A IMPORTÂNCIA DO MUNICÍPIO DE LUCAS DO RIO VERDE-MT PARA O BRASIL
Francisco Ribeiro dos Santos1
José Marcos de Sousa
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo geral, debater de maneira conceitual sobre a história do surgimento e a atualidade no município de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. A justificativa para a escolha do tema paira sobre sua contemporaneidade, além da expectativa de contribuir para o âmbito acadêmico. O método de pesquisa empreendido segue natureza qualitativa, com pesquisa do tipo bibliográfica. Dentre os principais achados, foi possível concluir que o município de Lucas do Rio Verde nasce do assentamento de famílias na década de 1970 e rapidamente se transforma em uma cidade moderna e dinâmica, com potencial de crescimento e produtividade no Brasil.
Palavras-chave: História. Lucas do Rio Verde. Mato Grosso. Brasil.
ABSTRACT
The objective of this article is to discuss in a conceptual way the history of the emergence and the actuality in the municipality of Lucas do Rio Verde, in Mato Grosso. The justification for choosing the theme hangs on its contemporaneity, in addition to the expectation of contributing to the academic field. The research method followed is qualitative, with bibliographic research. Among the main findings, it was possible to conclude that the municipality of Lucas do Rio Verde was born from the settlement of families in the 1970s and quickly became a modern and dynamic city with potential for growth and productivity in Brazil.
Keywords: History. Lucas do Rio Verde. Mato Grosso. Brazil.
1. INTRODUÇÃO
Para entender de forma mais ampla a colonização do Oeste do Brasil e, de forma mais específica do estado do Mato Grosso, é necessário retornar mais à história, no período das grandes navegações das potências europeias. A partir do século XV as potências marítimas da Europa deixam seu continente em busca do que seria, para eles, a conquista de novos mundos (SILVA, 2010).
Duas das principais potências na época, Espanha e Portugal, conquistam novas porções de território e subjugam as populações existentes nos locais. O choque de interesses surge entre essas potências, se tornando, posteriormente, evidente e emergindo a necessidade de delimitação das terras e de a quem pertenciam. Dessa necessidade cria-se o Tratado de Tordesilhas, em 1494, uma linha imaginária que dividia as terras que seriam exploradas (SILVA, 2010).
Esse tratado, posteriormente, dada a colonização do Brasil por parte dos portugueses, delimitava uma linha que, no presente se localiza o oeste do Brasil, pertencente à coroa da Espanha. O Brasil, de início, foi colonizado mais próximo à faixa litorânea e, somente a partir do século XVII, com interesse dos portugueses pelo ouro e pedras preciosas, por meio de bandeiras, mais populações se adentram em regiões como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso (SILVA, 2010).
O processo de colonização do estado do Mato Grosso, estimulado pelo governo federal, tinha como objetivo a ocupação social desse espaço e sua integração ao restante da economia do país. A região que no presente é conhecida como o município de Lucas do Rio Verde, também faz parte desse processo e é justamente essa história que formará o recorte desse artigo.
Em vista das premissas supra expostas, desenha-se como objetivo central do presente trabalho, debater de maneira conceitual sobre a história do surgimento e as atualidades do município de Lucas do Rio Verde. O artigo presente se justifica devido à pretensão de contribuir com informações ao âmbito acadêmico, ofertando, por meio da pesquisa apresentada, uma ótica diferente sobre o tema, ampliando o material teórico que pode ser utilizado para o desenvolvimento de estudos e pesquisas futuros. Além disso, há a pretensão de estimular o interesse pelo tema, gerando aprofundamentos sobre o mesmo, sobre assuntos relacionados e demais vertentes de abordagens científicas que se originam a partir do interesse por esse.
