MUSICALIZAÇÃO COMO RECURSO DIDÁTICO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Maria Aparecida Pires da Silva Cavalher
Angela Oliveira da Silva
Edna de Oliveira
Glaucia Brissow Realto
1 RESUMO
Este artigo busca apresentar algumas propostas de trabalho com música na educação infantil, analisando também como os professores vêm desenvolvendo esse tema em sala de aula e como a musicalidade contribui na aprendizagem dos alunos do Berçário – Maternal – Pré. Durante esse trabalho foram realizadas pesquisas em uma Escola Municipal da cidade de Alta Floresta-MT. Através dos questionários respondidos pelas professoras que utilizam da musicalização na sala de aula e das observações na escola com as crianças, pode-se ter uma visão de como as mesmas estão aprendendo, tendo sempre o respaldo de documentos como os (PCNS), Parâmetros Curriculares Nacionais para Educação Infantil, o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI), Lei de Diretrizes e Bases (LDB), também considerando a visão de autores como Piaget, Brito, Daniel J. Levitin, leis e documentos legais que orientam o ensino de música no meio educacional.
Palavras-chave: Musicalização. Cultura. Aprendizagem.
2 INTRODUÇÃO
Esse artigo foi elaborado com intuito de mostrar a realidade de se trabalhar musicalização na escola anos dias atuais, pois a música é a arte de combinar sons e silêncio. Ela é parte integrante da vida, afinal a música existe e sempre existiu, está presente em vários momentos do cotidiano, pois é uma linguagem de comunicação, que tem o poder de ensinar, sensibilizar, alegrar, distrair, emocionar e causar a sensação de liberdade e de bem estar. Em cada época, a linguagem musical foi interpretada, definida e entendida de diferentes maneiras, de acordo com os valores e o modo de pensar de cada cultura. É algo mágico, que transforma os seres humanos, capaz de marcar momentos importantes da vida e de criar vínculos com a aprendizagem. De acordo com os documentos do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI):
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. (BRASIL, 1998, p. 45).
Diante do exposto, a Educação Infantil tem um papel fundamental ao trabalhar a música dentro da sala de aula. É preciso deixar claro neste momento que o trabalho de musicalização na Educação Infantil, não tem o objetivo de formar instrumentistas e tampouco ensinar teoria musical, a música deve ser desenvolvida com riqueza, proporcionando liberdade às crianças, visando ao desenvolvimento da paciência, do raciocínio e da sinceridade.
Portanto, pode-se perceber que a música está envolvida em vários lugares, nas diferentes formas, cada uma delas com uma finalidade a ser alcançada e se acredita que o desenvolvimento do aluno está ligado ao estímulo que recebe, então, há uma grande necessidade de passar para essas crianças algo renovador e alegre que se encontra através do conhecimento musical.
As professoras encontram algumas dificuldades em inserir esse tema no cotidiano do aluno, acabam improvisando e utilizando a música apenas para descontração, isso é ruim para o desenvolvimento da criança. Uma forma de incluir a música na sala de aula é utilizar os próprios recursos que a escola já possui, mas trabalhando de forma correta, passando para as crianças a importância e o valor da cultura musical. De acordo com Teca Alencar de Brito:
Ensinar música, a partir dessa óptica, significa ensinar a reproduzir e a interpretar músicas, desconsiderando as possibilidades de experimentar, improvisar, inventar como ferramenta pedagógica de fundamental importância no processo de construção do conhecimento musical. (BRITO 2003, p. 52).
Por isso, é de grande importância que as professoras trabalhem com planejamento para evitar improvisos e, também, ensinar as crianças a reproduzir, mas sempre oportunizando a criação e a interpretação, pois é isso que faz com que o aluno consiga interagir com o meio musical.
Tendo em vista as considerações feitas acima, o objetivo dessa pesquisa é mostrar, no primeiro capítulo, o que de fato é o trabalho de musicalização e destacar o ensino de música nos dias atuais. No segundo capítulo, apresentar-se-ão as contribuições e efeitos da música na Educação Infantil focando especificamente nas turmas do Berçário; Maternal e Pré-escola. Apresenta-se, também, uma pesquisa de campo, cuja coleta de dados foi feita através de questionários e entrevistas com profissionais da Educação Infantil para a análise do desenvolvimento e as possíveis contribuições que a música pode propiciar.
