhecimento científico, dessa forma é preciso formar educadores com capacidade de evoluir assim como a sociedade evolui, com pensamentos abertos aos diferentes conceitos de vida que se encontra em diferentes grupos sociais.

A utilização de uma didática atrativa justifica a vontade do educando em aprender e permanecer em sala de aula, pois um dos maiores desafios que a classe docente enfrenta hoje é atrair a atenção desses jovens sedentos de tecnologias. Neste sentido cabe ressaltar que o educando deve se sentir atraído e envolvido na dialética ensino/aprendizagem e para tal é preciso despertar nele a vontade de aprender e querer continuar aprendendo, oferecendo aulas dinâmicas, concisas e criativas com metodologias adequadas para atender suas expectativas.

Segundo Libâneo (2002):

A razão pedagógica, a razão didática, está associada à aprendizagem do pensar, isto é, a ajudar os alunos se constituírem como sujeitos pensantes, capazes de pensar e lidar com conceitos, para argumentar, resolver problemas, para se defrontarem com dilemas e problemas da vida prática. Democracia na escola hoje, justiça social na educação, chama-se qualidade cognitiva e operativa do ensino. (LIBÂNEO, 2002, p.26)


O docente com essa visão de educação está à frente dos demais, pois além de se preocupar com o currículo, observa o educando num todo, suas características individuais e sociais, pensa uma melhor maneira de atingi-lo, de ensiná-lo com significado, propondo uma metodologia diferenciada, valorizando os conhecimentos prévios e motivando-o a busca incessante do conhecimento, baseado no diálogo e trocas de experiência (Freire, 1985). Completando o pensamento sobre o ‘educador ideal’, PERRENOUD (2000) relaciona dez domínios de competências que considera de fundamental necessidade na formação de docentes:

 

...”organizar e dirigir situações de aprendizagem; administrar a progressão das aprendizagens; conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho; trabalhar em equipe; participar da administração da escola; informar e envolver os pais; utilizar novas tecnologias; enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; e administrar sua própria formação contínua.”

 

Ser professor é uma tarefa árdua e difícil na atual conjuntura em que a sociedade se encontra. O estudante não quer mais saber de aulas expositivas em que não pode expressar sua opinião. A tecnologia está competindo de igual para igual e o maior desafio do professor é como utilizá-la a seu favor. Nesse contexto, cabe a ele, buscar ferramentas e novas estratégias para atrair a atenção do aluno e consequentemente a aprendizagem. Uma aula em que o aluno é indagado sobre conteúdos da aula anterior, sobre sua opinião a cerca do assunto, sobre sua experiência com certeza terá maior significado na vida escolar dele do que a aula monótona, cansativa em que o professor é apenas um palestrante frente a uma plateia sem voz.

Um bom professor busca saber, quer ensinar e vai ensinar, traça metas e objetivos, elabora plano de ensino com base na realidade em que seu aluno está inserido. No entanto há escolas que ainda adotam o mecanismo tradicional como ferramenta de trabalho, estas enobrecem a bagagem que o professor traz consigo dispensando novas técnicas e métodos para melhor expansão do conhecimento, um exemplo claro é a utilização de provas quantitativas como meio de avaliar, no caso, não é possível falar em avaliação e sim em medição de conteúdos repassados, que foram memorizados e posteriormente escritos com todos os pontos aos qual a fala do professor se ateve.

É de fundamental importância a reflexão do professor sobre sua prática pedagógica, sobre sua real função na formação do indivíduo, sobre o seu papel como mediador do conhecimento. Esse repensar suas ações perpassam por indagações sobre sua aula: ela é bem planejada? Há tempo disponível para um diálogo? O que está tendo de atrativo para aquele aluno que deixa sua casa e todos os aparatos tecnológicos de que gosta e senta-se em um banco escolar para ouvi-lo? Aqui é imprescindível responder as perguntas clássicas de o que, como e por que fazer, de maneira a atender as expectativas de uma educação de qualidade.

Todos esses mecanismos remontam ao princípio básico da educação, a construção do conhecimento, encaminhando o educador a conduzir sua aula para uma aprendizagem efetiva. Numa abordagem paradoxal muitos são os ensinamentos que norteiam o processo ensino-aprendizagem, alguns com traços fortes do tradicionalismo, outros com abordagens mais significativas para o educando, posicionando-o como agente principal na sociedade, porém o enfoque maior fica sob responsabilidade da didática que oportuniza o ensinar e aprender do educador e do educando, respectivamente, como forma de interação e trocas de conhecimentos, colocando o professor como mediador do conhecimento e aprendiz ao mesmo tempo, pois erra muito aquele que pensa que sabe tudo e que não precisa estudar mais “seus conteúdos”.

