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A VIOLÊNCIA DE GÊNEROS E SEXUALIDADES NO CONTEXTO ESCOLAR
Bárbara Quele Nunes Ferreira

RESUMO:
Este artigo apresenta o resultado de um projeto de intervenção realizado com o intuito de analisar e problematizar as violências de gêneros e sexualidades que ocorrem dentro do ambiente escolar. O trabalho teve o objetivo de contextualizar as violências de gêneros e sexualidades, preconceitos e discriminações entre os (as) alunos (as) verificando o conhecimento que os (as) mesmos (as) têm sobre o que são essas violências e o porquê das discriminações acontecerem na escola no que dizem respeito às homossexualidades, as implicações que tais atos podem causar e que estão existentes em sala de aula ou até mesmo no ambiente escolar como num todo. A metodologia adotada, calcada na abordagem qualitativa, do tipo intervenção, contou com a utilização de textos relacionados às homossexualidades bem como se utilizou filmes sobre o assunto para levantar discussões. Os/as pessoas envolvidas na pesquisa foram os/as alunos/as e professores/as da escola Ignácio Schevinski. O foco da intervenção foi problematizar essas questões no ambiente escolar, convidando os/as envolvidos/as para dialogar e refletir sobre a violência de gêneros e sexualidades na escola, sobretudo sobre a homossexualidade. Os resultados foram satisfatórios, pois o entendimento dos (as) alunos (as) foi unanimes e pertinentes, levando os (as) alunos (as) à reflexão de que o outro merece respeito independente de sua escolha sexual, religiosa, etc. O que possibilitou o projeto de intervenção foi o bom andamento do curso de especialização que por sua vez abriu várias portas e lançou um bom desafio para futuras propostas de trabalho com todos os tipos de alunos (as) podendo assim contribuir para sua formação social e educacional.


Palavras – chaves: Violências, Homossexualidade, Gêneros.

1 Introdução

Evidentemente, do ponto de vista fenomenológico, a atração sexual entre pessoas do mesmo sexo existe desde a aurora da humanidade em todas as culturas. A época e o local determinaram o tratamento que se deu a esses sujeitos: prática comum e bem tolerada na Grécia, Pérsia, Roma e China, mas
condenada entre os assírios, os hebreus e os egípcios. Entre os índios brasileiros, assim como em algumas sociedades africanas – a antropologia é
rica em relatos –, as reações frente ao relacionamento entre pessoas do mesmo sexo variam desde a aceitação, como uma expressão legítima da sexualidade, até a rejeição absoluta. Com o advento do cristianismo, a homossexualidade torna-se, em certos períodos, um crime passível de morte.
(CECCARELI, 2008, p 03).

O assunto sobre homossexualidade há muito vem sendo discutido e debatido principalmente no ambiente escolar, na verdade o assunto sempre corre nos corredores das escolas, o que esta em questão é como abordar o assunto em sala de aula e explicar que os preconceitos que as pessoas homossexuais sofrem podem afetar seu crescimento tanto intelectual quanto social.
Como seres humanos todos nós estamos sujeitos a sofrer algum tipo de preconceito ou discriminação que podem ser em relação á cor da pele, profissão, religião e até mesmo ao nível social em que nos encontramos. O preconceito relacionado ao gênero principalmente quando relacionados às pessoas que são homo afetivos são mais frequentes.
Antes de discutirmos sobre gênero e sexo primeiramente é entendermos sobre o que significa esses dois termos.
Segundo Bortolini:


Num primeiro momento vamos considerar que sexo é tudo aquilo que está relacionado às características físicas de um ser humano. O órgão sexual, o genoma, o formato do corpo, dos seios, enfim, tudo aquilo que é característica relacionada diretamente à materialidade. Assim, teríamos pessoas do sexo masculino e do sexo feminino. ( BOTOLINI , 2014 p.15)

 

