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O Uso das Tecnologias Digitais na Escola

Juraci Neris[1]

 

 

Resumo

Hoje, muitas mudanças e avanços podem ser observados na educação e com o avanço da tecnologia, a escola tem de garantir não só o acesso ao computador. A verdadeira inclusão digital é bem mais profunda. O uso do computador está cada vez mais presente no processo de ensino aprendizagem de educandos e educadores, bem como no cotidiano das pessoas, auxiliando nas diversas tarefas. Segundo Straub ( 2009, p.69) “[...] o uso do computador no ambiente escolar motiva o aluno para as atividades, facilitando para o desenvolvimento da aprendizagem. Portanto, no mínimo os computadores devem servir para que a escola melhore a qualidade dos seus processos de ensino, as aprendizagens fundamentais e as diferentes áreas do conhecimento.

Palavras-chave: Educação, Escola, Tecnologias.

 

Abstract

Today, many changes and improvements can be seen in education and the advancement of technology, the school has to ensure not only access to the computer. The real digital divide is much deeper. The use of computers is increasingly present in the teaching process learning students and educators, as well as in daily life, helping with various tasks. According to Straub (2009, p.69) "[...] the use of computers in the school environment motivates the student to the activities, facilitating the development of learning. So at least the computers must serve the school improve the quality of their teaching processes, the fundamental learning and the different areas of knowledge.

Keywords: Education, School, Technology.

 

Introdução

 

As tecnologias digitais se fazem presentes cada vez mais no contexto escolar e também no cotidiano das pessoas, como por exemplo: acesso a computadores, televisão, internet, celular, dentre outros, podendo ser usados para fins pessoais, de diversão, entretenimento, negócios, relacionamento dentre outras finalidades. E no âmbito da escola o professor é o principal ator que pode inseri-las no processo educacional, visto que boa parte dos alunos encontra-se familiarizado com essas tecnologias.

No que afirma Silva (2005, p.55) “um dos papéis da educação é fazer essa articulação entre educação e as tecnologias, até porque com as transformações que a sociedade do conhecimento requer não articular tecnologia e educação significa dar aval à exclusão social”.

Este artigo aborda como as tecnologias podem auxiliar o professor e a escola não pode ficar distante dessa realidade e precisa utilizar as novas tecnologias em práticas significativas para os alunos, que contribuam para a construção de conhecimentos e também para a sua formação.

 

Desenvolvimento

 

            Tudo o que se aprende na escola deve ser útil para a vida dos alunos. Embora nem sempre possamos prever como será o amanhã em que eles colocarão em prática o que aprendem na escola hoje, sabemos que é fundamental oferecer-lhes tudo aquilo que possa levá-los a pensar bem, a conseguir resolver problemas, a selecionar fontes confiáveis de informação e ser capazes de interpretá-la – e tudo isso com as possibilidades que a sociedade oferece-nos no momento presente.

Montaigne dizia, já no século XVI, que era muito melhor “uma cabeça bem – feita do que uma cabeça muito cheia” A educação no século XXI se vê obrigada a promover uma série de transformações para dar uma resposta adequada às necessidades dos alunos. Mudar o currículo, a metodologia, o papel do professor e do aluno traz consigo a necessidade de trabalhar com computadores na sala de aula.

A tecnologia por si só nunca funciona. Mas ela permite algo fundamental na escola do século 21: a diversidade epistemológica. Antes, só tinha uma maneira de aprender; ouvir o professor e estudar para prova. Com as novas tecnologias, há outras portas de entrada para acessar o conhecimento.

O contato com o computador muda o jeito de pensar. Você usa o computador para representar coisas mais complexas e libera o cérebro para mais complexidade ainda. Privar as crianças do mundo digital é privá-las de uma forma mais sofisticada de pensar.

            Quando se trabalha com um modelo pedagógico centrado no aluno, no qual ele é visto como autônomo e protagonista de sua aprendizagem, quando se parte de um projeto educativo que pretende utilizar as melhores metodologias para realizá-lo, quando é habitual a aprendizagem cooperativa, é imprescindível incorporar as potencialidades tecnológicas que nos oferecem as ferramentas digitais.