Assim a figura do docente sempre estará à frente da educação, vem tecnologia, novos estudos, mas a presença física do educador se faz necessária para mediar o conhecimento do mundo real para com o educando. Dessa forma é sua a função de buscar incansavelmente novos métodos de ensino que visem o interesse e a aprendizagem do educando, que o fortaleça no sentido da criticidade e da reflexão por meio de questionamentos que geram uma desacomodação do seu atual conhecimento. O meio social visa hoje um cidadão capacitado, com características incomuns aos demais, com embasamento científico do conteúdo (teoria), mas com base prática, além de autocontrole emocional e psíquico, com capacidade de lidar com adversidades que ocorrem no meio social.

Assim fica evidente que o processo de ensino/aprendizagem é de responsabilidade do educador, saber e saber ensinar são duas condições de existência na atualidade, o bom profissional da educação busca sempre uma saída para todas as intempéries que surgem em sua prática escolar.


Conclusão

 

Diante da pesquisa realizada, concluiu-se que a educação precisa de uma atenção especial, principalmente no aspecto docente, no que diz respeito ao pedagógico. O educador é um agente que atua diretamente no processo ensino/aprendizagem, os meios e técnicas que utiliza devem ser as mais variadas possíveis para que haja a efetivação do aprendizado do educando, pois competir com os atrativos que o meio social fora da escola está oferecendo está cada vez mais difícil, por isso a aposta numa proposta pedagógica de qualidade é a melhor saída na atualidade. Libâneo (1994) interage nesse ponto afirmando que “a escola cumpre funções que lhe são dadas pela sociedade que, por sua vez, apresenta-se constituída por classes sociais com interesses antagônicos...”

O bom profissional da educação hoje está preparado para suprir e contornar as mais diversas situações que lhe aparecem cotidianamente. De fato ser educador já foi um quebra galho, ou uma profissão do acaso, qualquer escola que se presa busca profissionais gabaritados, com visão do mundo pós moderno, com criatividade, capacidade e vontade de aprender cada vez mais.

 

 

REFERÊNCIAS


ANTUNES, Celso. Novas maneiras de ensinar, novas formas de aprender. Porto Alegre: Artmed, 2002

 

BECKER, Fernando. Epistemologia do professor: o cotidiano da escola. Petrópolis: Vozes, 1993

 

COMENIUS, J.A: Didática Magna. São Paulo, Calouste Gulbenkian, 1952.

 

FREIRE, Paulo; FAGUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.

 

LIBÂNEO, J. C. Didática. 22ª ed. São Paulo: Cortez, 1994.

 

LUCKESI, Cipriano. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 1991.

 

MARTINS, Pura Lúcia O. A Didática e as contradições da prática. 2. ed. Campinas. Papirus, 2003.

 

PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes

Médicas Sul, 2000.


SANTOS, A. R. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 4.ed. Rio de Janeiro, RJ: DP&A, 2001. 144p.


TIBA, Içami. Ensinar aprendendo: novos paradigmas na educação. 18. ed. ver. e atual. São Paulo: Integrare, 2006.


1Especialista em Metodologia do Ensino da Matemática e da Física, graduada em Matemática e professora da rede particular de ensino de Mato Grosso.

SENTIDO DA DOCÊNCIA SUPORTADA PELO USO DA INFORMÁTICA EDUCATIVA

 

Marcia da Rocha Lourenço Olgado1

Artigo científico apresentado à Faculdade de Educação da Finom, como requisito parcial para a obtenção do titulo de especialista em Pedagogia.

 

RESUMO

 

Este artigo traz algumas reflexões sobre o uso da Informática na Educação, partindo do ponto de vista de alguns autores. A educação é fator primordial na vida do ser humano e fazer com que ela seja uma aliada na vida desses indivíduos faz-se importante lembrar que a educação tem de acompanhar as mudanças exigidas pela sociedade que está em constante evolução. Neste sentido, a formação constante dos docentes é imprescindível. Este estudo buscou em seus objetivos: (a) analisar as contribuições que o uso da Informática Educativa pode trazer para o processo de aprendizagem dos educandos; (b) saber também com que propósitos a Informática Educativa é inserida no âmbito escolar. A pesquisa é de cunho qualitativo usando como instrumento para coleta de dados o levantamento bibliográfico. Os resultados da pesquisa apontam que os sujeitos envolvidos almejam por uma educação melhor voltada para o uso das tecnologias com maiores respaldos, principalmente, no desenvolvimento da aprendizagem dos educandos.