Em relação à pesquisa científica, Lakatos e Marconi (2015, p. 15) mencionam: “Pesquisar não é apenas procurar a verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos”. Partindo dessa perspectiva, entende-se que a pesquisa é algo amplo e complexo e que requer um planejamento sistemático para sua realização. Santos e Candeloro (2006) por sua vez, caracterizam a existência de suas principais naturezas de pesquisa conforme a metodologia, qualitativa e quantitativa, que conceituam como:
A pesquisa de natureza qualitativa é aquela que permite que o acadêmico levante dados subjetivos, [...], ou seja, informações pertinentes ao universo a ser investigado, que leve em conta a ideia de processo, de visão sistêmica, de significações e de contexto cultural. [...] A pesquisa quantitativa é a que tem o objetivo de mensurar algumas variáveis, transformando os dados alcançados em ilustrações como tabelas, quadros, gráficos ou figuras (SANTOS; CANDELORO, 2006, p. 71).
Sendo assim, elegeu-se para o empreendimento dessa pesquisa, a natureza qualitativa, que busca o levantamento de informações teóricas existentes a fim de alcançar uma conclusão pertinente à problemática levantada. Utiliza-se ainda a abordagem de pesquisa exploratória que, segundo Gil (2017) busca explicitar um problema ou construir uma hipótese relacionada ao objeto de estudo. Sendo uma das principais ferramentas da abordagem exploratória, elegeu-se então a pesquisa bibliográfica, que buscará a coleta de dados em publicações acadêmico-científicas e obras relacionadas ao tema proposto.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Lucas do Rio Verde: surgimento e atualidade
Ferreira (2017) aponta que na década de 1970 houve a integração nacional do governo militar, cuja obra de abertura da rodovia BR-163, por parte do 9º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC), ligando Cuiabá, no Mato Grosso, a Santarém, no Pará. Na segunda metade da mesma década houve a mobilização dos primeiros colonizadores para essa região de cerrado que se encontra situada no médio-norte de Mato Grosso, há 350 km da capital.
Todavia, somente a partir do início da década de 1980, quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) deu início à implementação do projeto de assentamento de mais de 200 famílias de agricultores sem-terra, advindos de Encruzilhada Natalino, interior do município de Ronda Alta, no Rio Grande do Sul, foi que se formou a comunidade que deu início ao que hoje se conhece por Lucas do Rio Verde.
Conforme Ferreira (2017), à época mais 85 posseiros que já se encontravam habitando o local e mais 50 colonos advindos do interior de São Paulo, também foram assentados nos lotes que dividiram uma gleba de quase 198 mil hectares. No dia 5 de agosto de 1982 foi comemorada a fundação da agrovila, que passou a ser considerada como pertencente ao município de Diamantino.
O autor explica que em 17 de março de 1986, o núcleo urbano foi elevado à condição de distrito e, em 4 de julho de 1988, quando conquistou a emancipação político-administrativa, Lucas do Rio Verde já tinha uma população estimada em 5,5 mil habitantes. Na contemporaneidade, poucas famílias dos assentados de Ronda Alta ainda permanecem em posse de suas terras.
Ferreira (2017) explica que, sofrendo pressão de diversas dificuldades inerentes ao período, muitas dessas famílias desistiram de permanecer no local, outras perderam terras para a agricultura extensiva que começava a ocupar o vasto cerrado da região. Três décadas depois da instalação do acampamento do 9º BEC, às margens do Rio Verde, a cidade pujante, moderna e dinâmica, denominada em homenagem a Francisco Lucas, um seringalista pioneiro, bem como ao caudaloso curso de água límpida, tão importante nessa comunidade, não lembra em nada o vilarejo inicial, em que tudo fora tão difícil e precário.
Hoje, os cerca de 35 mil habitantes têm um enorme orgulho de viver nesta sociedade que em tão pouco tempo se tornou um pólo de desenvolvimento do Estado e ainda ficou conhecida por estar entre aquelas com melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país, conforme relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) (FERREIRA, 2017, s/p).
Rigo (2016) aponta que a evolução de Lucas do Rio Verde nas últimas décadas ocorreu de forma muito acelerada. Tal crescimento que se deu tanto no campo econômico quanto humano, pode ser observado por meio de estatísticas e pesquisas, cujos números demonstram o grande desafio que é acompanhar a intensa transformação local.