3 MATERIAL E METODOS
Em busca da confirmação do que foi estudado no que se refere ao ensino da música com enfoque na Educação Infantil, buscaram-se dados mais concretos através de um questionário que foi aplicado às professoras, com o intuito de identificar se elas consideravam a música importante na educação dos alunos e se a escola dá o respaldo necessário para que aconteçam as aulas de musicalização.
Foi possível observar e apresentar aqui neste artigo a realidade dentro da escola de Educação Infantil situada na cidade de Alta Floresta, MT. Porém antes de quaisquer dados precisa-se ter uma melhor compreensão do que os teóricos dizem sobre este tema tão atual e tão discutido nas escolas. Segundo Jean Piaget: ―A construção do conhecimento ocorre quando se estabelece uma interação com o ambiente, a música enquanto parte desse ambiente possibilita à criança desenvolver-se de forma mais completa passando a atribuir novos significados para as experiências vividas e os conhecimentos adquiridos‖. (PIAGET, 1964, p. 3).
Portanto, a música possibilita à criança se desenvolver de forma mais completa. A educação infantil é a base de toda a vida adulta, logo, é necessário que as professoras estejam sempre se informando na área musical, para conseguir passar um ensino de qualidade, pois é através da musicalidade que se pode perceber como esta pode transformar a vida da criança.
Para tanto é necessário que as professoras tenham conhecimentos adequados para desenvolver técnicas e assim aplicar conteúdos que possam prender a atenção dessas crianças, percebendo o quão realmente se está inserido em um mundo onde se tem sons e movimentos o tempo todo, podendo, também, trazer para a sala de aula instrumentos diversos para aprimorar esse conhecimento, que é o principal objetivo de um ensino aprendizagem de qualidade. Segundo Vera Lúcia Pessagno Brescia
A musicalização é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação. (BRESCIA, 2003, p.10). Pode-se ver que as contribuições da música na construção do conhecimento são várias, tudo isso só será possível com um trabalho bem elaborado, sempre incentivando a criação do aluno, aguçando sua imaginação e despertando, na Educação Básica, a criatividade, sem esquecer-se de trabalhar o movimento, que é importante na área da música, utilizando vários meios de se trabalhar a música. Portanto, todas as escolas públicas e privadas do Brasil devem incluir o ensino de música em suas grades curriculares. Nas escolas, a música não deve ser necessariamente uma disciplina exclusiva, ela pode integrar o ensino de arte, como explica a professora Clélia Craveiro, conselheira da Câmara do Conselho Nacional de Educação (CNE):
Antigamente, música era uma disciplina. Hoje não. Ela é apenas uma das linguagens da disciplina chamada artes, que pode englobar ainda artes plásticas e cênicas. A ideia é trabalhar com uma equipe multidisciplinar e, nela, ter entre os profissionais o professor de música. Cada escola tem autonomia para decidir como incluir esse conteúdo de acordo com seu projeto político-pedagógico. (CNE, 2013, P. 3).
É fato que a educação musical contribui muito na formação da criança, porém sabese que ainda há certa resistência das escolas por parte da direção e/ou professoras em trabalhar esse tema, incluindo-o nas disciplinas do dia a dia. Essa realidade é visível, pois os mesmos demonstram certo comodismo quando se trata de alterar o seu projeto pedagógico ou até mesmo apresentam certa resistência em aceitar o ensino através da musicalização por falta de informação, deixando de trabalhar a prática musical com os alunos.
Outro ponto que destaca a importância da musicalização pode ser visualizado através do RCNEI, um documento que tem como finalidade orientar as professoras de educação infantil a planejar seus trabalhos (BRASIL, 1998, p. 5), o qual é organizado em três volumes, sendo que o primeiro está voltado para a educação infantil, creches e pré- escolas no Brasil, traçando objetivos para a educação das crianças. Pode-se perceber que o Volume I afirma:
A estrutura do documento se apoia em uma organização por idades crianças de zero a três anos e crianças de quatro a seis anos — e se concretiza em dois âmbitos de experiências — Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo — que são constituídos pelos seguintes eixos de trabalho: Identidade e autonomia, Movimento, Artes visuais, Música, Linguagem oral e escrita, Natureza e sociedade, e Matemática. (RCNEI, BRASIL, 1998, P. 5).