 

Palavras-chave: Educação, Informática Educativa, Docência.

 

 

Introdução

 

 

Essa pesquisa buscou saber se o sentido da docência incrementada pelo uso da Informática Educativa favorece o desenvolvimento da aprendizagem dos educandos, bem como conhecer a importância desta ferramenta na busca do conhecimento.

A sociedade passa por constantes transformações, com isso, surge um grande desafio no ambiente escolar, à mudança da didática vigente por uma didática que incorpore os recursos tecnológicos existentes em nosso meio e que possibilite ao indivíduo tornar-se cada dia mais independente. Nesse contexto de mudanças, faz-se necessário que a sociedade contemporânea introduza no espaço escolar as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) para que as formas de construção do conhecimento consigam obter a partir de seu objetivo principal que é o processo de mediar à aprendizagem, resultados satisfatórios quanto à construção do conhecimento de cada sujeito histórico. Libâneo (2002, p. 16) nos diz que “a didática contemporânea não pode mais ignorar esse importante conteúdo que são as tecnologias da comunicação e da informação, tanto como conteúdo escolar quanto meios educativos”.

A educação é vista como espaço gerador de conhecimento e todos nós temos direitos à aquisição desse conhecimento de forma que possamos construir nossa própria identidade, seres capazes de decidir sempre pelo melhor em nossas vidas. Uma educação humanizada e reconhecida como parte integrante de um ser que vive em uma sociedade individualista e excludente.

Apesar de a educação vigente nas escolas nem sempre propiciar aos indivíduos uma educação direcionada para formação de cidadãos críticos e sabedores de seus direitos e obrigações, torna-se imprescindível cultivar nas escolas uma política que se cogitem as transformações no interior da escola, uma vez que esta necessita promover uma educação voltada para o desenvolvimento do estudante em todos os aspectos. Segundo Libâneo (2002, p. 16), “a escola é o mundo do conhecimento, e é o conhecimento que possibilita leitura crítica da informação”. Libâneo nos faz questionar se a escola é mundo do conhecimento, por que nossas crianças, jovens e adultos fracassam na escola?

O grande desafio é a utilização da Informática Educativa no contexto escolar e para que possa trazer aos educadores e alunos novas oportunidades de aprendizagem, faz se necessário que o professor faça as intervenções indispensáveis para que as transformações possam representar ganhos na aprendizagem dos estudantes. Segundo Libâneo (2002, p. 16), “é na escola que se pode fazer, professores e alunos juntos, a leitura crítica das informações e familiarizá-los no uso das mídias e multimídias”.

Cabe à escola planejar o uso da Informática Educativa e oportunizá-la a todos pensando em uma possível mudança para melhorar a situação da educação no Brasil. Para que essa educação esteja voltada para a melhoria da qualidade do ensino é preciso que todos se integrem, como afirma Moran (2000, p. 15): “nosso desafio maior é caminhar para um ensino e uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano”.

A pesquisa foi desenvolvida tendo como base o levantamento bibliográfico que possibilitou a construção teórica do tema, no qual utilizamos o método de pesquisa qualitativa. Segundo Goldenberg (2005, p. 14) “na pesquisa qualitativa a preocupação do pesquisador não é com a representatividade numérica do grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, de uma instituição, de uma trajetória etc.” Goldenberg (2005, p. 49) afirma, ainda, que “os dados da pesquisa qualitativa objetivam uma compreensão profunda de certos fenômenos sociais apoiados no pressuposto da maior relevância do aspecto social”.

O uso da Informática na Educação deve voltar-se para a valorização dos direitos sociais de cada aluno, incentivando a construção de um ambiente livre, sem desigualdades no que concerne o sentido educacional, para que os estudantes de baixa renda encontrem esta oportunidade no contexto da sala de aula, pois ao deixarmos de compreender essa realidade, deixaremos, no mínimo, de contribuir com a formação pessoal e social desses cidadãos.

 

Desenvolvimento

IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DOCENTE NO CONTEXTO DE MUDANÇAS

 

A Tecnologia Educacional por si só não fará diferença, faz-se necessário à busca por uma política educacional voltada para a realidade sem ter que, muitas vezes, reprimir à conhecimento do educando, sem buscar meios para que esse conhecimento já adquirido venha cada vez mais se desenvolver, mostrando aos alunos que a escola é um espaço onde eles podem construir o conhecimento deixando de tratá-los, muitas vezes, como seres desprovidos de qualquer conhecimento. Freire (1996, p. 47) ressalta que:

[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, as perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento.