Sobre o nome do município a autora comenta que se trata de homenagear o Rio Verde, curso d’água que trespassa o território, denominado pela cor esverdeada que apresentada. Em conjunto com a homenagem a Francisco Lucas de Barros, um dos pioneiros, foi um seringalista, desbravador de sertões. Barros foi um homem afeito à rudeza da selva, por meio da extração do látex, sua maior motivação de vida, foi um grande conhecedor da região, com seu nome perpetuado pela história quando denominado o município em sua homenagem.
Figura – Localização de Lucas do Rio Verde
Fonte: Rigo (2016, p. 22)
A autora explica que, por meio do decreto nº 424/93, o então prefeito da cidade de Lucas do Rio Verde, Paulo Vicente Nunes, oficializou o hino da cidade, que foi composto por Rodolfo Rigo, Dulcelina Fantinato Sampaio, Hunice Maria Buzin e Rozeli Lazzari. A letra do hino apresenta um pouco da história do município:
Por detrás das verdes matas
Entre campos, rios e flores
Se formou uma cidade, com carinho e com amor
Que hoje é Lucas do Rio Verde
Com futuro promissor.
E os povos que aqui chegaram
Ao ver tantas belezas
Novas terras desbravaram
Explorando suas riquezas
Nestes campos enriquecidos
Trabalharam com nobreza.
E hoje com que orgulho
Venham ver nossa cidade
A certeza do progresso
Brotou a realidade
E a mocidade faz o futuro
Para nossa felicidade.
Quem nas lutas do passado
Um futuro se expandiu
Salve Lucas do Rio Verde
Com o céu cor de anil
Do Mato Grosso és orgulho
Do progresso do Brasil (apud RIGO, 2016, p. 24).
Conforme Rigo (2016) o brasão da cidade de Lucas do Rio Verde foi criado por João Aparecido Hernando de Mattos e, conforme sua descrição, o escudo é do tipo peninsular, estando dividido de forma que a parte superior ocupa o chefe e o restante as riquezas do município. A oficialização desse brasão aconteceu em 1 de fevereiro de 1993.
Figura – Brasão de Lucas do Rio Verde
Fonte: Rigo (2016, p. 25)
Rigo (2016) explica que a bandeira de Lucas do Rio Verde foi instituída por meio da lei nº 081/90 e pelo decreto municipal nº 422/93. O criador da bandeira foi José Sales Luna de Souza, sendo oficializada com as seguintes características: um retângulo verde; no centro o mapa do Mato Grosso na cor branca, contornado de azul, simbolizando a paz; e no centro do mapa há um círculo, cuja base superior é o sol, que simboliza a localização do município em relação ao estado do Mato Grosso e, na base inferior, o relevo realça o Rio Verde, em volta folhas verdes significando a agricultura local.
Figura – Bandeira de Lucas do Rio Verde
Fonte: Rigo (2016, p. 26)
A autora aponta que outro símbolo local foi a Ema, instituída como ave-símbolo do município de Lucas do Rio Verde, o que aconteceu por meio da lei nº 645/99, durante a gestão do prefeito Otaviano Pivetta. A oficialização ocorreu por ser uma ave de grande porte e se adaptar às diversidades do meio ambiente, a ema se enquadra totalmente no perfil do município que, apesar de passar por dificuldades econômicas, mantém o crescimento e o desenvolvimento estáveis, a passos largos e com a cabeça erguida, o que fez da ave um símbolo de perseverança.
Figura – Ema, símbolo de Lucas do Rio Verde
Fonte: Rigo (2016, p. 27)
Rigo (2016) comenta que em 1989 Lucas do Rio Verde recebeu, por parte do ministério da reforma e desenvolvimento agrário (Mirad), por meio da lei municipal nº 4/89, o título de doação onerosa do perímetro urbano, de acordo com o projeto de urbanização elaborado pelo órgão em 1986. Em junho do mesmo ano foi aprovado, por meio da lei municipal nº 26/89, o perímetro urbano, com uma área de 1.405,0024 há, com limites e confrontações sendo: Norte: Rio Verde e Setor 13 – Leste: Setor 13 – Sul: Setores 13 e 02 – Oeste: Setores 01 e 02.