Vê-se que o documento traz, em seu conteúdo, a música como meio pedagógico, portanto é preciso ver a música como algo preparatório para o ensino fundamental, como forma de conhecimento e aprendizagem, fator importante na formação da criança, não só como entretenimento, deixando de lado um conteúdo rico que pode ser explorado pelos alunos e professoras, na instituição escolar.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como já exposto anteriormente, uma entrevista foi realizada com quinze professoras da educação infantil. Para iniciar a coleta de dados, o primeiro questionamento foi sobre a formação das mesmas, todas responderam que têm formação em pedagogia, sendo que dez das entrevistadas possuem pós-graduação. Outro ponto importante questionado, no início da coleta de dados, foi o tempo em que as professoras atuam na educação infantil. As respostas evidenciam que cinco das professoras entrevistadas trabalham há mais de cinco anos na educação infantil; seis professoras, há mais de dez anos e quatro professoras trabalham há mais de quinze anos.
É preciso destacar que a experiência em sala de aula facilita o trabalho, porém, muitas vezes, faz com que a professora se acomode, deixando de desenvolver um bom trabalho, principalmente aquela que está na escola há mais tempo, sem estímulo e sem capacitações para o ensino, este que está em desenvolvimento constante.
Na sequência, a indagação foi se elas trabalhavam a música nos diferentes níveis, ao que todas responderam que ―sim‖, porém algumas professoras disseram que esse trabalho ocorria de formas diferentes: umas, apenas para diversão, outras disseram que trabalham de forma lúdica e prazerosa e outras, de forma pedagógica. Para Ricardo Schers de Góes
A música possui vários significados e representações no cotidiano das pessoas e se utilizada de forma adequada pode ser um agente facilitador em diversos contextos que envolvam o raciocínio e a aprendizagem. Sabe-se que a música tem um papel relevante na educação infantil. Pois o envolvimento da criança com o universo sonoro começa ainda antes do nascimento. (GÓES, 2009, p. 15).
Diante da afirmação acima, percebe-se o quanto é importante trabalhar a música de maneira adequada, pois ela é um agente facilitador do aprendizado da criança. Continuando o questionamento, a maioria das professoras entrevistadas afirmou perceber a música como parte fundamental na educação infantil.
Segundo elas, no berçário, é feito um trabalho de percepção, com fantoches, brinquedos sonoros, músicas cantadas e chocalhos, além disso, as professoras utilizam todos os instrumentos de som que a escola disponibiliza, trabalhando a musicalização voltada para a audição, visualização de objetos sonoros e o tato. Veja-se o que diz Nogueira Monique Andries:
Inúmeras pesquisas, desenvolvidas em diferentes países e em diferentes épocas, particularmente nas décadas finais do século XX, confirmam que a influência da música no desenvolvimento da criança é incontestável. Algumas delas demonstraram que o bebê, ainda no útero materno, desenvolve reações a estímulos sonoros. (NOGUEIRA, 2003, p. 9).
Diante da citação de Nogueira, percebe-se que a criança, ainda no ventre da mãe, já desenvolve reações aos estímulos sonoros, isso é muito importante para seu desenvolvimento após o nascimento. As professoras entrevistadas afirmam perceber que a cada canto acontece uma interação entre alunos e professoras, isso acontece através da dança, do toque, gestos e brincadeiras de roda como: ―atirei o pau no gato e ciranda cirandinha, também através das músicas cantadas como: borboletinha, sapo e outras‖. Isso é de suma importância para o desenvolvimento pedagógico das crianças do berçário.
Já no maternal e na pré-escola, as professoras responderam que é um trabalho mais produtivo, como se vê mais adiante. Mas, antes, é preciso destacar novamente que, para trabalhar os diferentes níveis, é preciso ter uma seleção das músicas, como letras, melodias e instrumentos de acordo com a faixa etária de cada sala. Ainda falando sob a musicalização nos diferentes níveis da educação infantil, as professoras dizem perceber a musicalidade como atividade importante na vida escolar do aluno, porém, a escola não tem condições e nem espaço adequado para trabalhá-la de maneira agradável com as crianças. Segundo a professora da pré-escola, o trabalho com música é desenvolvido da maneira que se pode, incluindo-o no planejamento diário, afirmando, ainda, que as atividades com música têm contribuído muito no aprendizado das crianças.
Segundo as professoras entrevistadas, as maiores dificuldades são: a falta de recursos para se trabalhar todos os níveis da educação infantil, falta de espaço amplo para realizar as atividades de forma mais prazerosa e a falta de cursos de capacitação na área musical para trabalhar a musicalidade, mas nem por isso a música deixa de fazer parte da vida escolar dessas crianças.