Consideremos que todo ser nasça com um determinado sexo, mas não quer dizer que a pessoa vá ser homem ou mulher se baseando no sexo biológico que ela nasce. Muitos de nós temos muita confusão ao que se referem a esses dois termos. Ainda segundo Bortolini:
O conceito de gênero, por outro lado, está ligado às produções culturais e sociais, construídas historicamente. O conceito de gênero vai ser apropriado por teóricas feministas para tomar o lugar e superar a ideia de uma diferença sexual. Para além de uma ideia de diferenças explicadas basicamente pela anatomia ou fisiologia “naturais” de homens e mulheres, esse conceito sobre as relações de poder que produzem masculinidades e feminilidades. (BORTOLINI, 2014 p. 15).

O gênero está ligado a sua forma física e biológica o que causa estranhamento em muitas pessoas quando veem pessoas do mesmo sexo se relacionando e agindo muitas vezes sem conhecer o assunto com preconceito o que acaba gerando a violência.
O que temos que analisar é o fato de que nossos (as) alunos (as) precisam de uma explicação sobre o assunto homossexualidade para poderem entender melhor seus (as) colegas que possam ser homossexuais.
Nosso público na escola esta cada vez mais diverso, seja ele por diversidade de raça, religião ou de sexualidade. O contexto de sexualidade segundo Bortolini nos mostra que:

Quando se conta a história da sexualidade, em geral a primeira ideia que nos vem à cabeça é: repressão. Há no nosso senso comum a percepção que, ao longo da história, o sexo e o prazer foram sumariamente perseguidos, proibidos, castrados, silenciados. (BORTOLINI, 2014 p. 12).


Através dessa afirmação temos a real noção do quanto o assunto sexualidade é um grande tabu em nossa sociedade, principalmente nas escolas e como temos muito obstáculos para trabalhar o assunto em sala de aula. Considerando tudo o que foi visto nas disciplinas nos módulos apresentados neste curso de especialização Gêneros e Diversidades na Escola (GDE), este trabalho tem como objetivo fazer a contextualização entre os (as) alunos (as) e a verificação do seu conhecimento prévio sobre o que são essas violências sofridas na escola, as formas que elas ocorrem e as consequências e implicações dessas atitudes no ambiente escolar relacionado à homossexualidade.


Professores e professoras, não somente alunos e alunas, sofrem com estas discriminações e desigualdades no contexto da escola! O propósito da educação que seja democrática e justa deve balizar suas ações em princípios que rompam com a perpetuação e reprodução de crenças, valores e práticas desiguais e excludentes em relação às sexualidades e aos gêneros na escola. (SOUZA, 2014 p. 06).


Não somente os (as) alunos (as) sofrem preconceitos de gêneros na escola é importante ressaltar que a violência e discriminação se estendem por toda parte na escola mesmo que seja de forma silenciosa. Temos que trabalhar os conceitos de sexualidade e gênero na escola, mas antes precisamos trabalhar nossa forma de pensar e encarar os assuntos antes de seguir ele para a sala de aula.

2 Aspectos teóricos: alguns conceitos
A sexualidade discutida em sala se faz necessária uma vez que vários atos de violência vêm ocorrendo ultimamente e cada vez mais violentos. Os atos que ocorrem muitas vezes só pelo fato da pessoa “aparentar” ser homossexual já sofre algum tipo de violência. As pessoas não sendo homossexuais mesmo assim sofrem o preconceito.

O modo de andar, de gesticular, de falar, e a preferência por determinados tipos de roupas ou de atividades não têm, necessariamente, nada a ver nem com orientação sexual, nem com identidade de gênero. Se fôssemos acrescentar cada uma destas características na tabela, a única novidade que teríamos seria o acréscimo da característica escolhida na denominação que já existe. Em outras palavras, nada impede uma pessoa ser uma mulher biológica homossexual que se enquadra perfeitamente no estereótipo feminino. (http://www.plc122.com.br/orientacao-e-identidade-de-genero/entenda-diferenca-entre-identidade- orientação).