A autora prossegue dizendo que as primeiras vias de acesso ao núcleo urbano foram as avenidas Rio Grande do Sul e Paraná e, posteriormente, a Avenida Amazonas, paralelas à rodovia BR 163, junto com as vias perpendiculares, que se estruturavam conforme a demanda. A avenida Mato Grosso também foi um marco importante no processo de desenvolvimento urbano, uma vez que passou a ligar o projeto de urbanização inicial elaborado pelo Mirad ao loteamento Cidade Nova.
Posteriormente, com a abertura das avenidas Tocantins e Goiás, complementou-se e estruturação viária básica. A cidade foi se organizando inicialmente em duas etapas, sendo a primeira o projeto de urbanização inicial elaborado pelo Mirad próximo à Rodovia BR 163, e a segunda, o Loteamento Cidade Nova parte correspondente ao Córrego Lucas (RIGO, 2016, p. 32).
A autora explica que a implementação da cidade foi facilitada devido ao desenho urbano em xadrez, bem como à topografia levemente ondulada. No projeto inicial de urbanização, os lotes possuem formato retangular e metragem de 500 m² para os que são voltados à avenida Amazonas e os demais com 800 m². No projeto urbanístico original, elaborado pelo Mirad, todas as vias foram projetadas com largura de 20 metros.
Segundo Rigo (2016), algumas vias foram reformuladas com desapropriações de uma dois metros de cada lado, modificando assim os dimensionamentos, para larguras variando entre 22, 24 e 40 metros. Em uma etapa mais recente do desenvolvimento urbano, a autora aponta que surge um novo eixo a partir da rodovia BR 163 até as margens do córrego Xixi.
Em 2002 foi aprovada a lei municipal nº 887, que propôs a ampliação do perímetro urbano. No ano seguinte, uma nova mudança foi empreendida, o novo perímetro urbano ficou com área de 2.256,57 há, passando a ter os seguintes limites e confrontações: Norte: Córrego Xixi e Rio Verde – Leste: Lote 44a 44b 44c 44d 44e 44h e Setor 13 – Sul: Área em litígio e lote 41 – Oeste: Lote 94 e 43A.
Rigo (2016) comenta que em 2002 foram também aprovadas as diretrizes básicas para a elaboração do plano diretor e estratégico de Lucas do Rio Verde. Ao passo em que a legislação municipal é formada pelas leis: Perímetro Urbano, Zoneamento e Uso do Solo, Parcelamento do Solo, Código de Posturas e Código de Obras Municipal.
Há ainda a comissão de urbanismo, cuja finalidade é auxiliar a administração municipal, expedindo pareceres técnicos sobre obras e serviços que apresentam dúvidas de interpretação da legislação municipal. Esse conjunto de mecanismos legais é complementado pela lei orgânica, código tributário e código sanitário. Em 2005 a área urbana foi novamente ampliada por meio da lei nº 1.220, ficando com uma área total de 3.033,281072 ha.
Neste período, a malha urbana contava com 10 bairros, entre eles: Alvorada, Bandeirantes, Centro, Cidade Nova, Jardim das Palmeiras, Rio Verde, Jardim Imperial, Menino Deus, Parque das Emas, Pioneiro e Veneza; e 05 loteamentos, entre eles: Alphaville, Bandeirantes II, Cerrado, Dalastra, Jardim Primaveras e também a região Industrial com vários loteamentos específicos para indústrias e serviços. Hoje o município conta com 20 bairros, sendo eles: Alvorada, Bandeirantes, Cerrado, Centro, Cidade Nova, Industrial, Jaime Seiti Fujii, Jardim Amazônia, Jardim das Palmeiras, Jardim Imperial, Jardim das Primaveras, Luiz Carlos Tessele Junior, Menino Deus, Parque das Américas, Parque das Araras, Parque das Emas, Parque dos Buritis, Pioneiro, Rio Verde e Veneza (RIGO, 2016, p. 33).