Algumas das entrevistadas dizem utilizar a música somente como descontração e entretenimento, pois os alunos gostam de ouvir música em todos os momentos, na chegada à escola, durante a aula, na hora do lanche, nas brincadeiras e na saída. Então, de acordo com as professoras, a musicalidade está presente de uma forma ou de outra, todos estão envolvidos com a música na escola. Sabe-se que a música deve ser trabalhada não só como entretenimento, mas como conteúdo, pois existe a Lei n. 11. 769, que surgiu em 18 de agosto de 2008, a qual determina que a música deva ser conteúdo obrigatório em toda a educação básica, isso deve ter um novo olhar por parte da escola e professoras.
Continuando as indagações às professoras, ao ser questionado se as mesmas buscavam saber se a criança já tinha algum conhecimento sobre música, apenas duas das entrevistadas disseram que não, as demais professoras disseram que sim, que consideram importante saber sobre a vida da criança. Buscar saber o que a criança já sabe é importante até para que a professora possa planejar e elaborar suas atividades de acordo com o conhecimento da criança, porém mais uma vez ressaltamos a importância da atividade direcionada, evitando improvisos para não ser somente um momento de lazer e descontração, estimulando a criança ouvir músicas próprias para sua idade, sempre com a supervisão de um adulto. É no dia a dia que se observa o aprendizado e a necessidade de cada criança e quais são os gostos dos alunos em relação à música.
Uma das professoras da pré-escola destacou que as opiniões dos alunos em relação à música são as mais variadas, pois algumas crianças preferem as músicas que os pais ouvem, como samba, forró, sertanejo e outras variedades; outras preferem canções de ninar; outras, as canções infantis.
No maternal, as professoras relataram que a roda de conversa se torna importante para saber sobre a musicalidade. Já no berçário os professores têm um pouco de dificuldade para identificar o gosto dos alunos, pois eles estão ainda na fase de identificação de som, portanto, os mesmos necessitam de estimulo. Músicas cantadas pelos professores ajudam no desenvolvimento da fala, já os materiais como livros sonoros, chocalhos que fazem sons diferentes ajudam na percepção. Seguindo a investigação, foi perguntado se a presença da música, ou ausência, poderia influenciar no aprendizado do aluno. As professoras responderam que a música pode, sim, influenciar, pois sua presença contribui em vários aspectos. Sandra Vaz de Lima afirma que:
Através da música o educador tem uma forma privilegiada de alcançar seus objetivos, podendo explorar e desenvolver características no aluno. O indivíduo com a educação musical cresce emocionalmente, afetivamente e cognitivamente, desenvolve coordenação motora, acuidade visual e auditiva, bem como memória e atenção, e ainda criatividade e capacidade de comunicação. (LIMA, 2010, p. 18)
Assim como afirma Lima, a professora pode explorar a música e desenvolver características no aluno, a música pode ser utilizada para relaxar e ninar, portanto, a ausência da música significa uma perda enorme no desenvolvimento infantil, pois a mesma está relacionada com algo prazeroso, que as crianças se divertem e ao mesmo tempo aprendem. É preciso destacar que utilizar a música como instrumento facilitador de aprendizagem pode ajudar a professora a passar noções básicas de ritmo, melodia e outros aspectos musicais sem se esquecer do lúdico e o pedagógico.
Finalizando o questionário direcionado diretamente às professoras, foi preciso questionar se elas tiveram, na sua graduação, algum conteúdo voltado para a musicalização na educação infantil, ao que todas responderam que sim, mas não o suficiente porque o aprendizado é constante, na graduação tiveram uma introdução, pois a musicalidade é ampla e precisa ser muito mais estudada. Contudo, isso não quer dizer que a música não deva fazer parte do conteúdo, o professor de sala pode e deve usar a música em suas aulas, mas, infelizmente, ele não tem condição de dar ―aula de música‖.
É preciso reforçar que a lei n. 11.769 é clara ao destacar que as aulas deveriam ser ministradas por professoras especialistas em música, pois um ensino musical de qualidade não pode ser ministrado por uma professora que não tenha conhecimento na área musical. Inicialmente, as escolas tinham até agosto de 2011 para se adaptar à nova lei, ou seja, para incluir o ensino de música em sua grade curricular, comprar materiais e verificar se possuíam professores capazes de ministrar as aulas, e é neste ponto que o questionário a seguir interrogou as professoras, como elas observaram a realidade dentro da escola.