            Os instrumentos que os alunos devem manejar em sua aprendizagem não podem ser diferentes dos que se encontram atualmente nas empresas, no comércio, nos escritórios de profissionais de qualquer área. Além disso, a informática em nosso mundo já faz parte da vida cotidiana dos alunos e é totalmente familiar a eles.

            Do ponto de vista didático, as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) são meios e recursos a serviço da aprendizagem, ferramentas que facilitam a gestão do conhecimento para professores e alunos, desde que se saiba utilizá-las.

 As tecnologias de informação e comunicação (TIC) estão transformando a vida em sociedade, mudando os serviços e equipamentos usados em casas, indústrias, empresas, lojas, escritórios, bancos e hospitais. É ilusório imaginar que elas não interferirão cada vez mais nas escolas, cuja função é claro, inclui informar e comunicar.  

            Para incorporar as tecnologias de informação (TIC) à aula, é preciso realizar duas operações: entender profundamente as duas práticas e construir formas de ensiná-las, sem esquecer que também no ensino muito do anterior sobreviverá o novo.

            À medida que a nova cultura vai sendo incorporada à vida escolar, uma série de procedimentos de rotina se altera para melhor, assim como outros surgem. Pode-se incrementar a comunicação entre escolas e famílias, de certa forma restaurando um diálogo que foi maior no passado. Outra possibilidade é partilhar com estudantes ou entre eles orientações e sugestões de trabalho. Além disso, fica facilitado o intercâmbio entre escolas de diversas regiões e mesmo de diferentes países, contribuindo para a formação de uma cidadania global, em que ocorram intercâmbios culturais contínuos e o exercício de solidariedade em desastres naturais e outras situações críticas. Trata-se, enfim, de inserir a escola em uma inevitável transformação de alcance mundial, mais do que levá-la a aderir a uma tendência transitória.

            Ao educar para o uso dessas tecnologias, há aspectos que são de natureza socioafetiva, e não simplesmente cognitiva. Um jovem que tenha centenas de “amizades ou seguidores” numa rede social pode carecer de amigos com quem partilhe sentimentos olhando nos olhos, troque observações sobre questões sociais ou ambientais e faça arte, experimentações ou esportes coletivos.

            Por isso, a escola deve ser um contraponto real ao mundo virtual, promovendo aulas participativas, projetos sociais, grupos teatrais, hortas coletivas e campeonatos esportivos, além de manter seus laboratórios sempre abertos. Nem tudo é possível ao mesmo tempo, mas em cada atividade as tecnologias estarão a serviço da vida escolar, que, sem ser sua refém, se beneficia delas. Seria impensável, isso, sim, ignorar a onda tecnológica que nos alcança. Se não aprendermos a surfar nela, acabaremos submergindo.   

            Um computador não traz nenhum conteúdo especial pelo simples fato de estar nas mãos de um aluno na sala de aula. O que ele oferece são suas possibilidades como ferramenta capaz de encontrar muitos e diferentes conteúdos, de compara-los, trabalhar com eles e organizá-los. Essa é sua grande utilidade.

Todos nós estamos de acordo quanto ao fato de que a formação não se limita aos anos de estudo, mas que deve durar a vida toda e, naturalmente, tem de ser uma formação personalizada e, de algum modo, organizada pela própria pessoa. O uso do laptop na sala de aula é apenas um instrumento que ajuda os estudantes a conquistar a autonomia em sua aprendizagem durante os anos de escola, a qual lhes servirá durante toda a vida.

Para alguns, pode ser “perigoso” deixar que cada aluno trabalhe em seu computador: “vão perder tempo”, “vão se conectar onde não devem”, etc. Creio que esse temor está completamente superado hoje. Alunos de diferentes idades trabalharem com computadores na sala de aula é um importante recurso a serviço da aprendizagem e um meio adequado para a gestão do conhecimento. É preciso ensinar, como em todos os âmbitos, seu uso e suas finalidades.

Como dizem Palfrey e Gasser (2008, p. 1)

 

Todos eles têm acesso a tecnologias digitais em rede. E todos eles têm habilidades para utilizar essas tecnologias (exceto o bebê, mas ele vai aprender em breve).

 

É importante usar a tecnologia para desenvolver formas radicalmente diferentes de aprender, e o melhor modo é investigando e resolvendo problemas reais. A sala de aula permite investigações similares às dos laboratórios do pesquisador, do engenheiro ou do cineasta.