A violência esta relacionada por muitas questões a serem avaliadas dentre elas a situação em que muitos professores não são preparados para trabalhar em sala de aula esse conceito, ou seja, dar a definição e esclarecer as dúvidas que nossos (as) alunos (as) possam ter. Outra maneira a ser avaliada é a questão se comportar diferente do que se chama de “normal” perante a sociedade o que acaba gerando controvérsias de determinada pessoa.
Atualmente várias linhas de soluções estão engajadas para garantir seus direitos, o que na realidade a grande maioria é alvo de agressões e até mesmo morte. Muito ainda tem que ser feito em relação às diversidades em nosso país, que é constituído de várias culturas.
A discussão em sala de aula gera debates e pode esclarecer dúvidas que nossos (as) alunos (as) possam ter e aprender a respeitar o próximo. A violência da escola esta cada vez mais presente devido ao fato ao que passado ao individuo pelo fato de ter sido criado numa heterossexista. Valores adotados na sociedade ao longo do tempo vêm sendo praticado nas escolas que por sua vez há muito não vem atendendo as expectativas dos (as) alunos (as) relacionadas a todo e qualquer assunto que trata da sexualidade.
O papel da escola é de extrema importância no processo que se denomina a formação social e intelectual dos (as) alunos (as). Mesmo tendo como base o argumento de que a escola é a precursora de diversas aprendizagens, no que se refere a parte do estudo de gêneros ainda deixa a desejar. Segundo Souza:
Podemos analisar essa realidade pela ausência de conteúdos que tratam da vida cotidiana, como as relações de gênero, a sexualidade, e que estes não sejam tratados somente no contexto da saúde (algo já de certa forma trabalhado em referenciais exclusivamente biológicos). (SOUZA, 2014 p. 05).

A partir do seguinte trecho o reforço a uma educação inclusiva e conteúdos onde sejam contempladas as diversidades se tornam cada vez mais indispensáveis na escola, pois nossos (as) alunos (as) precisam dessa formação em sua vida educacional para num futuro não termos tantas violências como temos atualmente e que o ambiente escolar se torne um ambiente de ensino e aprendizagem e não um ambiente onde o preconceito a discriminação e a violência se propague.

3 Abordagem metodológica da pesquisa

Trabalhar sobre diversidades de gêneros e sexualidades na escola é um desafio e novos conteúdos a serem descobertos pelos (as) alunos (as) estes que vem de uma educação heterossexista. O desafio foi identificar a violência que os (as) alunos (as) homossexuais sofrem no ambiente escolar e contextualizar essa problemática.

Trabalhar a relação de gênero significa educar sexualmente meninas e meninos dentro de uma perspectiva de igualdade de relações e direitos. Independentemente do sexo, homens e mulheres podem ser fortes e fracos, emotivos e racionais, autônomos e dependentes, inteligentes e capazes. Os sujeitos são constituídos de acordo com suas experiências em função de sua história e cultura e não como um fato da natureza humana. (VILELA, Maria Helena. 11/06/2014.)