Das professoras entrevistados, todas disseram que a escola valoriza a música como alternativa pedagógica e também como fonte de descontração e entretenimento, aos poucos, a escola está deixando a ideia da música somente para recreação e comemorações, a mesma vem se modificando e tentando trabalhar a música mais voltada para o fazer musical enquanto área especifica do conhecimento, mas a contratação de uma professora para ministrar as aulas ainda não é uma realidade. Também se questionou se a escola tem desenvolvido algum projeto na área da música e todas responderam que sim. A cada ano a escola trabalha novos projetos com a música, mas precisa de apoio e orientação na área musical, pois o conhecimento que as professoras possuem é considerado, por elas, insuficiente para transmitir um aprendizado significativo para as crianças. É preciso destacar que a escola faz um trabalho extracurricular, o ballet, que está totalmente voltado para a área de linguagem musical, duas vezes por semana tem uma professora que vai até a escola, dar aula de ballet, onde são apresentadas diversas músicas, como africana, popular brasileira, gospel, entre outras.
Outra atividade envolvendo a música que também é desenvolvida na escola é a capoeira, trazendo para as crianças as músicas de origem africana, segundo as professoras, através deste trabalho, é possível trabalhar diferenças raciais, um tema muito importante que está sendo trabalhado nas escolas. Tatiana Toledo Ferreira afirma:
A música é a sucessão de sons e silêncio organizada ao longo do tempo. O ritmo, a melodia, o timbre e a harmonia, elementos constituintes da música, são capazes de afetar todo o organismo humano, de forma física e psicológica. Através de tais elementos o receptor da música responde tanto afetiva quanto corporalmente. (FERREIRA, 2005, p. 4).
Além desses trabalhos, também são desenvolvidos outros projetos na área da música, cada sala se organiza de acordo com a idade e necessidade da criança e, durante o projeto, são desenvolvidas atividades relacionada com a musicalidade em sala de aula. Segundo a professora que trabalha no berçário, é feito um trabalho de visualização, percepção e também se trabalha muito a audição, além disto, através de vídeos, são confeccionados instrumentos como: chocalhos, tambores e pandeiros, dentro desses materiais são colocados vários objetos para produzir som e fazer barulho como: areia, pedra, feijão, arroz e milho. Esses objetos fazem com que o som seja modificado quando as crianças manuseiam os brinquedos. Segundo a professora, essa é uma atividade que influencia diretamente no aprendizado entre o aluno e a música. De acordo com Piaget:
A educação Infantil de 2 a 3 anos, desenvolver trabalhos por meio da apreciação musical mostrando na prática brinquedos que possam trabalhar os meios auditivos e visuais e a forma como se apresenta os sons, com músicas infantis onde possa bater palmas, o ruído de um brinquedo ou toque de um tambor, ouvir historinhas infantis e manipulando objetos que produzam sons. (PIAGET, ano, 2011, p.1).
Na citação acima, pode-se perceber que a confecção e a manipulação de objetos sonoros se tornam indispensáveis na educação infantil, pois é nessa fase que os alunos gostam muito das brincadeiras com sons, livros sonoros, brincadeiras de roda e bater palmas, isso faz parte da rotina escolar dessas crianças. Impossível imaginar uma educação infantil sem música, toda criança gosta de cantar, dançar e, acima de tudo, é curiosa, gosta de aprender coisas novas, principalmente quando se refere ao aprendizado de uma nova canção, pode-se ter certeza de que essa criança chegará a sua casa, no final do dia, contando para sua família o que aprendeu na aula.
Ainda sobre a prática em sala de aula sob a visão das professoras, durante o projeto, é confeccionado pelos alunos juntamente com as professoras um livro de música, o qual contém todas as músicas trabalhadas ao longo do projeto, contém e também os personagens, os alunos poderão levar para casa no final do projeto. A escola ainda promove um evento ―noite cultural‖, em que são expostos, para os pais e comunidade escolar, todos os trabalhos confeccionados pelos alunos, também ocorrem várias apresentações, onde as crianças se apresentam com coreografias, músicas ou uma dança ao som de um ritmo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir, com este estudo, que trabalhar com a música na educação infantil é fundamental para contribuir na formação do aluno, pois nesta faixa etária o mesmo ainda está em formação precisando de estímulos ambientais e sensoriais para o seu aprendizado sobre o mundo. Foi possível constatar também que, segundo as professoras, o ideal seria que os ambientes contassem com um espaço apropriado, com equipamentos e materiais adequados para auxiliar o trabalho musical, mas ainda não foi possível, porém mesmo diante das dificuldades a escola continua desenvolvendo um bom trabalho, buscando uma maior participação dos pais na vida escolar dos alunos.