            Em uma sociedade tecnológica, o educador assume um papel fundamental como mediador das aprendizagens, sobretudo como modelo que é para os mais novos, adotando determinados comportamentos e atitudes em face das tecnologias. Por outro lado, perante os produtos tecnológicos, o educador deverá assumir-se com conhecimento e critério à disposição das crianças.

            Sabemos que a qualidade de alguns programas educativos significa um retrocesso em termos de conhecimento pedagógico ao reproduzir materiais de estímulo-resposta, não permitindo que a criança encontre respostas diversas nem qualquer espaço para a criação. Esses materiais, atraentes no espaço gráfico e nos estímulos sonoros ou de movimento que gratificam a resposta certa, promovem uma aprendizagem passiva desprovida de sentido para a criança.

            Observando-se como eles aprenderam a viver com a tecnologia, é notável ver que isso não exigiu atenção especial, não exigiu esforço. As crianças são inquisitivas e interessadas por natureza e, assim, quando veem algo que as interessa, elas investigam. Quando gostam do que sabem, querem mais daquilo e melhor. Não esqueça: os adultos não são essencialmente diferentes! Se disséssemos a você que pode ganhar duas horas por não precisar mais se deslocar, sem perder nenhuma das outras atividades em sua agenda, você se interessaria. A única diferença é que você imediatamente começaria a pensar sobre os custos de uma oferta assim, ao passo que uma criança não se preocupa com esse tipo de coisa e simplesmente experimenta situações novas.

            Existem, porém, algumas outras mudanças interessantes em curso na sociedade em função dessas novas tecnologias digitais. A tecnologia diminui o esforço necessário para acessar informações ou se comunicar com as pessoas. Ela praticamente apaga barreiras geográficas e, com os programas de tradução, em breve poderemos comunicar-nos com qualquer pessoa, independente de sua língua nativa. Com todas essas oportunidades, alguns poderiam dizer que já temos um excesso de informações e comunicação para administrar. As pessoas estão ficando estressadas para acompanhar as mudanças, vemos que estão tentando ter e saber tudo. Elas não mudaram de estratégia em função das novas tecnologias.

            Além da maior riqueza de informações e comunicação, também temos mais escolhas individuais. Podemos selecionar o que é interessante e conseguir mais, ignorando o que não precisamos ou queremos.

            Não precisamos acreditar no que um jornal nos diz: podemos comprar outro ou, se quisermos mais notícias, podemos assistir ao noticiário na televisão ou lê-lo na internet, de qualquer país e no idioma de nossa preferência.

            Eis algo que eles aprenderam em idade muito precoce: mudar e selecionar as informações que julgam interessantes ou úteis. Eles “zapeiam” entre as diversas fontes de informação, exatamente como ficam mudando de canal no aparelho de televisão. Na verdade, é possível vê-los “zapeando” enquanto assistem a um filme ou a um programa de televisão. Você pode achar isso estranho, mas, se perguntássemos depois a que assistiram, eles provavelmente conseguiriam fazer um bom resumo, tanto do filme quanto do programa de televisão: eles zapeavam para evitar as partes desinteressantes. O que poderíamos pensar que é uma redução da capacidade de atenção é, na verdade, uma escolha de prestar atenção a outra coisa mais interessante. Tome-se, por exemplo, o caso de alunos que assistem a uma aula expositiva. Enquanto o professor está explicando os princípios básicos de álgebra, eles podem estar prestando atenção, mas põem-se a conversar uns com os outros assim que o professor começa a expor outro exemplo do mesmo problema. Poderíamos considerar que isso é um desrespeito ou pouco interesse por álgebra, porém é possível que eles tenham entendido tudo na primeira vez em que o problema foi explicado, ou que estejam pedindo aos colegas esclarecimentos sobre as partes mais difíceis.

            Outro aspecto da mudança que a tecnologia digital trouxe-nos pode não ser tão evidente. Já que agora temos muitas fontes para a mesma informação – por exemplo, uma versão sobre a história do país, precisamos decidir em que fonte confiar. O único modo de decidir é pela negociação e pela discussão com os outros. Geralmente, a fonte mais popular é considerada em primeiro lugar; porém, assim que alguém em nossa rede de contatos encontra uma falha, isso é rapidamente divulgado e a fonte perde credibilidade.