A autora explica que, desde o ano 2000 até o presente, a população de Lucas do Rio Verde quase triplicou. No início da última década eram mais de 19 mil habitantes e, em 2016 o número ultrapassava os 59 mil habitantes. Sobre a evolução demográfica da região, a autora apresenta o seguinte gráfico:
Figura – Evolução demográfica de Lucas do Rio Verde
Fonte: Rigo (2016, p. 55)
A autora explica que Lucas do Rio Verde teve um incremento em seu IDHM de 39,89% nas duas últimas décadas, abaixo da média de crescimento nacional, que foi de 47,46% e abaixo da média de crescimento estadual, que foi de 61,47%. O hiato de desenvolvimento humano, isto é, a distância entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é um, foi reduzido em 48,56% entre 1991 e 2010.
Conforme Rigo (2016), a densidade demográfica contemporânea é de 6,44 hab/km², sendo 21,96% a mais do que em 2000, que tinha 5,28 hab/km². A estrutura da população do município por gênero, conforme levantamento do censo de 2000, era constituída na proporção de 53,68% homens e 47,32% mulheres. A estrutura da população municipal por faixa de idade, em 2003, detectou a existência de uma maioria da população em idade jovem e adulta, sendo 42,93% até os 19 anos de idade, 38,16% entre 20 e 40 anos de idade, e 18,91% acima dos 40 anos de idade.
A autora comenta que a taxa de urbanização do município passou de 64,72% para 83,58% entre 1991 e 2000, sendo que a taxa de alfabetização da população ficou em 94%. A taxa geométrica de crescimento população no período de 2000 a 2002 foi estimada em 8,02% a.a., muito acima da média observada no estado do Mato Grosso, que foi de 2% a.a. Entre 2000 e 2010 a população de Lucas do Rio Verde teve uma taxa média de crescimento anual de 8,96%.
Na década anterior, segundo Rigo (2016), de 1991 a 2000, a taxa média de crescimento anual foi de 12,50%. No estado essas taxas foram de 1,02% em ambos os períodos e, no país como um todo, foram de 1,01% e 1,01%, respectivamente. Nas últimas duas décadas, a taxa de urbanização cresceu em 43,98%. A esperança de vida ao nascer é o indicador utilizado para a composição da dimensão da longevidade no IDHM.
Segundo a autora, em Lucas do Rio Verde a esperança de vida ao nascer aumentou 5,1 anos nas últimas duas décadas, passando de 69,9 anos em 1991 para 73,3 anos em 2000 e para 75,0 anos em 2010. Sendo que no ano de 2010 a esperança de vida ao nascer média para o estado foi de 74,3 anos e, para o país, foi de 73,9 anos. A mortalidade infantil – isto é, de crianças com menos de um ano de vida – no município, reduziu em 10%, passando de 17,2 por mil nascidos vivos, em 2000, para 15,4 por mil nascidos vivos em 2010.
Segundo os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, a mortalidade infantil para o Brasil deve estar abaixo de 17,9 óbitos por mil em 2015. Em 2010, as taxas de mortalidade infantil do estado e do país eram 16,8 e 16,7 por mil nascidos vivos, respectivamente (RIGO, 2016, p. 58).
A autora prossegue dizendo que os primeiros passos da industrialização no município foram dados no ano de 1998, com a inserção da suinocultura no município, o que desencadeou a formatação de um projeto regional de verticalização da produção. Alguns anos depois, iniciativas similares resultaram na criação da Ema Alimentos, cujo foco é a avicultura. Ambos os projetos chamaram atenção de grandes empresas do ramo alimentício, fazendo com que Lucas do Rio Verde se tornasse a maior planta agroindustrial da América Latina na área de alimentos semiacabados.