O grande desafio esta em como educar nossos (as) jovens sobre como lidar com sua sexualidade independente do gênero que tenha nascido e o mais importante é saber lidar com o sujeito que sofre a violência homofobica em sala de aula.
A intervenção teve duração de 2 meses. Ela foi realizada com alunos e alunas do 3º ano do ensino médio, na escola estadual Ignacio Schevinski Filho da cidade de Sorriso MT, que fica e atende alunos (as) de outros bairros periféricos da cidade.
O apoio da direção e coordenação foi essencial para que este trabalho fosse possível. A escolha desta escola, foi pelo fato de ser meu local de trabalho e gostaria de aplicar o que aprendi no curso de especialização Gênero e Diversidade na escola com o objetivo de contribuir na conscientização que a prática de violências de gêneros e sexualidades, discriminações e preconceitos entre os (as) alunos (as) é de extrema preocupação para a sociedade como um todo.
No primeiro momento da intervenção, iniciamos com uma contextualização onde (os) alunos (as) foram questionados sobre o tema para a realização de um levantamento de dados sobre os conhecimentos prévios que os mesmos tinham sobre o tema. Vale ressaltar que a roda de conversa é de suma importância, pois é neste momento que verificamos o que o aluno sabe e é quando o mesmo pode se expressar sobre o tema abordado.
No segundo momento, fizemos uma leitura e análise de dois textos: O fenômeno bullying no ambiente escolar e O Adolescente homossexual na dinâmica escolar. O primeiro retrata sobre a origem do bullying, a ocorrência do fenômeno que esse tipo de violência causa no âmbito escolar, verificando os efeitos que pode causar na vida do (a) indivíduo (a). Já o segundo texto fala da questão das diferenças dentro do ambiente escolar no qual o adolescente homossexual sofre com a dificuldade de encontrar grupos de iguais além do preconceito e as dificuldades de aceitação. Quando encontram amigos na escola correm o risco de perdê-los, pois geralmente os colegas são rotulados também como homossexuais e tendem a se afastar para evitar comentários e o preconceito por parte dos demais alunos (as) da escola.
No terceiro momento, realizamos uma roda de conversa sobre os textos que lemos para dialogarmos sobre a realidade que encontramos na nossa escola.
Também foi realizado um debate para que os alunos (as) pudessem expor abertamente seus pensamentos sobre a questão do preconceito e o impacto no seu cotidiano. E também foram apresentados vídeos que relatam a questão do preconceito contra gays, lésbicas, travestis e transexuais.
É fácil concluir que nesses processos de reconhecimento de identidades inscreve-se, ao mesmo tempo, a atribuição de diferenças. Tudo isso implica a instituição de desigualdades, de ordenamentos, de hierarquias, e está, sem dúvida, estreitamente imbricado com as redes de poder que circulam numa sociedade. O reconhecimento do "outro", daquele ou daquela que não partilha dos atributos que possuímos, é feito a partir do lugar social que ocupamos. (LOPES, 2000 p.09).

A partir do momento que o outro causa estranhamento o processo de identidade e reconhecimento é uma parte fundamental para o entendimento das diferenças entre os (as) indivíduos (as). As questões quando se tratam de violência em determinado tipo de grupos específicos muitas vezes vem em decorrência por não conhecer a realidade do outro ou até mesmo se recusar a respeitar a diversidade que cada vez mais está presente em nossa sociedade.
Depois que fizemos as leituras fizemos um teatro para enfatizar o que foi apresentado durante o projeto.

 


4 Relatos da Intervenção na escola

Ao levantar questões como sobre o que eles sabiam a respeito da violência relacionada à homossexualidade, um silêncio dominou a sala de aula, alguns alunos (as) responderam o que sabiam.
Logo de início pudemos perceber que se tratava de um tema que os (as) alunos (as) não tinham familiaridade, pois se trata de uma turma muito participativa, embora tenha nesta sala muitos alunos (as) com dificuldade de aprendizagem os poucos alunos (as) que responderam (5 alunos) deram respostas satisfatórias, mas só depois da leitura dos dois textos é que a maioria dos (as) alunos (as) participaram fazendo uma interpretação do que tinham lido. É claro que para isso acontecesse foi preciso uma leitura e análise dos textos muito rica, sem pressa, onde falamos sobre a origem do bullying e sobre a questão do relacionamento escolar com colegas e também sobre a violência de gêneros e sexualidades, discriminações e preconceitos.
Na roda de conversa sobre a realidade escolar em que se situam foram expostas as seguintes questões:
1- Como os (as) alunos (as) encaram a questão da homofobia no ambiente escolar?
2- Os gays, lésbicas, travestis e transexuais têm o mesmo tratamento quando comparado aos heterossexuais?
3- E os professores como lidam com essa situação na sala de aula?
As respostas foram das mais variadas sobre as questões que foram levantadas em sala de aula. Uma das respostas foi a seguinte:
Não tenho preconceito, mas não quero ser visto ao lado de um gay, travesti, lésbica ou transexual no recreio (Relato aluno A).
Não gosto desse tipo de assunto sobre “veado”, sou homem e logo ele saiu da sala (Relato do aluno B)

O que vale salientar é que no momento das discussões os (as) alunos (as) não eram obrigados a ficar na sala de aula o que deixou eles a vontade durante todo o processo da intervenção.