 

O grande desafio é usar a tecnologia como uma ferramenta pedagógica que possibilite a integração dos conteúdos, dando condições para que o professor possa tratar da realidade junto aos alunos e usando a Informática Educativa como apoio nesse processo. Para que a prática tradicional de uso das tecnologias computacionais fortemente empregadas nos processos de ensino deixe de existir, faz-se necessário notar que: o uso da Informática Educativa no contexto escolar seja planejado e orientado para construção do conhecimento. É importante que os professores e a direção das instituições escolares tenham em mãos o Projeto Pedagógico da escola para, a partir desse projeto, os educadores se situarem e construírem com base nos interesses e necessidades dos seus alunos o seu próprio projeto de aprendizagem, visando sempre à mediação pedagógica, a integração de novas tecnologias e os conteúdos necessários para cada fase de desenvolvimento do educando pensando em uma nova forma de mediar à construção do conhecimento, contribuindo, assim, para melhoria da educação.

No entanto, para fazer a mediação pedagógica, o professor precisa acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, ou seja, entender seu caminho, seu universo cognitivo e afetivo, bem como sua cultura, história e contexto de vida. ( PRADO, 2007, p. 12)

Nessa perspectiva, faz-se necessário que o professor planeje suas aulas de forma que possa dar abertura para interrogações, que possam surgir no decorrer das aulas e que não estejam inseridos no planejamento escolar. É importante que o docente esteja motivado na busca pela mudança de conceitos, aceitando o novo e fazendo parte dele, pensando sempre no auto-desenvolvimento do educando, pois as práticas que valorizam a transmissão do conhecimento, que não aceita o conhecimento do aluno, jamais farão alguma diferença.

A educação é primordial em nossas vidas, somente pela educação conseguiremos alcançar os objetivos que almejamos. Muitas vezes, nos tornamos incapazes de decidir o que é melhor para nossa vida por desconhecermos o real significado da questão, por sermos leigos no assunto e não sermos críticos o suficiente para entermos realmente do que se trata, ficando de fora do nosso próprio contexto histórico. Freire (apud SILVA, 2005, p. 42) já articulava que:

Cada vez mais sentíamos, de um lado, a necessidade de uma educação que não descuidasse da vocação ontológica do homem, a de ser sujeito, e, por outro lado, de não descuidar das condições peculiares de nossa sociedade em transição, intensamente mutável e contraditória.

 

Esse tipo de educação, muitas vezes, ainda não é encontrado nas práticas pedagógicas dos docentes, por falta de conhecimento ou por medo de aceitar o novo e procurar adequar sua prática à necessidade da sociedade que passa por mudançãs e exige uma nova maneira de pensar e educar. Essa nova maneira de educar necessita incluir em seu cotidiano os diversos recursos disponíveis, em especial, os computadores e toda a rede de informação. O educador inquiridor não se acomoda diante dos problemas, mas sim está sempre atento, procurando e promovendo mudanças e esse tipo de profissional é o que realmente a sociedade e a escola precisam.

Nesse sentido, destacamos a imperiosa necessidade de fortes investimentos em cursos de formação continuada direcionada aos docentes, pois o desafio que os professores encontram diante das novas tecnologias é imenso e depende muito da capacitação a eles oferecida, da colaboração da equipe diretiva, de apoio das políticas governamentais, e de seu compromisso para que haja sucesso na busca de se aperfeiçoar e aprender junto com seus alunos. Segundo Moran (2000, p. 71)

O acesso ao conhecimento e, em especial, à rede informatizada desafia o docente a buscar nova metodologia para atender as exigências da sociedade. Em face da nova realidade, o professor deverá ultrapassar seu papel autoritário, de dono da verdade, para se tornar um investigador, um pesquisador do conhecimento crítico e reflexivo.

 

Nesse sentido, a implantação das tecnologias na escola não fará diferença se o professor não estiver empenhado no processo de mudança dentro da sala de aula, pois não é o fato de estar diante de um computador que as aulas serão mais comprometidas com a aprendizagem, mas é muito importante que o professor faça uma auto-avaliação de sua conduta para que no ambiente informatizado seja apenas continuação de sua prática na busca pelo conhecimento. Compreendemos que o fato de existir nas escolas um Laboratório de Informática, não significa que a escola esteja usando de forma adequada e necessária para o conhecimento e aprendizagem dos alunos, em algumas vezes, está lá apenas para preencher um espaço instituído por alguém.