Segundo Rigo (2016), atualmente a BRF abate aproximadamente 250 mil aves/dia e cinco mil suínos/dia, além de produzir 350 toneladas de industrializados diariamente, empregando aproximadamente quatro mil trabalhadores. O segundo ciclo econômico atraiu também outras empresas da agroindústria, como a esmagadora de soja e usina de produção de biodiesel. A esmagadora da Amaggi, que processa, aproximadamente três mil toneladas de soja/dia e a empresa Fiagril Biodiesel, cuja capacidade é de processar 202 milhões de litros/ano.
Na área da agroindústria, o município ainda possuem grande potencial de crescimento, sobretudo na transformação de milho e na cadeia têxtil, cujos projetos de instalação da indústria de etanol de milho se encontram em andamento, tal como os que promovem a transformação. Com infraestrutura projetada para atrair novas indústrias, incentivando o empreendedorismo e qualidade de vida para a população, Lucas do Rio Verde é uma cidade com ritmo diferente, que recebe pessoas de todas as regiões do Brasil em busca de uma nova vida.
A agricultura é forte, a indústria está em franca expansão e novos caminhos estão sendo desenhados para o escoamento da produção, via portos e ferrovia. Lucas do Rio Verde é uma das melhores cidades do país, para viver e investir. O trabalho e a qualidade dos serviços ofertados pelo poder público, como educação, saúde e acesso ao esporte e lazer, também atraem novos moradores (RIGO, 2016, p. 65).
A autora explica que o desafio da gestão municipal no momento é promover o desenvolvimento econômico sustentável, por meio de vínculos entre a sociedade e os meios de produção, potencializando as competências das empresas, tecnologias e vocações regionais, tudo com equilíbrio social. A cadeia de produção de algodão é um dos grandes meios de ação social da nova gestão do município, com aproveitamento das fibras das algodoeiras e com a instalação de unidade fabril de tecelagem.
Rigo (2016) aponta que, na política de produção primária se encontra a razão de ser do pequeno produtor rural, ao passo em que o negócio sustentável é um fato que corresponde ao esforço para organização e modernização dos processos de abastecimento em Lucas do Rio Verde, contribuindo não apenas com a produção local, mas abrindo espaço para a produção regional. A prefeitura municipal, por meio da secretaria de produção e desenvolvimento, busca estruturar e apoiar a agricultura familiar no município, oportunizando o crescimento em todos os segmentos.
Consolidar esse setor é uma meta, pois além de fixar a população no campo, contribui para o desenvolvimento da agricultura. Nos últimos anos a agricultura familiar obtém um destaque cada vez maior no município, já que grande parte da alimentação básica da população e merenda escolar, provém de pequenas propriedades rurais. As famílias buscam novas tecnologias para auxiliar na exploração, porém, muitos ainda não possuem condições de adquirir maquinário e equipamentos, dificultando os trabalhos diários, considerando a natureza sazonal da atividade agrícola.
Diante deste quadro, o gestor municipal vem investindo em ferramentas modernas que permitam obter melhor aproveitamento de insumos e serviços, com menor impacto ambiental e humanização do trabalho no campo. Nestes três últimos anos, a prefeitura buscou adquirir equipamentos agrícolas, que facilitam os trabalhos dos agricultores familiares no preparo do solo e demais atividades da propriedade rural, dando sustentação para a cadeia produtiva de hortaliças e criação de animais, facilitando a expansão das atividades, gerando renda e melhoria da qualidade de vida das famílias (RIGO, 2016, p. 77).