Os discursos sobre sexualidade evidentemente continuam se modificando e multiplicando. Outras respostas e resistências, novos tipos de intervenção social e política são inventados. Atualmente, renovam-se os apelos conservadores, buscando formas novas, sedutoras e eficientes de interpelar os sujeitos (especialmente a juventude) e engajá-los ativamente na recuperação de valores e de práticas tradicionais. Esses discursos não são, obviamente, absolutos nem únicos; muito pelo contrário, agora, mais do que antes, outros discursos emergem e buscam se impor; estabelecem-se controvérsias e contestações, afirmam-se, política e publicamente, identidades silenciadas e sexualmente marginalizadas. Aprendemos, todos, em meio a (e com) essas disputas. (LOURO 2000, p. 22).

 

A imposição da sociedade numa educação onde o assunto sobre sexualidade não é contemplado geram várias controvérsias, o que caba de certa forma dificultando qualquer tipo que se queira realizar na escola quando o foco for às diversidades presentes na escola.
Logo após assistimos ao vídeo “Grito de Socorro” o qual fala de um garoto de 12 anos que desabafa sobre bullying homofóbico e outros dois filmes: Gia Maria que em tom de documentário é narrada a vida de Gia Maria Carangi (Angelina Jolie), uma jovem da Filadélfia que tenta a sorte em Nova York e logo se torna uma das top models mais requisitadas do mundo, sendo inclusive capa da Vogue e da Cosmopolitan. Mas sua fama avassaladora vem acompanhada de uma paixão homossexual por Linda (Elizabeth Mitchell), que se tornaria o grande amor da sua vida, mas era um relacionamento instável.
Esta insegurança no amor, na família e em diversos momentos da sua vida a transformam em uma viciada em heroína, sendo que esta dependência às drogas cada vez mais incontrolável provocaria sua decadência e Meu mundo cor de rosa e é conduzido pelo diretor A. Berliner de forma singular e delicada, através da história de Ludovic Fabre, um garoto de sete anos que não se reconhece como menino, que se sente e comporta como uma menina.
O filme trouxe a realidade de muitos jovens que temos em sala de aula e que também sentem a violência e o preconceito por se identificarem como “diferentes” e assim se afastando do restante do grupo ao qual pertencem.
Logo após assistir os vídeos mencionados questionei os (as) alunos (as) que situações que eles já presenciaram na vida relacionado ao vídeo e aos filmes, tem haver com o que se passa em nosso cotidiano. Todos os (as) alunos (as) afirmaram que já presenciaram cenas de preconceito, inclusive em sala de aula. Que geralmente os meninos demonstram ser mais preconceituosos do que as meninas, e colocam vários apelidos para denegrir a imagem dos colegas homossexuais.
Com base nos comentários as atitudes e respostas desse grupo de alunos (as) foi possível concluir que a homofobia está cada vez mais presente em nosso cotidiano e já ultrapassou o limite do bom senso, e o mais triste que acontece na escola, que seria um lugar aconchegante para o estudo e está afastando o estudante homossexual por causa dos xingamentos e até mesmo agressões físicas.
Um aluno homossexual foi agredido pelo namorado de uma colega da escola, e apanhou muito. Essa briga além de ser assistida, foi filmada e colocada no Youtube.¹
Passado o momento da socialização e reflexão da análise sobre a violência que as pessoas homossexuais sofrem, produzimos um teatro representado essa realidade e mostrar para os (as) alunos (as) de forma mais concreta uma simulação do sofrimento que os mesmos sofrem e muitas vezes são invisíveis diante da maioria da sociedade.
No mundo atual, algumas pessoas se arrogam o direito de apontar o demônio nas pessoas e espaços sociais, com tanta segurança que se autorizam a ir além dos preceitos básicos da nossa sociedade democrática e ameaçar, amedrontar, seduzir, manipular, perseguir, convencer e usar perversamente com todo tipo de argumentações das mais apelativas e mentirosas, distorcendo propositalmente a realidade e os conceitos de ciência, ideologia, direitos humanos, laicidade e educação. ( BARBERO, 2015 p. 02).