 

APOIO AOS DOCENTES NA VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO

 

No atual cenário é imprescindível que a escola busque meios para valorizar e incentivar as crianças na construção do seu próprio conhecimento, pois, muitas vezes, as dificuldades encontradas pelo docente são imensas e se tornam uma barreira, ao ponto que o desestimula a empenharem-se pelas mudanças de uma prática que não torne os alunos sujeitos indiferentes, passivos da realidade, prontos a seguir modelos. Nesse sentido, Straub (2002, p. 29) nos diz que:

A construção do conhecimento do aluno deve ocorrer por meio de um processo interativo deste com o professor, no qual o professor será o mediador do processo ensino-aprendizagem através da mediatização das tecnologias de informação e de comunicação, principalmente o computador e a internet.

 

É interessante que haja troca de saberes, que alunos e professores aprendam juntos, mas para que isso ocorra há a necessidade de o professor se sentir motivado a buscar mudanças na atuação docente. Faz se necessário que à formação do professor esteja voltada para suprir as novas exigências da sociedade, se o professor não tem habilidade em trabalhar com a Informática Educativa, faz se necessário que ele se habilite e esteja informado dessa realidade, pois ao contrário disso, sua falta de interesse com sua formação mostra também sua falta de compromisso com a educação e, ao mesmo tempo, com alunos que estão sobre sua responsabilidade. Para Libâneo (2004, p. 77):

O professorado, diante das novas realidades e complexidade de saberes envolvidos presentemente na sua formação profissional, precisaria de formação teórica mais aprofundada, capacidade operativa nas exigências da profissão, propósitos éticos para lidar com a diversidade cultural e a diferença, além, obviamente, da indispensável correção nos salários, nas condições de trabalho e de exercício profissional.

 

Por muito tempo, o professor vem culpando a falta de incentivo do governo em relação à educação, principalmente, com referência ao salário dos professores, compreendemos que tal fator é extremamente importante para o bem estar do professor, mas sabemos também que muitos professores trabalham sobre as mesmas condições, sabem de seu compromisso assumido e trabalham de forma responsável de modo a fazer a diferença.

O uso da Informática Educativa tem revelado ao longo das pesquisas que de maneira sensata só pode oferecer benefícios à aprendizagem e que a realidade vivenciada mostra que apesar da precariedade dos computadores e do descaso existente nas escolas públicas, percebemos que essa ferramenta pedagógica tem proporcionado aos alunos muito entusiasmo e motivação.

Para que os objetivos possam ser alcançados através da Informática Educativa, devemos agregar aos valores educacionais propostas didático-metodológicas que surpreendam os educandos de modo que as situações didáticas sejam construtivas e interessantes ao ponto de prender sua atenção para o momento de aprendizagem. A escola precisa ter um olhar mais abrangente, no sentido de criar políticas e mecanismos fortes e favoráveis ao pleno desenvolvimento dos educandos. Isso ela não consegue sozinha, precisa mobilizar toda a comunidade e sociedade civil para que façam valer as diretrizes que norteiam a prática e disseminação das Tecnologias da Informação e da Comunicação nas escolas das esferas públicas de ensino.

As políticas de educação, quando existem, os programas de formação em serviço, as propostas curriculares, as inovações em material didático e metodologia etc. têm pouca eficácia porque há questões de base não resolvidas como: falta de políticas educacionais globalizantes e investimentos na educação, baixos salários, formação profissional precária, falta de cultura de base do professorado, degradação da profissão docente. A maioria dos Estados e Municípios mantêm a escola pública e os professores no limite da inanição. (LIBÂBEO, 2002, p.61)

 

Faz-se necessário que os órgãos governamentais pensem em propostas de formação continuada aos educadores, pois não adianta ter os recursos tecnológicos inseridos na escola e não receberem a formação necessária para otimização do uso educativo destas ferramentas como suporte à docência. Não adianta o MEC através da Secretaria de Educação a Distância (SEED) disseminar os equipamentos às escolas se o Estado, através das Secretarias de Estado de Educação não cumprir com essa parceria.

Numa sociedade repleta das novas tecnologias da comunicação e da informação, nenhum educador hoje pode ignorar a presença das mídias, seu papel, sua utilização em sala de aula. Em função disso, os professores precisam preparar-se para serem consumidores críticos das mídias, e para ajudar os seus alunos a se relacionarem criticamente com elas (LIBÂBEO, 2002, p.110).