            Imagine-se como um professor em uma sala de aula e pense em contar uma mentira. Como nossos pais, familiares e amigos nos dizem que devemos ouvir nossos professores, os alunos ouvirão a história que você contar e acreditarão nisso. Agora, suponha que você tenha contado uma história de que o mundo é plano Um dia, um dos alunos verá uma fotografia da Terra e constará que ela é redonda. Saberá, então que a história que você contou tem uma falha e isso será rapidamente comunicado. Da próxima vez que você contar uma história, os alunos não aceitarão com tanta facilidade que o que você fala é verdade. Uma vez perdida a confiança, é muito difícil reconquistá-la.

            O maravilhoso da tecnologia digital é que temos mais opções, embora também tenhamos de fazer mais escolhas.

            À medida que descobrimos os benefícios da tecnologia que criamos, nós, como sociedade, também estamos aprendendo novas estratégias para utilizar essa tecnologia. Nossos filhos estão chegando á maioridade e já podemos ver que eles esperam que as coisas sejam diferentes. Em sua vida pessoal, na escola e no trabalho, eles esperam poder trabalhar com a tecnologia e as estratégias que desenvolveram. Não podemos esperar que eles aceitem o que nos foi útil quando éramos jovens. O mundo de hoje não é o que era há 20 anos. Se lhes dissermos o que sabemos e como era, estamos ensinando-lhes história. Se permitirmos que nos mostrem o que existe e como usar isso, eles estarão nos mostrando o futuro.

 

Conclusão

 

No que se refere o presente artigo, o universo da escola é um dos espaços direcionados para a formação e transformação dos alunos de acordo com os atuais paradigmas que caracterizam a sociedade do conhecimento, fortemente marcada pelo uso intensivo de meios de comunicação e informação.

            O contexto atual requer dos espaços escolares muito mais autonomia no que se refere aos processos de aprendizagem. Por este ângulo, observa-se que um dos avanços na área educacional está relacionado com o uso de meios tecnológicos em suas várias dimensões de atuação na prática na escola.

            O contexto atual prevê que o educando do futuro deve está inserido em um processo de aprendizagem para contribuir com suas vivências no meio intelectual, social e até mesmo trabalhar as várias competências no campo das diversidades e atitudes em seu próprio processo de aprendizagem.

            Segundo Straub (2009, p.32) diz “[...] o uso das tecnologias no processo ensino- aprendizagem não se constitui o remédio para todos os males da educação, mas pode ser o elemento de incentivos para as mudanças”.

            Cabe ressaltar que é no universo da escola que se forma a massa crítica que atua na sociedade e em processos e espaços nos quais o uso dos avanços da tecnologia é imperativo e exigem do sujeito um aprendizado do qual não pode se esquivar. Para garantir essa competência no uso dos meios tecnológicos, é preciso que os laboratórios das escolas estejam em perfeito funcionamento. Dessa forma, o mediador das ações a serem realizadas pode realizar um bom trabalho e apresentar bons resultados com relação às aprendizagens dos alunos.

            Um dos grandes objetivos da escola é tornar possível o acesso dos professores, alunos e da comunidade ao ambiente e instrumentos tecnológicos, para aperfeiçoamento de aulas práticas que contribuam com o processo ensino-aprendizagem, bem como na sua inserção no mercado de trabalho, de acordo com uma visão de políticas educacionais que busque a atuação do cidadão participante na sociedade.

 

REFERÊNCIAS

 

STRAUB,Sandra Luzia Urobel.Estratégias, desafios e perspectivas do uso da informática na educação: realidade na escola pública. Cáceres: Editora UNEMAT, 2009.

 

PALFREY, J. ; GASSER, U. Born digital: understanding the first generation of digital natives. New York: Basic Book, 2008.

 

SILVA, Albina Pereira de Pinho. O uso educativo das tecnologias da informação e comunicação: uma pedagogia democrática na escola. UFRGS, 2005. 180 f. Dissertação ( Mestrado em Educação). Programa de Pós – Graduação em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

 


[1] Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Mato Grosso. Pós-graduada em Psicopedagogia. Atua na rede Pública de Ensino.