É gratificante perceber que dentro da educação infantil, nas variadas formas de trabalhar a musicalidade, a escola faz um trabalho importante na área de musical mesmo que o método não seja o exigido por lei. Foi possível entender como funciona a música dentro do espaço escolar, como a mesma influência na vida do aluno e como a musicalização é uma fonte de aprendizagem pedagógica.
Percebe-se, também, que a escola e as professoras fazem o melhor de si para trabalhar a música na sala de aula nos seus diferentes níveis, enquanto meio pedagógico, entretenimento e lazer para os alunos, mesmo diante dos obstáculos enfrentados.
Finalizando este artigo, é preciso destacar que, diante das falas dos autores e documentos legais que orientam e obrigam o ensino da música na escola, pode-se perceber quantos são os benefícios que a música traz para o desenvolvimento da criança em todo o conhecimento.
6 REFERENCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, v. 3.
Conhecimento de Mundo. MEC/SEF, 1998.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.
Brincando com música em sala de aula. Jogos de criação musical usando a voz, o corpo e o movimento: Bernadete Zagonel. São Paulo: Saraiva 2012.
BRITO T. A. Música na educação infantil: propostas para a formação integral da criança. São Paulo: Editora Petrópolis, 2003.
ENTENDENDO a educação infantil: principais teóricos e suas contribuições na educação infantil. Disponível em:
<http://jucycabral.blogspot.com.br/2008/09/principais-tericos-e-suas-contribuies.html>. Acesso em: 05 abr. 2015.
FERREIRA, T. T. Música para se ver. Monografia apresentada na disciplina de Projetos experimentais - Universidade Federal de Juiz de Fora: FACOM - Faculdade de Comunicação, 2005.
GÓES, R. S. A música e suas possibilidades no desenvolvimento da criança e do aprimoramento do código linguístico. Revista do Centro de Educação a Distância - CEAD/UDESC. v. 2, n. 1, 2009.
PIAJET, Jean. A arte de ensinar música nas escolas. Disponível em: <http://jesuspaiva.blogspot.com.br/2011/10/sobre-teoria-psicogenetica-depiaget-1.html>. Acesso em: 05 abr. 2015.
APENDICE
Trata-se o presente questionário de instrumento pré-elaborado para coletar os dados necessários para a pesquisa cuja temática é “Musica na Educação Infantil” os dados serão utilizados no desenvolvimento de um artigo cientifico exigido como trabalho final da disciplina trabalho de conclusão de curso-TCC- do curso de pedagogia E.a.D. Centro Universitário da Grande Dourados-Unigran. Questionário aplicado na escola.
Questionário
1-Qual é a sua formação?
a) Ensino médio completo...
b) Graduação incompleta. Qual?
c) Graduação completa qual?
d) Pós- graduação incompleta, qual?
e) Pós-graduação completa, qual?
2-Há quanto tempo trabalha na educação infantil?
a) Menos de 1 ano.
b) Entre 1ano e 5 anos
c) Entre 5 anos e 1 anos.
d) Entre 10 anos e 15 anos.
e) Mais de 15 anos.
3-Você trabalha a musicalização nos diferentes níveis da educação infantil?
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Se sim, qual a diferença de se trabalhar a musicalização, nos diferentes níveis, com as crianças?
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Se não, como os alunos com os quais trabalhar recebem a musicalização? E como respondem ao trabalho proposto?
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4-Ao iniciar o trabalho de musicalização você busca saber se a criança já tem conhecimento prévio sobre musicalização?
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5- Acredita que a presença da música ou ausência pode influenciar no aprendizado do aluno? De qual maneira?
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6- Na sua graduação você teve alguma disciplina ou conteúdo voltado para o trabalho de musicalização na educação infantil? Se sim, foi o suficiente?
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Se não, onde você buscou conhecimento para desenvolver a musicalização na sala de aula?
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7- Você diria que a sua escola percebe a música com finalidade unicamente comemorativa, ou ao contrario valoriza a música como alternativa pedagógica?
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8- A escola tem desenvolvido algum projeto na área da música?
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