 

Nessa perspectiva, faz-se necessário que os cursos de formação continuada de educadores para integração das tecnologias digitais no âmbito educacional levem os educadores a acreditar e visualizar a importância da utilização das tecnologias na educação, buscando fazer uma reflexão das suas ações e, ao mesmo tempo, criarem mecanismos de aprendizagem com suporte desses recursos.

Na atualidade, faz-se necessário educar para a coletividade, seres preparados para enfrentar qualquer situação na vida, para saber decidir por si próprio, respeitando o limite do outro, dependendo do sucesso do outro para também ter sucesso, inclui também o respeito pelo meio em que vivemos. Lévy vem nos dizer que:

[...] ninguém é inteligente ou estúpido como um todo. É preciso que nos habituemos a pensar as pessoas como grupos, sociedades. Qualquer julgamento feito sobre o grupo como um todo, sem distinção dos indivíduos que compõem, será necessariamente injusto. (LÉVY, 1993, p. 165)

 

Lévy aponta a necessidade da vida em sociedade, pois somos seres capazes de toda e qualquer atividade, alguns em grau diferente um dos outros, então o trabalho em grupo unirá as opiniões, favorecendo, assim, a construção de uma aprendizagem que impulsione os sujeitos para a vivência coletiva. Diante disso, consideramos que as tecnologias de forma geral são relevantes para contemplar a tão desejada melhoria da educação.

O professor é uma peça fundamental na construção do conhecimento, pois atua como mediador para facilitar a aprendizagem através da máquina. A sua contribuição pedagógica faz com que as aulas utilizando a Informática encontrem seu verdadeiro significado que é o de facilitar a construção do conhecimento e propiciar meios para que a educação aconteça.

 

Conclusão

 

A educação é vista como a chave principal para a construção e desenvolvimento do nosso conhecimento, hoje está claro que os melhores empregos e os melhores salários são sempre das pessoas que buscam se aperfeiçoar a cada dia e esse aperfeiçoamento se dá através da educação de qualidade que não viabiliza a transmissão do conhecimento, mas sua construção por meio de uma realidade inovadora e livre, uma educação que procura por meio de seu objetivo principal que é construir, formar cidadãos dignos de decidir sempre pelo melhor em qualquer momento de sua vida.

 

O grande objetivo a ser atingido com a integração das tecnologias da informação e comunicação nas escolas é o de contribuir para a democratização de saberes socialmente significativos e desenvolvimento de capacidades intelectuais e afetivas, tendo em vista a formação de cidadãos contemporâneos. (LIBÂBEO, 2002, p.116)

 

Com a realização desta pesquisa percebemos que a Informática Educativa é extremamente importante para educação de uma forma geral e o que muitas vezes deixa a desejar à forma como é usada. Consideramos que a Informática Educativa é inserida no contexto escolar com o propósito de melhorar o processo de aprendizagem e torná-lo mais dinâmico. Para que o processo educacional seja diferente das práticas vigentes com a utilização dessa ferramenta tecnológica, faz se necessário que os professores se comprometam mais com essa realidade, de ensino e estejam buscando mecanismos para dar suporte a uma prática presente em nossa sociedade.

 

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. 33ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

 

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? : novas exigências educacionais e profissão docente. 8 ed.- São Paulo: Cortez, 2004.-(Coleção Questões da Nossa Época).

 

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.

Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.

 

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

 

MORAN, José Manoel, MASETTO, Marcos T. E BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógicas. 12 ed. Campinas, SP: Papirus, 2000.

 

MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. 12 ed. SP: Papirus, 1997. (Coleção Práxis)

 

SILVA, Albina Pereira Pinho. O uso das tecnologias da informação e da comunicação: uma pedagogia democrática na escola. Programa de Pós-Graduação Em Educação. Porto Alegre, 2005.

 

STRAUB, Sandra Luzia Wrobel. O computador no interior da escola pública: avanços, desafios e perspectivas do / no ProInfo. Florianópolis: UFSC, 2002. 124 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação, Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

 

VALENTE, José Aramando (Org.). O computador na sociedade do conhecimento. Campinas, SP: UNICAMP/NIED. 1999. Disponível em: <http:www.nied.unicamp.br/oea/pub/livro1/>. Acesso em 05/10/2007.

1 Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, Campus Universitário de Juara-MT. Pós-Graduada pela Faculdade de Educação da Finom. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..