A autora finaliza dizendo que Lucas do Rio Verde ocupa o 14º lugar no ranking das cidades com melhores níveis de desenvolvimento socioeconômico do país, além de ter sido eleita a quinta melhor cidade do Brasil para fazer negócios e a segunda melhor em desenvolvimento econômico dentre os municípios com 50 a 100 mil habitantes. Foi considerada ainda o 8º município brasileiro em desenvolvimento municipal e o 22º melhor em gestão fiscal.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através das pesquisas realizadas a fim de compor o presente trabalho, foi possível compreender que a ocupação do oeste do Brasil e do estado do Mato Grosso, em especial, ocorreu inicialmente por meio da descoberta de riquezas naturais, contudo o número de habitantes dessa região sempre foi reduzido. Devido ao fato de a ocupação do Brasil por parte do portugueses ter ocorrido, no início, pelas áreas litorâneas, a maior parte dos recursos era restrita a essas regiões.
Ao longo do processo, a colonização do estado do Mato Grosso passou a ser estimulada por parte do governo federal, observando a região como potencial econômico, devido às suas riquezas naturais. Além de ser considerada uma região estratégica, por fazer fronteira com outros países, o que tornou necessário integrar esse território ao resto do país. A partir da década de 1970 o estado do Mato Grosso é encarado como potencial para receber o excedente populacional do Brasil, especialmente proveniente da região sul do país.
É dessa região que originam-se as principais e primeiras frentes de colonização para o município de Lucas do Rio verde. Esse município que também passou a fazer parte do processo de ocupação, também incentivado por parte do governo federal. Nesse espaço e contexto que foi aprofundado o estudo da vida cotidiana dos indivíduos que fizeram parte do processo. Até sua emancipação, em 1988, a vida em Lucas do Rio Verde pairava sobre o estímulo do governo para a colonização do local e sua integração à economia do país. As pessoas que se deslocaram para esse espaço, passavam, nesse período, por intensas dificuldades cotidianas.
O acesso aos recursos era altamente limitado, o que demonstra que, embora tenha estimulado a ocupação, o governo não ofereceu a infraestrutura adequada para que as pessoas ocupassem o espaço com qualidade de vida. Ao longo do tempo o cenário passou por significativas mudanças, o município evoluiu e se modernizou e, diferente do que ocorria anteriormente, as pessoas começaram a ter acesso a recursos que antes eram inexistentes na região.
Nota-se que esse apanhado histórico permite conhecer mais amplamente a colonização e a situação atual da vida no município de Lucas do Rio Verde. Um conhecimento sócio histórico importante e que pode contribuir para o desenvolvimento de futuras pesquisas nessa área, dando ainda mais profundidade ao conhecimento específico do cotidiano e do cenário desse município.
Conclui-se o presente trabalho com a crença de que objetivos, tanto geral quanto específicos, foram atendidos, bem como a problemática de pesquisa foi solucionada. Contudo, como não era de intento, o assunto não fora esgotado, fora dado um primeiro e importante passo para o fomento de conhecimento e estímulo para o aprofundamento no tema, que pode ser feito em estudos posteriores, que visem corroborar, refutar ou complementar as constatações obtidas até o momento.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, J. C. V. História de Lucas do Rio Verde. Portal Mato Grosso, jan. 2017. Disponível em: <http://www.portalmatogrosso.com.br/municipios/lucas-do-rio-verde/dados-gerais/historia-de-lucas-do-rio-verde/484>. Acesso em: jun. 2018.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2017.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 2015.
RIGO, I. A. B. (org.). Perfil socioeconômico de Lucas do Rio Verde: volume I. Lucas do Rio Verde: Prefeitura de Lucas do Rio Verde; Secretaria Municipal de Planejamento, Gestão e Finanças, 2016. Disponível em: <http://www.lucasdorioverde.mt.gov.br/arquivos/perfil_socioeconomico/perfil_socioeconomico_lrv.pdf>. Acesso em: jun. 2018.
SANTOS, V.; CANDELORO, R. J. Trabalhos acadêmicos: uma orientação para a pesquisa e normas técnicas. Porto Alegre: Age, 2006.
SILVA, F. C. N. A história do cotidiano de Lucas do Rio Verde no início de sua colonização à sua emancipação. Ijuí: Unijuí, 2010.