O trecho acima mostra claramente o que acontece quando uma pessoa homossexual é “apontada” por ser diferente e muitas vezes são usados termos religiosos para justificar o preconceito que essas pessoas praticam.

No parecer de Junqueira (2009), o despreparo da escola em lidar com o tema, já que esta aponta algumas dificuldades para justificar seu não enfrentamento à homofobia, a saber: a negação desse fenômeno no âmbito escolar; a hierarquização nas quais outras questões sociais são colocadas como prioridades e o preconceito sexual é posto em 1
segundo plano; o apelo ao senso de oportunidade, em que a convivência sem preconceitos e os direitos dos homossexuais são colocados a cargo do tempo, sendo meta para as próximas gerações; e, por fim, a antecipação fatalista, representada pela falta de esperança frente à mudança de uma sociedade homofóbica para uma sociedade verdadeiramente igualitária.

5 Considerações Finais

O projeto de intervenção realizado na escola foi de extrema importância para o crescimento intelectual, social e humanitário dos (as) alunos (as). O período de realização do projeto foi muita expectativa sobre como iria chegar ao entendimento deles sobre a violência e os danos que ela traz a quem sofre com ela.
No seguinte projeto foram contemplados os temas propostos de forma abrangente e livre de forma que quem não se sentiu a vontade pode se retirar da sala de aula durante o debate que foi realizado.
Os resultados foram satisfatórios, pois o entendimento dos (as) alunos (as) foi unanimes e pertinentes, levando os (as) alunos (as) à reflexão de que o outro merece respeito independente de sua escolha sexual, religiosa, etc. O que possibilitou o projeto de intervenção foi o bom andamento do curso de especialização que por sua vez abriu várias portas e lançou um bom desafio para futuras propostas de trabalho com todos os tipos de alunos (as) podendo assim contribuir para sua formação social e educacional.
A intervenção foi relevante para futuramente estarmos preparados em sala de aula quando surgirem questões sobre a diversidade está formando cidadãos conscientes das diferenças e temos que ensinar que cada um tem sua particularidade e num todo formamos uma sociedade com muitas pluralidades.

 

 

REFERÊNCIAS

BORTOLINI, Alexandre -Trabalhando Diversidade Sexual e de Gênero na Escola: Currículo e Prática Pedagógica Ed. Rio de Janeiro, 2008.

BARBERO, Graciela Haidée- Deus e o Diabo na terra do Sol: De que lado está Deus na política brasileira – 2015.

CECCARELLI, Paulo Roberto- A Invenção da Homossexualidade, 2008.

LOURO, Guacira Lopes – O Corpo Educado : Pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte, Autentica, 2000.

SOUZA, Leonardo Lemos – Gênero e Diversidade na Escola: Gênero no cotidiano escolar In: Curso Gênero e Diversidade na Escola. Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Rondonópolis, Universidade Aberta do Brasil, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Ministério da Educação. 2014. Texto (didático e instrucional)
http://www.plc122.com.br/orientacao-e-identidade-de-genero/entenda-diferenca-entre-identidade- (orientacao). Acesso em 29/09/2015 às 14:20.
VILELA, Maria Helena.(http://revistaescola.abril.com.br/blogs/educacao-sexual/2014/11/06/relacoes-de-genero-um-tema-que-nao-pode-ficar-fora-da-sala-de-aula/). Acesso em 29/09/2015 ás 15:10